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PRESSÃO SELETIVA ANTIMICROBIANA E A EXPRESSÃO DA RESISTÊNCIA A OXACILINA EM STAPHYLOCOCCUSA AUREUS
Introdução/Objetivo: Staphylococcus aureus, apesar de naturalmente sensível aos antibióticos é conhecido por sua habilidade de adquirir resistência facilmente. A expressão da resistência pode ocorrer como consequência do uso irracional dos antibióticos, pois isso resulta na disseminação de concentrações subinibitórias (sub-MICs) nos mais variados ambientes, impondo uma pressão seletiva sobre a bactéria e favorecendo sua evolução genética, como resposta ao estresse ambiental. O objetivo desse trabalho foi avaliar in vitro a influência da pressão seletiva sobre a expressão da resistência aos antibióticos em S. aureus sensíveis à oxacilina, através da exposição à sub-MICs deste antibiótico. Métodos: Cinco amostras isoladas de colonização nasal que apresentavam perfis genotípicos variados foram expostas a diluições seriadas de oxacilina (0,125 a 256 μg/mL) por cinco a dez dias consecutivos. A cada 24 horas, as amostras foram re-expostas ao antibiótico, usando o crescimento visível na maior concentração de oxacilina. Antes e depois da indução foi feito o teste de disco difusão, para determinar o perfil de suscetibilidade a vários antibióticos; e determinado o perfil de análise populacional, para avaliar a expressão da resistência à oxacilina. Resultados: A suscetibilidade aos antibióticos não β-lactâmicos não foi alterada. Foram observadas mudanças na expressão da resistência à oxacilina e cefoxitina. Duas amostras (SA607 e SA786) passaram a expressar homorresistência (MIC de oxacilina igual a 256 µg/mL). Dentre elas, SA607, mecA positiva oxacilina sensível (OS-MRSA). As demais (mecA e mecC negativas) atingiram MICs de 8 µg/mL (SA177) e 32 µg/mL (SA799), e com exceção de uma (SA292), foram classificadas como heterorresistentes após indução. As alterações observadas para a amostra OS-MRSA (SA607) foram atribuídas à ativação de mecA e ao estímulo do locus bla. A hiperprodução de β-lactamase e as modificações nas PBPs nativas de S. aureus foram associadas às mudanças relacionadas às demais amostras. Conclusão: A simulação in vitro da pressão seletiva antimicrobiana alterou a expressão fenotípica da resistência à oxacilina. Isso reforça o impacto que o uso irracional de antibióticos tem sobre indivíduos colonizados por S. aureus e sobre a população, enfatizando que a emergência e disseminação de resistência aos antibióticos representam um processo de evolução em resposta à pressão seletiva antimicrobiana
AVALIAÇÃO DA COMBINAÇÃO DE UM COMPOSTO SINTÉTICO COM POTENCIAL ANTIMICROBIANO COM VANCOMICINA E LINEZOLIDA PARA O TRATAMENTO DE INFECÇÕES CAUSADAS POR STAPHYLOCOCCUS AUREUS EM MODELOS IN VITRO E IN VIVO
Introdução/Objetivo: O desenvolvimento de novas alternativas terapêuticas para infecções causadas por Staphylococcus aureus torna-se cada vez mais necessário devido à dificuldade de profilaxias e tratamentos eficazes, além da alta taxa de mortalidade. O objetivo desse trabalho foi avaliar a combinação de um composto sintético com potencial antimicrobiano com vancomicina e linezolida contra Staphylococcus aureus em modelo in vitro e in vivo. Métodos: Foram utilizadas duas amostras de S. Aureus: ATCC 29213 e a clínica USA300, e o composto recém sintetizado, peptídeo antimicrobiano: AJP-1-102. A metodologia do presente estudo é composta por ensaios in vitro, sendo eles o teste de concentração inibitória mínima, ensaio de checkerboard e capacidade de destruição de biofilme, e in vivo em modelo de infecção em larva de Galleria mellonella. Resultados: O peptídeo antimicrobiano AJP 1-102 apresentou atividade bacterioestática e bacteriocida significativa com a concentração inibitória e bactericida mínima de 7,8 µg/mL para ambas amostras. O ensaio de checkerboard da associação da vancomicina com o peptídeo na amostra de S. aureus ATCC demonstrou efeito aditivo em duas combinações. A associação não apresentou resultado significativo na amostra clínica. A combinação do peptídeo com a linezolida também não obteve efeito sinérgico ou aditivo. O peptídeo e as combinações tiveram efeito redutor sob a formação de biofilme na amostra de S. aureus ATCC 29213. Conclusão: A partir dos resultados, até o momento, é possível observar a atividade antimicrobiana significativa do peptídeo e uma possível sinergia em baixas concentrações com a vancomicina em S. aureus in vitro. O efeito em baixas combinações evita a toxicidade da vancomicina e reduz o custo da medicação. Sendo assim, a associação de compostos com antimicrobianos de uso clínico parece ser a grande estratégia na luta contra microrganismos preocupantes do ambiente hospitalar
STAPHYLOCOCCUS AUREUS ISOLADOS EM UM HOSPITAL UNIVERSITÁRIO DURANTE UM PERÍODO DE SEIS MESES: PREDOMINÂNCIA DE CEPAS MULTIDROGA RESISTENTES
Introdução/Objetivos: Staphylococcus aureus é um patógeno de grande relevância clínica, destacando-se as cepas MRSA (Methicillin-resistant S. aureus), que estão relacionadas a presença do gene mecA. É importante ressaltar o surgimento de cepas multidroga resistentes (MDR), que representam uma grave ameaça à saúde pública. O objetivo deste estudo foi caracterizar amostras de S. aureus isoladas em um Hospital Universitário do Rio de Janeiro durante um período de 6 meses, de diferentes materiais clínicos (abscessos, biópsias, líquido sinovial, aspirado traqueal, etc.). Métodos: Coletadas de forma consecutiva, 24 amostras de S. aureus foram submetidas ao teste de disco-difusão para determinação do perfil de susceptibilidade aos antimicrobianos. Amostras caracterizadas como MRSA foram submetidas à PCR para detecção do gene mecA. Resultados: A maioria das amostras (17/24; 70,8%) foi isolada de indivíduos do sexo masculino, e a média de idade foi de 48,4 anos (± 22,3 anos). Do total, 14 amostras foram associadas à infecção de pele e partes moles (58,3%), nove à infecções respiratórias (37,5%) e uma à infecção de ossos e articulações (4,2%). Todas as amostras foram suscetíveis à daptomicina, linezolida, teicoplanina, tigeciclina, trimetoprima-sulfametoxazol e vancomicina. Entretanto, observamos uma alta taxa de isolamento de cepas MRSA (33,3%), todas mecA+. Altas taxas de resistência foram encontradas para eritromicina (66,7%), ciprofloxacino (66,7%) e clindamicina (54,2%). Além disso, foram observadas taxas de resistência à gentamicina (33,3%), ceftarolina (16,6%), mupirocina e rifampicina (8,3%). Vale ressaltar que cerca de 54% das amostras apresentaram perfil MDR, caracterizado pela resistência à três ou mais classes de antimicrobianos, independente da presença do gene mecA. Além disso, a resistência à gentamicina, eritromicina e clindamicina esteve relacionada a amostras MSSA (Methicillin-susceptible S. aureus) (p-valor < 0,05). Conclusão: A alta taxa de isolamento de cepas MRSA, e a ocorrência de cepas MDR, independente da presença do gene mecA, aponta uma possível disseminação da resistência antimicrobiana entre S. aureus isolados de pacientes atendidos no hospital de estudo. Logo, concluímos que é de extrema importância a vigilância constante da resistência antimicrobiana, a fim de auxiliar e possivelmente propor medidas de controle e prevenção de infecções por S. aureus em nosso hospital de estudo
ANÁLISE MICROBIOLÓGICA “IN VITRO” DE UM DESCONTAMINADOR PORTÁTIL DE SUPERFÍCIES
Introdução/Objetivo: Os procedimentos inadequados de desinfecção das superfícies dos ambientes de saúde contribuem com a disseminação de microrganismos potencialmente patogênicos, impactando diretamente na ocorrência das contaminações cruzadas. O objetivo deste trabalho foi verificar, “in vitro”, a eficácia de um aparelho portátil de Ultravioleta C (UV-C), indicado como descontaminador auxiliar de superfícies, na redução de amostras microbianas. Métodos: Cinco espécies bacterianas foram avaliadas no experimento, sendo estas: Staphylococcus aureus ATCC 25923, Streptococcus mutans ATCC 25175, Enterococcus faecalis ATCC 29212, Pseudomonas aeruginosa ATCC 10145 e Escherichia coli ATCC 11775. Foram preparadas suspensões contendo aproximadamente 108 Unidade Formadora de Colônia (UFC)/mL e estas foram diluídas até 10‒7. Posteriormente, cada amostra teve suas diluições semeadas em quadruplicata em meio ágar “Brain and Heart Infusion”. Um conjunto de duplicata (grupo teste) de cada amostra foi irradiado por cinco vezes, 1,5 cm de distância e 1 cm/s, enquanto que o outro conjunto de cada amostra compôs o grupo não irradiado (grupo controle). As placas foram incubadas por 24h/36°C e o número de UFC/mL definido em seguida. O ensaio foi realizado em três momentos distintos para cada amostra bacteriana. Resultados: O descontaminador auxiliar de superfícies foi responsável por reduzir mais de 99% da carga bacteriana, sendo 99,99998% para S. aureus, 99,99991% para S. mutans, 99,99996% para E. faecalis, 99,99999% para P. aeruginosa e 99,99998% para E. coli. Conclusão: Os resultados sugerem que o descontaminador portátil à base de UV-C representa uma alternativa adjuvante na redução da carga bacteriana presente nas superfícies dos ambientes de assistência à saúde, reduzindo assim risco de contaminação cruzada
Complete substitution of the Brazilian endemic clone by other methicillin-resistant Staphylococcus aureus lineages in two public hospitals in Rio de Janeiro, Brazil
Staphylococcus aureus is an important cause of bloodstream infections. Therefore, the main purpose of this work was to characterize a collection of 139 S. aureus isolates from bloodstream infections in two public hospitals in relation to their antimicrobial susceptibility profile, staphylococcal cassette chromosome mec types, and clonal relationship. Methicillin resistance and resistance to other 12 agents were accessed by the disk diffusion test. Minimum inhibitory concentration to mupirocin was also determined. The SCCmec types were accessed by multiplex PCR, and the clonal relationship was determined by pulsed field gel electrophoresis method and restriction modification system characterization. Besides, multilocus sequence typing was performed for representative methicillin-resistant S. aureus isolates. The military hospital showed a dissemination of the New York/Japan (USA100/ST5/CC5/SCCmecII) lineage associated to multidrug resistance, including mupirocin resistance, and the teaching hospital presented polyclonal and non-multidrug resistant MRSA isolates. Complete substitution of the Brazilian endemic clone by other lineages was found in both hospitals. These findings can highlight differences in policy control and prevention of infections used in the hospitals and a change in the epidemiological profile of MRSA in Brazilian hospitals, with the replacement of BEC, a previously well-established clone, by other lineages. Keywords: Staphylococcus aureus, Bloodstream infections, USA100, Mupirocin resistanc
ENTEROCOCCUS FAECIUM E E. FAECALIS SENSÍVEIS E RESISTENTES À VANCOMICINA (VRE) ISOLADAS DE INFECÇÃO E COLONIZAÇÃO, RESPECTIVAMENTE, EM UM HOSPITAL UNIVERSITÁRIO DO RIO DE JANEIRO: UMA COMPARAÇÃO DA RESISTÊNCIA ANTIMICROBIANA
Introdução/Objetivo: Enterococcus estão normalmente associados a infecções relacionadas à assistência à saúde, geralmente apresentando perfil de multidroga resistência. Esse estudo objetivou comparar a resistência antimicrobiana de amostras VRE (Enterococcus resistentes à vancomicina) oriundas de swab retal com o perfil de amostras de Enterococcus sensíveis à vancomicina, isoladas de materiais clínicos diversos, coletados de dezembro de 2021 a junho de 2022, de pacientes atendidos em um Hospital Universitário. Métodos: Amostras identificadas como Enterococcus pelo método automatizado foram selecionadas, e confirmadas quanto à espécie por MALDI-TOF MS. O perfil de susceptibilidade aos antimicrobianos foi determinado pelo método de disco-difusão. A concentração mínima inibitória (CMI) para vancomicina foi determinada pelo método de microdiluição em caldo para amostras VRE e a presença do gene vanA foi observada pela técnica da reação em cadeia da polimerase (PCR) para todas as amostras. Resultados: Um total de 59 amostras foram identificadas, sendo 31 de colonização anal (VRE) e 28 de materiais clínicos diversos. Dentre as VRE, 55% foram caracterizadas como E. faecalis (VREfa) e 45% como E. faecium (VREfm). Já entre as amostras de origem infecciosa, 89% eram da espécie E. faecalis e 11% E. faecium. Entre E. faecalis (n = 41), amostras VREfa apresentaram maiores taxas de resistência à cloranfenicol, eritromicina, quinolonas e vancomicina (p-valor 90%) das amostras VRE, independente da espécie bacteriana, apresentou CMI > 64 µg/mL para vancomicina, sendo todas vanA positivas. Conclusão: Apesar de observado uma alta taxa de resistência à quinolonas entre amostras VREfa, ao compararmos as duas espécies, independente da resistência à vancomicina, cepas E. faecium apresentaram maiores taxa de resistência aos antimicrobianos, de maneira geral. Nossos resultados contribuem para elucidar os aspectos da emergência e disseminação de microrganismos multirresistentes, ressaltando a importância da vigilância epidemiológica de Enterococcus, especialmente aqueles caracterizados como VRE
ISOLAMENTO E IDENTIFICAÇÃO DE BACTÉRIAS MULTIDROGA RESISTENTES ASSOCIADAS À PNEUMONIA EM BIOFILME ORAL DE INDIVÍDUOS NO MOMENTO DA INTERNAÇÃO EM UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA
Introdução/Objetivo: A cavidade bucal possui um microbiota que, quando em simbiose com o hospedeiro, atua como uma proteção natural contra a colonização de microrganismos patogênicos. Entretanto, esta pode ser alterada por fatores externos, como higiene bucal, fluxo salivar e antibioticoterapia. No momento da admissão na UTI, alguns indivíduos podem já estar colonizados por microrganismos que não são comuns à cavidade oral, como Staphylococcus aureus, Pseudomonas aeruginosa, Klebsiella pneumoniae e Acinetobacter Baumannii, por vezes, Multidroga-Resistente (MDR), o que pode aumentar a morbidade e mortalidade de indivíduos sob terapia intensiva. O objetivo do presente estudo foi pesquisar a presença bactérias multidrogas-resistentes relacionadas com infecções respiratórias, como S. aureus, P. aeruginosa, K. pneumoniae e A. Baumannii, no biofilme oral em indivíduos, no momento da admissão na UTI e determinar o perfil de suscetibilidade aos antimicrobianos. Métodos: Amostras de biofilme oral de 88 participantes foram coletadas com auxílio de swab no dia de sua internação na UTI de um hospital de Nova Friburgo-RJ. Bactérias foram isoladas e identificadas por espectrometria de massas por MALDI-TOF, seguido do teste de sensibilidade aos antimicrobianos. Resultados: Foram coletadas amostras de 48 (57,8%) pacientes do sexo masculino e 35 do sexo feminino (42,2%) com Média (M) de idade = 64.486 (+15,60); índice de cárie CPOD, M = 25,725 (DP=9,24); número de dentes M = 10,925 (DP=12,37). Foram isoladas 15 (44,11%), cepas Multidrogas Resistentes (MDR) de um total de 34 cepas, distribuídas da seguinte forma: K. pneumoniae (2 cepas MDR); A. baumannii (6 cepas MDR); S. aureus (7 cepas MDR). Conclusões: Foi observada a presença bactérias MDR no biofilme oral de pacientes anteriormente à internação no UTI. Não foram identificadas correlações entre o perfil de susceptibilidade e condições bucais (biofilme bucal e infecções prévias) e gerais (idade, sexo, presença de infecção, comorbidades, uso de antibiótico, motivo da internação)
COLONIZAÇÃO NASAL POR STAPHYLOCOCCUS AUREUS RESISTENTES À METICILINA ENTRE PACIENTES ATENDIDOS EM UM HOSPITAL UNIVERSITÁRIO DURANTE UM PERÍODO DE SEIS ANOS: UMA ANÁLISE RETROSPECTIVA
Introdução/Objetivo: Staphylococcus aureus é um dos principais patógenos humanos e cerca de 30% da população encontra-se colonizada, sendo a colonização nasal por cepas resistentes à Meticilina (MRSA) um fator de risco para desenvolvimento de infecções estafilocócicas. Este estudo visou observar a ocorrência da colonização nasal por cepas MRSA em indivíduos adultos atendidos em um Hospital Universitário do Rio de Janeiro de forma retrospectiva e identificar o isolamento posterior de S. aureus em outros materiais clínicos oriundos dos pacientes previamente colonizados. Métodos: Avaliamos laudos diagnósticos com cultura de vigilância para colonização nasal positiva para MRSA, entre 2017 e 2022, verificando o isolamento posterior (até 90 dias) do patógeno em amostras clínicas (hemocultura, secreções e urina) de indivíduos adultos colonizados. Resultados: Foram processados 11701 swabs nasais, sendo 631 positivos para MRSA de 427 indivíduos (taxa de 5,4% de isolamento), com uma maior taxa no ano de 2020 (9%). O setor de emergência apresentou um aumento no isolamento de cepas MRSA ao longo dos anos (p-valor 61 anos (53%), se autodeclaravam pardos (44%) e pertenciam ao sexo masculino (69%), estes apresentaram maior faixa etária (p-valor61 anos. Conclusão: O hospital de estudo apresenta uma alta taxa de indivíduos colonizados por cepas MRSA e a pandemia de SARS-CoV 2 pode ter contribuído para um aumento da colonização nasal, principalmente entre indivíduos atendidos no serviço de emergência. Apenas 8% dos indivíduos colonizados apresentaram isolamento de S. aureus em outros materiais clínicos, sendo todas as amostras foram caracterizadas como MRSA, o que confirma a importância da vigilância das taxas de colonização nasal por este patógeno