Relação entre temperamento, níveis de cortisol plasmático e cortisol salivar em vitelos à entrada na engorda e susceptibilidade a doença respiratória bovina

Abstract

Dissertação de Mestrado Integrado em Medicina VeterináriaA Doença Respiratória Bovina (DRB) é a patologia que ocasiona maior impacto económico negativo em qualquer fase da produção primária de carne de bovino. Actualmente sabe-se que é uma síndrome de origem multifactorial, cuja etiologia pode ser divida em três grandes grupos: factores ambientais, factores do hospedeiro e factores infecciosos. A maioria das tentativas de controlo desta importante doença, baseiam-se no combate aos factores infecciosos. Este facto faz com que muitos dos estudos procurem testar vacinas ou antibióticos cada vez mais complexos, tendo como desvantagem o facto de encarecer a engorda, afectar a qualidade e segurança do produto final e potencialmente causar resistências aos antimicrobianos. O factor hospedeiro, mais concretamente a resistência ao stress suscita assim grande interesse. A susceptibilidade à doença varia muito de indivíduo para indivíduo, e poderá estar relacionada com os seus antecedentes ou com a capacidade para resistir ao stress. Este trabalho pretendeu avaliar a relação que pode existir entre a resistência ao stress e a susceptibilidade à DRB. Para este fim utilizou-se o cortisol como a hormona indicadora de animais em stress. A recolha de amostras de plasma e saliva para o doseamento do cortisol (CP e CS, respectivamente) foi efectuada em duas fases: no dia seguinte à entrada dos animais na exploração (D0) e após 8 dias de adaptação dos indivíduos à exploração de engorda (D8). Deste modo pretendeu-se avaliar o impacto do transporte e mudança de ambiente no animal, para além da sua capacidade de adaptação ou a manutenção de um estado de stress crónico. Verificou-se que os valores CP0 foram significativamente superiores aos valores do CP8. O comportamento dos animais foi também avaliado de forma subjectiva através do espaço de fuga, reacção à entrada na “box” individual e reacção à contenção para colheita de sangue. Procurou-se ainda averiguar se existe ou não correlação entre os níveis de cortisol, e o comportamento dos animais com a morbilidade à DRB. Não foi encontrada relação entre os níveis de cortisol e a morbilidade à DRB, mas os animais que reagiram mais violentamente à entrada na “box”, provavelmente devido ao medo, apresentaram maiores níveis de cortisol e adoeceram mais durante o período de estudo.ABSTRACT - Relationship between temperament and cortisol levels in plasma and saliva in calves entering a feedlot and susceptibility to Bovine Respiratory Disease - The bovine respiratory disease (BRD) is the pathology that results in a more negative economic impact at any stage of primary beef production. It is established that is a syndrome of multifactorial origin, with the etiology being divided into three major groups: environmental factors, host factors and infectious factors. Most attempts to control this important disease are based on the combat of infectious factors. Many of the studies are on vaccines or antibiotics use, with the disadvantage of increasing the cost of fattening, affecting the quality and safety of the final product and potentially causing antimicrobials resistance. Thus the host factor is a subject in need of research. Susceptibility to disease varies widely from individual to individual and may be related to their history or to the ability to resist stress. The purpose of this study was to evaluate the relationship that may exists between resistance to stress and susceptibility to BRD. To this end we used behavior and cortisol as indicators of stress in animals. The samples of plasma and saliva for cortisol assay (CP and CS, respectively) were performed in two phases: the day after the entry of animals on the farm (D0) and after 8 days of adaptation of individuals to the farm (D8). The objective was to assess the impact of transportation and environmental changes and the animals‟ ability to adapt or maintain a state of chronic stress. There were statistically significant differences (p <0,05) between CP0 and CP8 values, with CP0 significantly higher than the CP8 values. The behavior of animals was also assessed subjectively by the space flight, the response to the entry of operator in the box and individual reaction to the restraint for blood sampling. We attempted to determine where there was a correlation between cortisol levels and behavior of the animals with BRD morbidity. No relationship was found between cortisol levels and morbidity to the DRB, but the animals that reacted more violently to the entry of operator in the box, probably due to fear, had higher levels of cortisol and prone to disease more during the study period

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