488 research outputs found

    Qual a base da informação sobre a saúde dos Portugueses?

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    Importância do suplemento com Ácido Fólico na fase periconcepcional para a prevenção dos Defeitos do Tubo Neural: nível de conhecimentos e de adesão nas mulheres em idade fértil

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    Introdução: As anomalias congénitas (AC) são erros do desenvolvimento, presentes no período embriofetal. A etiologia das AC é múltipla tendo os fatores genéticos e ambientais um papel relevante e frequentemente conjugado (1). Anualmente 2% a 3% dos nascimentos em todo o mundo são afetados por uma anomalia congénita major (2). Vários estudos demonstram a evidência de que o uso periconcepcional de ácido fólico pode prevenir cerca de 2/3 dos DTN (3, 4). Em Portugal, a Circular Normativa de 18/3/1998 recomenda “ preferencialmente a mulheres que desejam engravidar… a suplementação com ácido fólico” e a Circular Normativa de 16/01/06 sugere que a suplementação com ácido fólico, se deve “iniciar pelo menos dois meses antes da data de interrupção do método contraceptivo” (5, 6). É objetivo deste estudo avaliar o conhecimento das mulheres em idade fértil sobre o uso de ácido fólico na fase periconcepcional e a adesão a esta terapêutica, em 1998 e em 2005. Materiais e Métodos: Foi realizado um estudo observacional, com duas componentes transversais realizadas em 1998 e 2005. As amostras populacionais utilizadas nos dois estudos foram constituídas por puérperas internadas nos Hospitais a sul do Tejo em 1998 e em 2005. Foram utilizadas amostras de conveniência sem carácter sistemático, constituídas por todas as puerperas internadas nos vários hospitais nos dias em que foi aplicado o questionário. Foi utilizado o teste de Qui-quadrado e o teste de comparação de proporções para duas amostras independentes. Foi feita uma análise de conteúdo através da categorização dos dados por categorias emergentes. Resultados: Foram inquiridas 72 mulheres no ano de 1998 e 71 mulheres no ano de 2005. Quando distribuídas por grupo etário observa-se uma diferença estatisticamente significativa (P<0,001) em relação à percentagem de puérperas entrevistadas com idade igual ou superior aos 35 anos (6,9% e 28,2% respetivamente). Comparando ambos os estudos também se observa um aumento estatisticamente significativo na percentagem de mulheres que “já ouviu falar em ácido fólico” (47,2%; 66,2%), acompanhado de igual aumento em relação à percentagem de puérperas que “conhece alimentos ricos em ácido fólico” (29,4%; 44,7%). No mesmo ano também se verificou um aumento estatisticamente significativo na percentagem de mulheres que refere conhecer o efeito do ácido fólico na prevenção de malformações (17,6%; 44,7%). Em 2005, 23,9% das puérperas iniciou o suplemento antes de estar grávida, situação que não se tinha encontrado em 1998. Nas mulheres que foram a uma consulta pre-concepcional, 65,2% iniciaram o suplemento antes de estarem grávidas e 17,4% iniciaram-no nas primeiras 6 semanas de gravidez. A utilização do suplemento na fase pre-concepcional parece estar associada a fatores como o nível de educação da mulher e o conhecimento que tem sobre o ácido fólico. Conclusão: • Observou-se uma evolução positiva da percentagem de mulheres que refere o uso e conhece o efeito desta medida preventiva durante a gravidez. • Só cerca de 47% das puérperas, em 2005, utilizou ácido fólico na fase periconcepcional. • Persiste a necessidade de se promover o uso de ácido fólico nas mulheres em idade fértil

    Public Health observation - Effectively works

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    A evidência observacional, baseada muitas vezes em dados do mundo real, “real world data” é, assim, relevante e cada vez mais importante na avaliação dos efeitos reais e na medição da efetividade e do valor atribuível às medidas terapêuticas clinicas, mas também de medicina preventiva ou de saúde pública. O caso das doenças infeciosas, das quais as doenças evitáveis pela vacinação são exemplo de relevo, exemplificam esta necessidade, em especial numa década em que diferentes taxas de cobertura por vacinas e bolsas de pessoas com diferentes suscetibilidades, levam a que um mesmo país ou região tenham realidades epidemiológicas diferentes, cujo conhecimento é essencial antes de qualquer decisão ou intervenção, sem mencionar a carência de medidas de efetividade das vacinas.info:eu-repo/semantics/publishedVersio

    Políticas de saúde baseadas em evidência: contributo do INSA, IP

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    Editoria

    25 anos de Inquérito Nacional de Saúde em Portugal

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    RESUMO - O Inquérito Nacional de Saúde é um instrumento de observação em saúde promovido pelo Ministério da Saúde desde 1987, em resposta às necessidades crescentes de informação de saúde ligadas ao estabelecimento e às exigências de planeamento e avaliação decorrentes da instituição do Serviço Nacional de Saúde. O Inquérito Nacional de Saúde conta, até agora, com quatro edições. Os dados provêm através do estudo transversal de amostras probabilísticas da população portuguesa, através de entrevistas no domicílio, utilizando instrumentos e métodos válidos e estáveis. Os indicadores gerados descrevem o estado de saúde, utilização de cuidados de saúde e determinantes de saúde da população portuguesa residente em unidades de alojamento familiar e tem representatividade a nível nacional e regional. Além de útil para a investigação dos padrões e tendências na área da saúde da população, esta informação é importante como elemento de planeamento, na identificação de necessidades em saúde e na avaliação dos eventuais efeitos e impactes das intervenções realizadas na saúde da população. A evolução do Inquérito Nacional de Saúde depende da definição das necessidades de informação epidemiológica por parte do Estado e da sua integração no sistema europeu de inquéritos de saúde. --------------------------ABSTRACT – The National Health Interview Survey is an instrument of observation in health promoted by the Ministry of Health since 1987, in response to the growing demand for health information, derived from the institution of the National Health Service, as well as its planning and evaluation activities. The National Health Interview Survey has had four editions so far. Data are obtained through the cross-sectional study of probabilistic samples of the Portuguese population, through interviews at home, using valid and stable instruments and methods. Obtained indicators describe the state of health, use of health care and health determinants of the Portuguese population living in familiar dwellings, and are representative at national and regional levels. Besides its usefulness for the study of patterns and trends, this information is important for planning purposes, in the identification of health needs and for the evaluation of the eventual effects of the planned health interventions. The future of the National Health Interview Survey depends on the State’s definition of the needs of epidemiological information and also on its participation in the European system of health surveys. Keywords: health surveys; health indicators; epidemiological studies; state of health; health determinants; health care use; planning.publishersversionpublishe

    Prevenção primária dos Defeitos do Tubo Neural: dados do Registo Nacional de Anomalias Congénitas

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    Resumo do poster publicado em: Gac Sanit. 2015;29 (Supl):109. Disponível em: http://www.gacetasanitaria.org/es/vol-29-num-s/suplemento/congresos/X0213911115X24386/#II CONGRESO IBEROAMERICANO DE EPIDEMIOLOGÍA Y SALUD PÚBLICAIntrodução: Os defeitos do tubo neural (DTN) são anomalias congénitas que ocorrem devido ao deficiente encerramento do tubo neural que deve estar concluído até ao 28º dia de vida. Estudos internacionais mostram que a utilização do ácido fólico previne cerca de 70% dos DTN, quando administrado antes da gravidez até ao fim do primeiro trimestre. Em Portugal é recomendado o uso pre-concepcional do ácido fólico desde 1998 A literatura mostra que características maternas como a idade e a escolaridade têm influência na utilização pre-concepcional de ácido fólico. É objetivo deste estudo avaliar a utilização de ácido fólico na prevenção primária dos DTN, para os anos de 2004 a 2013

    Registo Nacional de Anomalias Congénitas: relatório de 2011-2013

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    O presente relatório disponibiliza os dados recolhidos pelo sistema de informação do Registo Nacional de Anomalias Congénitas (RENAC), no período compreendido entre janeiro de 2011 e dezembro de 2013. O RENAC é um registo nosológico de base populacional que recebe notificações da ocorrência de Anomalias Congénitas (AC) em Portugal, sendo registados os casos com AC diagnosticadas em recém-nascidos vivos, em fetos mortos e nos fetos submetidos a interrupção médica da gravidez. São objetivos deste registo: i) determinar a prevalência das AC no País e caracterizar a sua distribuição geográfica, por residência das mães; ii) estabelecer e manter um sistema de vigilância epidemiológica que permita detetar a ocorrência de agregados de AC no espaço e no tempo, promover a sua análise epidemiológica e divulgar o resultado dessa análise às entidades que poderão intervir sobre essa situação; iii) manter uma base de dados nacional a partir da qual seja possível realizar estudos epidemiológicos nesta área. Do relatório agora apresentado destacam-se os seguintes resultados: 1) As cardiopatias congénitas continuam a constituir o grupo de AC mais prevalente (63,6 casos/10.000 nascimentos) seguido do grupo das anomalias do sistema músculo-esquelético (36,6 casos/10.000 nascimentos). Também se evidenciam com frequências elevadas, as anomalias cromossómicas e as AC do sistema urinário (cerca de 25 casos por 10.000 nascimentos para cada grupo); 2) Observou-se um aumento da percentagem de deteção de AC na fase pré-natal, tendo sido detetadas nesta fase 91,8% das AC do sistema urinário, 88,0% das anomalias cromossómicas, 84,9% das patologias do aparelho genital e 80,8% das patologias do grupo das fendas labiais e/ou do palato

    Surveillance of syndromes with congenital anomalies affecting multiple systems: data from Portuguese National Registry between 2000 and 2013

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    O Registo Nacional de Anomalias Congénitas (RENAC) recebe notificações da ocorrência de anomalias congénitas diagnosticadas até ao final do 1º mês de vida, algumas das quais são raras. Foi realizado um estudo observacional, transversal, com a finalidade de descrever a epidemiologia dos registos de anomalias congénitas que constituem uma síndrome genética rara, utilizando os dados do RENAC entre 2000-2013. Observou-se uma prevalência de 1,17 casos/10 000 nascimentos de indivíduos com síndrome genética rara com anomalias que afetam múltiplos sistemas. Estas patologias representam um pequeno grupo do universo das doenças raras. No total das síndromes estudadas (n=171), a maior frequência observou-se no grupo de síndromes que afetam predominantemente o aspeto da face (50,9%) e, neste grupo, destacam-se a Sequência de Pierre Robin (26,3%) e a Síndrome de Goldenhar (11,7%). No grupo de outras síndromes genéticas, a Síndrome de DiGeorge foi diagnosticada em 12,3% dos casos. Dada a inexistência de um registo nacional de doenças raras, os dados do RENAC podem contribuir para avaliar a prevalência de algumas destas doenças. Contudo para uma melhor vigilância de algumas doenças raras, o prazo de registo será alargado até ao ano de idade de modo a permitir que situações mais complexas possam ser identificadas e registadas.The Portuguese National Registry of Congenital Anomalies (RENAC) receives notification of the occurrence of congenital anomalies detected at the end of the 1st month of life and some of them are rare. An observational, descriptive, cross-sectional study using data from RENAC between 2000-2013 was conducted with the purpose of describing the epidemiology of cases with rare genetic syndromes affecting multiple systems. There was a prevalence of 1.17 cases/10 000 births of individuals with rare genetic syndromes with congenital malformation affecting multiple systems, a small group of syndromes in the rare diseases field. Considering all genetic syndromes notified (n=171), 50.9% of cases were observed in the sub-group of congenital malformation syndromes predominantly affecting facial appearance. Within this subgroup Pierre Robin Sequence was diagnosed in 26.3 % of cases and the Goldenhar syndrome in 11.7%. In another sub-group, DiGeorge syndrome was diagnosed in 12.3% of cases. Given that at the moment there is no national rare diseases registry, RENAC data are useful for assessing the prevalence of some rare diseases. To improve rare diseases’ surveillance, notification to RENAC will be extended until the end of the 1st year of life in order to allow more complex situations to be identified and registered

    Distribuição conjunta de determinantes de saúde relacionados com comportamentos: epidemiologia, potencial de prevenção e adequação para promover a efectividade da administração em Saúde Pública

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    RESUMO - As doenças crónicas são responsáveis pela maior parte das mortes a nível global e em Portugal, e condicionam uma carga importante de incapacidade, utilização de cuidados e despesa em saúde. O consumo de tabaco e de bebidas alcoólicas, a alimentação, e a actividade física, determinantes comuns a muitas doenças crónicas, estão associados a escolhas e a comportamentos potencialmente evitáveis. O conhecimento sobre a sua ocorrência conjunta começa agora a ser valorizado como elemento estratégico na elaboração de políticas, planos e programas de saúde que visam prevenir e controlar a doença crónica. Os princípios comuns para a intervenção sobre estes factores reforçam a pertinência do seu conhecimento e utilização em intervenções efectivas. A epidemiologia da ocorrência conjunta destes factores é desconhecida na população portuguesa. O presente estudo visa contribuir para aumentar e promover o conhecimento sobre a ocorrência e a distribuição conjunta dos quatro principais determinantes de saúde relacionados com comportamentos na população portuguesa, tomados nos seus níveis de risco, e tem como objectivos: 1) caracterizar as distribuições, isoladas e conjuntas, daqueles factores em níveis de risco; 2) construir perfis demográficos e sociais da sua ocorrência conjunta; 3) quantificar a relação desses perfis com indicadores de estado de saúde, designadamente incapacidade física de curta duração, e de utilização de cuidados. Para atingir estes objectivos foi utilizada a base de dados gerada pelo Inquérito Nacional de Saúde realizado em 2005 e 2006 a uma amostra aleatória, probabilística, representativa da população residente em Portugal. Estudaram-se dados relativos às pessoas com idade igual ou superior a 15 anos que responderam aquele inquérito durante o terceiro trimestre do trabalho de campo, período que incluiu todas as variáveis de interesse para o trabalho. A análise foi estratificada segundo categorias de oito variáveis demográficas e sociais (sexo, grupo etário, estado civil de facto, nível de escolaridade, ocupação, grupo profissional e situação face à profissão). Apenas o cálculo das medidas de associação e de impacte entre o número de determinantes em níveis de risco, por um lado, e a alteração do estado de saúde, e utilização de cuidados de saúde, por outro, foi ajustado para potenciais variáveis interferentes. A prevalência da ocorrência conjunta dos quatro determinantes, e as suas associações, foram analisadas através de três métodos: 1) cálculo do número de factores conjuntos nos grupos demográficos e sociais mencionados; 2) cálculo da razão entre as frequências observadas e esperadas de cada factor, e suas combinações; 3) cálculo das Odds Ratio – OR – através de métodos de regressão logística. Para o estudo do impacte dos diferentes perfis de ocorrência dos determinantes sobre indicadores do estado de saúde e da utilização de cuidados de saúde foram calculadas as fracções etiológicas do risco, na população exposta e na população total, visando a estimativa dos correspondentes ganhos potenciais máximos, em caso de intervenção. Os resultados revelaram que os quatro determinantes ocorriam em níveis de risco de forma diferente em cada um dos sexos, bem como nos diferentes grupos de idade, escolaridade e estado civil. Ocorriam, também, de forma diferente nos grupos de ocupação e profissão, afectando de forma mais nítida, geralmente, os grupos menos favorecidos. O factor mais frequente era a actividade física em nível insuficiente para gerar benefícios de saúde, presente em 60% da população (IC95%: 57,7%; 62,1%), seguido pelo consumo de tabaco (21,4%; IC95%: 20,0%; 22,9%), consumo de risco de bebidas alcoólicas (9,2%; IC95%: 8,2%; 10,4%) e alimentação não saudável (8,5%; IC95%: 7,5%; 9,5%). Mais de metade da população revelava a presença de um daqueles factores em níveis de risco (51,8%; IC95%: 50,2%; 53,4%). Seguia-se 16,4% da população com dois (IC95%: 15,2%; 17,7%); 3,4% com três (IC95%: 2,8%; 4,0%); e 0,3% com quatro factores (IC95%: 0,2%; 0,6%). A prevalência simultânea de dois ou três factores era, geralmente, maior na população masculina, excepto nos mais jovens (15 a 19 anos) e idosos (85 e mais anos). A ausência dos quatro factores em níveis de risco, ou a presença de um deles, eram, geralmente, mais frequentes na população feminina. A presença de um factor era mais elevada entre a população viúva, em especial masculina, (70,4%; IC95%: 59,3%; 79,5%), na população feminina sem nível de ensino (60,2%; IC95%: 55,2%; 65,0%), na população reformada, nos grupos profissionais mais diferenciados, e no grupo dos trabalhadores por conta própria e empregadores. A presença de dois, ou mais, factores era mais frequente na população masculina, na população separada, ou divorciada, na população mais instruída, entre os desempregados, entre os grupos profissionais mais diferenciados e entre os trabalhadores por conta de outrem. A hierarquização das combinações possíveis da presença dos quatro determinantes em níveis de risco, efectuada segundo a razão entre os seus valores observados (O) e esperados (E), revelou padrões diferentes entre os sexos. Enquanto no sexo masculino o consumo de tabaco, álcool e a alimentação não saudável surgiam com razões O/E elevadas, de forma isolada, no sexo feminino, estes factores ocorriam em conjunto mais frequentemente que o esperado (razões O/E superiores a 1,0). O consumo de tabaco estava associado de forma directa e significativa com o consumo de risco de bebidas alcoólicas, e com a alimentação não saudável, em ambos os sexos. A associação entre o consumo de risco de bebidas alcoólicas e a actividade física insuficiente era inversa no conjunto da população, assim como na masculina, mas não na feminina. O valor mais elevado de OR para as associações entre os quatro determinantes de saúde em níveis de risco observou-se na população feminina, em que a possibilidade de se verificar consumo de risco de bebidas alcoólicas era cerca de 2,9 vezes superior entre as mulheres fumadoras comparativamente às não fumadoras (OR = 2,89; IC95%: 1,98; 4,20). Esta associação era um pouco mais fraca na população masculina, embora estatisticamente significativa (OR = 2,20; IC95%: 1,61; 3,01). Foi notória a ausência de associações estatisticamente significativas entre a actividade física insuficiente para gerar benefícios de saúde e as diferentes combinações de outros determinantes, embora as estimativas pontuais dessas associações se revelassem positivas. O consumo de tabaco e a alimentação não saudável revelaram as associações mais fortes com as diferentes combinações dos outros determinantes, sendo o valor mais elevado o da associação entre o consumo de tabaco e a presença conjunta dos outros três determinantes (OR = 4,28; IC95%: 1,85; 9,88), situação idêntica à verificada no caso do consumo de risco de bebidas alcoólicas (OR = 2,30; IC95%: 1,26; 4,19) e no caso da alimentação não saudável (OR = 2,52; IC95%: 1,33; 4,78). O número médio de dias de incapacidade nas duas semanas anteriores não diferia significativamente entre os grupos da população com diferente número de determinantes, globalmente, e em cada um dos sexos. O número médio de consultas médicas nos três meses anteriores era significativamente maior na população com um ou mais factores em níveis de risco (2,19 consultas; IC95%: 2,10; 2,28), comparativamente à população sem estes determinantes em níveis de risco (1,97 consultas; IC95%: 1,86; 2,08). Esta diferença verificava-se, também, na população feminina, mas não na masculina. Da análise do risco atribuível, assumindo a causalidade dos determinantes, pode afirmarse que se o número de factores em níveis de risco fosse totalmente controlado, (isto é se a prevalência das pessoas com esses factores passasse a ser nula), poder-se-ia, no máximo, evitar que cerca de 32,4% das pessoas com três ou mais determinantes em níveis de risco sofressem incapacidade de curta duração em nível superior à média populacional nas duas semanas anteriores. Este ganho era maior no sexo masculino, em que a redução mais elevada se estimou em 76,0%, no caso dos homens com dois determinantes (Fracção Atribuível nos Expostos = 76,0%; IC95%:70,4%; 81,6%). Considerando a prevalência de conjuntos de determinantes na população total, era igualmente entre os homens com dois factores que se observava o potencial máximo de redução do número de dias de incapacidade (Fracção Atribuível na População = 8,4%; IC95%: 6,3%; 10,5%). Em relação à utilização de cuidados de saúde, a intervenção sobre o grupo da população exposto a um determinante ofereceria uma redução potencial máxima de 41,9% do número de pessoas que reportaram quatro ou mais consultas médicas, reduzindo o volume destes utilizadores muito frequentes consultas médicas (Fracção Atribuível nos Expostos = 41,9%; IC95%: 39,9%; 43,9%). Este potencial máximo de prevenção revelou o valor mais elevado na população feminina com presença conjunta de dois determinantes (Fracção Atribuível nos Expostos = 54,3%; IC95%: 52,8%; 55,8%). Considerando a população total, o potencial máximo de redução na utilização muito frequente de consultas médicas observou-se na população feminina com um determinante em nível de risco (Fracção Atribuível na População = 33,5%; IC95%: 31,9%; 35,1%), sendo menor na população de ambos os sexos (Fracção Etiológica na População = 27,7%; IC95%: 26,5%; 28,8%). A origem auto referida dos dados analisados pode ter enviesado os resultados, no sentido da subestimação das frequências obtidas. A paucidade de dados epidemiológicos com base em marcadores biológicos ou biométricos que permitam caracterizar esses factores na população não permite a validação destes dados. A presença, em níveis de risco, de pelo menos um determinante de saúde relacionado com comportamentos em mais de metade da população portuguesa, assim como a distribuição da presença conjunta de dois, três e quatro desses determinantes respectivamente em cerca de 16,4%, 3,4% e 0,3% da população, está de acordo com padrões observados noutros países, e evidencia a pertinência deste primeiro estudo, assim como a necessidade de integração do conhecimento sobre a epidemiologia da ocorrência conjunta de determinantes de saúde preveníveis no planeamento da saúde em Portugal. Os diferentes padrões de ocorrência conjunta nos dois sexos aconselham a inclusão de critérios de género na tradução e operacionalização desse conhecimento em intervenções de Saúde Pública e na prossecução da investigação do tema. As associações directas entre o consumo de tabaco, o consumo de risco de bebidas alcoólicas e a alimentação não saudável reforçam a pertinência da abordagem por conjuntos de factores nas intervenções de Saúde Pública. Os elevados valores de associação entre consumo de tabaco, consumo de álcool em níveis de risco, alimentação não saudável, e a presença conjunta dos restantes factores reforçam esta conclusão. A ausência de associações significativas entre a actividade física insuficiente e os outros três factores pode ter sido condicionada pela dificuldade na medição válida daquele factor através de inquéritos por entrevista. A elevada e crescente prevalência deste factor colocao, para mais, no topo de uma agenda de investigação em saúde, a concretizar em Portugal. No caso da utilização de cuidados, embora o impacte da redução dos níveis de exposição a conjuntos de factores, em função da sua prevalência na população, fosse menor do que o estimado apenas nos expostos, ele era, ainda assim, elevado, indicando a sua utilidade no desenho de estratégias de aumento da efectividade dos cuidados de saúde e da administração em Saúde Pública, através da intervenção sobre grupos de determinantes
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