22 research outputs found
Uma ONG e suas práticas pedagógicas: uma contribuição para a educação não-formal
O objetivo deste texto é discutir acerca da Organização Não-Governamental (ONG) como um potencial espaço educativo de Educação Não-Formal. Para auxiliar nessa discussão, aponto alguns resultados da pesquisa que desenvolvi no doutorado, em que analisei as práticas pedagógicas da ONG Grãos de Luz e Griô, localizada na cidade de Lençóis, no estado da Bahia. Constatei que esta instituição, possui algumas peculiaridades em sua abordagem pedagógica e isto, em minha análise, contribui para a necessidade de maior aprofundamento da discussão a respeito da educação não-formal
SABERES DA BIODIVERSIDADE: Etnografia em uma comunidade quilombola no Território de Irecê - Bahia
O texto apresenta a experiência de uma pesquisa etnográfica desenvolvida com sujeitos de uma comunidade quilombola. Realizamos observações, conversas e entrevistas em diferentes momentos, todas registradas no diário de campo, em transcrições e em fotografias. A partir dos dados produzidos, criou-se uma escrita etnográfica referente aos saberes que orientam ações cotidianas nas relações sociais e culturais e, a partir disso, foi analisado como os saberes da biodiversidade são empreendidos socialmente, compreendidos e compartilhados. Considera-se que o território quilombola investigado é um locus de aprendizagens, problematizações, produção e compartilhamento dos saberes-fazeres, em que as histórias narradas apontam para conhecimentos construídos nas relações simbióticas com a natureza
“Se acabar o Rio, a comunidade acabou”: dimensão pedagógica do racismo ambiental
This article aims to analyze the educational practices that emerge from conflict situations in which ancestry and the right to the quilombola territory are appreciated. From the narratives of the residents of the Barreiros de Itaguaçu community with regard to the conditions of retrenchment of their traditional territory, we wanted to contribute—through the production of knowledge about the environmental racism experienced by the community—with the hope of increasing its visibility in places where the different axes ofcoloniality do not allow it. Living together within the community revealed that the residents create resistance strategies to fight the process of occupation of their territory. This idea of resistance that we describe here is not limited exclusively to the defense of the territory, it also refers to the defense of the ways of survival and to the defense of the community way of life, which evinces the quilombola identity. This context of community resistance is considered as a universe of tensions and diverse problems engendered by the worldwide colonial system, based on the different faces of coloniality, from where the quilombolacommunity-produced knowledges emerge, which query other ways of appropriating nature.Este artículo tiene como objetivo analizar las prácticas educativas que emergen de las situaciones de conflicto en las que se da valor a la ancestralidad y al derecho al territorio quilombola. A partir de las narrativas de los habitantes de la comunidad de Barreiros de Itaguaçu frente a las situaciones que reducen su territorio tradicional, nació el deseo de contribuir —a través de la producción de conocimiento sobre el racismo ambientalexperimentado por la comunidad— con la esperanza de aumentar su visibilidad en un espacio donde los diferentes ejes de la colonialidad no lo permiten. La convivencia en la comunidad mostró que los residentes crean estrategias de resistencia para combatir el proceso de ocupación de sus territorios. Esta idea de resistencia que hemos descrito no se limita exclusivamente a la defensa del territorio; también hace referencia a la defensa de las formas de supervivencia y del estilo de vida comunitario que evidencian la identidad quilombola. Este contexto de resistencia de la comunidad se considera un universo de tensiones y múltiples problemas originados en el sistema colonial mundial, basado en las diferentes caras de la colonialidad, de donde emergen los saberes producidos en la comunidad quilombola que cuestionan otras formas de apropiación de la naturaleza.Neste artigo pretende-se analisar as práticas educativas que emergem das situações de conflito nas quais valoriza-se a ancestralidade e o direito ao território quilombola. A partir das narrativas dos moradores da comunidade de Barreiros de Itaguaçu frente às condições de cerceamento ao seu território tradicional, nasceu o desejo de contribuir — por meio da produção de conhecimento sobre o racismo ambiental vivenciado pela comunidade — na esperança de aumentar sua visibilidade num espaço onde os diversos eixos da colonialidade não permitem. A convivência na comunidade mostrou que os moradores criam estratégias de resistência para combater o processo de ocupação de seus territórios. Essa ideia de resistência que descrevemos não se limita exclusivamente à defesa do território, mas também diz respeito a defesa das formas de sobrevivência e do modo de vida comunitária que evidenciam a identidade quilombola. Esse contexto de resistência da comunidade considera-se um universo de tensões e múltiplas problemáticas originadas no sistema mundo-colonial, assentado nas diferentes faces da colonialidade, de onde emergem os saberes produzidos na comunidade quilombola que questionam outros modos de apropriação da natureza
Classes experimentais baianas e a quebra de paradigmas curriculares: do programa de matemática à prática educativa nas décadas de 1960 e 1970
As classes experimentais baianas foram parte do projeto de modernização do ensino desenvolvido durante as décadas de 1960 e 1970. Coordenadas pelo CECIBA em época de Ditadura Militar no Brasil, cumpriram importante meta de difundir uma proposta de ensino (de Matemática) mais inovador, principalmente, no que diz respeito a conteúdos e métodos de ensino utilizados. As experiências realizadas em diferentes escolas de Salvador foram palcos de testes de novos programas e estratégias de ensino, mobilizando saberes a ensinar e para ensinar (HOFSTETTER; VALENTE, 2017) naquele contexto de experimentação pedagógica. Estes saberes, oriundos, principalmente, de cursos de aperfeiçoamento para professores, oferecidos pelo CECIBA, foram analisados, a partir das narrativas disponibilizadas em entrevistas semiestruturadas fornecidas por professores e alunos envolvidos na experiência do Colégio Estadual Luiz Pinto de Carvalho. Pretendemos discutir neste artigo, portanto, como as classes experimentais baianas, constituídas por uma iniciativa de transformação curricular a partir da institucionalização da Matemática Moderna, representaram um período de avanços no ensino (de Matemática) com repercussões importantes na vida dos personagens envolvidos. Trata-se de uma pesquisa qualitativa, que toma como referenciais a perspectiva de história cultural de Chartier (1990), aliada à concepção de solidariedade (RORTY apud ASSIS, 2013) e à ideia de experiência (LARROSA, 1994). Palavras-chave: Classes experimentais. Inovação curricular. Matemática Moderna
AS CRIANÇAS PRETAS ME CONVIDARAM A OUVI-LAS
O artigo apresenta possibilidades de encantamento e reencantamento, partindo de vivências e conversas com crianças da pré-escola, que teve como um dos objetivos da pesquisa: apresentar como as crianças percebem os processos de construção da identidade e de uma autoimagem positiva a partir de livros de Literaturas Infantis Pretas que abordam valores civilizatórios afro-brasileiros e/ou princípios de cosmovisão africana. Nesse sentido, o estudo teve como base metodológica a abordagem qualitativa e, como estratégia de investigação, utilizamos o aporte da etnografia para contemplar a pesquisa com crianças, adotando os referenciais teóricos e metodológicos da Pretagogia e dos Valores Civilizatórios Afro-brasileiros. A pesquisa foi realizada em um Centro de Educação Infantil de Feira de Santana/BA. As crianças comentam as histórias, as imagens, as situações e relacionam com as suas vivências, se reconhecem através dos personagens; as histórias surgem também para romper como um distanciamento das crianças diante de outras culturas, apresentando a elas e valorizando outras formas de existir e produzir conhecimento.
Diálogos possíveis entre teoria crítica e diversidade cultural: reflexões de um grupo de pesquisa em Educação Ambiental da UEFS
Somos a fração de um Grupo de Pesquisa que é fração de uma grande equipe de Educação Ambiental (EA). Trabalhamos juntos entre 2001-2004 quando nos separamos para os doutorados. O ano de 2009 marca uma retomada das atividades conjuntas. A possibilidade de escrever este texto fomentou uma mirada para o passado e outra para o futuro.
O convite do GT de EA da ANPEd, para escrever sobre nosso grupo de pesquisa, leva-nos ao início dos anos 90, quando o Brasil e o mundo focavam suas atenções para a ECO-92. Alguns professores da Universidade Estadual de Feira de Santana, inspirados neste acontecimento, pensavam uma nova maneira de trazer à baila a questão ambiental no campus da UEFS