26 research outputs found

    Por trás das fachadas coloridas

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    Neste artigo, discutimos as mudanças recentes nas políticas de intervenção nos Centros Históricos de Recife e Salvador. Tanto no Bairro do Recife quanto no Pelourinho, as intervenções da década de 1990 se concentraram nas mudanças do uso local: de espaço degradado e pobre para um espaço de ‘cultura e lazer’ destinado às classes médias. Em meados da primeira década dos anos 2000, o que vemos, no entanto, são novas estratégias de re-elitização, na medida em que o uso social do espaço resultou ser mais amplo do que o esperado. O discurso de “devolver a cidade a seus habitantes” está, nesse segundo momento, cada vez menos presente, imperando abertamente a lógica do investimento e retorno financeiro. O que permanece perigosamente adiada é a discussão dos significados dos centros históricos e da memória capaz de ser transmitida por estes espaços singulares

    Os tempos da Ladeira da Preguiça: etnografia de longa duração de uma micro localidade do centro histórico de Salvador

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    This article describes and reflects on two times that coexist in the current space of Preguiça, one of several micro areas that make up the polygonal of the Historic Center of Salvador (CHS). It is an old “time of closure”, the result of structural changes in the city of Salvador, which developed from the second half of the nineteenth century, and a new “time of (re) opening”, very recently forged by the effort of some young people who live in Preguiça, who created and maintain the Centro Cultural Que Ladeira é Essa? These times were captured and analyzed using the ethnographic method (in fieldwork that has been carried out since early 2019) and the historical method (with research in historical sources and historiography, carried out in 2018). Both methods allowed us to relate the nineteenth, twentieth and twenty-first centuries and to find an impressive continuity between what Preguiça was (openness) and what its current residents expect it to be in the future (reopening), openly rejecting what was made of it in the twentieth century to the present (closing).Este artigo descreve e reflete sobre dois tempos que coexistem no espaço atual da Preguiça, uma das várias micro áreas que compõem a poligonal do Centro Histórico de Salvador (CHS). Trata-se de um velho “tempo do fechamento”, fruto de mudanças estruturais na cidade de Salvador, que se desenvolveram a partir da segunda metade do século XIX, e de um novo “tempo de (re)abertura”, forjado muito recentemente pelo esforço de alguns e algumas jovens moradores e moradoras da Preguiça, que criaram e mantêm o Centro Cultural Que Ladeira É Essa? Esses tempos foram captados e analisados mediante o método etnográfico (num trabalho de campo que vem sendo efetuado desde inícios de 2019) e o método histórico (com pesquisa em fontes históricas e na historiografia, realizada em 2018). Ambos os métodos nos permitiram relacionar os séculos XIX, XX e XXI e encontrar uma impressionante continuidade entre o que a Preguiça foi (abertura) e o que seus moradores atuais esperam que ela seja no futuro (reabertura), rejeitando abertamente o que se fez dela no século XX, até o presente (fechamento)

    Cronistas da cidade e cultura urbana em inícios do século XX: os costumbristas de Lima e João do Rio

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    Este artigo busca ler de forma comparativa as crônicas urbanas de inícios do século XX nas cidades de Lima – mediante os quadros costumbristas – e Rio de Janeiro – mediante os escritos de João do Rio. Analisa por que, nesse período, a cultura urbana – definida como o conjunto de códigos usados em determinados espaços partilhados de uma cidade e que permitem a comunicação entre indivíduos cultural e socialmente – é perceptível nas crônicas limenhas e permanece ausente na narrativa do cronista carioca. Sugere que a resposta deve ser buscada nas características do espaço urbano de ambas as cidades: enquanto o Rio já era uma cidade moderna (segregada e dividida), Lima era, em 1900, uma cidade onde os espaços de encontro tradicionais ainda não tinham sido afetados pelos novos valores da vida urbana moderna. O artigo finaliza apresentando apontamentos para ler o que aconteceu na cultura urbana de ambas as cidades após as primeiras décadas do século XX

    Hispanismo e indigenismo: o dualismo cultural no pensamento social peruano (1900-1930). Uma revisão necessária

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    This article is about the two peruvian interpretations that, in the earlier XXth century, discussed about the cultural components of that country and their rol in the conformation of the peruvian further nation. This presentation attemps to outline the dualism that hispanismo and indigenismo had in common and how this dualistic perspective remains important until now. I will suggest that opposition and conflict are not the only forms of cultural communication - as dualistic perspective think - and that is necessary to think iguality as well and at the same time that difference.O artigo apresenta duas vertentes do pensamento social peruano que, nas primeiras décadas deste século, debateram sobre os componentes culturais daquele país e seus papéis na conformação da futura nação peruana. O objetivo desta apresentação é discutir o esquema dual que o hispanismo e o indigenismo partilharam e mostrar como, até os dias de hoje, a oposição e o conflito continuam sendo considerados como as formas predominantes pelas quais as culturas se comunicam e convivem no Peru. A discussão do esquema dual refere-se tanto a sua desconsideração das múltiplas negociações e conciliações entre os universos culturais no Peru, quanto a necessidade de se pensar e considerar a diferença sem esqueçer a igualdade

    Experiência e gente nas imagens da cidade

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    Neste artigo, apresento alguns desenhos produzidos pelos alunos de duas turmas da disciplina Antropologia Urbana, que ministro para o curso de Ciências Sociais da Universidade Federal da Bahia (UFBA). Os desenhos são de dois tipos: as imagens da cidade que eles têm e os percursos que fazem cotidianamente. As imagens da cidade são bastante variadas, cada uma delas destacando uma característica da cidade brasileira contemporânea. Os percursos, por sua vez, provam como a experiência concreta diária constrói as imagens que temos da cidade. Lamentavelmente, em grande parte dos desenhos nem percursos nem imagens da cidade incluem pessoas, interações com elas ou entre elas.Palavras-chave: Imagens da Cidade. Experiência. Pessoas. Antropologia Urbana.Experience and people in the images of the cityAbstractIn this article, I present some drawings produced by students of two classes of Urban Anthropology, matter that I teach in the Social Sciences Course of Federal University of Bahia (UFBA). The drawings are of two types: the images of the city that they have and the routes that they daily do. The city images are quite varied, each one highlighting a feature of contemporary brazilian city. On their hand, the routes prove how concrete experiences build the images we have of the city. Unfortunately, in the majority of drawings neither routes or images include people or interaction with people.Key words: City Images. Experience. People. Urban Anthropology.

    Com e sem vizinhos: formas de habitar becos e pátios nos centros de Salvador e Lisboa

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    Este artigo tem como objetivo refletir sobre as relações entre espaço construído e práticas de habitar a partir do material etnográfico produzido em duas microlocalidades: o beco Camponesa e o pátio do Broas, situados no centro de Salvador e de Lisboa, respectivamente. Embora estes espaços partilhem uma história semelhante, sejam local de residência de setores populares e exibam formas físicas muito parecidas, eles apresentam formas de habitar bastante diferentes. Os dados empíricos produzidos no beco e no pátio analisados nos permitem afirmar que nem os lugares geram formas de habitar, nem o espaço construído engendra um conteúdo específico. As práticas do habitar com vizinhos derivam de outros fatores, dentre os quais destacamos o tempo livre decorrente do regime de trabalho no qual estão inseridos seus habitantes, a propriedade dos imóveis e a concepção de casa.This article aims to reflect on the relationship between constructed space and living practices, based on the ethnographic material produced in two micro-locations: the Camponesa alley and the pátio do Broas, located in downtown Salvador and Lisbon, respectively. Although these spaces share a similar history, are places of residence of popular segments and exhibit very similar physical forms, they present different ways of living. The empirical data produced in the alley and courtyard analyzed allow us to affirm that neither the places generate ways of inhabiting nor the constructed space engenders a specific content. The practices of living with neighbors derive from other factors, among which we highlight the free time resulting from the work regime of its inhabitants, the property ownership and the conception of house

    Habitar ruínas. O bairro da 28 (Centro Histórico de Salvador) nas memórias de seus habitantes

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    Este artigo reproduz fragmentos de memórias de antigas habitantes de um bairro no Centro Histórico de Salvador (CHS), a 28. Nelas, o bairro de velhos casarões e enorme pobreza era cheio de vida e animação, comércio vibrante, pessoas estranhas e densa imbricação entre vizinhos. A reforma promovida pelo Estado da Bahia destruiu esse espaço em nome da salvaguarda do patrimônio cultural da humanidade. Sem comércio e sem gente, restam apenas ruínas do antigo bairro, habitado por um pequeno número de antigos moradores. Estas páginas revelam dois paradoxos: de um lado, uma intervenção estatal que, sob a lógica patrimonialista, pretendia salvar as ruínas que, na lógica do habitante da 28, nunca existiram; do outro, uma luta por parte das antigas moradoras para permanecerem no espaço habitado havia décadas, que lhes permitiu ganhar o direito de uso de casas reformadas, porém, tendo de ver seu bairro virar o que o grosso da população sempre viu nele: ruínas

    HABITAR CASARÕES OCUPADOS NO CENTRO HISTÓRICO DE SALVADOR, BAHIA, BRASIL: velhos cortiços e novas experiências e direitos

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    O objetivo deste artigo é descrever, analisar e refletir sobre uma modalidade de moradia que vem adquirindo progressiva importância quantitativa e qualitativa na cidade de Salvador (Bahia, Brasil) e em seu centro histórico (CHS). Trata-se da ocupação de casarões e prédios por pessoas pobres, ligadas aos movimentos Sem Teto. O trabalho de campo etnográfico, realizado junto a seis ocupações, permitiu-me chegar a algumas conclusões que apresento neste trabalho: 1) algumas ocupações são uma versão atualizada dos antigos cortiços do CHS, com problemas que agravam ainda mais sua situação; 2) a maior parte delas corresponde a ensaios de uma nova forma de habitar que representa uma experiência rica de autogestão e liderança feminina; 3) a centralidade é um valor essencial para os trabalhadores precarizados e vulneráveis que habitam desde o século XIX o centro da cidade, valor que passa a ser atualmente reivindicado, em discursos e (ou) práticas, como o direito à centralidade. TO INHABIT OCCUPIED MANSIONS IN THE HISTORICAL CENTER OF SALVADOR, BAHIA, BRAZIL: old collective houses and new experiences and rightsThe objective of this article is to describe, analyze and reflect about a modality of housing that has been gradually gaining quantitative and qualitative importance in the city of Salvador (Bahia, Brazil) and in its historical center (CHS). These are the occupations of old houses and buildings by poor people, linked to the homeless movements. The ethnographic field work carried out with six occupations allowed me to arrive at some conclusions that I present in this work: 1) that some occupations are an updated version of the old “cortiços” of CHS, with problems that aggravate their situation even more; 2) that most of them are essays on a new way of living which represents a rich experience of self-management and female leadership; 3) that centrality is an essential value for precarious and vulnerable workers who have been living in the center of the city since the nineteenth century, a value that is now being claimed in discourses and / or practices such as the right to centrality.Key words: Occupations; Historical Center of Salvador (CHS); Collective housing; Ways of dwelling; Centrality HABITER DES MANOIRS OCCUPES DANS LE CENTRE HISTORIQUE DE SALVADOR, BAHIA, BRESIL: anciens logements colletifs et nouvelles expériences et droitsL’objectif de cet article est décrire, analyser et réfléchir sur une modalité de logement qui a progressivement gagné en importance quantitative et qualitative dans la ville de Salvador (Bahia, Brésil) et dans son centre historique (CHS). Ce sont les occupations des vieilles maisons et des bâtiments par les pauvres, liées aux mouvements des sans-abri. Le travail de terrain ethnographique mené avec six occupations m’a permis d’arriver à quelques conclusions que je présente dans ce travail: 1) que certaines occupations sont une version actualisée des anciens “cortiços” du CHS, avec des problèmes qui aggravent encore leur situation; 2) que la plupart d’entre eux sont des essais sur un nouveau mode de vie qui représente une riche expérience d’autogestion et de leadership féminin; 3) que la centralité est une valeur essentielle pour les travailleurs précaires et vulnérables qui vivent dans le centre-ville depuis le XIXe siècle, une valeur qui est maintenant revendiquée dans les discours et / ou les pratiques telles que le droit à la centralité.Key words: Occupations; Centre Historique de Salvador (SHC); Logement collectif; Façons d´habiter; Centralit

    Calle y calles de Brasil: imágenes, lecturas y etnografías

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    En este artículo me propongo reflexionar acerca de la calle de la ciudad contemporánea, movida por una pasión por lo urbano y una formación en antropología. La vida de las calles nos dice mucho sobre el tipo de ciudad en las que se encuentran. Sin embargo, son pocos los esfuerzos para captarla en sus detalles, particularidades, singularidades. Como urbanistas, parecemos conformarnos con las imágenes mentales que tenemos de ellas y como intelectuales, muchas veces, nos contentamos con reproducir teorías ya consagradas sobre las características y el papel de las calles en nuestras sociedades. Así, estas líneas comienzan discutiendo algunas imágenes mentales que gran parte de los habitantes de las ciudades modernas tenemos en torno a la calle. Expongo después algunas propuestas de lectura que consagrados intelectuales brasileños hicieron sobre la calle en ese país.&nbsp
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