Estudo dos parasitas gastrointestinais do sacarrabos (Herpestes ichneumon) e outros carnívoros silvestres coabitantes, com relevância em Portugal

Abstract

Dissertação de Mestrado Integrado em Medicina VeterináriaO sacarrabos (Herpestes ichneumon) é um carnívoro silvestre, da família Herpestidae, diurno, pouco gregário e cuja distribuição se limita exclusivamente à Península Ibérica e a parte do norte de África. Poucos são os estudos efetuados neste mangusto, principalmente no que diz respeito à sua fauna parasitológica. Foi então realizado um estudo no âmbito dos parasitas gastrointestinais deste carnívoro, de forma a clarificar o papel que este tem na transmissão de certas parasitoses, tanto como hospedeiro definitivo ou como hospedeiro reservatório. Adicionalmente, pretendeu-se o estudo da fauna parasitológica de outros carnívoros silvestres coabitantes (raposa, texugo e fuinha), também comuns na Península Ibérica. Foram extraídas amostras fecais de 358 intestinos congelados de vários carnívoros silvestres, recolhidos através de um Projeto centralizado na Universidade de Aveiro: sacarrabos (n = 345), raposa (n = 9), texugo (n = 3) e fuinha (n = 1) que provinham de vários pontos de Portugal, na sua maioria na zona sul. Estas foram analisadas usando métodos coprológicos de flutuação, sedimentação, McMaster e esfregaço fecal com coloração de Ziehl-Neelsen. Foi isolada Giardia sp. de uma amostra de sacarrabos (1/345) e também da única amostra de fuinha (1/1), sendo este o primeiro relato deste protozoário no mangusto ibérico. Foi igualmente verificado, numa amostra de sacarrabos (1/345), um nemátode da superfamília Metastrongyloidea, cujo género foi impossível de identificar. Toxocara canis, Toxascaris leonina, Uncinaria sp. e Passalurus sp. foram isolados em quatro raposas (4/9). Quanto ao principal carnívoro em estudo, o sacarrabos, verificou-se que a prevalência de parasitas é bastante baixa neste carnívoro (0,6%). Causas comportamentais, alimentares e geográficas foram apontadas para justificar esta prevalência, não descartando, contudo, o modo de armazenamento das amostras pré-processamento (congelação). Mais uma vez, foi verificada a importância parasitária e zoonótica que as raposas representam tanto a nível silvático como doméstico, assim como a importância do sacarrabos e da fuinha como potenciais hospedeiros reservatórios e perpetuadores, a nível animal e humano, de Giardia sp.. Futuros estudos parasitológicos, com amostras frescas, poderão confirmar este tipo de prevalência, assim como estudos que incidam sobre a base vegetal da dieta e as características fisiológicas deste carnívoro.ABSTRACT - STUDY OF GASTROINTESTINAL PARASITES IN THE EGYPTIAN MONGOOSE (Herpestes ichneumon) AND OTHER CO-INHABITANT WILD CARNIVORES, WITH RELEVANCE IN PORTUGAL - The Egyptian mongoose (Herpestes ichneumon) is a wild carnivore, from the Herpestidae family, diurnal, with few gregarious habits, and whose geographical distribution is limited to the Iberian Peninsula and part of North Africa. Few are the revisions conducted in this mongoose, especially the ones that concern its parasitological fauna. A parasitological study was conducted on the gastrointestinal parasites of this carnivore, to clarify its role on the transmission of some parasitic diseases, as a definitive host or a reservoir host. Moreover, other wild carnivores (red fox, eurasian badger and stone marten), common in the Iberian Peninsula, were also studied. Fecal samples from 358 frozen intestines of various wild carnivores, collected through a Project centralized at the Aveiro University, were collected: Egyptian mongoose (n = 345), red fox (n = 9), eurasian badger (n = 3) and stone marten (n = 1) that originated from several spots in Portugal, mainly from the south. The samples were analyzed by flotation, sedimentation and McMaster procedures and fecal smears stained by Ziehl-Neelsen technique. Giardia sp. was isolated from a single sample of Egyptian mongoose (1/345) and also from the only sample of stone marten (1/1), this being the first report of this protozoan in the mongoose. Another sample of Egyptian mongoose demonstrated the presence of a nematode, from the superfamily Metastrongyloidea, but the genus could not be identified. Toxocara canis, Toxascaris leonina, Uncinaria sp. and Passalurus sp. were isolated from four red foxes (4/9). Concerning the main carnivore in this study, a low parasitological prevalence (0,6%) was verified. Behavioral, dietary and geographical causes were indicated to justify this prevalence, without ruling out the storage method used for the samples (freezing) prior to their treatment. Once again, the parasitological and zoonotic importance of red foxes on both sylvatic and domestic levels was confirmed. The same was established for the Egyptian mongoose and the stone marten regarding the protozoan Giardia sp.. Future parasitological studies with fresh samples may be needed to confirm this kind of prevalence, as well as studies addressing the plant-based part of the diet and the physiology of this carnivore

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