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In Memoriam: John Urry (1946-2016)
In Memoriam: John Urry (1946-2016
A metrópole do capital de rede: mobilidades socioespaciais e iniquidades urbanas
Resumo A circulação de pessoas, objetos e informações é constitutiva da própria definição de cidade. Mas que assimetrias de acesso são geradas por esses movimentos e que regimes de mobilidade os hierarquizam no mundo globalmente conectado? Tomando as mobilidades como objeto e lente analítica, proponho a noção de “metrópole do capital de rede” para dar conta de territorialidades que se organizam em um continuum entre espaços físicos e digitais; nas quais o movimento em múltiplas escalas se torna uma “forma de habitar”; e que encontram na ambivalência da mobilidade – ao mesmo tempo direito e dispositivo coercitivo – seu principal fator de estratificação. Essas reflexões epistemológicas pressupõem que as cidades são espacialidades relacionais e politicamente disputadas de mobilidades sistêmicas, expressão das intersecções entre infraestruturas, materialidades e signos
International tourists in a ‘pacified’ favela: profiles and attitudes. The case of Santa Marta, Rio de Janeiro
This article examines the experience of foreign tourists who have visited the Santa Marta favela in Rio de Janeiro after the recent “occupation” and “peacemaking” policy implemented by the Rio de Janeiro state government. The contribution is based on empirical research conducted with 400 international tourists who visited the community between March and May 2011. The study investigated the tourists’ profiles as well as their expectations and impressions of the visit. The article concludes with some reflections on how tourists evaluate not only the tourist facilities in the locality, but also their own experience as participants of the reality tour
Teleféricos na paisagem da “favela” latino-americana: mobilidades e colonialidades
Com base em um diálogo entre as reflexões produzidas no Paradigma das Novas Mobilidades e nos Estudos Decoloniais, examinamos os teleféricos que, na última década, passaram a compor a paisagem de áreas pobres e segregadas da América Latina. Partimos da premissa de que, no contexto do planejamento urbano estratégico, esse novo dispositivo de mobilidade é uma intervenção expressiva que gera competitividade devido aos novos marcos visuais que insere na paisagem e às novas imagens da pobreza que instituem. Muito mais que opções técnicas neutras para o transporte urbano, os teleféricos inauguram um regime visual que projeta uma ideia de modernidade e promete a mudança social, mas que na verdade convertem a pobreza, como diferença colonial, em valor estético e simbólico
Epistemology of the favela rooftop
This essay departs from a dialogue with Eve Sedgwick’s Epistemology of the closet and Ananya Roy’s criticism of the theorizations aimed at deciphering the megacities of the Global South, proposing an “epistemology of the laje (favela rooftop)”. Having the “Rio de Janeiro favela” as its main reference, the hypothesis is that the laje, both in empirical and conceptual terms, destabilizes long-stand dualities: favela versus formal city, private space versus public space, legal versus illegal, universal versus vernacular.Inspirado pelos efeitos reflexivos que o armário produz em Epistemology of the closet, de Eve Sedgwick, e pelas críticas feitas por Ananya Roy às teorizações que se voltam ao deciframento das chamadas megacidades do Sul Global, este ensaio propõe uma epistemologia da laje. Com base no referente “favela carioca”, a hipótese sugerida é de que a laje, empírica e conceitualmente, permite deslocamentos epistêmicos que desestabilizam dualismos seculares: favela versus cidade formal, espaço privado versus espaço público, legal versus ilegal, universal versus vernacular
A cidade e seus souvenires: o Rio de Janeiro para o turista ter
This article examines some aspects of the tourist representation of Rio de Janeiro having the souvenirs as support. It reflects upon the tourist image of the city as it appears in the objects considered to be typically for tourists by proposing a folded movement: to the material collected in four stores in Rio de Janeiro, it opposes souvenirs with different cultural backgrounds. It aims at interpreting the place occupied by souvenirs in the broader setting of representations and cultural products that establish Rio as a tourist destination.Este artículo pretende examinar algunos aspectos de la representación turística de la ciudad de Rio de Janeiro a partir de los recuerdos (artículos regionales). Reflexiona sobre cual es la imágen turística de la ciudad que se muestra en los “artículos regionales”, en los objetos considerados típicamente de interés para turistas, colocando frente a frente souvenirs de cuatro negocios localizados en la Zona Sur de la ciudad y artículos encontrados en otros contextos culturales. Se busca una clave de interpretación posible del lugar que los artículos regionales ocupan en la trama mayor de las representaciones y productos culturales que marcan a Rio de Janeiro como destino turístico. A proposta deste artigo é examinar alguns aspectos da representação turística da cidade do Rio de Janeiro a partir de seus souvenires. Reflete sobre a imagem turística da cidade tal como aparece nas “lembranças da terra”, nos objetos considerados tipicamente de interesse para turistas, a partir de um duplo movimento: ao material coletado em quatro lojas localizadas na Zona Sul do Rio, contrapõem-se souvenires encontrados em outros contextos culturais. Procura uma chave de interpretação possível do lugar que os souvenires ocupam na trama maior de representações e produtos culturais que estabelecem o Rio de Janeiro como destino turístico
A virada das mobilidades: fluxos, fixos e fricções
Pelo menos desde os anos 2000, testemunhamos o esforço, em diferentes campos disciplinares e a partir de realidades empíricas diversas, para compreender a complexidade do movimento interdependente de pessoas e capitais, bens e imagens. Mas como evitar, na negação de categorias estáticas e metodologias sedentárias, a substituição do que é próprio do Estado-nação pela imprecisão conceitual dos “líquidos” ou pela romantização do nomadismo? Como incorporar, à discussão sobre a mobilidade, as práticas regulatórias e as desigualdades que a estruturam? Qual seria, em resumo, o estatuto teórico das mobilidades – e imobilidades – na teoria social? Este artigo descreve algumas das soluções analíticas propostas pela “virada das mobilidades”, tomando como fio condutor as contribuições daquele que é reconhecido como seu principal articulador, o sociólogo britânico John Urry.At least since the 2000s, we have witnessed the effort to understand, in multiple disciplinary fields and from different empirical realities, the complexity of the interdependent movement of people and capitals, images and goods. But when static categories and sedentary methodologies are denied, how can we avoid the substitution of what is proper to the Nation-State with the conceptual imprecision of “liquids” or with the romanticization of nomadism? How can regulatory practices and inequalities be incorporated into the discussion of mobility? What, in short, would be the theoretical status of mobility – and immobility – in social theory? This article describes some of the analytical solutions proposed by the “mobility turn”, taking the contributions of its main reference, the British sociologist John Urry, as its guiding principle.Au moins depuis les années 2000, nous avons été témoins de l’effort, dans différents domaines disciplinaires et à partir de diverses réalités empiriques, pour comprendre la complexité de la circulation interdépendante des personnes et des capitaux, des biens et des images. Mais comment éviter, dans le déni des catégories statiques et des méthodologies sédentaires, la substitution de ce qui est approprié à l’État-nation par l’inexactitude conceptuelle des « liquides » ou la romantisation du nomadisme ? Comment pouvons-nous intégrer, dans la discussion sur la mobilité, les pratiques réglementaires et les inégalités qui la structurent ? Quel serait, en bref, le statut théorique des mobilités – et immobilités – au sein de la théorie sociale ? Nous décrivons dans cet article quelques-unes des solutions analytiques proposées par le « tournant des mobilités », prenant comme fil conducteur les contributions de celui qui est reconnu comme son principal articulateur, le sociologue britannique John Urry
Mobilidades, espaços e identidades na economia eletrônica global. Entrevista com Anthony Elliott
Entrevista com o sociólogo Anthony ElliottInterview with the sociologist Anthony Elliot
As viagens da favela e a vida social dos suvenires
Este artigo resgata e examina a biografia da favela turística a partir de sua cultura material. Suvenires produzidos e comercializados em duas favelas cariocas (Rocinha e Santa Marta) constituem o ponto de observação privilegiado para o entendimento das espirais de sentido que se erguem na confluência entre imaginação e materialidade, arte e topografia. Partimos das cores que nascem nas telas pintadas para consumo dos turistas e se reproduzem nas paredes das favelas, tomando-as fruto de políticas baseadas em novos regimes de visibilidade e controle da pobreza. As considerações finais refletem sobre a morte dos (anti)suvenires ou o que parece ser um esgotamento das possibilidades de representação da favela como marca capaz de agregar valor a diferentes produtos no mercado global
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