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Impacto da alga invasora Asparagopsis armata em ambientes costeiros
The introduction of invasive species has been increasing with globalization and
is recognized as one of the main threats to the oceans and the second cause of
biodiversity loss. The red alga Asparagopsis armata exhibits a strong invasive
behavior inducing significant changes in the invaded community. The study of
the impact of this invasive on ecologically relevant species is crucial for risk
assessment. Assessing sub-organismal endpoints may therefore provide early
indicators of A. armata exposure and their possible impacts on natural
populations. The results emphasize the importance of considering specific
(biomarkers) as well as more generalized and ecologically related in situ
responses to identify and evaluate biological effects of A. armata in the field. To
validate the fatty acid profile (FAP) tool, the marine snail G. umbilicalis was
exposed to three metals: cadmium, nickel and mercury, and the total lipid
content, lipid peroxidation and FAP were measured. The FAP analysis
suggested a change in fatty acid metabolism and indicated a link between
exposure to metals and homeoviscous adaptation and immune response. In
particular, five fatty acids (palmitic, eicosatrienoic, arachidonic,
eicosapentaenoic, and docosahexaenoic acids) proved to be good indicators of
the responses of G. umbilicalis to the metals used, thus having the potential to
be used as biomarkers for contamination by metals in this species. In the
continued use of this species, there was also a need to characterize it
biochemically. To assess the different enzymatic forms present in the sea snail,
different substrates and selective inhibitors were used. Additionally, in vitro and
in vivo effects of the pesticide chlorpyrifos (CPF) on AChE activity were
investigated, along with effects on snails' behaviour. The results obtained
showed that G. umbilicalis has cholinesterases with characteristics of AChE. In
addition, CPF inhibited AChE activity both in vitro and in vivo conditions, and
AChE inhibition was positively correlated with flipping test.
To understand the mechanisms of toxicity of the invasive A. armata, lethal and
sublethal effects of A. armata were investigated and biochemical biomarkers
responses associated with energy metabolism were analyzed.Results showed invertebrates’ physiological status impairment after exposure to
this algae exudate. Highest concentrations of exudate significantly increased lipid
content in both organisms. In the shrimp, protein content, ETS, and LDH were
also significantly increased. On the contrary, these parameters were significantly
decreased in G. umbilicalis. Behavioural impairments were observed in G.
umbilicalis exposed to A. armata exudate, with reduction in feeding consumption
and increased flipping time. Antioxidant defences, oxidative damage and
neuronal parameter as well as the fatty acid profile were evaluated after exposure
to A. armata exudate. Results revealed different metabolic responses between
species, indicating that A. armata exudate affected the organisms through
different pathways. Despite previous studies indicating that the exudate effected
G. umbilicalis’ survival and behaviour, this does not seem to result from oxidative
stress or addressed neurotoxicity. For P. elegans, an inhibition of AChE and the
decrease of antioxidant capacity with the increase of LPO, suggests neurotoxicity
and oxidative stress as mechanisms of exudate toxicity for this species. For fatty
acids, there were differences more pronounced for P. elegans with a general
increase in PUFA, which commonly means a defence mechanism protecting from
membrane disruption. Omega-3 PUFAs ARA and DPA were increased in both
invertebrates. To evaluate the effects of this invasive in a more realistic scenario,
Variations on native intertidal seaweed and macroinvertebrate assemblages
inhabiting rock pools with and without the presence of the invasive macroalgae
A. armata were assess. Results showed different patterns in the macroalgae
composition of assemblages but not for the macrobenthic communities.
Ellisolandia elongata was the main algal species affected by the invasion of A.
armata. Invaded pools tended to show less species richness, showing a more
constant and conservative structure, with lower variation of its taxonomic
composition than the pools not containing A. armata. This work relied on the
ecotoxicological and ecological information to provide insight in how A. armata
affects specific invertebrates and in general coastal communities, embracing
methods at different biological organization levels which prepare the way for
various hypotheses testing in assessing Asparagopsis armata exudates toxicity.
The analyses of biochemical biomarkers contribute to the knowledge of the sub lethal effects and ecological impacts on communities. Thus, aiding the
comprehensive understanding of the mechanisms that lead to higher level
responses.A introdução de espécies invasoras tem aumentado com a globalização e é
reconhecida como uma das principais ameaças aos oceanos e a segunda causa
da perda de biodiversidade. A alga vermelha Asparagopsis armata exibe um
forte comportamento invasor induzindo mudanças significativas na comunidade
invadida. O estudo do impacto desta invasora em espécies ecologicamente
relevantes é crucial para a avaliação de risco. A avaliação de parâmetros ao
nível suborganismal pode, portanto, fornecer indicadores precoces da exposição
de A. armata e seus possíveis impactos nas populações naturais. Os resultados
enfatizam a importância de se considerar respostas específicas in situ
(biomarcadores), bem como respostas mais generalizadas e ecologicamente
relacionadas, para identificar e avaliar os efeitos biológicos de A. armata no
campo. Para validar a ferramenta de perfil de ácidos gordos (PAG), o caracol
marinho G. umbilicalis foi exposto a três metais: cádmio, níquel e mercúrio, e
mediu-se o teor de lipídios totais, peroxidação lipídica e PAG. A análise PAG
sugeriu uma mudança no metabolismo dos ácidos gordos e indicou uma ligação
entre a exposição a metais e adaptação homeoviscosa e resposta imune. Em
particular, cinco ácidos gordos (ácidos palmítico, eicosatrienóico, araquidónico,
eicosapentaenóico e docosahexaenóico) mostraram-se bons indicadores das
respostas de G. umbilicalis aos metais utilizados, tendo, portanto, potencial para
serem utilizados como biomarcadores de contaminação por metais em esta
espécie. No uso continuado desta espécie, houve também a necessidade de a
caracterizar bioquimicamente. Para avaliar as diferentes formas enzimáticas
presentes no caracol marinho, foram utilizados diferentes substratos e inibidores
seletivos. Além disso, os efeitos in vitro e in vivo do pesticida clorpirifos (CPF)
sobre a atividade da AChE foram investigados, juntamente com os efeitos sobre
o comportamento de caracóis. Os resultados obtidos mostraram que G.
umbilicalis possui colinesterases com características de AChE. Além disso, o
CPF inibiu a atividade da AChE tanto in vitro quanto in vivo, e a inibição da AChE
foi positivamente correlacionada com o teste de viragem.
Para compreender os mecanismos de toxicidade da invasora A. armata, os
efeitos letais e subletais de A. armata foram investigados e as respostas de
biomarcadores bioquímicos associadas ao metabolismo energético foram
analisadas. Os resultados mostraram comprometimento do estado fisiológico dos
invertebrados após a exposição a este exsuda
do de algas. As concentrações
mais altas de exsuda
do aumentaram significativamente o conteúdo de l
í
pidos
em ambos os organismos. No camarão, o teor de proteína, ETS e LDH também
aumentaram significativamente. Ao contrário, esses parâmetros diminuíram
significativamente em G. umbilicalis. Efeitos comportamentais foram observados
em G. umbilicalis exposto ao exsuda
do de A. armata, com redução no consumo
de alimento e aumento do tempo de viragem. As defesas antioxidantes, dano
oxidativo e parâmetro neuronal, bem como o perfil de ácidos gordos foram
avaliados após exposição ao exsuda
do de A. armata. Os resultados revelaram
diferentes respostas metabólicas entre as espécies, indicando que o exsuda
do
de A. armata afetou os organismos por diferentes vias. Apesar de estudos
anteriores indicarem que o exsuda
do afetou a sobrevivência e o comportamento
de G. umbilicalis, isso não parece resultar de stress oxidativo ou neurotoxicidade
direcionada. Para P. elegans, a inibição da AChE e a diminuição da capacidade
antioxidante com o aumento da LPO, sugere neurotoxicidade e stress oxidativo
como mecanismos de toxicidade do exsudado para esta espécie. Para os ácidos
gordos, houve diferenças mais pronunciadas para P. elegans com um aumento
geral de PUFA, o que comumente significa um mecanismo de defesa que
protege da ruptura da membrana. PUFAs
ómega
-3 ARA e DPA foram
aumentados em ambos os invertebrados. Para avaliar os efeitos desse invasor
em um cenário mais realista, foram avaliadas as variações nas comunidades
nativas de algas marinhas intertidais e macroinvertebrados habitando poças
rochosas com e sem a presença da macroalga invasora
A. armata. Os
resultados mostraram diferentes padrões na composição de macroalgas das
comunidades, mas não para as comunidades macrobentónicas. Ellisolandia
elongata foi a principal espécie de algas afetada pela invasão de A. armata.
As
poças invadid
as tenderam a apresentar menor riqueza de espécies,
apresentando uma estrutura mais constante e conservadora, com menor variação de sua composição taxonómica do que as poças sem A. armata. Este
trabalho baseou
-se na informação ecotoxicológica e ecológica para fornecer
uma visão de como A. armata afeta invertebrados específicos e em
comunidades costeiras no geral, abrangendo métodos em diferentes níveis de
organização biológica que preparam o caminho para o teste de várias hipóteses
na avaliação da toxicidade do exsudado de Asparagopsis armata.
As análises de biomarcadores bioquímicos contribuem para o conhecimento dos
efeitos subletais e impactos ecológicos nas comunidades. Auxiliando assim na
compreensão abrangente dos mecanismos que levam a respostas de nível
superior.Programa Doutoral em Ciência, Tecnologia e Gestão do Ma
Avaliação da toxidade de misturas de desinfetantes em peixe zebra
Mestrado em Biologia Aplicada - Toxicologia e EcotoxicologiaLarge quantities of chemicals (e.g. detergents and disinfectants) are used in
hospitals for cleaning and disinfection. Their effluents consist of a mixture which
can cause serious environmental problems.
In this work, the effects of binary mixtures between three hospital disinfectants:
glutaraldehyde (GA), formaldehyde (FA) or ortho-phthalaldehyde (OPA) and
the surfactant benzalkonium chloride (BKC) on zebrafish early life-stages were
studied. The assays were based on the OECD guideline on Fish Embryo
Toxicity (FET) Test. Over 96 hours the organisms were daily inspected with
stereomicroscopy, registering the mortality. The BKC, FA, GA and OPA
showed high toxicity for zebrafish embryos presenting LC50 values at 96 h of
3.9 mg/l, 546.8 mg/l, 23.97 mg/l and 64.9 μg/l, respectively. Mixtures data was
fitted to the independent action and concentration addiction models in order to
verify which model best described the obtained results and to analyze possible
interactive responses.
At 96 hours, the results showed that the mixture toxicity of BKC and FA is best
predictable by concentration addition with a dose level dependency deviation
(antagonism at low dose and synergism at high dose), whereas concentration
addition with an antagonist deviation function described the mixture of BKC and
GA. For BKC and OPA, Independent action best described the mixture, with a
synergism deviation function from the reference model.
This study drives attention to the problem of the hospital effluents due the
release of its complex mixtures and its toxicity that may represent a real
environmental problem.Grandes quantidades de produtos químicos (por exemplo, detergentes e
desinfetantes) são usados em hospitais para limpeza e desinfeção. Os seus
efluentes consistem em misturas que podem causar sérios problemas
ambientais.
Neste trabalho foram estudados os efeitos de três misturas entre desinfetantes
hospitalares: glutaraldeído (GA), formaldeído (FA) ou ortoftaldeído (OPA), com
o surfatante cloreto de benzalcónio (BKC), nos primeiros estádios de vida do
peixe zebra. Os ensaios foram baseados no protocolo OCDE do Teste de
Toxicidade em Embriões de Peixe (FET). Durante 96 horas, os organismos
foram observados diariamente com um estereomicroscópio, registando-se a
mortalidade. BKC, FA, GA, e OPA mostraram alta toxicidade para os embriões
de peixe zebra apresentando valores de CL50 para as 96 h de 3.9 mg/l, 546.8
mg/l, 27.97 mg/l e 64.9 μg/l respetivamente. Para os dados das misturas foram
usados os modelos de ação independente e adição de concentração, a fim de
determinar o modelo mais adequado para prever a sua toxicidade e analisar
possíveis efeitos interativos.
Às 96 horas, os resultados mostraram que a toxicidade da mistura de BKC e
FA é melhor previsível pela adição de concentração com dependência da dose
(antagonismo em dose baixa e sinergismo em doses elevadas), enquanto que
a adição de concentração com uma função de desvio antagonista descreveu a
mistura de BKC e GA. Para BKC e OPA, é a acção independente que melhor
descreve a mistura, com uma função de desvio sinergístico do modelo de
referência.
Este estudo dirige a atenção para a problemática dos efluentes hospitalares
devido à libertação de suas misturas complexas e sua toxicidade, que pode
representar um real problema ambiental