Avaliação de uma nova técnica em alergologia veterinária : testes cutâneos por picada em cães

Abstract

Dissertação de Mestrado Integrado em Medicina VeterináriaA dermatite atópica (DA), uma das doenças alérgicas mais comuns no cão, é uma doença pruriginosa e inflamatória resultante da interacção de factores genéticos, ambientais e imunológicos. Dada a incidência crescente e o impacto na qualidade de vida dos pacientes, o seu diagnóstico deve ser uma prioridade. Este deve ser baseado na história e sinais clínicos dermatológicos, aos quais se seguem a exclusão dos diagnósticos diferenciais, como é o caso da sarna sarcóptica. O tratamento é, sempre que possível, etiológico, além de sintomático. A selecção dos alergénios relevantes para cada paciente deve ser fundamentada em provas de sensibilização. Estas incluem testes cutâneos e/ou serológicos, sendo o teste intradérmico (TID) normalmente eleito. Em alergologia humana, este foi, praticamente, substituído pelo teste cutâneo por picada (TCP) que, para além de mais específico, permite uma execução mais simples, rápida, segura, económica e confortável. O principal objectivo deste estudo é averiguar se estas vantagens também se verificam nos cães. Numa primeira fase, 10 cães não atópicos foram testados pela técnica de picada com 21 extractos alergénicos de uso em alergologia humana (ALK-Abelló®). Concluiu-se que as concentrações utilizadas, não sendo responsáveis por reacções irritantes nestes cães, podem ser aplicadas naqueles com DA. Antes dos testes, os mesmos animais foram, aleatoriamente, divididos em dois grupos: sedados e não sedados. Nestes últimos, durante e após os TCP, foi adaptada a forma abreviada da escala de dor de Glasgow, confirmando- -se que a técnica é pouco dolorosa. Em ambos os grupos, as concentrações séricas de cortisol, antes e após os TCP, ficaram dentro dos valores normais de referência, pelo que a validade da técnica não parece ser comprometida por activação do eixo hipotálamo- -pituitária-adrenal. Numa segunda fase, 13 cães atópicos foram sujeitos a TID com 28 extractos alergénicos (Greer Laboratories®) e, na mesma sedação, a TCP com os extractos da fase anterior. Todos os cães com DA desenvolveram reacções positivas nos TCP. Os TCP parecem ser seguros e de fácil execução mesmo em cães não sedados. Os níveis de cortisol permaneceram dentro dos limites normais, antes e após os TCP, comprovando indirectamente que a técnica é pouco dolorosa. Os extractos da ALK-Abelló® não provocam reacções irritantes no cão. A elevada especificidade desta técnica relativamente aos TID poderá vir a ser um dos seus grandes benefícios. Estudos adicionais deverão ser desenvolvidos de forma a encontrar as concentrações óptimas para a introdução dos TCP em alergologia veterinária, uma vez que as usadas podem ser demasiado baixas. No entanto, os resultados são bastante promissores.ABSTRACT - EVALUATION OF A NEW TECHNIQUE IN VETERINARY ALLERGOLOGY: SKIN PRICK TESTS IN DOGS - Atopic dermatitis, one of the most common allergic conditions in the dog, is a pruritic and inflammatory disease resulting from the interaction of genetic, environmental and immunological factors. Of increasing incidence and with great impact on the patient quality of life, its recognition and treatment are of extreme importance. Diagnosis is based on compatible history and clinical signs and exclusion of other pruritic diseases, such as scabies. Whenever possible, etiological treatment should be used in addition to symptomatic. This implies knowledge of patient individual sensitizations, which can be achieved by skin or serological tests. In veterinary medicine, the intradermal test (ITD) is usually used. In human allergology, it was largely replaced by skin prick test (SPT) because of its higher specificity and pratical reasons such as being easier to perform, safer, quicker and less expensive. Also, patients report less discomfort. In this study we want to perform this technique and see if advantages reported for Man also occur in the dog. Initially (stage one), 10 non-atopic dogs were tested by SPT with 21 allergenic extracts for use in human allergology (ALK-Abelló®). We concluded that the concentrations used are not responsible for irritants false positive reactions in these dogs. Therefore, it can be applied in atopic dogs. Before testing, the same animals were randomly divided into two groups: sedated and non-sedated dogs. Adapted form of the Glasgow composite pain scale was apllied to non-sedated-group during and after the SPT. This technique was shown to be well tolerated. In both groups, serum cortisol levels were within the normal reference values before and after the SPT; thus, the validity of the technique does not appear to be compromised by activation of the hypothalamic-pituitary-adrenal axis. In a second stage, we perform IDT with 28 allergenic extracts (Greer Laboratories®) and SPT with the extracts from the preceding stage in 13 sedated atopic dogs. All dogs with atopic dermatitis had some positive reactions in SPT. SPT appear to be safe and easy to perform even in non-sedated dogs. Cortisol levels remained within normal limits before and after the procedure, indirectly implying no significant pain or discomfort was experienced. ALK-Abelló® human extracts didn’t cause irritant reactions. Higher specificity of SPT comparing to IDT could be in the future one of the great benefits of this technique. Further studies are needed, especially regarding optimal concentrations of the extracts to be used in veterinary, before SPT could be proposed for routine use in veterinary allergology. Results are nevertheless very promising

    Similar works