5 research outputs found

    Do manicômio à associação: uma etnografia de uma associação de usuários e usuárias de serviços de saúde mental de Florianópolis, Santa Catarina

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    TCC (graduação) - Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Filosofia e Ciências Humanas, Curso de Ciências Sociais.O presente trabalho é resultado de uma pesquisa que teve por objetivo analisar etnograficamente as atribuições de sentido concernentes às práticas e discursos dos integrantes de uma associação de “usuários” e “usuárias” de serviços de saúde mental de Florianópolis, Santa Catarina. Para a pesquisa de campo, foram utilizados procedimentos qualitativos, próprios ao método de natureza etnográfica, a partir de observação participante nas reuniões da associação e de entrevistas e diálogos com os sujeitos. Para as reflexões neste trabalho, realizaram-se algumas discussões acerca de categorias como “loucura” e “doença mental”, bem como uma breve revisão histórica sobre o processo da reforma psiquiátrica brasileira, para em seguida ressaltar as tensões, ambiguidades e paradoxos que emergem nos interstícios das associações de “usuários” e “usuárias”. Se, por um lado, os princípios da reforma psiquiátrica brasileira assentam-se na ideia de “desinstitucionalização”, por outro lado, uma nova forma institucional é engendrada na busca da autonomia dos “usuários” e “usuárias” e os sujeitos cujas vozes eram, outrora, silenciadas ou apenas objeto de interpretação terapêutica, ocupam agora os cargos de Presidente, Vice-presidente e Secretário. Entre reivindicações e estigmas, foi possível perceber que o movimento que vai “do manicômio à associação” ora avança e ora retrocede, cujos significados transitam entre os ranços manicomiais e a conquista de direitos, no qual a hegemonia da biomedicina tem um preponderante papel

    Da falta de atenção ao déficit de atenção: diagnóstico e medicalização de estudantes na perspectiva de professores e professoras de escola pública

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    Dissertação (mestrado) - Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Filosofia e Ciências Humanas, Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social, 2015.Na presente pesquisa, tomei por objeto de análise antropológica o processo de construção do diagnóstico do Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) e a medicalização de estudantes. Investiguei esse processo etnograficamente, o que significou um exercício de relativização em relação ao TDAH enquanto uma ?doença? dada de antemão: não procurei sintomas, tampouco evidências biológicas para provar se ele existe ou não. Procurei analisar a forma pela qual alguns elementos são investidos de uma possibilidade patológica que eventualmente culmina em um TDAH, pesquisando, descrevendo e discutindo a forma pela qual uma característica torna-se um sintoma no universo escolar, como a ?atenção?. Para explorar esse processo, professores e professoras de um colégio público foram meus sujeitos de pesquisa. Por cerca de quatro meses, além de acompanhar em torno de duzentas aulas de onze docentes, estive presente em diversas reuniões de professores e professoras, bem como realizei uma série de entrevistas e conversas informais com eles e elas, com orientadores educacionais e com a supervisora educacional do colégio no qual realizei meu trabalho de campo. O argumento central de minha discussão é que a ?atenção? é investida de uma possibilidade patológica em um movimento através do qual variadas formas de ?governo? se articulam no campo educacional e, mais especificamente, na instituição escolar. Em um regime contemporâneo no qual a medicina se apropria de um extenso campo de possibilidades, na medida em que os ?governos? escolares não funcionam, a medicalização entra em cena. Em primeiro lugar, ao nível semântico, produzindo mecanismos de verdade através do qual a ?falta? de ?atenção? torna-se uma possibilidade patológica e vira um ?déficit? de ?atenção? e, em segundo lugar e por consequência disso, ao nível químico, produzindo potenciais estudantes consumidores de metilfenidato.Abstract : In the present study, I performed an anthropological analysis on the process of constructing a diagnostic for the Attention Deficit Hyperactivity Disorder (ADHD) in students and their subsequent medicalization. I investigated this process from an ethnographical perspective, which consists of a relativization exercise with respect to ADHD as an assumed ?disease?. As such, I did not search for symptoms or biological evidence to prove or disprove its existence. I analyzed how some factors are invested of a pathological possibility that eventually culminates in ADHD. I researched, described and discussed how a given characteristic, such as ?attention?, can become a symptom in the micro-universe of the school. To explore this process, I selected public school teachers as subjects of my studies. During circa four months, I followed around 200 classes from eleven teachers. I also personally attended a series of interviews and informal talks between the teachers and educational supervisors of the school in which I developed my fieldwork. In this dissertation, my main argument is that ?attention? is invested with a pathological possibility via a process in which different forms of ?government? are articulated in the educational field and, more specifically, in the scholar institution. In a contemporary regime where medicine appropriates from an extensive range of possibilities, as long as the ?scholar government? does not work, the medicalization comes into play. First, on a semantic level, the medicalization produces real mechanisms wherein the ?lack? of ?attention? turns into a pathological possibility and becomes a ?Deficit? of ?Attention?. Second, as a consequence, the medicalization produces a generation of students that are potential consumers of methylphenidate

    “SAPECA”, “DANADO”, “ABOBADINHO”, “DISTANTE”: CONSIDERAÇÕES ANTROPOLÓGICAS SOBRE O TRANSTORNO DE DÉFICIT DE ATENÇÃO E HIPERATIVIDADE A PARTIR DE ENTREVISTAS COM PROFESSORAS DE FLORIANÓPOLIS, SANTA CATARINA

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    TCC (graduação) - Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Filosofia e Ciências Humanas, Curso de Ciências Sociais.O presente artigo tem por objetivo discutir sobre o Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), a partir de entrevistas que realizei com cinco professoras que trabalham em uma escola de Florianópolis, a qual oferece aulas para o Ensino Fundamental e Ensino Médio. Procuro explorar alguns elementos que emergem dos seguintes questionamentos: em primeiro lugar, quais os critérios que as docentes se baseiam para desconfiar que alguma aluna ou aluno possua TDAH ou algum distúrbio que, de acordo com as professoras, mereceria um tratamento psiquiátrico ou psicológico? Além disso, segundo o discurso das docentes, qual o lugar ocupado pelos medicamentos utilizados pelos estudantes diagnosticados com TDAH e de que maneira se configura a própria relação entre o pedagógico e o terapêutico? Enfim, quais as tensões e especificidades que emergem das falas das professoras em relação a tal diagnóstico e a medicalização de suas/seus alunas/os? Inicialmente, apresento as origens do TDAH como entidade nosológica, bem como as variações de critérios diagnósticos e quadros etiológicos ao longo do tempo. Em seguida, são intercaladas duas seções nas quais me debruço sobre algumas falas das professoras, com duas seções em que são exploradas discussões de cunho mais teórico. Por fim, efetuo algumas considerações nas quais evidencio alguns limites e potencialidades da pesquisa aqui apresentada

    O processo de formação inicial e continuada dos trabalhadores na área de flexografia: os aspectos socioeconômicos e o ensino profissional

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    Este artigo apresenta-se como um estudo de caso que se propõe a utilizar os alicerces teóricos da pedagogia crítica, da educação profissional tecnológica e do contexto regional, a fim de compreender o processo de formação dos trabalhadores para a indústria de embalagens na área de flexografia em Caçador-SC. Metodologicamente observou-se desde as possibilidades da modalidade de curso do tipo Formação Inicial e Continuada (FIC) à importância da busca ativa junto às empresas. A posição pessoal dos gestores tem forte influência sobre a empregabilidade destes trabalhadores, e estes têm consciência das problemáticas envolvidas no seu contexto profissional e social, porém, poucos conseguem atuar para a modificação desta situação. Desta forma, uma equipe docente multidisciplinar e uma concepção pedagógica politécnica para formação integral foram decisivos neste cenário. Os discentes têm alta expectativa sobre o aprendizado prático, mas ainda existem dificuldades estruturais para a adequação do ensino neste sentido
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