Traumatismo craniano : contribuição da craniectomia descompressiva para a sobrevivência de pacientes caninos com hipertensão intracraniana traumática refractária ao tratamento médico : estudo retrospectivo

Abstract

Dissertação de Mestrado Integrado em Medicina VeterináriaO traumatismo crânio-encefálico (TCE) grave está associado a uma taxa de mortalidade muito elevada e é cada vez mais comum na clínica de pequenos animais. Isto deve-se em grande parte ao crescente número de animais domésticos e consequentemente de acidentes rodoviários envolvendo esses mesmos animais. A lesão cerebral causada pelo TCE tem duas componentes essenciais: a primária que diz respeito à lesão mecânica causada pelas forças de aceleração, desaceleração, rotação e compressão que actuam sobre o crânio e cérebro no momento do impacto e a secundária que se refere a um número de alterações metabólicas e bioquímicas que se auto-perpetuam e agravam o quadro inicial. A formação de hematomas e edema cerebral de origem vascular e citotóxica vão aumentar o volume do conteúdo intracraniano o que, devido à natureza não expansível do crânio, vai levar ao aumento da pressão intracraniana (PIC) e compromisso da perfusão e oxigenação cerebrais. Quando não controlada a hipertensão intracraniana leva à hérnia cerebral e à morte do animal. A abordagem terapêutica à vítima de TCE e hipertensão intracraniana ainda é algo controversa pois não existem evidências clínicas e experimentais suficientes para elaborar um protocolo definitivo. É no entanto inquestionável que esta deverá ser expediente e agressiva. No estudo retrospectivo aqui apresentado procura-se avaliar a eficácia de uma técnica de descompressão cirúrgica como meio de reduzir a PIC e assim contribuir para a sobrevivência de pacientes vítimas de hipertensão intracraniana traumática. Foram para isso recolhidos os dados de 86 indivíduos de espécie canina vítimas de TCE fechado grave, tendo 40 deles sido submetidos a uma craniectomia descompressiva de urgência e os restantes 46 tratados apenas de forma conservativa, com recurso à hiperventilação controlada e à terapêutica hiperosmolar. As taxas de sobrevivência acumulada às 72 horas foram de 4,3% e 15% respectivamente para os grupos de controlo e cirúrgico. Não foi no entanto encontrada relação estatisticamente significativa entre a realização da craniectomia e a probabilidade de sobrevivência dos indivíduos. Concluiu-se então que não houve relação entre a realização de craniectomia descompressiva de urgência e a sobrevivência dos pacientes sendo no entanto necessários mais estudos para que se possam fazer afirmações neste sentido.ABSTRACT - THE CONTRIBUTION OF DECOMPRESSIVE CRANIECTOMY FOR THE SURVIVAL OF CANINE PATIENTS SUFFERING FROM REFRACTORY TRAUMATIC INTRACRANIAL HYPERTENSION - Severe traumatic brain injury (TBI) is associated with a very high mortality rate and its expression in small animal practice is becoming progressively higher. This is in great measure due to the always increasing number of both domestic animals and motor vehicles which translates into more road accidents involving those animals. Traumatic brain injury has two main components: the primary injury, which refers to the mechanical lesions caused by the acceleration, deceleration, rotation and compression forces that act on the brain and cranium at the moment of impact and the secondary injury, which refers to a number of self-perpetuating biochemical and metabolic changes that and aggravate the prognosis. The development of hematomas, citotoxic and vasogenic edema causes an increase in the intracranial volume that, due to the inexpansible nature of the cranium, will lead to an increased intracranial pressure (ICP) and compromised brain perfusion and oxygenation. If unattended, intracranial hypertension will lead to brain herniation and death. There is still a lot of debate surrounding the therapeutic approach to the TBI and intracranial hypertension mainly because there’s not enough clinical and experimental evidence to elaborate a standard protocol. However, few would argue that it should be expedient and aggressive. The present study aims to evaluate the role of a surgical decompression technique in reducing ICP and therefore contribute to an increased survival of patients suffering from traumatic intracranial hypertension. In order to achieve this, data from 86 canine patients suffering from severe TBI was collected. 40 of those 86 were submitted to an emergency decompressive craniectomy and the other 46 were treated conservatively using controlled hyperventilation and hyperosmolar therapy. The 72 hours post-admission cumulative survival rates where 4, 3% and 15% for the control group and surgical group, respectively. However, no statistical significant relation was found between the surgical procedure and the probability of survival. It was concluded that the emergency decompressive craniectomy did not contribute to the survival of the patients, thought further investigation is needed before any affirmations concerning this matter can be made

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