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    A história de Alda: ensino, classe, raça e gênero Alda’s story: teaching, class, race and gender

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    Este artigo analisa a trajetória de vida e a prática pedagógica de uma professora das séries iniciais de uma escola pública da cidade de São Paulo, tendo como referência o conceito de cuidado infantil. Tomado como expressão das formas que histórica e culturalmente assume a relação adulto / criança, o cuidado infantil pode ser definido, hoje, neste nível de ensino, como uma atuação do professor ou professora sobre aspectos extracognitivos do desenvolvimento de seus alunos, o que exige uma postura de envolvimento afetivo e compromisso com as crianças. Por meio de um estudo de caso de enfoque etnográfico, discute-se a presença do cuidado nos ideais e práticas pedagógicas de Alda, uma professora que não realizava plenamente essas prescrições. Trata-se, nesse sentido, de uma aproximação que permite revelar os limites de abordagens essencialistas, em que estão relacionados, linearmente, a feminilidade e aqueles ideais de professora. De um lado, acentua-se, aqui, o sentido plural das diversas formas de feminilidade, suas articulações com relações de classe e raça; e, de outro lado, indica-se que as prescrições de cuidado fazem parte de uma cultura escolar, produzida e reproduzida na própria instituição, mais do que em formas específicas de socialização feminina. A história de Alda indica a necessidade de discutir o racismo no interior das escolas, a começar do próprio corpo docente. E mostra que, se estamos convencidos da relevância das práticas de cuidado para o ensino, é preciso trazê-las, criticamente, ao primeiro plano nas discussões pedagógicas, para que adquiram legitimidade como parte de uma prática profissional.<br>This paper analyses the history of life and the pedagogical practice of a first grade teacher of a public school in São Paulo City having the concept of childcare as a reference. The concept of childcare is taken as an expression of the forms the relationship adult/child takes historically and culturally. As such it can be defined, at that level of teaching, as an intervention of the teacher on extra-cognitive aspects of the development of his/her pupils, an attitude that requires emotional involvement and commitment to the children. Based on an ethnographic study the presence of the care in the ideals and pedagogical practices of Alda - a teacher that did not fully comply with those guidelines - is discussed. It is in that sense an approximation that reveals the limits of essentialist approaches that establish a linear relation between "femininity" and the ideal of a teacher. On one hand, the plurality of meanings of femininity, and their articulation with class and race relations, is stressed. On the other hand, it is suggested that the guidelines related to care are part of a school culture produced and reproduced within the institution itself, rather than in specific forms of feminine socialization. Alda’s story shows the need to discuss racism inside schools starting with the teachers themselves. It also shows that, if there is a certainty that practices of care are relevant to teaching, it is necessary to bring them to the center of the pedagogical debate so that they gain legitimacy as a professional practice
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