28 research outputs found

    Pressupostos teóricos: resposta a Victor Millet

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    Como escrevi no fim da minha recensão ao livro de Victor Millet, o seu trabalho “constitui uma contribuição importante para o estudo das relações entre a canção de Walther e o romance de Gaifeiros” (56)

    Afuera, afuera, Rodrigo: uma reinterpretação

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    No romance Afuera, afuera, Rodrigo, a infanta D. Urraca, do alto das muralhas de Zamora, ralha com o Cid por ele participar no cerco que o rei D. Sancho lhe tinha posto à cidade. Este romance tem sido interpretado como uma simples briga entre ex-amantes, mas a má reputação da princesa e a utilização de palavras cujo duplo sentido era corrente na época sugerem a possibilidade de outro significado. A princesa é colocada numa torre deliberamente sexualizada, visto que se trata duma “torre mocha” (sem espiral), lembra ao Cid que tinha ajudado a armá-lo “cavaleiro”, calçando-lhe as “esporas”, e acusa-o de se ter esquecido de que ela o amava, preferindo casar-se com Ximena Gómez. A versão de Timoneda intercala aqui dois versos que demonstram como estas palavras incomodam o herói, o qual responde à princesa que, se lhe parece bem, está pronto para desfazer o casamento, ou seja, para se deitar com ela. Urraca aceita logo a proposta. Na referida versão de Timoneda, o Cid, com grande angústia, manda aos homens do destacamento que o acompanha que se retirem imediatamente. Embora sem ferro na ponta, a seta disparada contra ele tinha-lhe trespassado o coração, de modo que não tinha remédio senão viver sempre “penado”. Por outras palavras, tinha necessidade urgente de ficar sozinho com a princesa (note-se que o termo “pena” era frequentemente usada com um sentido fálico)

    historia documentada de um siglo de historia

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    Este magnífico livro é uma história pormenorizada, rica, íntima e carinhosa do grande arquivo romancístico fundado por Ramón Menéndez Pidal, e da sua continuação e ampliação sob a guia de Diego Catalán, neto e herdeiro intelectual do fundador. Ramón Menéndez Pidal (1869–1968), pai da Filologia Românica em Espanha, deixou uma vasta obra de carácter histórico, linguístico e literário que continua a ser um ponto de partida indispensável para quem se interesse pelo estudo da Idade Média Peninsular

    A morte de D. Beltrão: as origens épicas, Garrett e a tradição brasileira

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    Na Chanson de Roland (c. 1100), canção de gesta sobre a grande derrota da retaguarda do exército de Carlos Magno em Roncesvales, a 15 de Agosto de 778, o imperador faz um grande pranto ao encontrar o corpo do sobrinho, Roldão. A redacção espanhola dessa canção, Roncesvalles (séc. XIII), da qual sobrevive um fragmento de cem versos, adiciona um novo pranto, o do duque Aymon, perante o corpo de Reinaldos, seu filho. Isto corresponde ao romance da Morte de D. Beltrão, onde um pai parte à procura do filho que faltava entre os cavaleiros que o imperador tinha mandado contar,encontrando-o morto. Este romance, raríssimo em Espanha e entre os Sefarditas, continua a ser muito popular em Trás-os-Montes, graças à sua utilização como cantiga da segada. Na primeira versão moderna publicada (1851), Almeida Garrett modifica muito o texto tradicional. O romance português passou ao Brasil, tendo sido recolhido por Celso de Magalhães no Maranhão. Os dois fragmentos que publicou em 1873 são copiados de Garrett, talvez pelo facto de o investigador não ter à mão o seu caderno de recolha, visto que se encontrava em Sergipe. Embora o caderno se tenha perdido, O Famanaz, poema recolhido por Antônio Lopes em 1916, também no Maranhão, comprova que o velho romance se tinha de facto tradicionalizado no Brasil, que é o único país das Américas a conservá-lo, embora com modificações que o actualizam segundo o gosto moderno e o aclimatizam, transformando-o, assim, num poema essencialmente brasileiro

    Collecting Portuguese Ballads

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    "The Spanish began to publish extensive collections dedicated exclusively to their ballads in the middle of the sixteenth century (see Rodríguez-Moñino 1973). These collections included versions of many poems that had already become traditional, for they were being sung by common people throughout Spain. Although the Portuguese were also singing ballads at that time, nothing of the sort was done in Portugal. This lack of ancient documentation renders the modern Portuguese tradition even more significant. Without the poems that have been transmitted from generation to generation throughout the centuries, our knowledge of the ancient Portuguese tradition would be very limited indeed."--Opening paragraph

    Canções da gesta, romanceiro e pressupostos teóricos: um livro sobre D. Gaifeiros

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    Num livro recente,Victor Millet, recorrendo a modernas teorias, propõe-se rever e actualizar velhas ideias referentes à canção de gesta germânica sobre Walther da Aquitânia e ao romance pan-­ibérico de Gaifeiros e Melissenda.1 O livro consta duma introdução teórica(11-­28), estudos da canção de Walther(31-­96)e de Gaifeiros(97-­207), e dum apêndice onde se juntam e organizam todas as versões conhecidas do romance(208-­322), concluindo com uma extensa bibliografia(323-­357) e um “Indice de autores y obras”(361-­364). Como o autor se apoia em teoria, o livro situa-­se na mesma linha, geralmente útil, que tem analizado o romanceiro desde um ponto de vista semiótico, socio-­linguístico, antropológico e feminista.2 Embora se trate duma contribuição importante, um livro complexo e rico de ideias, é também um livro controverso, visto que o autor se baseia em postulados bastante frágeis, e ataca de maneira injusta e desnecessária a melhor crítica anterior

    Sete novos romances da Ilha da Madeira

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    Este artigo apresenta 7 das 54 versões de romances recolhidas por Maria-João Câmara Fontes em três aldeias madeirenses em Julho de 1990. Estas versões representam um total de 11 romances: 1. O Parto em Terras Alheias (trata-se da segunda versão deste romance descoberta na Madeira); 2. Frei João; 3. Bernal Francês + Claralinda + A Aparição; 4. Conde da Alemanha; 5. A Infanta Seduzida + Conde Alarcos + Flérida; 6. A Confissão de Nossa Senhora; 7. Vida de Freira. Cada texto é acompanhado por uma bibliografia das versões portuguesas publicadas, a qual inclui uma secção dedicada às versões recolhidas entre os emigrantes radicados na Nova Inglaterra, Califórnia e Canadá, a fim de destacar a sua importância. Quando apropriado, a bibliografia inclui também listas de versões brasileiras, galegas, castelhanas, catalãs, sefarditas, hispano-americanas e da tradição antiga (especialmente do século XVI). A última lista, que devemos ao trabalho de Samuel G. Armistead, proporciona uma correlação com as baladas pan-europeias

    Romances Cripto-Judaicos Portugueses

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    Existem cinco romances bíblicos entre cripto-judeus portugueses. Embora 1. O Sacrifício de Isaac (á-o), seja corrente em Espanha e entre os sefarditas de Marrocos, é exclusivamente cripto-judaico em Portugal, e incorpora elementos extra-bíblicos derivados do Midrash. O carácter estrófico de 2. Jonas e 3. Daniel na Cova dos Leões sugere proximidade com a literatura de cordel, a qual é mais moderna, mas há razões para pensar que talvez sejam bastante antigos. 4. A Passagem do Mar Vermelho (á-o) só sobrevive entre os sefarditas do Mediterrâneo Oriental. Embora baseado no Livro do Êxodo, também inclui pormenores folclóricos em comum com o Midrash. 5. A Pedra Mara (á-a) só existe em Portugal e condensa dois episódios sobre a falta de água durante a peregrinação do povo judeu através do deserto. A “pedra” recorda a água que Moisés faz brotar dum rochedo em Horeb, e Mara refere-se às águas amargas que o profeta transforma em potáveis no lugar do mesmo nome. O último poema cripto-judaico, 6. No Céu Está um Castelo (í-a), descristianiza um romance cristão

    O Romanceiro Brasileiro: Pequeno Catálogo

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    The present catalogue, which was extracted from my still unpublished Portuguese and Brazilian Balladry, classifies the 89 ballads found in the Brazilian oral tradition. Although my main purpose is to document che existence of each ballad in Brazil, I have also included a short bibliography that lists Portuguese, Galician, Castilian, Catalan, Sephardic, and Spanish- American parallels.El presente catálogo, que fue extraído de una obra todavía por publicar, mi O Romanceiro Portugues e Brasileiro, clasifica los 89 romances conservados por la tradición oral brasileña. Aunque sólo se pretende dejar constancia de la existencia de cada romance en el Brasil, también se incluye una bibliografía que, a pesar de mínima, documenta paralelos portugueses, gallegos, castellanos, catalanes, sefarditas e hispanoamericanos

    Romances Cripto-Judaicos Portugueses

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    Portuguese crypto-Jews preserve five biblical ballads. Although 1. O Sacrifício de Isaac (á-o) is current in Spain and among Moroccan Sephardim, it is exclusively crypto-Jewish in Portugal, and incorporates extra-biblical elements derived from the Midrash. The strophic character of 2. Jonas and 3. Daniel na Cova dos Leões suggest proximity to more modern broadsides, but there are reasons to think that they may go far back in time. 4. A Passagem do Mar Vermelho (á-o), survives only among the Sephardim of the Eastern Mediterranean. Although based on the Book of Exodus, the ballad also includes folkloric details in common with the Midrash. 5. A Pedra Mara (á-a), exists only in Portugal, and condenses two episodes about the lack of water during the pilgrimage of the Jewish People in the desert. The “pedra” recalls the water that Moses causes to flow from a rock in Horeb, and Mara refers to the bitter waters that the prophet makes drinkable in a place with the same name. The last crypto-Jewish poem, 6. No Céu Está um Castelo (í-a), dechristianizes a Christian ballad.Hay cinco romances bíblicos entre los criptojudíos portugueses. Aunque 1. El Sacrificio de Isaac (á-o) es corriente en España y entre los sefardíes de Marruecos, es exclusivamente criptojudío en Portugal, e incorpora elementos extrabíblicos derivados del Midrash. El carácter estrófico de 2. Daniel en la guarida del león sugiere la proximidad a la literatura de cordel, que es más moderna, pero hay motivos para pensar que quizás sean más bien antiguas. 4. El paso del Mar Rojo (a-o) sólo sobrevive entre los sefardíes del Mediterráneo oriental. Aunque se basa en el Libro del Éxodo, también incluye detalles folclóricos en común con el Midrash. 5. La Piedra de Mara (á-a) sólo existe en Portugal y condensa dos episodios sobre la falta de agua durante la peregrinación del pueblo judío por el desierto. La "piedra" recuerda el agua que Moisés sacó de una roca en Horeb, y Mara se refiere a las aguas amargas que el profeta transformó en agua potable en el lugar con el mismo nombre. El último poema criptojudío, 6. En el cielo hay un castillo (í-a), descristianiza un romance cristiano.Existem cinco romances bíblicos entre cripto-judeus portugueses. Embora 1. O Sacrifício de Isaac (á-o), seja corrente em Espanha e entre os sefarditas de Marrocos, é exclusivamente cripto-judaico em Portugal, e incorpora elementos extra-bíblicos derivados do Midrash. O carácter estrófico de 2. Jonas e 3. Daniel na Cova dos Leões sugere proximidade com a literatura de cordel, a qual é mais moderna, mas há razões para pensar que talvez sejam bastante antigos. 4. A Passagem do Mar Vermelho (á-o) só sobrevive entre os sefarditas do Mediterrâneo Oriental. Embora baseado no Livro do Êxodo, também inclui pormenores folclóricos em comum com o Midrash. 5. A Pedra Mara (á-a) só existe em Portugal e condensa dois episódios sobre a falta de água durante a peregrinação do povo judeu através do deserto. A “pedra” recorda a água que Moisés faz brotar dum rochedo em Horeb, e Mara refere-se às águas amargas que o profeta transforma em potáveis no lugar do mesmo nome. O último poema cripto-judaico, 6. No Céu Está um Castelo (í-a), descristianiza um romance cristão
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