Deteção e caracterização molecular de Babesia spp. em Canis familiaris e de outros agentes transmitidos por ixodídeos na Área Metropolitana de Lisboa e Oeste, Portugal

Abstract

Dissertação de Mestrado Integrado em Medicina VeterináriaAs doenças dos canídeos cujos agentes são transmitidos por vetores (DCTV), são causadas por um número abrangente de agentes patogénicos transmitidos por artrópodes e são um problema crescente no mundo nos últimos anos. A Babesiose canina faz parte dessas doenças, sendo causada por diversas espécies pertencentes ao género Babesia. Até ao momento sabe-se que a Babesiose canina é provocada pelas espécies Babesia canis e Babesia microti-like no Norte e Babesia vogeli em todas as regiões de Portugal. No entanto, as informações relativas às espécies de Babesia, bem como a sua prevalência molecular, distribuição geográfica e a gravidade do quadro clínico são escassas. A pesquisa de possíveis agentes transmitidos por vetores é igualmente importante, uma vez que os cães podem estar infetados com múltiplos destes agentes patogénicos, o que torna a abordagem clínica e tratamento um desafio para o Médico Veterinário. A amostra deste estudo foi constituída por dois grupos, de forma a contribuir para uma perceção real dos agentes patogénicos encontrados em 94 animais aparentemente saudáveis, provenientes de canis, e 49 animais doentes com suspeita de Babesiose canina, ambos provenientes da área metropolitana de Lisboa e do Oeste. Este estudo baseou-se na deteção de Babesia e agentes coinfetantes o método de observação de esfregaços sanguíneos ao Microscópio ótico, PCR convencional, RFLP e sequenciação de DNA. A infeção por B. canis foi detetada apenas no grupo de animais doentes, em 2 cães (1,40%) com um quadro clínico descrito e compatível com Babesiose canina aguda, enquanto a espécie B. vogeli foi detetada em 1 animal doente e 3 animais aparentemente saudáveis (2,81%). Foram detetadas infeções únicas em 35 animais (24,64%), dos quais: 17 (11,97%) com Hepatozoon canis, 4 (2,82%) com Anaplasma platys, 1 (0,70%) com Ehrlichia canis e 7 (4,93%) com Mycoplasma haemocanis. As coinfeções foram detetadas em 13 animais (9,15%), dos quais: 5 (3,52%) com H. canis e A. platys; 5 (5,52%) com H. canis e M. haematoparvum; e 1 (0,70%) com A. platys e M. haematoparvum. A partir do grupo de animais aparentemente saudáveis, a prevalência de infeções únicas e coinfeções foi de 26,6%, e de 12,7% respetivamente. Esta foi a primeira identificação, a partir de métodos moleculares, de Babesia canis e Mycoplasma haematoparvum no Sul de Portugal. A identificação de agentes transmitidos por vetores auxilia os Médicos Veterinários na sua abordagem clínica e reforça a importância de atuar de acordo com o conceito One Health para a prevenção dos riscos de transmissão.ABSTRACT - DETECTION AND MOLECULAR CHARACTERIZATION OF BABESIA SPP. IN CANIS FAMILIARIS AND OTHER PATHOGENS TRANSMITED BY TICKS IN THE METROPOLITAN AREA OF LISBON AND WESTERN REGION, PORTUGAL - Canine vector-borne diseases (CVBD) are caused by a wide range of pathogens transmitted by arthropods, and it is an issue of growing importance from the past years. Canine Babesiosis is englobed in this group of diseases, furthermore is caused by different species from the Babesia genera. Currently it’s known that Canine Babesiosis it’s caused in the northern of Portugal by Babesia canis and Babesia microti-like, and by Babesia vogeli in all the country. There is a lack of information about the species that could cause the disease in Portugal, as well as the molecular prevalence, geographic distribution and severity of clinical manifestations of these parasites. Also, the detection of possible pathogens transmitted by vectors are equally important since the dogs can be infected with multiple pathogens, which makes the clinical approach and treatment a challenge for veterinarians. This study includes two groups, with the aim of contribution for a real perspective of pathogens that can be found, both the metropolitan area of Lisbon and Western region of Portugal. 94 dogs apparently healthy from shelters, that had previous contact with ticks, and 49 dogs clinically suspected of Canine Babesiosis. This study assessed, by means of blood smear examination, conventional PCR, RFLP and DNA nucleotide sequencing, the presence of Babesia spp. and co-infecting agents. Babesia canis was detected only in the group of sick dogs, in two animals (1,40%), with clinical manifestations described and compatible with an acute Canine Babesiosis, while B. vogeli was detected in one animal suspect of disease and 3 animals apparently health (2,81%). Single infections were detected in 35 animals (24,64%): H. canis in 17 (11,97%), A. platys in 4 (2,82%), E. canis in 1 (0,70%) and M. haemocanis in 7 (4,93%). Coinfections were detected in 13 animals (9,15%): H. canis and A. platys in 5 (3,52%); H. canis and M. haematoparvum in 5 (5,52%) and A. platys with M. haematoparvum in 1 (0,70%). In dogs apparently healthy the prevalence of single infections and coinfections was 26,6%, and 12,7% respectively. This is the first molecular identification of B. canis and M. haematoparvum in dogs from southern Portugal. This identification of pathogens of CVBD agents helps to guide the clinical approach of veterinarians at the practice and reinforces the importance of a One Health approach, to prevent the risk of the transmission.N/

    Similar works