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Doença mental, mulheres e transformação social: um perfil evolutivo institucional de 1931 a 2000 Mental health, women and social change: a progressive institutional profile from 1931 to 2000
INTRODUÇÃO: No século XX, as mulheres vivenciaram inúmeras transformações e alcançaram uma participação mais ativa na sociedade.O estudo visa descrever o perfil da clientela feminina, admitida em um serviço de internação psiquiátrica com as transformações históricas, sociais e demográficas.Oferece um retrato comparativo das condições epidemológicas existentes no decorrer da série histórica e os aspectos do meio da condição sociocultural das mulheres do estado. MATERIAIS E MÉTODOS: Estudo epidemiológico descritivo, longitudinal, tipo série histórica de dados, baseado na coleta de dados efetuada no serviço de arquivo médico e de estatÃsticas de um hospital. Foram analisadas as seguintes variáveis: idade, estado civil, cor, setor profissional, ocupação, classe social e diagnóstico psiquiátrico, todos padronizados conforme os critérios da Classificação Internacional de Doenças, edições 9 e 10. Para identificação dos casos, utilizaram-se todas as primeiras internações de mulheres. RESULTADOS: No decorrer de 70 anos, obteve-se um total de 9.629 indivÃduos/casos. Observou-se o predomÃnio de mulheres na faixa etária de 26 a 45 anos (47,9%), brancas (91,3%), pertencentes ao subproletariado (86,8%), fora da população economicamente ativa (96,7%) e com diagnóstico de transtornos afetivos (28,6%) e psicoses esquizofrênicas (25,2%). Quanto ao estado civil, verificou-se maior presença de mulheres casadas (44,9%). Todavia, na década de 90, as mulheres solteiras representaram 54,4%, enquanto que as casadas perfizeram 39,7% das pacientes. CONCLUSÃO: Foram detectadas mudanças significativas nos motivos para admissão de mulheres nos últimos anos. Sugere-se que as variações tenham sido influenciadas pelos determinantes biológicos das doenças mentais graves e, também de maneira significativa, pelas pressões sociais advindas do novo papel da mulher na sociedade.<br>INTRODUCTION: Along the 20th century, women underwent numerous changes and reached a more active participation in society. This study aims at describing the profile of the female patients admitted to a service of psychiatric hospitalization from May 1931 to December 2000. In addition, it relates the profile of psychiatric morbidity with the historical, social and demographic changes. It also offers a comparison between the epidemiological conditions throughout the historical series and the aspects regarding the environment and the sociocultural status of women from a Southern Brazilian state. MATERIALS AND METHODS: Descriptive, longitudinal, epidemiological study including historical data and based on data collected from the medical files and statistics of a hospital. The following variables were assessed: age, marital status, race, professional area, occupation, social class and psychiatric diagnosis, all standardized according to the International Classification of Diseases (ICD-9 and ICD-10) criteria. To identify the cases, all first hospitalizations of women were used. RESULTS: Along 70 years, a total of 9,629 individuals/cases was obtained. There was a predominance of women in the age group between 26-45 years (47.9%), white (91.3%), belonging to the subproletariat (86.8%), not belonging to the economically active part of the population (96.7%) and with diagnosis of affective disorders (28.6%) and schizophrenic psychoses (25.2%). With regard to marital status, married women were prevalent (44.9%). However, in the 1990's, single women represented 54.4%, whereas married women accounted for 39.7% of the patients. CONCLUSION: Significant changes were detected in the reasons for admitting women to psychiatric services over the past years. It is suggested that the variations might have been influenced by biological determinants of severe mental diseases, and especially by the social pressure resulting from the new role of women in society