35 research outputs found
Exterminate all the brutes: colonialism and racism in Joseph Conrad's heart of darkness
Dissertação (mestrado) - Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Comunicação e Expressão. Programa de Pós-Graduação em Letras/Inglês e Literatura Correspondente.Esta dissertação apresenta uma análise do romance Heart of Darkness, de Joseph Conrad, utilizando-se de teorias pós-coloniais (em particular as teorias de orientalismo de Edward Said) para entender como as políticas coloniais do final do século 19 são retratadas através da mentalidade vitoriana. A aproximação do romance com documentos históricos de época revelam a ambiguidade do autor em relação às políticas de colonização ultramarina e subsequente racismo defendidas pelas metrópoles européia
ENTRE A TORTURA E A DISTOPIA: PASSADO E FUTURO EM SOB OS PÉS, MEU CORPO INTEIRO, DE MÁRCIA TIBURI
o presente trabalho busca analisar o romance Sob os pés, meu corpo inteiro (2018), quinto romance da filósofa e escritora Márcia Tiburi. Os aspectos a serem analisados são a relação da protagonista Lucia com o seu passado repleto de mentiras e sua relação com a ditadura militar brasileira, na qual foi torturada e violentada no lugar da irmã Adriana. Ademais, também será discutida a possibilidade da leitura do romance sob um viés distópico. O romance descreve, dentre outros aspectos, a cidade de São Paulo (e o Brasil) com sintomas sociais alarmantes, os quais possibilitam a leitura do romance como uma distopia
Vida artificial: a mobilidade do conceito de transumano e pós-humano
The discussion about the concept of artificial life, which seeks to reproduce everything that is understood as life from a biological perspective, is increasingly becoming fundamental for the creation of humanoid robots with abilities and characteristics very similar to humans. In contrast, transhumanist and post-humanist theories seek to allow human bodies to be more autonomous in order to make humans become more aware of their bodies and their needs. In this paper we will investigate the crossings between the concepts of robotic and human bias, trying to observe how much artificial life can guarantee an expansion of the concept of transhumanism and post-humanism within the studies of artificial reproduction of biological life.A discussão acerca do conceito de vida artificial, que procura reproduzir tudo aquilo que é entendido como vida a partir de uma perspectiva biológica, está cada vez mais se tornando fundamental para a criação de robôs-humanóides com habilidades e características muito semelhantes aos humanos. Em contrapartida, as teorias transumanistas e pós-humanista procuram permitir que os corpos humanos sejam mais autônomos, de modo a permitir com que os humanos tenham uma maior consciência dos seus corpos e das suas necessidades. Neste trabalho será investigado os cruzamentos entre tais conceitos do viés robótico e humano, procurando observar o quanto a vida artificial pode garantir uma expansão do conceito de transumano e pós-humano dentro dos estudos de reprodução artificial da vida biológica
SOBREVIVENDO NA ERA DE TRUJILLO: HYPATÍA BELICIA CABRAL E A REPRESENTAÇÃO DA DITADURA MILITAR NA REPÚBLICA DOMINICANA EM A FANTÁSTICA VIDA BREVE DE OSCAR WAO, DE JUNOT DÍAS
Durante o século XX, a América Latina foi marcada pela forte presença de regimes ditatoriais. Nos dias atuais, evidencia-se um crescente número de produções literárias que se detém a apresentar um resgate desses períodos de forte opressão e violência através de versões alternativas que viabilizam tanto um maior conhecimento das ditaduras militares quanto o impedimento que tais fatos sejam esquecidos. Como exemplo ilustrativo dessa questão, destaque é dado ao romance A fantástica vida breve de Oscar Wao (2009), do escritor dominicano Junot Días, por retratar o obscuro passado da República Dominicana sob o domínio do ditador Rafael Leónidas Trujillo. A partir das considerações traçadas, o presente artigo possui como objetivos demonstrar como a ditadura militar dominicana é retratada no romance e apontar o modo como os eventos históricos estão inseridos na sua tessitura narrativa. A leitura do romance é feita com base nos estudos de Benjamin (1987), Hutcheon (1991) e Genette (2009)
A ATUALIZAÇÃO DO “NÃO LUGAR” EM DISTOPIAS CONTEMPORÂNEAS: A INTERTEXTUALIDADE NA OBRA DIVERGENTE DE VERONICA ROTH SOB UM OLHAR TRANSUMANO
Resumo: Este trabalho utiliza-se das contribuições de Ferns (1999), Jameson (2005), Claeys (2010) e “Autor” para discutir sobre as especificidades das distopias contemporâneas e sobre a adaptação das temáticas sociais clássicas para um viés transumano que busca rever o componente da espécie em sua essência. Para tal, este estudo se utiliza da trilogia Divergente escrita por Veronica Roth, pois considera que esta obra possibilita uma discussão mais explicita sobre as características do gênero na contemporaneidade e sobre suas relações com as distopias e utopias clássicas. Este estudo justifica-se por contribuir com os estudos acerca do gênero distopia, os quais têm se destacado nas últimas décadas e têm tornado disponíveis novas ferramentas para melhor entender o gênero e as sociedades das quais ele provém
“Se tivessem podido ver o futuro!” : a ficção pós-moderna e a relação das narrativas literária e histórica em A Mulher do Tenente Francês, de John Fowles
Os debates sobre a narrativa nas teorias literária e histórica sofreram profundas mudanças no decorrer dos últimos anos em detrimento, sobretudo, do surgimento do chamado pós-modernismo. A partir desse movimento, a linguagem passou a ser percebida através de um novo olhar e tanto o fazer literário como o fazer histórico passaram a entendê-la na sua relação intrínseca com a sociedade e com a arte como um todo. A partir de estudos na área da literatura, tendo como principal expoente Linda Hutcheon, e na área da história, com Hayden White, literatura e história, ficção e não-ficção passaram a andar juntas em direção à construção de uma reflexão maior sobre a presença do passado no presente. Desta forma, este ensaio tem como objetivo analisar como o romance A Mulher do Tenente Francês (1969), de autoria de John Fowles, articula certas características do movimento pós-modernista em seu texto, levando em consideração, principalmente, a construção da narrativa em articulação com os discursos literário e histórico. Após a análise, percebeu-se que literatura e história se entrelaçam na narrativa de John Fowles construindo uma possibilidade de leitura do passado a partir do presente.
"Frankenstein" e Tecnologia: uma leitura do romance de Mary Shelley como crítica da ciência moderna
When philosopher Yuk Hui (2020a) introduced the concept of technodiversity into discussions about technology, he paved the way for understanding this term and others surrounding it – such as the idea of progress – as always “situated”, meaning they are the products of our worldviews, intertwined with the material, social, historical, and political conditions of knowledge production. This study aims to contribute to this discussion through an analysis of Mary Shelley's “Frankenstein” as an exercise in critique of Western modern science, considering that the novel emerges precisely when this ideal of science was solidifying in the 19th century. The novel, by revealing fundamental tensions between the desire for knowledge and its consequences, challenges the alliances between science and similarly situated ideals of progress and nature, questioning the traditional view of science as something separate from humanity and, thus, separate from the Humanities. Shelley’s book provides significant reflections on the construction of epistemologies that integrate science and humanities as equally products of the cultures in which they are situated; both sciences and humanities are, therefore, equally rooted in their specific socio-historical-political contexts. Thus, as we examine the pages of “Frankenstein,” we are invited to reflect on the implications of our ways of knowing and inhabiting the world. This makes literature in general and science fiction in particular powerful tools for thinking about the sciences, humanities or not, and their technologies.Quando o filósofo Yuk Hui (2020a) introduz o conceito de tecnodiversidade no universo das discussões acerca da tecnologia, ele abre caminho para entendermos esse termo e outros que o cercam – como a ideia de progresso – como sendo sempre “localizado”, ou seja, como fruto de nossas visões de mundo, imbricado nas condições materiais, sociais, históricas e políticas da produção do saber. O presente trabalho busca contribuir com essa discussão a partir de uma análise de “Frankenstein”, de Mary Shelley, como um exercício de crítica da ciência moderna ocidental, o qual surge justamente no momento de consolidação desse ideal de ciência no século XIX. O romance, ao revelar tensões fundamentais entre o desejo de conhecer e suas consequências, questiona as alianças da ciência com ideais igualmente situados de progresso e natureza, desafiando a visão tradicional da ciência como algo separado do humano e, assim, separado das Humanidades. A obra proporciona reflexões importantes sobre a construção de epistemologias que integram ciência e humanidades como igualmente produtos das culturas nas quais estão situadas; tanto as ciências quanto as humanidades estariam, portanto, igualmente enraizadas em seus contextos socio-históricos-políticos específicos. Dessa forma, ao examinarmos as páginas de “Frankenstein”, somos convidados a refletir sobre as implicações de nossos modos de conhecer e habitar o mundo, o que torna a literatura no geral e a ficção científica em específico ferramentas potentes para pensar as ciências, humanas ou não, e suas tecnologias
DA UTOPIA À TERCEIRA VIRADA DISTÓPICA: UM BREVE PANORAMA
O presente trabalho busca traçar um breve panorama das chamadas ‘viradas distópicas’ propostas pelo crítico Gregory Claeys (2010), visando discutir os principais momentos da distopia enquanto tendência literária desde suas origens no século XIX até a contemporaneidade. Clayes propõe duas ‘viradas’ como momentos importantes do gênero distópico. O pesquisador brasileiro Eduardo Marks de Marques (2013), contudo, propõe uma ‘terceira virada distópica’, na qual, segundo o autor, é ler distopias contemporâneas como sintoma de angústias específicas em relação à tecnologia. O objetivo deste artigo é, portanto, não somente traçar um pequeno panorama da distopia enquanto gênero literário, mas também discutir a importância da terceira virada distópica proposta por Marks de Marques
Transumanos e pós-humanos em “Deuses de pedra”: a valorização do corpo padronizado na distopia de Jeanette Winterson
Em Deuses de Pedra (2012), escrito por Jeanette Winterson, há um espaço narrativo distópico do passado em que habitantes do planeta Orbus, praticamente destruído por intervenções humanas, vivem para as alterações genéticas e melhoramento estético dos seus corpos bonitos e jovens. Ao mesmo tempo, há um avanço tecnológico no desenvolvimento de robôs, sendo o mais representativo o robô sapiens, extremamente inteligente e belo e com características físicas humanas. Na narrativa há corpos distintos materialmente, no entanto, similares visualmente a partir de um ideal de padrão de beleza que incentiva a alteração dos corpos como um espaço de adaptação social. Nesse trabalho será analisado a relação entre corpo e tecnologia e qual a implicância dessas discussões para os estudos de transumanismo e pós-humanismo a partir dos corpos alterados das personagens e as consequências dessas alterações a partir da criação de um corpo ideal que promove uma ideia errônea de saúde perfeita através da interferência tecnológica.
“Uma prisão ainda pior que aquela”: a culpa em Diário da Queda (2011) de Michel Laub
Este ensaio se utiliza das contribuições Primo Levi (2004) e Karl Jaspers (2018) para discutir a questão da culpa presente no romance Diário da queda (2011) de Michel Laub. Ao abordar experiências traumáticas por meio de memórias individuais, que se relacionam com os eventos da Segunda Guerra Mundial, a narrativa expressa, entre outros aspectos, o sentimento de culpa presente em três membros da linhagem do narrador. Embora possa ser entendido quase como uma herança familiar, ao passar a limpo a própria história, bem como a de seus ascendentes, o narrador nos aponta à necessidade de enfrentar as dores do passado a fim de poder vislumbrar um futuro transformado