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[Trans]missão & cura[tivo] em tempos de COVID-19: Contribuição para uma História Imediata da Tradução no Brasil
O artigo em questão tem dois objetivos principais: trazer à baila um novo campo da História da Tradução – a História Imediata da Tradução – e registrar a História Imediata da Tradução no Brasil em tempos de pandemia da covid-19. Para tanto, inicialmente, apresenta-se uma breve revisão sobre o conceito e as características da História Imediata; em seguida, expõe-se brevemente a metodologia de coleta de fontes para o presente texto; por fim, registra-se parte da historiografia da História Imediata da Tradução no Brasil com o recorte temporal de março a agosto de 2020. O registro histórico se dá em quatro partes: os grupos coletivos de tradução na universidade e institutos de pesquisa; os agentes de tradução mais afetados; as questões de direitos linguísticos e acessibilidade; e os novos hábitos tradutórios de consumo e circulação de traduções. Espera-se, além de registrar a História Imediata da Tradução brasileira, motivar novos pesquisadores e novas investigações na área.
Ethnoracial Land Restitution: Finding Indians and Fugitive Slave Descendants in the Brazilian Northeast
This chapter considers how a desire for land and development can lead to a refashioning of ethnoracial identities and identifications. Debates in development studies have centered on culture as an impediment to development. I turn that debate on its head and argue that new assertions of cultural particularity have in certain settings advanced the equity goals of development. The chapter explores the contrasting responses of two neighbouring communities of related African descended, mixed race rural workers who over a 25-year period (1975- 2000), under new laws, were recognized and given land by the Brazilian government. One was identified as an indigenous tribe, the other- the primary focus of this chapter - as a community of descendants of fugitive slaves. Struggles for recognition and land have provoked a hardening of family feuds and ethnicization of disputes, but have also reformulated the way in which \u27community\u27 and \u27race\u27 are expressed
RESGATE DA HISTÓRIA DOS POVOS AFRICANOS NO SUL DE MINAS: ADAPTAÇÃO DO “MAPPA DE TODO O CAMPO GRANDE” PARA O ATLAS ESCOLAR DE ALFENAS (MG)
O mapa é uma das representações gráficas mais antigas conhecidas pela humanidade. No Brasil, os registros mais antigos datam do século XVI, decorrente do processo de expansão colonial portuguesa. Nesse artigo, apresentamos o processo de adaptação do “Mappa de todo o Campo Grande, cabeceiras do rio São Francisco e Goiazes”, com o objetivo de torná-lo mais inteligível aos olhos daqueles que iniciaram o processo de alfabetização cartográfica e que terão acesso ao Atlas Escolar de Alfenas. A carta original versa sobre a presença de dezenas de grupos quilombolas identificados no decorrer da interiorização bandeirante e que foram mapeados entre 1760 e 1763. Assim, com o objetivo de dar relevância a esse registro histórico, o Atlas Escolar de Alfenas trará uma nova versão deste mapa a fim de reafirmá-lo como herança da existência desses povos na região Sul de Minas Gerais, bem como suas lutas e resistências. Para tal, foi utilizado o sotware Adobe Photoshop versão 22.4.3, e seus recursos básicos de edição de imagem para evidenciar a legenda, o norte geográfico, corrigir imperfeições e acrescentar descrições. Por fim, o mapa adaptado foi incorporado ao Atlas, dialogando com textos, ilustrações e sugestões pedagógicas estabelecendo uma ruptura aos atlas tradicionais.
PALAVRAS-CHAVE: Material Didático; Quilombolas; Cartografia Social; Cotidiano Escolar; Povos Africano
Etnologia Brasileira: Behind the Scenes
This text reflects on the changing role of anthropologists carrying out research with indigenous peoples in Brazil and on the increasing constraints that they are subjected to, both in terms of the legislation they must comply with and in terms of the way they are envisioned by contemporary indigenous peoples and non-anthropologists. At the time of this writing, sixty-seven people in Brazil who have acted in defense of the rights of indigenous peoples and Maroon descendants (Quilombolas) face bogus criminal charges. Frequently anthropologists are denigrated and accused of using the knowledge acquired during their research for personal enrichment and academic promotion. While the Code of Ethics (Resolution No. 510) of April 7, 2016 passed by the Brazilian Conselho Nacional de Saúde (National Health Council) that now guides conduct in the field purports to recognize the specificity of the social and human sciences, in reality it is an intromission of biomedicine and bioethics into anthropology, sociology, and related sciences. The bureaucratization involved, if followed to the letter, would discourage people from undertaking research. Field researchers must already avoid thorny issues such as polygamy, abortion, and the use and traffic of illegal drugs. Meanwhile, evangelical churches are undeterred in their zeal to convert Amerindians. They interfere in their way of life, often with devastating effects, and, acting in league with the bloc of large agribusiness interests (ruralistas), have become a force with which to be reckoned. The witch hunt against anthropologists has increased since the ousting of President Dilma Rousseff in May 2016, and the demarcation of Indigenous Lands (Terras Indígenas or TI) has ground to a halt. While miners and loggers invade existing Indigenous Lands with impunity, the 2016 Code of Ethics is a straitjacket that fails to come to grips with various legitimate ethical issues that concern anthropologists. In the present article, I draw on my several decades of research and university teaching in Brazil to explore the contradictions at the heart of anthropological work with indigenous peoples.
Este texto reflexiona sobre el cambiante rol de los antropólogos que están llevando a cabo investigaciones con pueblos indígenas en Brasil y en las crecientes limitaciones a las que son sometidos, tanto en términos de la legislación que deben acatar, como en términos de la manera en la que están siendo percibidos por los indígenas contemporáneos y los no antropólogos. Al momento de la redacción de este artículo, 67 personas en Brasil que actuaron en defensa de los derechos de los indígenas y descendientes de cimarrones (Quilombolas) enfrentan cargos criminales falsos. Los antropólogos son con frecuencia denigrados y acusados de usar el conocimiento que adquieren durante las investigaciones para el enriquecimiento personal y la publicidad académica. Mientras el Código de Ética (Resolución No. 510) del 7 de abril del año 2016, promulgado por el Conselho Nacional de Saúde (Consejo Nacional de Salud) de Brasil que ahora guía la conducta en el campo, pretende reconocer la especificidad de las ciencias sociales y humanas, es en realidad una intromisión de la biomedicina y la bioética en la antropología, la sociología y sus ciencias afines. La burocratización involucrada, si se sigue al pie de la letra, podría disuadir a las personas de emprender investigaciones. Los investigadores de campo ya tienen que evadir asuntos espinosos como la poligamia, el aborto y el uso y tráfico de drogas ilícitas. Mientras tanto, las iglesias evangélicas siguen inamovibles en su empeño de convertir a los amerindios. Ellas interfieren en su estilo de vida, a menudo con efectos devastadores, y actuando en conjunto con el bloque de intereses de grandes agroindustrias (ruralistas), se han convertido en una fuerza a tener en cuenta. La cacería de brujas en contra de los antropólogos se ha incrementado desde el derrocamiento de la presidente Dilma Rousseff en mayo de 2016 y la demarcación de las Tierras Indígenas (Terras Indígenas o TI) se ha detenido. Mientras los mineros y los leñadores invaden en impunidad Tierras Indígenas existentes, el Código de Ética de 2016 es una camisa de fuerza que falla en impedir varios asuntos éticos legítimos que preocupan a los antropólogos. En el presente artículo me baso en mis varias décadas de investigadora y profesora universitaria en Brasil para explorar las contradicciones en el corazón del trabajo antropológico con los pueblos indígenas
Sistemas Alimentares e violações ao Direito Humano à Alimentação Adequada
Tendo em vista o provável agravamento da situação de fome e de insegurança alimentar e nutricional no Brasil devido à pandemia de Covid-19, este trabalho teve como objetivos: analisar as ações executadas pelo Estado durante a pandemia e compreender de que modo elas contribuíram à realização ou violação do Direito Humano à Alimentação Adequada (DHAA); compreender a relação entre essas ações e o modus operandi dos sistemas alimentares atuais. Este foi um estudo empírico, que tomou como base os desafios e eixos do último Plano Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional. A coleta de dados foi realizada em dois jornais de ampla circulação, seguida por análise documental que teve como foco as dinâmicas sociais expressas no seu conteúdo. Os resultados sustentam que houve um processo de violação ao DHAA durante a pandemia nas quatro dimensões relativas à obrigação de garanti-lo, principalmente a populações mais vulneráveis, tanto pela ausência de ações, como pela insuficiência. Os resultados indicam que essas violações não são apenas resultado político conjuntural, mas são produto da dinâmica intrínseca aos sistemas alimentares, em simbiose com as relações de poder político e econômico, que estruturam o Estado brasileiro, e sua inserção na dinâmica do capitalismo internacional
Arte de “arremedar”: atos de criação entre humanos e animais no Alto Trombetas (Pará, Brasil)
Entre quilombolas do Alto rio Trombetas, Amazônia, norte do estado do Pará, o conjunto de artifícios usados nas atividades cinegéticas destinados a criar encontros com animais alvos da caça e da pesca é designado sob o termo “arremedar”. O “arremedar” ocorre tanto pela produção humana de movimentos e de sons ritmicamente e melodicamente semelhantes àqueles produzidos por animais, como também pela criação, por caçadores e pescadores, dos traços sensíveis dos habitats e das relações das espécies caçadas e pescadas com outros seres vivos. O presente artigo parte do “arremedar” para abordar como o conhecimento dos quilombolas ligado às esferas do meio ambiente, da percepção, da técnica e do comportamento dos seres vivos atua na configuração das relações entre humanos e animais que ocorrem no espectro das atividades cinegéticas. Pretende-se, por fim, abordar as formas de aprendizado do “arremedar” para elucidar as conexões do praticante com as relações que se dão entre seres vivos e ambientes nos contextos de ocorrência desta prática.Among the Quilombolas of upper Trombetas river, in northern Pará state, arremedar is a set of devices used in hunting activities in order to create encounters with animals that are being chased in land or water. Arremedar includes not only the production of sounds rhythmically and melodically similar to those produced by animals, but also the creation by hunters and fishers of physical and sensible elements that are part of the habitats where these animals live and of its relations with other beings. In this article I argue that the notion of arremedar is part of a form of knowledge that acts in the constitution of human-animal relations. Arremedar, therefore, is associated to the environment and to perceptions, techniques and behaviors of different living beings. Finally, it is intended to address ways of learning how to arremedar to further elucidate the relationship between living beings and environments in the scope of processes and contexts in which this practice is employed