O objectivo do conjunto de textos é contribuir para a identificação de algumas
das principais razões sociais e políticas da realidade da Guiné – Bissau que foram
determinantes no comportamento eleitoral que levou à eleição em 2005 de João
Bernardo Vieira “Nino” para a presidência da República contra o candidato indicado
e apoiado pelo PAIGC, Malam Bacai Sanhá.
Procurámos aliar o conhecimento anterior do país, por actividade académica e
por trabalho técnico no terreno em diferentes ocasiões, à observação atenta do
processo eleitoral, incluindo a presença de dois dos membros da equipa de autores na
Missão de Observação da comunidade internacional nas eleições, para analisar vários
aspectos da evolução daquele país que se consideram relevantes para que a população
de cerca de 600.000 eleitores elegessem Nino Vieira presidente, depois de ter perdido
uma guerra civil de onze meses e de um exílio em Portugal desde 1999.
O processo de evolução do desenvolvimento humano e sustentado, o papel da
sociedade civil nesse processo e os conflitos sociais e militares são temas que nos
parecem significativos – embora não exaustivos – para esse resultado. Temos
consciência que haverá que juntar diferentes análises de investigadores de formação
diversa sobre outros temas até termos uma perspectiva alargada e aprofundada em
todas as vertentes possíveis da evolução do bem estar individual e colectivo da
população daquele país.
As conclusões decorrem de cenários que julgamos possíveis, na data em que
escrevemos, para um futuro próximo e que iremos completando à medida que se
desenvolver a nossa percepção da realidade com contributos de outros autores em
articulação ou não com a presente equipa.
Para estes textos dispomos dos resultados agregados por candidato presidencial
das eleições de 1994, 1999 e 2005, bem como da sua desagregação por regiões na
segunda volta. Dispomos também de acesso a bibliografia de autores guineenses e de
outras nacionalidades sobre o fenómeno eleitoral, o desenvolvimento, os conflitos, a
sociedade civil e do nosso próprio conhecimento da realidade do país. Não
conhecemos inquéritos de opinião sobre o comportamento eleitoral no país. A
investigação que fizemos sobre as sondagens realizadas na campanha de 2005 revela
que estas eram apenas acções de propaganda de diferentes candidaturas e não seguiam
qualquer metodologia que permitisse considerá-las a expressão de alguma
representatividade