1 research outputs found
Understanding the disease and supporting clinical decisions
Barrett’s esophagus (BE) is a recognized premalignant condition of the distal
esophagus that constitutes the major risk factor for the development of esophageal
adenocarcinoma (EA). Despite the known low rates of BE progression to EA, the
incidence of both has increased profoundly over the last decades and esophageal
malignancy remains to be a deadly cancer with high morbidity and mortality unless
diagnosed at early stages. Current BE clinical management has revealed unsuccessful in
reverting this worrisome epidemiological picture and a major hurdle has been the
incapacity to discriminate among BE patients those who have a higher risk of
malignant progression. In fact, to this date, besides dysplasia none of the existing
clinical and histologic criteria could anticipate malignant progression. It is therefore
imperative to find reliable molecular biomarkers to guide medical practice and improve
the standard of care for BE patients.
The global aim of this thesis was to better understand the pathways underlying BE
malignant progression and thereby identify reliable biomarkers relevant for the
diagnosis, prognosis and management of BE patients thus contributing to an improved
understanding of BE biology and an optimized support for clinical decisions.
To accomplish these challenging goals an unbiased and a hypothesis-driven strategies
were followed. Through the unbiased approach, a meta-analysis of transcriptome
datasets and subsequent experimental validation in a cohort BE patients in follow-up
was used to define a gene set associated with BE cancer development and, therefore,
identify early biomarkers predictive of BE malignant progression. In silico analysis
singled out two genes, CYR61 and TAZ as candidate predictive markers for BE
malignant progression and experimental validation using quantitative PCR and
immunohistochemistry revealed that both genes are upregulated and overexpressed in
non-dysplastic BE index biopsies from progressors years before cancer development
when compared with index biopsies from BE patients that did not progressed. We also
found that EMT and stemness-related genes were also significantly over represented in
BE associated with progression. Together, these results support that CYR61 and TAZ
are promising early biomarkers to stratify BE patients according to their cancer risk
and suggest a novel mechanist route for BE neoplastic progression.
Using an hypothesis-driven approach, we explored when and how centrosome
abnormalities arise along BE malignant pathway, from the early premalignant condition stage to metastatic disease, by establishing an accurate method to identify
and score centrosomes, at the single-cell level, in patient samples and cell lines. We
found that centrosome amplification arises as early as the premalignant condition of
patients that progress to malignancy and significantly expands at dysplasia stage, which
is dependent of p53 loss of function, being then present along cancer progression,
namely in EA and metastasis. So, these finding suggest that centrosome amplification
could contribute to BE initiation and malignant progression. Considering that
centrosome amplification is specific of patients that progress to cancer, this could be
further explored to be translated into useful tools to be used in the clinical setting and
potentially improve its diagnosis, prognosis and treatment. Moreover, given
widespread occurrence of both p53 mutations and centrosome abnormalities in human
tumors, our findings are likely to be extended to other cancers.
Collectively, both research avenues suggest the existence of different cellular and
molecular abnormalities dictating different pathological propensity for malignant
progression in BE, right from the beginning, and this could be further explored to trace
a cancer risk profile for every patient and guide medical decisions and improve patient
care.O esófago de Barrett (EB) é uma reconhecida condição pré-maligna que surge no
esófago distal associada ao refluxo gastroesofágico crónico e constitui o maior factor de
risco para o desenvolvimento do adenocarcinoma esofágico (AE). Apesar da taxa de
progressão maligna do EB ser baixa, a incidência de ambos tem aumentado
drasticamente nas últimas décadas. Como agravante, esta neoplasia em estadios
avançados está associada a taxas elevadas de morbilidade e mortalidade a menos que
diagnosticada e tratada em estadios iniciais, pelo que todos os doentes com EB são
integrados em programas de vigilância com vista à detecção precoce de progressão
neoplásica. Contudo, esta prática clínica tem-se mostrado ineficaz para reverter este
cenário epidemiológico e um dos factores limitantes relaciona-se com o facto da
displasia continuar a ser o único marcador de risco de progressão maligna e não haver
marcadores moleculares e clínicos que possam predizer e estratificar o potencial
maligno do EB. É assim urgente encontrar biomarcadores sensíveis e específicos
capazes de guiar a prática médica, melhorar a relação custo-benefício dos programas de
vigilância, mas principalmente a qualidade de vida dos doentes com EB.
O objectivo principal desta tese foi descobrir novas vias moleculares subjacentes à
progressão maligna do EB de forma a identificar biomarcadores fidedignos passíveis de
serem aplicados à clínica apoiando o diagnóstico, prognóstico e manejo destes doentes,
e assim contribuir para aprofundar o conhecimento relativo ao processo de
cancerigénese desta doença e potencialmente melhorar a abordagem clínica aos
doentes com EB.
Para tal foram seguidas duas linhas de investigação diferentes. De modo a encontrar
biomarcadores com potencial preditivo para progressão maligna em doentes com EB
foi realizada uma meta-análise de dados de transcriptomas previamente publicados,
seguida de uma validação experimental utilizando amostras de EB de doentes
acompanhados no programa de vigilância do Instituto Português de Oncologia
Francisco Gentil. Esta estratégia permitiu identificar dois promissores biomarcadores,
o CYR61 e o TAZ, capazes de estratificar o risco de progressão maligna do EB, não só
pela sua expressão diferencial ser a mais significativa na análise bioinformática mas
porque a validação experimental revelou que estes dois genes se encontravam sobreexpressos
logo na primeira biopsia (vários anos antes do desenvolvimento de cancro)
onde foi feito o diagnóstico de EB dos doentes que progrediram comparativamente com a expressão detetada no EB dos não progressores. Adicionalmente, foram ainda
identificados outros genes diferencialmente expressos em EB associados a progressão
maligna, cujas funções estão associadas a fenótipos de células estaminais e fenómenos
de transição epitélio-mesenquimal (TEM) em cancro. Assim, foi também descoberto
um potencial novo processo molecular associado ao desenvolvimento de cancro em EB.
Paralelamente, e considerando que alterações numéricas dos centrossomas podem
estar presentes ao longo da progressão maligna em EB e assim contribuir para o seu
processo de cancerigénese, decidimos explorar quando e como surgem as alterações
numéricas dos centrossomas ao longo da progressão do EB, desde a condição prémaligna
até às metástases ganglionares, tanto em amostras de doentes como em linhas
celulares, usando um método de dupla marcação por imunofluorescência para
identificar e quantificar fidedignamente o número de centrossomas por célula. Esta
análise revelou a existência de células com centrossomas supranumerários logo na fase
de metaplasia dos doentes que progrediram para cancro, e que a sua incidência
aumenta significativamente na fase de displasia, a qual é dependente da perda de
função do gene supressor tumoral p53, estando também depois presentes ao longo das
restantes fases de progressão. Estes resultados sugerem assim que a desregulação dos
centrossomas pode contribuir para a iniciação e progressão neoplásica do EB. No
futuro será importante aprofundar o contributo dos centrossomas na cancerigénese do
EB e tentar perceber qual o seu impacto no diagnóstico, prognóstico e tratamento
destes doentes. Uma vez que tanto as alterações numéricas dos centrossomas como a
perda de função do p53 são achados prevalentes em cancro, os resultados deste estudo
poderão ser relevantes para outros modelos tumorais.
Em conjunto, os resultados obtidos sugerem que a propensão maligna não é igual em
todos os EB. Logo muito cedo no processo, aqueles cujo risco de virem a desenvolver
cancro é maior sofrem alterações moleculares e celulares passíveis de serem detetadas e
utilizadas como biomarcadores preditivos estratificando o risco de progressão maligna,
e desta forma orientar as decisões clínicas, adequar tempos de vigilância e melhorar a
abordagem terapêutica