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As vertentes das águas minerais: um conflito ambiental em Caxambu, MG
O artigo versa sobre o conflito ambiental em torno das águas minerais em Caxambu, Minas Gerais. Discute-se a contingência dos diferentes significados culturais, políticos, sociais e econômicos das águas e como isso provocaria disputas entre população, setores públicos e empresas privadas. O artigo resultou de pesquisa bibliográfica e pesquisa de campo em Caxambu, referentes a observação participante em fóruns, audiências e manifestações públicas. Compreendeu-se que alterações na interpretação do Código das Águas Minerais, orientadas pelo Código da Mineração, permitiram a classificação de praticamente todo tipo de água subterrânea potável como água mineral, contribuindo para potencializar o conflito. A maior visibilidade ao conflito, logo, se deu a partir do processo de privatização da exploração econômica das águas minerais. Finalmente, identificaram-se as vertentes das águas referentes aos seus diferentes significados territoriais, quais sejam: água como saúde e direito e água como recurso econômico
A relação cultura e natureza e a diversidade dos agroecossitemas camponeses: uma percepção estético-visual
Este artigo aborda a relação cultura/natureza a partir da manifestação do cultivo e da conservação de sementes crioulas na mesorregião da Zona da Mata, em Minas Gerais. O trabalho é resultante de uma pesquisa qualitativa realizada com agricultores(as) familiares camponeses(as) inseridos(as) na rede de agroecologia local. Para tanto, ancoramo-nos em três instrumentos de coleta de dados como estratégia metodológica. São eles: pesquisa documental, entrevistas semiestruturadas e análise estético-visual das fotografias e dos vídeos enviados pelos(as) entrevistados(as). Verificou-se que as sementes crioulas são fruto dos significados-usos e da percepção estética de agricultores(as) em relação ao agroecossistema no qual estão inseridos(as). As sementes crioulas diversificam as paisagens e simbolizam a resistência ontológica da agricultura familiar camponesa. A sua diversidade e a memória biocultural a elas associada são fundamentais no manejo agroecológico dos agroecossistemas. A memória biocultural desses(as) agricultores(as) expressa conhecimentos reveladores de outras formas de se relacionar com os ecossistemas e de viver e habitar o território, evidenciando cosmologias, que não correspondem às perspectivas dominantes de desenvolvimento definidas pela sociedade moderna capitalista
Agroecological Mutirões Network consolidation experience at Viçosa-MG
A extensão rural agroecológica surge como uma alternativa ao modelo difusionista de assistência técnica convencional, estabelecendo o diálogo entre o saber científico e os conhecimentos populares das comunidades rurais. Este artigo é um relato de experiência de ação extensionista, rural, agroecológica e universitária na Zona da Mata de Minas Gerais, da Rede de Mutirões Agroecológicos da Zona da Mata (REMA-ZM). A REMA é um projeto de extensão universitária, da Universidade Federal de Viçosa (UFV), em parceria com a Rede Agroecológica Raízes da Mata e com o Núcleo ECOA/UFV, e tem o objetivo de aproximar os/as estudantes universitários/as de agricultores/as agroecológicos/as da região de Viçosa, MG. O projeto foi criado em março de 2019, e desde sua criação, a REMA tem desenvolvido atividades diversas, especialmente adaptadas durante o período da pandemia, como a elaboração de cartilhas e vídeos, mas o enfoque de atuação da REMA é o trabalho agrícola, e coletivo, em propriedades familiares agroecológicas. Atualmente, avalia-se que as famílias agricultoras que integram as ações da REMA, estabeleceram uma dinâmica de confiança com o coletivo, criando uma forma de “aprender fazendo”, com diálogo e autonomia dos processos práticos e pedagógicos que envolvem a agricultura. Amizade, confiança, respeito, horizontalidade de saberes, na experiência da REMA, não são atributos externos, impostos ao trabalho; mas emergem das experiências, dos laços que agricultores/as e estudantes estabelecem, e constituem-se como pilar central de uma prática extensionista educativa, dialogada entre sujeitos.
Palavras-chave: Agroecologia, Extensão Rural, Agricultura Familiar
Agroecological Mutirões Network consolidation experience at Viçosa-MG
Abstract: The agroecological rural extension emerges as an alternative to the diffusionist model, establishing a dialog between scientific and traditional knowledge of rural communities. This article is an experience report of the extensionist, rural, agroecological, and academic action in the Zona da Mata region in Minas Gerais state, the Project Agroecological Mutirões Network from Zona da Mata (REMA-ZM). REMA is an academic extension project from the Federal University of Viçosa (UFV), in partnership with the Agroecological network Raízes da Mata and the ECOA/UFV center, and has the intent to bring university students into closer contact with agroecological farmers in Viçosa region. The Project was created in March 2019. Since its creation, REMA has developed diverse activities specifically adapted during the pandemic’s remote period, such as the elaboration of booklets and videos. However, REMA’s main field is the agricultural and collective work in familiar agroecological properties. Currently, it is evaluated that the farmers’ families that integrate REMA’s actions have established a collective trust dynamic, creating a way of “learning by doing” with dialogue and autonomy in the practical and pedagogical agriculture processes. Friendship, trust, respect, and knowledge’s horizontality in REMA’s experience are not external attributes imposed on the work. However, they emerge from experiences and bonds between farmers and students and constitute the main point of an educative extensionist practice dialogued between subjects.
Keywords: Agroecology, Rural Extension, Familiar Agricultur
Repercussão da terapia de suplementação de proteína em detrimento das alterações na composição muscular de idosos: uma revisão: Repercussion of protein supplementation therapy to the detriment of changes in muscle composition in the elderly: a review
INTRODUÇÃO: O ato de envelhecer traz consigo inúmeras mudanças fisiológicas, dentre elas, destaca-se a sarcopenia, que por vezes pode levar a perda da capacidade funcional, podendo prejudicar a mobilidade e por fim acarretar em acidentes graves ou mortes. A atual concentração diária recomendada de proteína por quilograma não foi projetada para uma população em fase de envelhecimento, o que pode levar a uma concentração de proteína insuficiente. A suplementação proteica surgiu como forma alternativa de preservar a manutenção muscular. OBJETIVO: Analisar os efeitos da suplementação proteica na manutenção da capacidade funcional muscular na população idosa. METODOLOGIA: Para tanto, foi realizada uma revisão integrativa da literatura de aspecto qualitativo, no qual, a partir de uma pesquisa em bases de dados selecionadas, baseou-se em estudos que apresentaram efeitos da suplementação proteica na manutenção da capacidade funcional muscular de idosos. Ao final foram selecionados seis estudos que contemplavam o tema em questão. RESULTADOS E DISCUSSÃO: A melhora do estado nutricional está relacionada ao desempenho muscular, com base nisso, foram analisados nos estudos os seguintes aspectos: ganho de massa muscular, exercício físico em jejum, membros inferiores, velocidade da marcha e outros parâmetros funcionais e 25-hidroxivitamina D, todos colocando-se em comparação com a suplementação proteica como forma intervencionista e de manutenção da capacidade funcional muscular. Ainda, foi realizada uma análise da suplementação dietética com aminoácidos de cadeia ramificada (BCAAs) em relação a desnutrição. CONCLUSÃO: A análise dos dados supracitados revelou a relevância da busca pela melhoria na qualidade de vida e bem-estar da população senil, de maneira que o consumo diário recomendado de proteína seja preconizado como principal medida para manutenção da massa muscular nesta parcela populacional. Deve-se estimular o consumo diário de alimentos ricos em proteínas, tais como carnes, ovos, leite e derivados e suplementos alimentares, quando sua prescrição se faz necessária. Diante da corroboração da sarcopenia no aumento da incidência de quedas em idosos, se faz necessário orientar e estimular a população senil para a prática regular de exercício físico resistido, além do acompanhamento de equipe multidisciplinar
Sistemas agroalimentares e sustentabilidade : sistemas de certificação da produção orgânica no Sul do Brasil e na Holanda
Esta tese analisa a sustentabilidade de sistemas agroalimentares, a partir de uma articulação entre os estudos sobre produção de base ecológica e desenvolvimento rural, às pesquisas sobre sistemas agroalimentares e as transições sociotécnicas para a sustentabilidade. Como campo empírico comparou-se dois sistemas certificatórios para a produção orgânica: a) o Sistema Participativo do governo federal brasileiro recentemente implementado (2011), que garante o direito à certificação da produção através da organização social participativa. Estudaram-se duas experiências que estão sendo desenvolvidas no Rio Grande do Sul, Brasil; e b) o sistema holandês para implementação do EU Organic Logo que corresponde a um sistema de terceira parte sob a fiscalização exclusiva da empresa holandesa Skal Biocontrole. Estudou-se a experiência dos gardeners, produtores ecológicos em pequena escala. Analisou-se 1) às semelhanças e diferenças na organização da produção orgânica e de base ecológica em cada país e; 2) às dinâmicas e interações organizacionais entre os atores diversos envolvidos com os sistemas certificatórios em experiências localizadas. Os resultados revelaram o comprometimento desses atores com à construção da sustentabilidade agroalimentar em suas múltiplas dimensões: diversidade produtiva; saúde; construção de mercados justos; direito e acesso à terra e água; e soberania alimentar; revelam ainda que os agricultores familiares e produtores orgânicos em pequena escala produtiva, nos dois países, se comprometem com os sistemas certificatórios por razões diversas, não só por uma questão de mercados. Os sistemas participativos de certificação orgânica regulamentados no Brasil contribuem para o reconhecimento da produção em pequena escala e para a governabilidade mais democrática dos circuitos de produção, processamento, distribuição e consumo. Já na Holanda, há pouco benefício dos sistemas certificatórios de terceira parte para os produtores de base ecológica em pequena escala, e há certo abandono da certificação por parte desses produtores. Por fim, conclui-se que a sustentabilidade agroalimentar é construída através prática localizada, e que, no Brasil e na Holanda, os sistemas certificatórios somente contribuem para a sustentabilidade agroalimentar, na medida em que possibilitam aos produtores em pequena escala e agricultores familiares realizem suas práticas e projetos através de um processo de governabilidade multinível dos sistemas agroalimentares.This thesis fits on studies about sustainability of agrifood systems. It results from an academic effort to associate studies of ecologically based production and rural development, to the research on agrifood systems and the socio-technical transitions towards sustainability. The empirical research relies on two certification systems for organic production: a) the Participatory System recently implemented Brazilian federal government (2011) guarantees the right to certification of production through participatory social organization - data collected from two experiences in Southern of Brazil; and b) the Dutch system for implementation of the EU Organic Logo: corresponds to a third party system under the sole supervision of the Dutch company Skal Biocontrol - data collected from the experience of gardeners, ecological small-scale producers. We carried out a comparative study from field research with certification systems of organic production, taking into account: 1) similarities and differences on the organization of organic and ecologically based production on each country; 2) dynamics and organizational interactions between the various actors involved within certification systems in localized experiences. The results show the commitment of these actors with the construction of the agrifood sustainability in its multiple dimensions: productive diversity; health; fair markets; rights and access to land and water; and food sovereignty. Still, we argued that family farmers and organic farmers in small-scale production in both countries are committed to the certification systems for several reasons, not only for the sake of markets. Further, we argued that the participatory systems regulated in Brazil contribute to the recognition of small-scale production; also to build democratic governance on circuits of production, processing, distribution and consumption. In the Netherlands, the results show little benefit from certification systems of third party to the ecologically-based on small-scale production, and also that there is a tendency to abandon certification by those producers, if no changes take place. Finally, we argued that the agrifood sustainability is built through localized practices, and that, in Brazil and the Netherlands, certification systems only contribute for the food sustainability, while it gives scope to that small-scale producers and farmers conduct their practices and projects through a multilevel governance process of agrifood systems
Agroecology and sustainability indicators: a review of theoretical and methodological
Por meio da análise documental, analisaram-se documentos institucionais e acadêmicos que se propuseram a desenvolver indicadores de sustentabilidade para os agroecossistemas. O principal objetivo foi sintetizar as propostas teóricas e metodológicas que possam surgir como uma referência para as decisões sobre as áreas de manejo agroecológico dos recursos naturais. Apresentando assim, os critérios múltiplos sobre os quais a tomada de decisão pode ocorrer. Para tanto, a investigação está baseada em dois aspectos base. O primeiro descreve a ordem disciplinar dos indicadores, analisando se há o emprego da perspectiva interdisciplinar na construção e uso dos mesmos. O segundo analisa essas ferramentas quanto aos aspectos de ordem interna e externa. A ordem interna refere-se à relação entre conceitos e teorias que fundamentam os indicadores e os procedimentos operacionais desse conhecimento produzido. E a externa refere-se aos determinantes político-institucionais que expressam a configuração das universidades e institutos de pesquisa, além da finalidade ou os propósitos sob os quais os indicadores são construídos.Through documentary analysis, examined institutional and academics documents which have proposed to develop indicators for sustainable agroecosystems. The main objective was to synthesize the theoretical and methodological proposals which may arise as a reference for decisions on the areas of agroecological management of natural resources. Thus presenting the multi-criteria on which the decision-making can occur. To this end, research is based on two basic aspects. The first describes the disciplinary order of the indicators, analyzing whether there is the use of interdisciplinary perspective on the construction and usage. The second, examines these tools on the aspects of internal and external. The internal order refers to the relationship between concepts and theories behind the indicators and operating procedures of knowledge production. And the external refers to political-institutional determinants that express the configuration of universities and research institutes in addition to the purpose or purposes under which the indicators are constructed.Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superio
Sistemas agroalimentares e sustentabilidade : sistemas de certificação da produção orgânica no Sul do Brasil e na Holanda
Esta tese analisa a sustentabilidade de sistemas agroalimentares, a partir de uma articulação entre os estudos sobre produção de base ecológica e desenvolvimento rural, às pesquisas sobre sistemas agroalimentares e as transições sociotécnicas para a sustentabilidade. Como campo empírico comparou-se dois sistemas certificatórios para a produção orgânica: a) o Sistema Participativo do governo federal brasileiro recentemente implementado (2011), que garante o direito à certificação da produção através da organização social participativa. Estudaram-se duas experiências que estão sendo desenvolvidas no Rio Grande do Sul, Brasil; e b) o sistema holandês para implementação do EU Organic Logo que corresponde a um sistema de terceira parte sob a fiscalização exclusiva da empresa holandesa Skal Biocontrole. Estudou-se a experiência dos gardeners, produtores ecológicos em pequena escala. Analisou-se 1) às semelhanças e diferenças na organização da produção orgânica e de base ecológica em cada país e; 2) às dinâmicas e interações organizacionais entre os atores diversos envolvidos com os sistemas certificatórios em experiências localizadas. Os resultados revelaram o comprometimento desses atores com à construção da sustentabilidade agroalimentar em suas múltiplas dimensões: diversidade produtiva; saúde; construção de mercados justos; direito e acesso à terra e água; e soberania alimentar; revelam ainda que os agricultores familiares e produtores orgânicos em pequena escala produtiva, nos dois países, se comprometem com os sistemas certificatórios por razões diversas, não só por uma questão de mercados. Os sistemas participativos de certificação orgânica regulamentados no Brasil contribuem para o reconhecimento da produção em pequena escala e para a governabilidade mais democrática dos circuitos de produção, processamento, distribuição e consumo. Já na Holanda, há pouco benefício dos sistemas certificatórios de terceira parte para os produtores de base ecológica em pequena escala, e há certo abandono da certificação por parte desses produtores. Por fim, conclui-se que a sustentabilidade agroalimentar é construída através prática localizada, e que, no Brasil e na Holanda, os sistemas certificatórios somente contribuem para a sustentabilidade agroalimentar, na medida em que possibilitam aos produtores em pequena escala e agricultores familiares realizem suas práticas e projetos através de um processo de governabilidade multinível dos sistemas agroalimentares.This thesis fits on studies about sustainability of agrifood systems. It results from an academic effort to associate studies of ecologically based production and rural development, to the research on agrifood systems and the socio-technical transitions towards sustainability. The empirical research relies on two certification systems for organic production: a) the Participatory System recently implemented Brazilian federal government (2011) guarantees the right to certification of production through participatory social organization - data collected from two experiences in Southern of Brazil; and b) the Dutch system for implementation of the EU Organic Logo: corresponds to a third party system under the sole supervision of the Dutch company Skal Biocontrol - data collected from the experience of gardeners, ecological small-scale producers. We carried out a comparative study from field research with certification systems of organic production, taking into account: 1) similarities and differences on the organization of organic and ecologically based production on each country; 2) dynamics and organizational interactions between the various actors involved within certification systems in localized experiences. The results show the commitment of these actors with the construction of the agrifood sustainability in its multiple dimensions: productive diversity; health; fair markets; rights and access to land and water; and food sovereignty. Still, we argued that family farmers and organic farmers in small-scale production in both countries are committed to the certification systems for several reasons, not only for the sake of markets. Further, we argued that the participatory systems regulated in Brazil contribute to the recognition of small-scale production; also to build democratic governance on circuits of production, processing, distribution and consumption. In the Netherlands, the results show little benefit from certification systems of third party to the ecologically-based on small-scale production, and also that there is a tendency to abandon certification by those producers, if no changes take place. Finally, we argued that the agrifood sustainability is built through localized practices, and that, in Brazil and the Netherlands, certification systems only contribute for the food sustainability, while it gives scope to that small-scale producers and farmers conduct their practices and projects through a multilevel governance process of agrifood systems