306 research outputs found
Sur l’émergence d’une politique de précision
Cet article analyse le processus de construction de l’autorité des statistiques publiques au Brésil entre 1822 et 1930. Au xixe siècle, la statistique brésilienne est essentiellement administrative, territoriale et électorale, reposant sur des calculs indirects réalisés par des personnes fort de leur réputation et leur prestige pour les valider, malgré l’introduction du recensement moderne et la fondation de la Direction générale de Statistique. Seront examinés le recensement général de 1872 en tant qu’expérimentation fondée sur l’observation, les conventions de l’internationalisme statistique et les formes traditionnelles de classification ; les bulletins et annuaires démographiques à la lumière de la demande croissante de données sur la santé ; le discours statistique des années 1920 comme moment d’inflexion, marqué par l’alignement des politiciens, des intellectuels et de la classe moyenne autour de la régionalisation statistique. L’objectif est d’éclairer les conditions qui assurent au recensement une valeur de vérité et un moyen de formulation de problèmes publics.This article analyses the process of constructing the authority of public statistics in Brazil between 1822 and 1930. In the nineteenth century, Brazilian statistics were essentially administrative, territorial and electoral, based on indirect calculations produced by persons whose reputation and prestige served as a mark of validation, despite the introduction of the modern census and the establishment of the General Direction of Statistics. This article will examine the general census of 1872, viewed as an experiment based on observation, the conventions of statistical internationalism and the traditional forms of classification; the demographic bulletins and annual reports seen in the light of the growing demand for health-related data; and the statistical discourse of the 1920s as a moment of inflection, marked by the alignment of politicians, intellectuals and the middle class on the subject of statistical regionalization. The aim is to shed light on the conditions ensuring the census’s truth value and status as a means to formulate public problems
The 1872 census and the statistical utopia of Brazil’s Empire
O presente texto realiza uma análise do discurso da primeira contagem exaustiva da população brasileira e das suas condições institucionais de produção. Inicia pelo exame do censo visto de dentro, isto é, a partir dos serviços litúrgicos que viabilizaram a operação censitária e das escolhas que levaram à construção de uma utopia estatística para um Império que queria se mostrar externamente poderoso e civilizado. Como mostrou a historiografia com que aqui dialogamos, a inclusão de categorias centrais assumiu um sentido original, de maneira a produzir uma população internamente hierarquizada (pela “condição” e pela “profissão”) e homogênea (pela “língua” e pela “religião”), espelhando as clivagens por meio das quais as elites imperiais se viam e imaginavam o país e sua gente. O artigo pretende contribuir para esta discussão, fazendo uso de documentação administrativa, diplomática e legislativa, obras de memória estatística e fontes ainda pouco conhecidas, como os três únicos boletins de família preenchidos e preservados do censo de 1872, para realçar a distância entre a lógica presente no preenchimento dos questionários e os procedimentos de tabulação dos resultados, especialmente na “condição” e na “profissão”. Para examinar esta distância, assume como hipótese que o olhar do recenseador ainda não se encontrava disciplinado por protocolos observacionais, o que dependeria do trabalho infraestrutural realizado pela autoridade política centralizada. Por fim, examina as inovações do censo à luz da tradição estatística do Império, marcada pela persistência das estimativas populacionais – iniciativa de particulares cuja fonte de autoridade se encontrava no prestígio pessoal de seus realizadores –, aqui analisadas como um registro de verdade que rivalizava com a credibilidade da estatística oficial.Palavras-chave: estudos sociais da quantificação, construção do Estado, história da ciência.The present article analyzes the discourse of the first exhaustive counting of the Brazilian population as well as its institutional conditions of production. By examining the census from within, we intend to shed light on the liturgical services that made the census operation possible and the choices that led to the construction of a statistical utopia for an Empire willing to be recognized as powerful and civilized. On the one hand, this project relied on the adoption of the resolutions issued by the International Statistical Congresses, which established the conventions on what should be counted. On the other hand, classifications were used in original ways and meanings, in order to produce a population that turned out to be internally hierarchical (by “condition” and “profession”) and ethnically homogeneous (by “language” and “religion”), which mirrored the cleavages by which the imperial elites imagined the country and its people. In addition, the article attempts to evaluate the innovations and continuities made possible by the census in the midst of the broader configuration of imperial statistics, marked by the persistence of estimates, a private enterprise whose source of authority lay in the personal reputation of its practitioner.Keywords: social studies of quantification, state building, history of science
The 1872 census and the statistical utopia of Brazil’s Empire
O presente texto realiza uma análise do discurso da primeira contagem exaustiva da população brasileira e das suas condições institucionais de produção. Inicia pelo exame do censo visto de dentro, isto é, a partir dos serviços litúrgicos que viabilizaram a operação censitária e das escolhas que levaram à construção de uma utopia estatística para um Império que queria se mostrar externamente poderoso e civilizado. Como mostrou a historiografia com que aqui dialogamos, a inclusão de categorias centrais assumiu um sentido original, de maneira a produzir uma população internamente hierarquizada (pela “condição” e pela “profissão”) e homogênea (pela “língua” e pela “religião”), espelhando as clivagens por meio das quais as elites imperiais se viam e imaginavam o país e sua gente. O artigo pretende contribuir para esta discussão, fazendo uso de documentação administrativa, diplomática e legislativa, obras de memória estatística e fontes ainda pouco conhecidas, como os três únicos boletins de família preenchidos e preservados do censo de 1872, para realçar a distância entre a lógica presente no preenchimento dos questionários e os procedimentos de tabulação dos resultados, especialmente na “condição” e na “profissão”. Para examinar esta distância, assume como hipótese que o olhar do recenseador ainda não se encontrava disciplinado por protocolos observacionais, o que dependeria do trabalho infraestrutural realizado pela autoridade política centralizada. Por fim, examina as inovações do censo à luz da tradição estatística do Império, marcada pela persistência das estimativas populacionais – iniciativa de particulares cuja fonte de autoridade se encontrava no prestígio pessoal de seus realizadores –, aqui analisadas como um registro de verdade que rivalizava com a credibilidade da estatística oficial.Palavras-chave: estudos sociais da quantificação, construção do Estado, história da ciência.The present article analyzes the discourse of the first exhaustive counting of the Brazilian population as well as its institutional conditions of production. By examining the census from within, we intend to shed light on the liturgical services that made the census operation possible and the choices that led to the construction of a statistical utopia for an Empire willing to be recognized as powerful and civilized. On the one hand, this project relied on the adoption of the resolutions issued by the International Statistical Congresses, which established the conventions on what should be counted. On the other hand, classifications were used in original ways and meanings, in order to produce a population that turned out to be internally hierarchical (by “condition” and “profession”) and ethnically homogeneous (by “language” and “religion”), which mirrored the cleavages by which the imperial elites imagined the country and its people. In addition, the article attempts to evaluate the innovations and continuities made possible by the census in the midst of the broader configuration of imperial statistics, marked by the persistence of estimates, a private enterprise whose source of authority lay in the personal reputation of its practitioner.Keywords: social studies of quantification, state building, history of science
Estatística e política de população no Brasil (1870-1930): notas de pesquisa
Este artigo sintetiza a estrutura e os argumentos centrais de nossa tese de doutorado em andamento, que tem por tema as condições de emergência da estatística como tecnologia de governo no Brasil, isto é, de tradução técnica das demandas políticas e de apresentação dos problemas sociais. Entende que esta dimensão normativa da estatística é inseparável da problematização da população como campo autônomo que funda a análise governamental. Analisa a produtividade de certos marcos teóricos (com destaque para a governamentalidade) para dar conta das especificidades da experiência brasileira, particularmente o silêncio estrutural que caracteriza o a inferência estatística do ponto de vista de sua aplicação a temas sociais e políticos, quadro que se altera progressivamente nos anos 1910 e 1920, com o aparecimento da questão nacional e o dimensionamento da saúde e da educação do país. Finalmente, discute as principais hipóteses que norteiam a referida tese e as estratégias de investigação seguidas em cada um de seus capítulos
Revendo as relações entre ciência, Estado e sociedade:: a perspectiva sócio-histórica da estatística
Resenha sobre a obra:
(Prévost, Jean-Guy; Beaud, Jean-Pierre. Statistics, public debate and the State, 1800- 1945: a social, political and intellectual history of numbers. London: Pickering and Chatto, 2012, 235 p.
Olhos luminosos e peles de metal
Olhos luminosos e peles de meta
Atividades da AAHECP em 2012: o segundo número de sua revista, Estatística e Sociedade, e outros avanços
Editorial do n.2 de Estatística e Sociedad
DA MULTIDÃO AO PÚBLICO: IMAGENS, NARRATIVAS E TECNOPOLÍTICAS NA PRODUÇÃO DA POLARIZAÇÃO PÓS-2013
As manifestações de junho de 2013 trouxeram à tona novas formas de mobilização da sociedade e a emergência de atores que intensificaram os conflitos no espaço público. Estiveram presentes aos primeiros atos pessoas e grupos sociais bastante diversos, de ideologias distintas, que partilhavam um sentimento de indignação generalizado. Entre 2014 e 2015, observamos a organização de novos grupos de direita e a construção da polarização política, cujo ápice foi o impeachment da ex-presidente Dilma Roussef, em 2016, agora com extenso uso de símbolos, gritos de guerra e performances que opunham segmentos de esquerda e direita. O artigo busca contribuir para o debate sobre os significados sociais e políticos das jornadas de junho, realizando uma socio-gênese da polarização que tomou o país. Para tanto, oferecemos um recorte conceitual pouco usual – a passagem da multidão ao público, tal como refletida por Gabriel Tarde-, abordando aspectos ainda carentes de análise, como o papel de narrativas, imagens, números e mapas na construção da opinião pública sobre os acontecimentos, com foco no enquadramento midiático das manifestações ocorridas entre 2013 e 2016
- …