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Contabilidade versus fluxo de caixa
Demonstrações Contábeis e Fluxo de Caixa não são alternativos, mas sim complementos. O conhecimento e o domínio do que se entende por Regime de Competência propicia o entendimento da vinculação entre Demonstrações Contábeis e Fluxo Financeiro, Balanço, Demonstração do Resultado e Fluxo de Caixa estão umbilicalmente ligados. Na adoção do custo histórico, a vinculação é automática e bem mais visível. Quando da presença da inflação, a vinculação só é perfeita com o uso de moeda constante e a valor presente nas Demonstrações Contábeis, e isso infelizmente ainda não está efetivamente ocorrendo hoje, apesar de a Correção Integral atualmente praticada aproxima-se bastante, desse conceito. Mas essa ligação só é correta se também o Fluxo de Caixa for elaborado em moeda constante, já que ele, a valor nominal na inflação, é altamente enganoso. Quando da adoção dos custos de reposição (inclusive reavaliação de imobilizados), a vinculação passa a ser com o fluxo futuro de caixa para reposição desses ativos avaliados a preços correntes. Mas continua a vinculação entre Contabilidade e Fluxo Financeiro. A capacidade preditiva da Demonstração do Resultado e a sua capacidade de verificação, em conjunto com a Balanço, da real evolução patrimonial é muito superior, a médio e longo prazo, à capacidade do Fluxo de Caixa. Este tem enorme utilidade para a verificação da evolução da liquidez e da posição financeira a curto prazo, perdendo muito no cotejo entre investimento e retorno por considerá-los desmembradamente. Alem disso. o Fluxo de Caixa e muito mais sensível a políticas de mudança de prazo ou atrasos nos pagamentos ou recebimentos. Dai a maior chance de sua manipulação. O potencial informativo da Demonstração das Origens e Aplicações de Recursos no conceito de capital circulante líquido é também, na nossa opinião, superior ao do Fluxo de Caixa para as empresas comerciais e industriais. Todavia, por lidar aquela Demonstração com conceito abstrato de folga financeira, provoca dificuldades na maior parte dos usuários. Dai justificar-se sua substituição pelo Fluxo de Caixa. Este tem utilidades efetivas, mas para quem conhece Regime no Competências, essas utilidades são complementares as das Demonstrações Contábeis. Em suma, a discussão de superioridade do Fluxo de Caixa. volta ao custo histórico puro mesmo quando de inflação, rejeição a valores de reposição, adoção do regime de caixa, etc. é válida para verificarmos o quanto ainda não se entende de Contabilidade e sua vinculação com o Fluxo de Caixa e para assumirmos uma postura educacional mais intensa. Precisamos comunicar melhor o que significa o nosso produto (as Demonstrações Contábeis) para evitarmos o surgimento, com certa intensidade recentemente, de afirmações que poderão levar incautos a caminhos incertos
Avaliação de empresas: da mensuração contábil à econômica
There exist various forms of measuring a company's equity and income; starting from the Historical Cost, based on past transactions, passing by the Current Cost, considering the replacement of the production factors that are being consumed, valuating each asset and liability at its Net Realization Value and arriving at the Present Value of Future Cash Flows. At bottom, all of them consider one single object: cash; sometimes the cash that has happened, sometimes the cash that will happen shortly, sometimes the cash that will occur if assets and liabilities were sold, the one that is expected from future transactions etc., each information being valid for a different necessity. Consequently, they are not alternative models, which obligatorily imply the elimination or non-adoption of the others; they can simply be treated as complementary. The only factors that, in the long term, can make the measurement of income diverge are: inflation and opportunity cost. And the not-use of these two factors continues being an unforgivable error of us, Accountants. For the former, we have simplified and complex methods (the "legal" model and full price-level restatement, for example). For the latter, on the other hand, we did not even apply the Interest on Own Capital, and still less that parcel related to risk, which actually points out that the situation is more complex (but not unworkable - remember the 'common' EVA®). In sum, the entire income is or implies the figure of cash; all of the valuation forms, in the end, arrive at the same income and at the same cash, only facing the problems of inflation and opportunity cost. The different concepts and valuation principles of equity and, consequently, of income, are totally complementary; none of them possesses all of the information, usefulness and quality desired by the users. They should be treated as one helping and complementing the other, and not as mutually exclusive. What about devoting more attention and action to these aspects? And especially to inflation and opportunity cost?São várias as formas de se medir o patrimônio e o lucro de uma empresa; desde o Custo Histórico, com base nas transações ocorridas, passando pelo Custo Corrente, considerando a reposição dos fatores de produção sendo consumidos, avaliando cada ativo e passivo pelo seu Valor Líquido de Realização e chegando ao Valor Presente dos Fluxos de Caixa Futuros.Todas elas consideram, no fundo, um único objeto: o caixa; ora o caixa acontecido, o prestes a acontecer, o que aconteceria se ativos e passivos fossem vendidos, o caixa esperado por transações futuras etc., cada uma das informações válidas para uma finalidade diferente. Logo, não são modelos alternativos, que implicam, obrigatoriamente, a eliminação ou não adoção dos demais; podem simplesmente ser tratados como complementares. Os únicos fatores que, no longo prazo, podem fazer divergir a mensuração do lucro são: inflação e custo de oportunidade. E o não uso desses dois fatores continua sendo falha imperdoável de nós, Contadores. Para o primeiro, dispomos de metodologias simplificadas e complexas (modelo "societário" e correção integral, por exemplo). Já para o segundo, isto é, o custo de oportunidade, não temos sequer aplicado o Juro do Capital Próprio, e muito menos aquela parcela relativa ao risco, apontando realmente que a situação é mais complexa (mas não inviável - lembremo-nos do 'banal' EVA®). Em suma, todo o lucro é ou implica a figura do caixa; todas as formas de avaliação, ao final, chegam ao mesmo lucro e ao mesmo caixa, com o problema apenas da inflação e do custo de oportunidade. Os diferentes conceitos e princípios de avaliação patrimonial e, conseqüentemente, de lucro, são totalmente complementares; nenhum deles possui todas as informações, utilidade e qualidade desejadas pelos usuários. Devem ser tratados como um ajudando e complementando o outro, e não como mutuamente excludentes. Que tal devotarmos mais atenção e ação a esses aspectos? E em especial à inflação e ao custo de oportunidade
Poison pills in Brazil: an exploratory study
O objetivo precípuo deste trabalho foi fazer uma incursão sobre as poison pills. Quais são os aspectos conceituais, assim como as disposições legais e regulamentares aplicáveis às poison pills. Um levantamento das companhias abertas que se valem do referido instrumento defensivo, com corte até junho de 2006, foi procedido, de modo a saber que peculiaridades podem ser observadas em nosso ambiente. Ainda quanto ao objetivo do trabalho, foram apreciadas teorias que procuram explicar o comportamento de administradores de companhias com poison pills em termos de alinhamento de interesses pessoais com os da firma. Com este estudo exploratório, espera-se que uma nova área de pesquisa empírica possa ser desenvolvida no Brasil. Teorias aqui apresentadas podem e devem ser objeto de investigações futuras, de modo a secontribuir com a literatura sobre o tema no Brasil. É de todo prudente considerar nos trabalhos empíricos aspectos idiossincráticos do mercado de capitais brasileiro e a própria prematuridade dessas companhias, antes de qualquer conclusão friamente calcada nos números.This paper aimed to study poison pills, investigate the conceptual aspects, as well as legal dispositions and other rules applicable. A research of publicly-held firms that use this anti-takeover instrument was done, sampled till June 2006, in order to discover peculiarities in the Brazilian environment. Moreover, as an objective of this paper, some theories that can explain the behavior of managers from poison pill firms were presented, focused on the classical agency problem: managers' interest against firms' interest. This exploratory study should support the development of a new empirical research area in Brazil. Theories here presented can and should be investigated in future research, in order to improve Brazilian literature focused on this matter. Nevertheless, it would be prudent to consider the idiosyncratic aspects of the Brazilian Stock Market and precocity of these poison pill firms in empirical studies, before coming to any conclusion about the figures and measures obtained
Desafios na política pública de mensuração dos ativos para a formação das tarifas no setor elétrico: alguém deve ser beneficiado e alguém deve ser sacrificado?
This paper contributes by encouraging discussions about the public policy of setting tariffs for public services based on the value of the investment made by the providers of these services. The purpose of this study was, in an unprecedented way and by combining theories of equity valuation and finance, to identify the asset valuation method that can lead to a fair value and balance between an affordable price for the consumer and an adequate return on investment for the concessionaires. The value assigned to these assets affects the tariff in two ways: (i) via depreciation/amortization, which affects the cost of service; (ii) via the return on investment, which is the portion that corresponds to the investor’s profit. We analyzed the Brazilian electricity sector, in which the rates set by the Brazilian Electricity Regulatory Agency (ANEEL) currently use the new replacement value (NRV) approach. We carried out empirical tests using data available on the ANEEL website from the second cycle periodic tariff review and information obtained in financial statements from 1995 onwards. The analysis included the NVR and restated historical cost (RHC) methods, the latter being updated by the extended consumer price index (IPCA). After the descriptive and statistical analyses, we used the test of means to verify the differences between the variables in terms of NRV vs. RHC. The first conclusion was the absence of a significant difference between the NRV and RHC methods; that is, on average, the replacement price showed no significant difference to what would be the pure and simple restatement of assets. But this was found to hide something relevant, the fact that this average is derived from two main groups: that of the consumers who are paying more for energy services than they should, which constitutes a visible benefit to investors and loss for these consumers, and that of the consumers who are paying less than they should, which benefits them but harms investors.Este artigo contribui para fomentar a discussão sobre a política pública de tarifação de serviços públicos quando baseada no valor do investimento feito pelos geradores desses serviços. O objetivo deste estudo foi, de forma pioneira, e reunindo as teorias da avaliação patrimonial e de finanças, identificar o método de avaliação de ativo que pode conduzir ao justo valor para o equilíbrio entre a modicidade tarifária para o consumidor e o retorno adequado dos investimentos às concessionárias. O valor atribuído a esses ativos influi duplamente no valor da tarifa: (i) via sua depreciação/amortização, influi no custo do serviço; (ii) via remuneração sobre esse investimento, na parcela correspondente ao lucro do investidor. Analisou-se o setor de energia elétrica brasileiro, em que as tarifas determinadas pela Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) atualmente utilizam a abordagem do valor novo de reposição (VNR). Efetuaram-se testes empíricos a partir de dados disponibilizados no site da ANEEL no 2º Ciclo de Revisão Tarifária Periódica (CRTP) e de informações obtidas nas demonstrações financeiras a partir de 1995. A análise contemplou os métodos do VNR e custo histórico corrigido (CHC), sendo esse último atualizado pelo índice de preços ao consumidor amplo (IPCA). Após as análises descritiva e estatística, aplicou-se o teste de médias para verificar as diferenças das variáveis quanto aos métodos VNR x CHC. A primeira conclusão foi a não existência de diferença significativa entre os métodos do VNR e CHC, ou seja, na média, o preço de reposição não apresentou diferença significativa com relação ao que seria a utilização da pura e simples correção monetária dos ativos. Mas verificou-se que isso esconde algo relevante, o fato de que essa média deriva de dois grandes blocos: o dos consumidores que estão pagando mais do que deveriam pelos serviços de energia, o que constitui benefício visível aos investidores e prejuízo a esses consumidores, e o dos consumidores que estão pagando menos do que deveriam, o que os beneficia, mas prejudica os investidores
CONTABILIDADE E FINANÇAS: A TEMERÁRIA UTILIZAÇÃO DO WACC
O wacc (weighted average cost of capital), ou custo médio ponderado de capital, tem papel significativo em processos de avaliação de empresas e de negócios, assim como em várias normas contábeis. Entretanto, tanto nessas avaliações como nas aplicações contábeis, problemas sérios têm ocorrido, tanto conceitualmente quanto em certas aplicações práticas. O primeiro objetivo deste trabalho é evidenciar, dedutivamente, o porquê desses problemas e alertar e contribuir para a eliminação dos usos incorretos do wacc. O segundo objetivo é alertar para o fato de que o goodwill (ágio por expectativa de rentabilidade futura), tanto o subjetivo nas avaliações, quanto o objetivo identificado por transações de mercado, vem sendo centrado e explicado exclusivamente em função de ativos, quando isso pode efetivamente não ser a verdade. Demonstramos neste artigo que o goodwill também pode ter origem nos passivos onerosos, não sendo exclusivamente vinculado a ativos. Por fim, o artigo demonstra que há implicações contábeis ao se mensurar determinados passivos pelos seus valores justos, implicando no reconhecimento do denominado Ganho da Dívida (CG) e/ou de outros ativos intangíveis derivados desses passivos
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