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Evolução holocênica das encostas da bacia do riacho Bruscas, Nordeste do Brasil
The Bruscas Creek watershed is located in the Borborema geological Province, and consists of a representative example of the geological and geomorphological settings of the eastern sector of the Northeast of Brazil, where landform evolution and its paleoclimatic implications are particularly distinct from that of the South and Southeast of the country. The present work aims at analyzing the colluvial mantled hillslopes of the Bruscas Creek watershed, based on the physical and compositional characteristics of the sediments, as well as their chronology and stratigraphic arrangement. In spite of the fragmentary and spatially discontinuous characteristics of hillslope sedimentation in the area, its analysis may render crucial information regarding the geomorphological dynamics, which may reflect the operation of paleo-environmental components upon the distribution of aggradational landform units. Results were grouped according to the sampling areas within the distinct sectors of the watershed, where colluvial covers are found, thus encompassing all morphological contexts of the area dominated by hillslope deposition. The analyzed sediments were confined to a timeframe ranging from the Pleistocene/Holocene threshold to Little Ice Age. Nonetheless, whereas deposits resulting from the overall re-humidification of the Late Pleistocene are ubiquitous in other areas of the semi-arid Northeast, mid- and Upper Holocene colluviation points to the occurrence of rather localized rainfall events, possibly related to the orographic control exerted by the Baixa Verde massif and other elevated sectors of the Borborema Highlands. Localizada na Província Geológica da Borborema, a bacia do Riacho Bruscas constitui importante amostra do contexto geomorfológico e geológico do setor oriental do Nordeste do Brasil, onde a morfogênese e suas implicações paleoclimáticas são particularmente distintas daquelas que afetam áreas do sul e sudeste do país. O presente trabalho tem como objetivo analisar encostas com coberturas coluviais da bacia do Riacho Bruscas, tomando como base as características dos sedimentos, sua cronologia absoluta (LOE), geometria, estrutura e arranjo estratigráfico. Apesar de fragmentários, disjuntos espacialmente, e originários de intensidades distintas, esses materiais podem fornecer informações importantes sobre a dinâmica geomorfológica que, em última instância, reflete a ação dos componentes paleoambientais sobre a organização das unidades agradacionais do relevo. Os resultados foram agrupados em função dos dados coletados em quatros setores distintos da bacia, onde ocorrem depósitos coluviais, de forma a abranger todos os contextos morfológicos que, na área, resultaram na acumulação de sedimentos de encosta. Os depósitos estudados apresentaram-se confinados em intervalo de tempo que alcança desde o limiar Pleistoceno/Holoceno até a Pequena Idade do Gelo. Contudo, enquanto os depósitos resultantes da reumidificação geral observada ao final do Pleistoceno são ubíquos nas demais áreas do Nordeste semiárido, os depósitos do Holoceno médio e superior apontam para ocorrências mais localizadas, provavelmente relacionadas à ação de eventos pluviais orograficamente condicionados, mais intensos sobre o maciço da Serra da Baixa Verde e outros setores elevados do Planalto da Borborema
Gênese e ocupação pré-histórica do Sítio Arqueológico Pedra do Alexandre : uma abordagem a partir da caracterização paleoambiental do Vale do Rio Carnaúba-RN
Neste trabalho analisa-se a ocupação humana pré-histórica no Sítio Arqueológico Pedra
do Alexandre, localizado no vale do rio Carnaúba, Área Arqueológica do Seridó, a partir
da perspectiva da arqueologia ambiental e da geoarqueologia. Para isto procurou-se
realizar uma caracterização paleoambiental do vale do rio Carnaúba a partir da análise
da gênese, temporalidade e dos processos responsáveis pela formação dos depósitos
sedimentares confinados no sítio arqueológico e nos terraços aluviais. A interpretação dos
indicadores paleoambientais dos depósitos estudados foi realizada por meio de análises
sedimentológicas, da difratometria de raios-X da fração argila e da datação absoluta de
camadas por luminescência opticamente estimulada (LOE), visando estabelecer vínculos
formativos entre os ambientes deposicionais de encosta e os de caráter fluvial. A partir de
uma análise espacial da distribuição das áreas com evidências de ocupação humana e
da caracterização paleoambiental dos ambientes deposicionais da bacia do rio
Carnaúba, foram sugeridos possíveis fatores de ordem físico-natural que teriam
favorecido a escolha desta área para a fixação de grupos humanos. Foi analisada ainda
a formação do depósito arqueológico do Sítio Pedra do Alexandre e realizada uma
correlação entre os sepultamentos datados entre 9400±35 e 2620±60 anos AP por 14C
e as interpretações paleoambientais para o vale do rio Carnaúba. Foi observado que a
formação do depósito sedimentar do Sítio Arqueológico Pedra do Alexandre mostrou-se
de origem anterior à ocupação humana naquele local, sendo formado a partir de eventos
de grande magnitude ocorridos há cerca de 58000 e 18000 anos AP. A partir de
análises estratigráficas foi possível chegar à conclusão que o depósito arqueológico Pedra
do Alexandre é quase completamente formado por processos pós-deposicionais causados
pelos rituais de sepultamentos executados pelos grupos humanos. Foi possível observar
ainda as ocupações humanas no Sítio Arqueológico Pedra do Alexandre deram-se em um
período bastante vasto, mesmo que possivelmente não contínuo, demonstrando assim sua
adaptabilidade a diferentes condições ambientais ocorridas durante o Holoceno. O
momento provavelmente mais favorável para a ocupação humana esteve relacionado ao
Holoceno Médio, ali caracterizado por um clima ainda provavelmente úmido e quente e
apontando para um possível reestabelecimento da cobertura vegetal relacionado a um
regime pluviométrico mais estacional e regula