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A escrita crítica e desconstrucionista da produção metaficcional de Roa Bastos
II Jornadas Latino-Americanas de Linguagens e Cultura. Em comemoração aos 100 anos de nascimento de Roa Bastos e 50 anos da morte de Guimarães RosaA literatura latino-americana teve um de seus máximos enfrentamentos com o
cânone europeu ao propor releituras críticas da história pela ficção, em contraponto às
produções híbridas de história e ficção scottianas ou aquelas que seguiram essa tendência
acrítica do romance histórico na modalidade tradicional do gênero. Da iniciativa crítica de
Carpentier, com El reino de este mundo, publicada em 1949, surge a narrativa roa bastiana,
com Yo el supremo (1975), que lança as fortes raízes do novo romance histórico latino-
americano. Dessa modalidade altamente crítica, o romance paraguaio evolui à escrita
desconstrucionista da metaficção, com Vigilia del Almirante (1992). A esta obra dedicamos
uma análise para revelar o potencial revisionista do passado presente na narrativa híbrida de
Roa Bastos.Programa de Pós-Graduação em Literatura Comparada Programa de Pós-Graduação Interdisciplinar em Estudos Latino-Americanos Curso de Graduação em Letras – Artes e Mediação Cultura
The Poetry of the Discovery of America: Spaces of Tradition and Renewal
The heirs of Columbus (1991), by Vizenor, and A caravela dos insensatos (2006), by Novaes, are the focus of the present study. By retelling the past, the Canadian narrative highlights aspects such as miscegenation, hybridization and the fusion of American cultures. These images are opposed to those of Columbus presented in the Brazilian literature, as one can see in A caravela dos insensatos (2006), by Novaes. In the Canadian universe, the past is recollected on the basis of the oral culture of the natives, who today, take part in the American capitalist society. The fusion of aspects turned to the hybridity, miscegenation and symbiosis of the native and European cultures is presented on innovative perspectives by Vizenor, while the fiction of Novaes follows the traditional historical novel, evoking exalting images of Columbus. Key words: Contemporary American Historical Novel; Poetry of the Discovery; Hybridity; Miscegenation; Amerindian Cultur
Fronteiras do romance histórico contemporâneo: as faces de Colombro em Roa Bastos (1992) e Levinas (2000)
Um mundo inteiro se abre diante das múltiplas imagens que já se construíram
de Colombo, tanto na história quanto na literatura, mas a personagem, bem como
suas façanhas, não se esgotam ante as possibilidades que a ficção e a ciência
oferecem. Na literatura, o uso da linguagem, ao ser convertida em um poderoso
veículo desvelador de imagens, torna-se polifônico, especialmente para romancistas
hispânicos, quando o tópico é o descobrimento da América. Assim, surgem
diferentes matizes de seu herói, as quais se alternam no espaço poético e constituem
um mosaico cujo todo só se revela aos olhos dos mais atentos leitores.Organização, execução e patrocínio: UNILA e Itaipu-Paraguay - Parceria: NELOOL/UFSC & Universidad de VIG
O romance histórico contemporâneo de mediação – releituras críticas do passado pela ficção atual
IX Congresso Brasileiro de Hispanistas realizado nos dias 22 a 25 agosto 2016As releituras da história pela ficção marcaram fortemente os períodos do boom e do pósbom da
literatura latinoamericana, com produções desconstrucionistas do discurso hegemônico que
silenciou as vozes dos colonizados. Essas produções podem ser amalgamadas em duas modalidades
de escritas híbridas: os novos romances históricos latinoamericanos – cujas bases teóricas foram
lançadas por Fernando Aínsa (19881991) e Seymour Menton (1993) – e as metaficções
historiográficas, segundo Hutcheon (1991). Altamente críticas, tais romances requerem um leitor
especializado na construção de sentidos pela leitura. Contudo, na década de 80 do século XX,
começam a surgir romances históricos críticos que apresentam dificuldades aos que buscam
classificálos segundo os paradigmas dessas escritas desconstrucionistas. Essas obras abandonam as
superestruturas
multiperspectivistas,
as
sobreposições
temporais
anacrônicas,
os
desconstrucionismo altamente paródicos e carnavalizados das releituras ficcionais anteriores. Elas
adotam uma linearidade narrativa singela, com algumas analepses ou prolepses e um discurso
crítico sobre o passado que privilegia uma linguagem próxima daquela cotidiana do leitor atual.
Nelas a construção da verossimilhança, em boa parte abandonada pelas escritas precedentes, volta a
ser essencial. Essas narrativas não se fixam em grandes heróis da história e suas ações, mas em
perspectivas silenciadas e negligenciadas pela historiografia. Dessas produções atuais, que
denominamos romances históricos contemporâneos de mediação, é que trataremos ao longo de
nossa exposição.UNILA-UNIOEST
Tradução e decolonialidade na América Latina
Along this text we reflect about the content of concepts such as coloniality, decolonization and decoloniality (DUSSEL, 1942, MINGNOLO 2017; CASTRO GÓMEZ; GROSFOGEL, 2007) and their transit along the History of America. In this context we highlight the relevance that the knowledge of different languages developed since de beginning of the colonization (PAGANO, 2000). The impact of the interpreting services offered to the European by bilingual informants during the process of the “conquest” of America and the consequences of such actions to the native communities (DEL POZO GONZÁLEZ, 2017) are shown by us along this article. We also point out the fact of the election taken to translate in Latin America the European models of literary works – as sources that could feed their newborn literary polysystems (EVEN-ZOHAR, 1990). This action gave sequence to the cultivation of European ideologies, traditions, habits, and customs in American territories. The different political systems adopted in the postcolonial Latin America were also sorts of barriers to a decolonial translation practice, causing mutual unknowing among these countries. Such reasons lead us to defend the need of a decolonial translation practice in the academic environment, so that the decolonization of minds, identities, and the imaginary of Latin America can finally take place. Examples of such actions of decolonial translations (SALES SALVADOR, SPIVAK, 2006; VENUTI, 1995) are finally shown by us at the last part of this text, that start with a bibliographic revision about the main concepts and focus on our own translations practice.Neste texto refletimos sobre o teor dos conceitos de colonialidade, descolonização e decolonialidade (DUSSEL, 1942, MINGNOLO 2017; CASTRO GÓMEZ; GROSFOGEL, 2007) e seu trânsito na história da América. Nesse contexto, apontamos para a relevância que o conhecimento de línguas desempenhou desde o princípio da colonização (PAGANO, 2000). Destacamos, assim, o impacto dos serviços de interpretação prestados aos europeus por sujeitos bilíngues no processo de “conquista” da América e as consequências dessas ações às populações originárias (DEL POZO GONZÁLEZ, 2017). Apontamos, também, para o fato da eleição à tradução na América Latina de modelos literários europeus – como fonte de nutrição aos polissistemas literários nascentes (EVEN-ZOHAR, 1990). Isso deu sequência à manutenção do cultivo das ideologias, tradições, hábitos e costumes europeus em terras americanas. Os diferentes sistemas políticos implementados na América Latina pós-colonialista foram, também, cerceadores da prática tradutória decolonial, causando, assim, o desconhecimento mútuo. Tal motivo leva-nos a defender a necessidade de uma prática tradutória decolonial, no âmbito acadêmico, que vise à descolonização das mentes, das identidades e do imaginário latino-americanos. Exemplos dessa ação decolonial (SALES SALVADOR; SPIVAK, 2006; VENUTI, 1995) são, por fim, apontados por nós neste texto, que parte de uma revisão bibliográfica pertinente aos conceitos-chave e aborda nossa própria prática tradutória
A literatura na América Latina: da “angústia da influência” às estratégias de mediação – em busca da identidade
Ao longo deste texto buscamos refletir sobre o modo como os ideais românticoseuropeus se projetaram nas literaturas latino-americanas na tentativa de criar uma expressãoliterária mais autêntica e os entraves que tal projeto encontrou em terras americanas. Presos aosvalores do cânone europeu, os escritores latino-americanos buscaram, e seguem buscando,meios de expressar as peculiaridades da cultura latino-americana pela arte literária, valendo-separ tal, muitas vezes, da ideologia da mediação
QUANDO AS PALAVRAS SALTAM À VIDA, GERAM SENTIDOS E CRIAM CONSCIÊNCIA, FORMA-SE UM LEITOR
Neste texto buscamos refletir sobre a formação do leitor no espaço escola e de como a leitura pode ser meio de descolonização em sociedade estratificadas. Conscientes de que o processo de humanização ocorre pelo acesso e pelo desenvolvimento da linguagem, compartilhamos considerações sobre a importância da leitura ao longo da formação integral. Apontamos para a necessidade da escola como instituição social de promover nessa trajetória a formação do leitor literário capaz de compreender que a linguagem é material maleável, manipulável à formação de discurso. O texto literário, neste sentido, é o mais precioso médio de confrontar o aluno com esse uso da linguagem. Esse processo de formação do leitor literário em busca da humanização do sujeito deve começar já nas séries iniciais do Ensino Fundamental. Nossas proposições estão fundamentadas nos pressupostos de Lajolo (1993), Candido (2004), Soares (2004), Colomer (2007), Petit (2008) Martins (2012), entre outros. Para que esse processo seja eficiente a escola não só deve atentar aos textos lidos, mas também à forma como a leitura está sendo mediada e incentivada pelos professores e realizada pelos alunos
OLHARES DIALÓGICOS SOBRE O PASSADO EM VIGILIA DEL ALMIRANTE (1992), DE AUGUSTO ROA BASTOS
O romance histórico, como texto híbrido, possibilita a confluência da história, ficção e memória na busca da revisão do passado. Uma revisão crítica do descobrimento da América, sob a perspectiva do colonizado, é o objetivo maior ao qual se propõe o romancista paraguaio Augusto Roa Bastos ao longo da sua obra Vigilia del Almirante (1992), que aqui abordaremos. Tal revisão se dá, entre outros meios, na medida em que o autor busca contrapor a hegemonia da cultura letrada, introduzida pelo Almirante, à cultura oral dos povos autóctones. Olhares dialéticos permitem ao romancista registrar outras “verdades” além daquelas consagradas pela história oficial
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