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    Revisitando a mobilidade intergeracional de educação no Brasil

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    Artigo aprovado para publicação na Revista Brasileira de Economia. Os autores agradecem os comentários de Maurício Busnello, Fabio Giambiagi e participantes de seminário apresentado no Encontro Nacional da Associação Nacional dos Centros de Pós-Graduação em Economia (Anpec), em 2017.Bibliografia: p. 29-30.In this article, recent evidences about intergenerational mobility in Brazil are presented. It was found that the degree of educational persistence has decreased substantially since the 1990s, for all regions, races and household situations. This is explained by the increase in educational attainment of the children of the schooled parents and by the stabilization of educational attainment of the children of more schooled parents around 11 years of schooling. Despite this, mobility is still lower for the children of less schooled parents. Finally, we report an increase in educational mobility among younger generations.Neste artigo, são apresentadas evidências recentes acerca da mobilidade intergeracional no Brasil. Verificou-se que o grau de persistência educacional se reduziu substancialmente desde os anos 1990, para todas as regiões, raças e situações de domicílio. Isso se explica pelo aumento da escolaridade de filhos dos pais pouco educados e pela estabilização da escolaridade dos filhos de pais mais educados em 11 anos de estudo. Apesar disso, a mobilidade ainda é menor para os filhos de pais menos escolarizados. Por último, atesta-se um aumento da mobilidade educacional nas gerações mais jovens

    Who Pays for the Welfare-State? Preferences for Redistribution and Subjective Perceptions of the Costs Thereof

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    Supor eleitores dotados de racionalidade e informação completa significa instituir que o nível de redistribuição de uma democracia reflete a maximização dos ganhos de bem-estar de cada habitante, como no modelo canônico de Meltzer e Richard. Derivar da renda as demandas individuais, contudo, é insuficiente para explicar a ausência de polarização entre ricos e pobres em matérias redistributivas reportada em pesquisas de opinião. A presente dissertação examina lacunas cognitivas que podem enfraquecer essa ligação entre renda e preferência, seja porque indivíduos falham em associar a política a seus possíveis custos, seja por não saberem se posicionar entre seus contribuintes ou beneficiários. Assim, uma das variáveis de interesse que a pesquisa elenca é a chamada \"autoestratificação\", que denota a identificação subjetiva com grupos de renda. Ela expressa a percepção individual sobre o pertencimento à categoria dos relativamente mais ricos ou mais pobres no âmbito nacional. O grau em que agentes são racionais quando opinam a respeito da intervenção social do Estado não pode ser compreendido senão tendo em conta essa dimensão perceptiva, que afeta a estimativa do retorno esperado da ação governamental. Por hipótese, perceber-se entre os pobres tenderia a impulsionar a preferência em razão da perspectiva de se beneficiar com a redistribuição, enquanto identificar-se como rico deveria induzir o comportamento de evitar perdas futuras via tributação. A dissertação usa como insumo dados empíricos de pesquisas de opinião representativas do Brasil, incluindo um survey-experimento original, que são analisados por meio de métodos quantitativos. O primeiro passo foi investigar quais as origens do fenômeno da autoestratificação; ou seja, quais fatores podem explicar a identificação com o grupo dos ricos e dos pobres. O segundo passo foi examinar o efeito dessas percepções no apoio à redistribuição. Demonstra-se que a preferência e o papel desempenhado por seus determinantes são condicionais à forma como os custos das políticas são apresentados nos questionários. Em outras palavras, a demanda individual e o efeito nela exercido pela posição real e percebida da renda no ranqueamento nacional depende da menção ao aumento de impostos e, sobretudo, da informação sobre quem pagaria por ele. Os eleitores, em geral, não associam a ação do Estado de combate à desigualdade econômica a impostos ou transferências, e a composição dos grupos que seriam beneficiados ou prejudicados por essas políticas não é algo dado. Diante de perguntas convencionalmente usadas como proxies da preferência pela progressividade de impostos, por exemplo, há evidências de que os entrevistados levem em conta suas percepções subjetivas sobre a composição da categoria dos \"ricos\" pare inferir se pertenceriam à categoria taxada, o que pode enfraquecer a relação entre a posição socioeconômica real e a preferência. Os dados mostram também, por meio de evidências correlacionais e causais, que a provisão de informações a respeito dos custos da redistribuição exerce efeito substancial na preferência individual. Em particular, fornecer aos entrevistados valores monetários objetivos de renda mensal para definir os contribuintes da política tende a alavancar o poder explicativo da variável renda. Quanto mais esse valor divide a sociedade, mais polarizadas são as preferências. Uma das principais conclusões é que, em um contexto de menor incerteza acerca dos efeitos da redistribuição, o comportamento individual se aproxima da racionalidade suposta por Meltzer e Richard. Isso desafia consensos estabelecidos pela literatura e sugere maior cautela antes de se rejeitar terminantemente a hipótese de autointeresse a partir de pesquisas de opinião. Os eleitores, apesar de apoiarem o aumento do gasto público social, revelam-se avessos ao risco de serem taxados. Além das contribuições oferecidas ao campo de comportamento político, a pesquisa também tem implicações cruciais que sugerem revisão em ferramentas e métodos amplamente usados em surveys.To assume rational voters with full information implies that the redistribution level in a democracy mirrors the well-being maximization of each citizen, as proposed by the canonical model of Meltzer and Richard. Deriving demands from the income individuals earn, however, is at odds with the empirical regularity of the lack of polarization between the poor and the rich in their attitudes toward progressive taxation. This dissertation examines cognitive gaps that may weaken the link between income and support for welfare provision, either because individuals fail to associate policies with their potential costs, or because they are usually unable to predict if they would benefit from it or suer drawbacks. Thus, one of the variables of interest that the research focuses on is the so-called \"self-stratification\", which stands for the subjective identification with income groups. It expresses the individual perception of belonging to the category of the least or the most well-o in the country. The degree to which agents are rational when taking a stance on the welfare state cannot be understood unless this perceptive dimension is accounted for, as it aects the expected return on government action. Supposedly, assuming oneself among the poor would boost support due to the perspective of being well-o after redistribution, while identifying as rich should encourage the behavior of avoiding future losses through taxation. The dissertation uses as inputs empirical data from representative opinion polls in Brazil, including an original survey-experiment, which are analyzed using quantitative methods. The first step was to investigate the origins of the phenomenon of self-stratification; that is, the factors that explain the identification with rich and poor groups. The second step was to examine the eect of these perceptions in support for redistribution. I show that preferences and the role played by its determinants are conditional on how the costs of policies are presented in survey questionnaires. In other words, individual demand, and how it is related to actual and perceived income positions in the national ranking, depend on the information mentioning the tax increase, and, especially, who would pay for it. Voters, in general, do not associate state intervention into economic inequality with taxes or transfers, and the composition of the groups that would benefit or suer drawbacks from these policies is not given. Faced with survey questions conventionally used as proxies of support for progressive taxation, for instance, there is evidence that respondents resort to their preconceived notions to infer whether they would belong to the net contributors\' group, which may weaken the relationship between actual socioeconomic position and preference. The data also shows, through correlational and causal evidence, that the provision of information regarding redistribution costs has a substantial eect on individual preference. Providing respondents with specific monetary threshold values to define contributors tends to boost the explanatory power of the income variable. The more this cuto value divides society, the more polarized their levels of support across strata become. One of the main conclusions is that, in the context of reduced uncertainty on the eects of redistribution, individual behavior approaches the rationality assumed by Meltzer and Richard. This challenges consensus established in the literature and suggests caution before ruling out the self-interest hypothesis based on opinion data. Voters, despite supporting the increase in social spending, are averse to the risk of being taxed. In addition to the contributions oered to the field of political behavior, the research also provides critical empirical implications that call for a revision of currently popular survey methodologies and measurement tools of behavioral analyses
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