43 research outputs found

    Depósitos monotipológicos de machados de talão do Bronze Final entre as bacias hidrográficas dos rios Minho e Ave (Noroeste da Península Ibérica): contextos espaciais e interpretações

    Get PDF
    New interpretations to a selected set of “hoards” of palstave axes with two rings from the North-western Iberia are proposed. This task was based not only on morphological study of these objects but also on their spatial contexts of deposition. The morphological (dimensions and weight) variations observed between objects of a same deposit allow us to consider its formation by unique and individual objects. This reveals the use of different casting molds and alloys and, hypothetically, distinct production origins. At the same time, the distribution of different sets appears to have relations with natural circulation corridors (rivers basins and ridges areas). These were routes known and used since long ago, which certainly promoted more than occasional encounters between distinct human groups.No presente trabalho são propostas novas interpretações a um conjunto de depósitos de machados de talão de dois anéis do Noroeste da Península Ibérica. Tal tarefa teve por base o estudo morfológico dos objetos mas, também, os seus contextos de deposição. As variações morfológicas (dimensões e peso) observadas entre objetos de um mesmo depósito permitem considerar conjuntos formados por objetos únicos e individuais. Isto revela o uso de diferentes moldes e ligas com, hipoteticamente, distintas origens produtivas. Ao mesmo tempo, a distribuição de diferentes conjuntos parece apresentar relações com corredores naturais de circulação (bacias de rios e cumeeiras). Estas rotas seriam conhecidas e utilizadas desde longa data, certamente promovendo mais do que meros encontros casuais entre distintos grupos humanos.(undefined

    Produção e práticas metalúrgicas da Idade do Bronze no Noroeste português: o caso do Pego, Braga

    Get PDF
    O presente artigo visa dar a conhecer as evidências materiais associadas ao processo de produção metalúrgica enquadráveis na Idade do Bronze Final do Noroeste português identificadas no sítio do Pego, concelho e distrito de Braga. Para isso, parte-se da análise dos dados recolhidos durante os trabalhos de escavação arqueológica daquele local, decorridos entre Outubro de 2003 e Junho de 2010. Logo à partida, observam-se diferentes tecnologias produtivas, inferidas a partir de moldes bivalves em cerâmica e do processo da cera perdida. Atendendo às tipologias identificadas nos restos dos moldes atesta-se o fabrico de machados de talão com uma argola e de pontas de lança de alvado curto, situando a produção numa fase intermédia de ocupação do local, quiçá entre os finais do XII e os finais do X séculos AC. Destacando a proximidade do local a possíveis zonas de extracção de estanho de aluvião, pela fácil deslocação que os vales proporcionariam, vincamos as escassas evidências associadas a práticas metalúrgicas face à área já escavada do Pego. Assim, equacionamos a hipótese de aqui ter existido uma produção local pouco expressiva. Tal parece estar de acordo com outros contextos da Idade do Bronze Final conhecidos no Noroeste, tais como a Santinha (Amares), S. Julião (Vila Verde), Falperra (Braga), Corgo (Vila do Conde) e Castelo de Matos (Baião). Com base na parca representatividade de objectos metálicos encontrados no Pego, conjecturamos a deslocação de tais objectos, que acreditamos deterem um valor excepcional, para outros contextos, no âmbito de uma rede de lugares interconectados com significados distintos mas complementares. A inexistência de eventuais vestígios metálicos nos moldes do Pego verificada pela sua análise de composição química, efectuada no Instituto de Tecnologia Nuclear, em Lisboa, não permitiu determinar se a metalurgia do bronze aqui praticada teria sido de composição binária, tal como a restantes peças do Bronze Final do Noroeste (Bettencourt 1998, 2001), o que a afastaria das suas congéneres da fachada atlântica da Europa ocidental.This article aims to acknowledge the metallurgic production processes datable of the Late Bronze Age of the Portuguese northwest at Pego’s site, county and district of Braga. Thereunto, the data recovered during the archaeological excavation works of that local, conducted between October 2003 and June 2010, was analyzed. As a result, different production technologies were identified, inferred by bivalve clay moulds and lost-wax process evidences. Considering the typologies identified from the rest of the moulds, we recognize the production of palstave axes with one ring and socketed spearheads, situating the production in an intermediate phase of the site occupation, perhaps between the end of the XII and the end of X centuries BC. Taking into account the excavated area and highlighting Pego’s vicinity from probable alluvial tin areas, given the easy dislocation that the valleys provided, we stress de scarce evidences associated with metallurgical practices. Therefore, we equate the hypothesis of a not significant local metallic production. This seems to correspond with other Late Bronze Age contexts, known in the northwest, such as Santinha (Amares), S. Julião (Vila Verde), Falperra (Braga), Corgo (Vila do Conde) and Castelo de Matos (Baião), where some metallurgic production remains were also exhumed. Based on Pego’s sparse representation of metallic objects, we conjecture the displacement of these objects, probably imbued of exceptional value, to other places than this, within a net of complementary interconnected places with different significations. The absence of metal traces in the Pego’s molds proved by their chemical composition analysis, done at the Instituto de Tecnologia Nuclear of Lisbon, didn’t determinate whether the bronze metallurgy here practiced presented binary compositions, like other pieces of the Late Bronze Age Northwest (Bettencourt 1998, 2001), which would depart it from their counterparts of the Atlantic coast of Western Europe.Este trabalho foi desenvolvido no âmbito dos projectos A Idade do Bronze no vale do Ave (IBVA 2008/1 (554), Metalurgia Primitiva no Território Português (EARLyMETAL PTDC/HIS-ARQ/110442/2008) e ENARDAS (PTDC/HISARQ/112983/2009), sendo os dois últimos financiados pelo Programa Operacional Temático Factores de Competitividade (COMPETE) e comparticipados pelo Fundo Comunitário Europeu FEDER.à Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT) pela concessão da bolsa com a referência SFRH/BD/73245/2010info:eu-repo/semantics/publishedVersio

    Entre o vale e o monte. Refletindo sobre a importância espacial da necrópole da Idade do Bronze do Pego, Braga (Noroeste de Portugal)

    Get PDF
    This work reports the data which has been recovered from the excavation of Sector II of Pego. Among other kinds of evidence, that area encompasses traces of funerary practices dating back to the Bronze Age. Based upon the local’s choice, the structures’ architectonic features, their interrelations, materials associated and strati-graphy and in the carbon dating results available we have proposed different uses and occupation phases. Although certain materials reflect human presence during later periods, the frequency of that area denounce three occu-pation moments datable from between the Middle Bronze Age and the Late Bronze Age. These moments are consistent with the construction of a plain grave’s necropolis, probably forming familiar clusters, a hypothetic pits’ necropolis and, prior to the abandonment of the area, an “enclosure”. Given the interpretations presented we have discussed the possible relation between the local, certain physical charac-teristics and the presence of funerary practices. As a work hypothesis we consider those relations as fundamental for the places’ choice. Alongside with other evidence of difficult interpretation and, perhaps, in the context of new senses meanwhile acquired by this place, these data form part of this place’s biography.O presente trabalho apresenta os dados de escavação relativos ao Sector II do Pego, área onde foram identificadas, entre outras, evidências de práticas funerárias da Idade do Bronze. Com base na escolha do local, nas caraterísticas arquitetónicas das estruturas, nas suas inter-relações, nos materiais a elas associados, na sua estratigrafia e nas datas de radiocarbono disponíveis são propostos diferentes usos e fases de ocupação. Embora certas materialidades denunciem presença humana posterior, a frequência da área denuncia quatro momentos de ocupação datáveis entre o Bronze Médio e o Bronze Final. Esses momentos são compatíveis com a construção de uma necrópole de sepulturas planas, quiçá formando núcleos familiares, com uma hipotética necrópole de fossas e, antes do abandono do local, com um “recinto”. Atendendo ao quadro interpretativo apresentado, discute-se a possível relação entre o local, certas caraterísticas do meio e os vestígios das ações funerárias. Como hipótese de trabalho consideram-se tais relações como fundamentais para a escolha deste lugar. A par de outros vestígios de interpretação mais difícil e, talvez, no quadro de novos sentidos entrentanto adquiridas por este lugar, estes dados fazem parte da biografia deste lugar.info:eu-repo/semantics/publishedVersio

    Contextos e práticas funerárias da Idade do Bronze na bacia hidrográfica do rio Ave (Noroeste de Portugal)

    Get PDF
    Os dados para o Bronze Final permanecem desconhecidos. Durante o Bronze Inicial a presença de objetos metálicos e de alguns túmulos opulentos conectados com o vale parecem “marcar fisicamente” a paisagem. Nas montanhas os monumentos sob tumuli indiciam a importância do papel social da morte e da necessária preservação da memória ancestral. Durante o Bronze Médio os dados revelam modos de vida e concepções distintas da morte. Se para as comunidades serranas esta parece continuar a ser um importante marco espacial, nos vales predomina a morte invisível, quiçá associada à perda da importância do cadáver enquanto referência coletiva e espacial. Há, ainda, certos lugares ancestrais de memória e de grande significado coletivo (re)visitados entre o Bronze Inicial e o Bronze Final.Late Bronze Age data is unknown. During Early Bronze the presence of metallic objects and some opulent tombs connected to valley areas seems to “physically sign” landscape. In mountain areas cairns indicate the social importance of death and the necessity of preserving ancestral memory. During Middle Bronze Age data reveals distinct lifestyles and conceptions of death. For communities linked to mountain areas death prevails as a significant form of landscape “imprinting”. In valleys prevails an invisible death, perhaps connected to the increasing lost of corpses importance as collective and spatial references. There are also some immemorial ancestral places (re)visited between Early and Late Bronze Age that denounce collective meaningfulness

    Estratégias e lógicas de povoamento durante a Idade do Bronze na bacia hidrográfica do rio Ave (Noroeste de Portugal)

    Get PDF
    O presente trabalho aborda as estratégias de povoamento da Idade do Bronze na bacia do rio Ave, no Noroeste português. Verifica-se a ocupação multivariada do espaço durante o Bronze Médio e Final. Naquela fase prevalece a ocupação de sítios abrigados, de baixa altitude, com fácil acesso a vales e a corredores naturais de circulação. Nas zonas montanhosas as ocupações verificamse em áreas abrigadas de planalto, bem irrigadas, em locais de fácil circulação, e, mais raramente, no topo de maiores altitudes. Para o Bronze Final dá-se a ocupação multivariada do espaço e a crescente preferência por locais de altura, consentindo o domínio real e simbólico do território imediato e dos seus recursos. Muitas destas ocupações procuraram intencionalmente o contacto visual com determinadas orografias de grande significação/importância coletiva, no quadro de uma rede de lugares e de significados interconectados e em regime de complementaridade.This work addresses the settlement strategies during the regional Bronze Age in the basin of the river Ave, Northwest of Portugal. A multivariate occupation of the space during the Middle and the Late Bronze Age is observed. In that phase prevails the occupation of sheltered loci, in lower altitudes, easily acceding to valleys and natural corridors of circulation. In mountain zones occupations are identified in sheltered and well irrigated plateau areas, well irrigated, and near circulation routes. More rare are the occupations on the top of higher altitudes. During the Late Bronze Age a multivariate occupation of space continues, although a higher preference for higher altitude occupations is observed. These last ones authorized both the symbolic and the real domination of the surrounding territory and its resources. Many of these seek intentionally the visual contact with certain orographies of great collective significance/importance, as part of a network of places and meanings in straight interconnection and complementarity

    A necrópole da Idade do Bronze do Corvilho (Santo Tirso): novos dados para a sua contextualização cronológica

    Get PDF
    Em 1915, durante a construção do Hospital da Santa Casa da Misericórdia (Santo Tirso), e num pinhal pertença da Quinta do Gião, foram recuperados seis vasos cerâmicos e um bracelete em bronze. Ainda que os seus micro-contextos de deposição não sejam claros, a quantidade de vasos recolhidos e as suas tipologias têm permitido equacionar a hipótese da existência, naquele local, de uma necrópole da Idade do Bronze. Visando o seu enquadramento cronológico mais preciso, foi efetuada a recolha de fuligem do interior de um dos vasos para posterior datação por AMS. O resultado obtido, ainda que não podendo ser extrapolado aos restantes materiais, confirma, ainda assim, o uso do local para práticas funerárias já durante a Idade do Bronze Médio.In 1915, during the construction of Hospital da Santa Casa da Misericórdia (Santo Tirso), in a pinewood at Quinta do Gião, six ceramic containers and one bronze bracelet were recovered. Although their micro context of deposition are not clear, the quantity of containers and their typologies allow to hypothesize the existence, in that same area, of a Bronze Age necropolis. In order to chronologically accurate this context, soot residues from the interior of one ceramic container was dated by AMS. The result, although it cannot be extrapolated to all the recovered materials, confirms the funerary use of this place during the Middle Bronze Age

    The middle and the beginning of the late bronze age in the north-western Iberian peninsula

    Get PDF
    The aim of this paper is to present a synthesis on the Middle Bronze Age and the origins of the Late Bronze Age in the Northwest of Iberia. This approach takes into account the burial contexts and practices and the new scenarios (compared to the Early Bronze Age) that structured the world and promoted social identities: settlements, some “natural spaces” and reinterpreted past loci. In many cases these “natural spaces” were sometimes materialized by the cere- monial deposition of metallic artefacts and the erection of statues-menhirs. New conceptions of the world, understandable in societies depending on husbandry, forestry and shepherding activi- ties, dedicated to the land, becoming more sedentary and bearing an animist cosmology increasingly connected to the properties of minerals, metallic artefacts and others elements, are also addressed.Le but de cet article est de présenter une synthèse sur l’âge du Bronze moyen et les origines de l’âge du Bronze final dans le nord-ouest de la péninsule ibérique. cette approche prend en compte les contextes et les pratiques funéraires ainsi que de nouvelles mises en scène (en les comparant au Bronze ancien) qui ont structuré le monde et ont mis en place une identité sociale : les habitats, les environnements naturels et la réinterprétation des occupations. Dans de nombreux cas, ces «espaces naturels» ont été matérialisés par le dépôt d’objets métalliques et l’érection de statues-menhirs. ces nouveaux concepts, qui sont compréhensibles dans des communautés qui dépendent de l’élevage et de la gestion forestière, ainsi rattachées à la terre et qui deviennent de plus en plus sédentaires et en même temps adossant une cosmologie animiste de plus en plus liée aux propriétés des minéraux, des objets métalliques et d’autres éléments, seront abordés.This work was developed under the project Natural Spaces, Architecture, Rock Art and Depositions from the Late Prehistory of the Western Front of Central and Northern Portugal: from Actions to Meanings (PTDC/HIS-­‐ARQ/112983/2009) financed by the Programa Operacional Temático Factores de Competitivade(COMPETE) and by the European Regional Development Fund (ERDF). We would like to thank Emilio Abad for the map in figure 1.info:eu-repo/semantics/acceptedVersio

    Metal findings and deposits of the Late Bronze Age in the river Ave’s basin (NW Portugal): spatial considerations

    Get PDF
    O presente trabalho tem como objetivo dar a conhecer os achados e os depósitos metálicos de objetos em ligas de cobre datáveis da Idade do Bronze Final conhecidos na bacia hidrográfica do rio Ave, no Noroeste de Portugal. Ao mesmo tempo, pretende propor algumas interpretações tendo em conta a articulação dessas materialidades com três vetores principais: povoamento, orografia e hidrologia. O conjunto de dados disponíveis inclui achados avulsos e conjuntos de objetos, por vezes de diferentes tipologias, cujas condições de achado levam a considerar como depósitos. Por questões de operacionalidade, as diferentes tipologias de objetos identificados levaram à formação de grupos distintos: depósitos de utensílios, depósitos compósitos e depósitos de armas. Paralelamente, a presença ou não de diferentes tipologias de objetos num mesmo conjunto implicou, igualmente, a consideração de depósitos monotipológicos ou pluritipológicos. De um modo geral, e na falta de provas concretas que possam relacionar inequivocamente estes objetos ou conjuntos de objetos com povoados, parece prevalecer a sua relação com determinadas caraterísticas naturais, como certas orografias e cursos de água ou nascentes, talvez no âmbito de uma forma animista de inter-relação com o mundo. A aparente descontextualização de muitos objetos metálicos, agrupados ou não, indicia a sua manipulação e amortização noutros contextos, numa prática que parece remontar ao Bronze Médio.The present work aims to present the metallic sole findings and deposits of bronze objects datable back from the Late Bronze Age known in the river Ave’s hydrographic basin, on the Northwest of Portugal. At the same time, it pretends to propose some interpretations articulating those materialities with three main vectors: settlements, orography and hydrology. The available data set includes sole findings and groups of objects, sometimes from different typologies, whose discovering conditions lead us to consider them as deposits. Regarding to operational questions the different typologies of objects were divided in distinct groups: tools’ deposits, composite deposits and weaponry deposits. Simultaneously, the presence or absence of different typologies in a same deposit determined the creation of monotypological and pluritypological categories. Generally speaking, and given the lack of concrete evidences that may undoubtedly relate these objects or groups of objects with settlements, it seems to prevail their relation with certain natural features, like orographies and water courses or water sources. This connection is understood in the scope of the animist interrelations established between the human communities and the world. The apparent decontextualization of much of these metallic objects, sole or aggregated, indicates their manipulation and amortization in other contexts, denouncing a kind of practice that seems to date back to the Middle Bronze Age.Este trabalho foi efetuado no âmbito do projeto A Idade do Bronze na bacia do rio Ave (Noroeste de Portugal), com bolsa de Doutoramento concedida pela Fundação para a Ciência e tecnologia (SFRH/BD/41776/2007), e Espaços Naturais, Arquiteturas, Arte Rupestre e Deposições na Pré-história Recente da Fachada Ocidental do Centro e Norte Português: das Ações aos Significados - ENARDAS (PTDC/HIS-ARQ/112983/2009), financiado pelo Programa Operacional Temático Factores de Competitividade (COMPETE) e comparticipado pelo Fundo Comunitário Europeu FEDER

    Novos sítios de arte rupestre na bacia do rio Cávado, Noroeste de Portugal

    Get PDF
    São poucos os lugares de arte rupestre conhecidos na bacia do rio Cávado. Tornando-se crucial a divulgação de sítios inéditos, são apresentados novos dados relativos a lugares com gravuras rupestres no concelho de Barcelos, distrito de Braga. Considerado como a representação clássica de Arte Atlântica, o complexo da Quinta de Paranho conjuga círculos concêntricos, círculos segmentados e covinhas. Motivo raro nesta área geográfica, a representação de um possível equídeo, surge no corpo da capela de Santiago de Moldes. Por fim, em Campo de Moinhos ocorre a representação de outro raro motivo, uma mão com antebraço. Entre outras considerações, os dados revelam uma ampla tradição na gravação de afloramentos nesta área, entre a Pré- história Recente e a Proto-história ou mesmo época posterior. A presença de um equídeo, a sul da bacia do rio Lima, considerada a “fronteira” destas representações, permite colocar a hipótese de que a expansão deste tipo de motivos possa ter ocorrido de norte para sul, quiçá por via marítima.Este trabalho foi realizado no âmbito dos projetos Rota da Arte Rupestre do Noroeste. Um projeto de Turismo Cultural, desenvolvido no seio do Laboratório de Paisagem, Património e Território (Lab2PT), e Arte Rupestre do Noroeste Ibérico. Liminaridade e Heterotopia, apoiado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia através da bolsa SFRH/BSAB/114296/2016.info:eu-repo/semantics/publishedVersio

    The Mount Penha (Guimarães) : a scenery of incorporation and commemoration of space in the Prehistory of the Ave basin

    Get PDF
    A perspectiva de que o espaço natural foi simplesmente palco de acções económicas e aproveitado em termos da optimização dos recursos será questionada, pois as comunidades estão imersas num mundo que desperta nelas a capacidade de atingir uma percepção espacial, simultaneamente produto da sua história social e da informação sensorial com o qual estruturam a realidade circundante (Thomas 2001). Desta forma, o espaço natural não existe enquanto entidade isolada, pois ele é permanentemente humanizado e recriado pelas comunidades que o vivenciam e o percepcionam quer através de histórias, lendas e memórias quer através de acções que deixam evidências materiais. Com base nas premissas enunciadas escolhemos estudar o Monte de Nossa Senhora da Penha, em Guimarães, com o objectivo de interpretarmos a sua importância simbólica durante a Pré-História Recente. Trata-se de um relevo predominantemente de natureza granítica, com amplo domínio visual sobre a região e que se destaca na paisagem a quilómetros de distância, pela sua posição na bacia do rio Ave. De salientar, igualmente, além das inúmeras geoformas graníticas, de escala diversa, por vezes constituindo abrigos naturais, as nascentes e os cursos de água que ali proliferam. Trata-se de um lugar lendário no imaginário popular, sacralizado por um santuário e por diversas capelas, pelo menos a partir do séc. XVI, e frequentado na Pré-História, principalmente entre os finais do IV/inícios do III e os finais do I milénios AC. A metodologia de trabalho partiu da revisão das materialidades arqueológicas aí descobertas dando especial relevância ao tipo de objectos encontrados, às “matérias-primas” com que foram efectuados e aos seus contextos de deposição para interpretarmos as acções e as motivações que lhes estiveram subjacentes e o modo como as comunidades se teriam articulado com este “espaço natural”, na longa diacronia. Refutámos, assim, a hipótese de que este local teria sido um povoado, durante o Calcolítico e a Idade do Bronze, para o interpretarmos como um “lugar”, no sentido de J. Thomas (2001), de grande importância simbólica e religiosa para as comunidades pré-históricas que terão vivido nas planícies e colinas existentes nas suas imediações e que o terão vivenciado e incorporado no seu universo cognitivo, frequentando-o, provavelmente para acções e cerimónias públicas que terão culminado em deposições de artefactos metálicos, cerâmicos, líticos e, talvez, ósseos.The perspective that natural space was a merely scenario of economical actions and profited on account of optimization of resources will be questioned, as communities are immersed in a world that arise their interest in a capacity to achieve a spatial perception, product of their social history and sensorial information, how they structure the surrounding reality (Thomas 2001). In this manner, natural space does not exist whilst isolated identity, since it is permanently humanized and recreated by communities which experience and apprehend it, either using histories, legends and memories, or through actions that leave material evidences. Based on the uttered premises we chose to study the Nossa Senhora da Penha Mount, in Guimarães, with the objective of trying to interpret its symbolic importance during recent Prehistory. This mount it is a predominant relief of granite nature, with ample visual domain among the region, detachable in the landscape, from kilometres, by its position in the Ave basin. To enhance, among the diverse granitic geoforms of various scales, some of them constituting natural shelters, the springs and the water courses that proliferate there. It is a legendary place in people’s imaginary, sacralised by a sanctuary and diverse chapels and frequented in Prehistory, specially, between the end of IV/beginning of III and the end of I millenniums AC. The methodology applied covered the revision of the archaeological materialities discovered there, giving special relevance to the type of objects found, to the “raw materials” used on their production and to their “natural” contexts of deposition, having essayed new interpretations about the actions and motivations inherent to them and how communities may have been articulated with this “natural space”, in its long diachrony. We no longer consider this site as a settlement used during the Calcolithic and Bronze Age, to interpret it as a “place”, in the same sense of J. Thomas (2001), of great social and symbolic importance to the prehistoric communities that may have lived in the immediacy plains and hills, who surely have dwelled and incorporated it in their cognitive universe, using it, probably for public actions and ceremonies which may have culminated in depositions of metallic, ceramics, lithic artefacts and, perhaps, osteologic remains
    corecore