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Prescrição de fármacos antiosteoporóticos e fatores que motivam a prescrição um ano após fratura da anca.
Trabalho final de mestrado integrado em Medicina (Reumatologia), apresentado à Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra.Introdução: As fraturas osteoporóticas constituem um problema de saúde pública que tem
vindo a crescer com o aumento da esperança média de vida e as mudanças dos estilos de vida.
Observam-se em Portugal mais de 10.000 fraturas osteoporóticas da anca em cada ano. A
prevenção destes eventos é essencial. A ocorrência de fratura representa uma oportunidade
para esse efeito, não só porque demonstra a existência de osteoporose mas também porque se
associa a um aumento significativo do risco de fratura subsequente.
Objetivos: Determinar a percentagem de doentes com tratamento anti-osteoporótico antes e
após fratura da anca.
Métodos: Realizou-se um estudo transversal, onde foram incluídas todas as fraturas da anca
observadas em internamento no Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (Pólo HUC),
entre 1 de maio de 2013 a 31 de outubro de 2013. Contactaram-se telefonicamente os doentes
ou seus cuidadores para a colheita de dados sócio-epidemiológicos e médicos referentes a
fatores de risco para fratura osteoporótica. Procedemos a análise do processo único, de modo
a validar e completar os dados do inquérito. Para o cálculo do risco de fratura a 10 anos
utilizou-se o FRAX® sem densidade mineral óssea.
Resultados: Foram incluídos 130 doentes (69% mulheres), com uma média de idades de 82
±8.7) anos. Verificou-se que 65 destes doentes (50%) descreviam uma fratura osteoporótica
prévia. 121 destes doentes (93.1%) tinham, à data da fratura, uma probabilidade de fratura da
anca ou de fratura major a 10 anos, compatível com indicação para tratamento
medicamentoso, de acordo com as NOF. Apenas 23 doentes (18%) estavam a realizar
tratamento anti-osteoporótico até à data da fratura e a apenas 7 doentes (5.4%) este foi
prescrito após a fratura. Observou-se que 10 doentes (43,5%) referiram abandono do
tratamento pelo menos uma vez até à data da fratura. A terapêutica mais prescrita até à data da
fratura foi Cálcio e Vitamina D (10,8%), seguida por ranelato de estrôncio (3,1%) e bifosfonatos (2,3%). Em 3,8% dos casos não foi possível especificar que medicação o doente
estava a fazer. Após a fratura da anca, 77 doentes (59.2%) referiu ter tido pelo menos uma
consulta de Medicina Geral e Familiar e 84 (64.6%) de Ortopedia.
Conclusão: A percentagem de doentes que recebe tratamento para a osteoporose, quer antes
quer após a fratura da anca é baixa. Devem ser adotadas estratégias de prevenção das fraturas
osteoporóticas em indivíduos com alto risco para fratura e é ainda mais imperioso garantir que
os doentes com fratura de fragilidade não fiquem sem tratamento adequado.Introduction: Osteoporotic fractures are a public health problem that has been growing with
the increasing life expectancy and changes in life styles. In Portugal, there are more than
10.000 osteoporotic hip fractures a year so prevention is essential. A fracture represents an
opportunity for prevention, not only because it proves the existence of osteoporosis but also
due to its association with a significant increase of subsequent fracture risk.
Objectives: To evaluate the percentage of subjects with preventive treatment for osteoporosis
before and after hip fracture.
Methods: A transversal study was performed in which all the hip fractures observed at the
Coimbra Hospital and University Center (HUC), between May 1st 2013 and October 31st
2013, were included. Patients or their caregivers were contacted by phone to gather data
regarding social-epidemiological status, clinical condition and risk factors for osteoporosis,
followed by analysis of the clinical files in order to validate and complete data from the
survey. FRAX® was used to calculate a 10 year fracture risk, without mineral bone density.
Results: 130 patients (69% women) were included, with an average age of 82 (+-8,7) years
old. 65 patients (50%) already had previous osteoporotic fracture and 121 (93,1%) had a
probability of hip or major fracture in 10 years with indication for treatment, according to
NOF. Only 23 patients (18%) were under treatment for prevention of osteoporosis before
fracture and only 7 (5.4%) had this treatment prescribed to them after hospital admission. 10
patients (43,5%) referred treatment abandonment, at least once. The more prescribed
therapy before fracture was calcium and vitamin D (10,8%), followed by strontium ranelate
(3,1%) and bisphosphonates (2,3%). In 3,8% of the cases it wasn’t possible to specify what medication the patient was taking. After hip fracture, 77 patients (59.2%) reported having
general medicine appointments and 84 (64.6%) orthopedics appointments.
Conclusion: The percentage of patients that is under treatment for osteoporosis (before and
after hip fracture) is low. Preventive strategies should be created for osteoporotic fractures in
patients with high fracture risk. It is important to ensure that these patients have proper
treatment
Os ixodídeos como artrópodes importantes para a Saúde Pública na área de influência da ARS Centro: evolução da sua distribuição, sazonalidade e parasitismo de hospedeiros no período de 2015 a 2019
RESUMO - As doenças transmitidas por vetores são uma ameaça à Saúde Pública, a nível mundial, tendo reemergido, fruto de alterações climáticas, demográficas, sociais, alterações genéticas nos agentes patogénicos, resistência dos vetores a inseticidas e mudanças nas práticas de Saúde Pública. As carraças são um dos vetores com maior impacto na Saúde Pública, tendo a família Ixodidea importantes implicações médicas e veterinárias.
Este estudo tem como objetivo geral caracterizar a distribuição de ixodídeos por critérios temporais, espaciais, ambientais e parasitismo de hospedeiros e analisar as colheitas realizadas no âmbito do programa nacional de vigilância epidemiológica de vetores, REVIVE, na ARSC de 2015 a 2019. Trata-se de um estudo epidemiológico observacional transversal descritivo com componente analítica, tendo sido realizada uma análise univariável e bivariável por SPSS com base nos dados fornecidos pelo CEVDI/INSA.
Na amostra analisada, verificou-se a presença de dez das 22 espécies de ixodídeos que ocorrem em Portugal, D. marginatus, D. reticulatus, I. hexagonus, I. ricinus, I. ventalloi, H. marginatum, H. punctata, R. bursa, R. pusillus e R. sanguineus. Destacam-se as espécies mais frequentes, Rhipicephalus sanguineus (vetor implicado na febre escaro-nodular), seguida por R. pusillus (vetor de Rickettsia sibirica mongolitimonae) e Ixodes ricinus (vetor da borreliose de Lyme). Ixodídeos do género Hyalomma, vetores do vírus da febre hemorrágica Crimeia-Congo, foram assinaladas próximo da fronteira com a região de Espanha que registou casos autóctones desta patologia. Em termos gerais, verificou-se maior número de ixodídeos colhidos na Primavera, com temperaturas mais amenas e valores intermédios de humidade relativa. Em termos de parasitismo, o hospedeiro mais frequente nas colheitas da ARSC foi o cão e a maioria dos espécimes encontrados a parasitar humanos estavam parcial ou totalmente ingurgitados. Os dados obtidos da ARSC foram comparados com os dados disponíveis a nível nacional.
Estudar os fatores que influenciam a distribuição dos ixodídeos, sejam eles ambientais ou antropogénicos, bem como a sua taxa de infeção por agentes patogénicos, é indispensável para prever a exposição humana a doenças transmitidas por estes vetores. Apenas gerando mais conhecimento neste âmbito, é possível planear medidas de controlo de vetores, cada vez mais sofisticadas, dirigidas aos seus habitats preferenciais e ao período de maior atividade, ou outras estratégias de prevenção, como campanhas de literacia em saúde, dirigidas a populações-alvo, no sentido da proteção da Saúde Pública
Characterisation of microbial attack on archaeological bone
As part of an EU funded project to investigate the factors influencing bone preservation in the archaeological record, more than 250 bones from 41 archaeological sites in five countries spanning four climatic regions were studied for diagenetic alteration. Sites were selected to cover a range of environmental conditions and archaeological contexts. Microscopic and physical (mercury intrusion porosimetry) analyses of these bones revealed that the majority (68%) had suffered microbial attack. Furthermore, significant differences were found between animal and human bone in both the state of preservation and the type of microbial attack present. These differences in preservation might result from differences in early taphonomy of the bones. © 2003 Elsevier Science Ltd. All rights reserved