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Monitoramento: uma proposta integrada para avaliação do sucesso em projetos de restauração ecológica
Que problema ambiental é foco deste trabalho? O monitoramento dos resultados de projetos de restauração ecológica demandados pelos órgãos ambientais (e.g., medidas compensatórias; planos de recuperação de áreas degradadas) é central para a avaliação de seu sucesso. Contudo, ele raramente inclui medidas de sustentabilidade do ecossistema em restauração.Qual foi a estratégia do trabalho para contribuir com sua solução? Através de consulta à literatura científica sobre o assunto, produzimos uma matriz de indicadores facilmente utilizável para avaliar a sustentabilidade das populações e dos processos responsáveis por sua manutenção em áreas sob restauração.Qual é a principal conclusão do trabalho? Indicadores dedicados a avaliar parâmetros estruturais da vegetação (e.g., crescimento de árvores) não são capazes de inferir sobre a automanutenção do ecossistema. Desse modo, indicadores da funcionalidade do sistema (e.g., fluxos biológicos; recrutamento de plântulas), de certas mudanças na composição da comunidade (e.g., aparecimento das novas formas de vida e táxons) e de mudanças socioeconômicas.(e.g., aderência pelos proprietários; geração de renda) deveriam ser usados
Perda de habitat, leis ambientais e conhecimento científico: proposta de critérios para a avaliação dos pedidos de supressão de vegetação
Que problema ambiental é foco deste trabalho? A ausência de um protocolo pragmático e com base ecológica para a avaliação de viabilidade ambiental em processos de autorização de supressão de vegetação nativa (ASV).Qual foi a estratégia do trabalho para contribuir com sua solução? Integrar conhecimento acadêmico e aplicado a partir do diálogo entre técnicos ambientais e ecólogos visando desenvolver um protocolo com essas caraterísticas.Qual é a principal conclusão do trabalho? O uso de uma árvore de decisões que integra três escalas espaciais e explicita critérios de precaução tem potencial para qualificar os pareceres técnicos sobre ASV
Perda de habitat e limiar de extinção em plantas lenhosas (Myrtaceae) da Mata Atlântica.
O uso e a ocupação das regiões tropicais pelo homem têm se baseado na substituição de
paisagens florestadas por ambientes antropizados. Para a Mata Atlântica, um dos
biomas mais ameaçados em escala global, estimativas indicam que 350km2 de florestas
são perdidas anualmente, acarretando em extinções locais e perda dos processos
ecológicos e serviços ecossistêmicos associados. Esforços visando à conservação das florestas tropicais têm sido fomentados com base no conhecimento ecológico, a
exemplo dos limiares de extinção. O conceito de limiares é baseado na relação não-linear entre uma resposta ecológica e a redução de habitat, através de um ponto de quebra numa determinada quantidade de habitat. A ocorrência e a determinação do valor de limiares associados à perda de habitat, até o momento, são derivadas principalmente de modelos computacionais, com foco em populações animais. Estudos empíricos que avaliam tal relação foram conduzidos principalmente em ambientes temperados. Certos grupos de plantas apresentam características que as tornam grupos
relevantes para a avaliação do modelo de limiares, a exemplo das Myrtaceae, um dos
principais grupos de plantas para a Mata Atlântica, tipicamente do interior de florestas e sensível às alterações antrópicas. Porém, indivíduos adultos podem permanecer na paisagem durante um longo tempo mesmo após sua alteração devido ao retardo de tempo em suas respostas, diferente dos indivíduos jovens que foram estabelecidos recentemente na paisagem. A ocorrência do limiar pode subsidiar a gestão ambiental através de pontos de referência para manutenção ou restauração de habitats naturais, porém há divergências na literatura sobre o seu uso. Objetivamos nesse estudo avaliar se a ocorrência do limiar de extinção para a comunidade de plantas lenhosas (Myrtaceae) é possível num bioma extenso, representado por áreas com diferentes qualidades de habitat e matriz, como a Mata Atlântica; e se o padrão de perda de espécies ocorre de forma diferente entre indivíduos jovens e adultos. Foram avaliadas nove paisagens com diferentes quantidades de habitat (entre 5-55%), em diferentes trechos da Mata Atlântica
da Bahia. Em cada paisagem foram implantadas oito parcelas de 10x25m e coletados os
indivíduos com CAP ≥ 8cm, sendo divididos em riqueza de regenerantes (CAP entre 8 e
15cm), jovens (CAP entre 15 e 30cm), adultos (CAP ≥ 30cm) e total (CAP ≥ 8cm). Foi
identificada uma relação em limiar entre quantidade de habitat e riqueza de Myrtaceae,
sendo observada uma redução de espécies jovens e adultas somente após o limiar em
40% (riqueza jovens), 27% (riqueza adultos) e 35% (riqueza total). Indivíduos regenerantes não apresentaram limiar, porém foram mais sensíveis à perda de habitat,
com redução de espécies ocorrendo ao longo de todo gradiente: de 40 para 5 espécies
apenas. Discutimos as diferenças observadas entre as categorias de plantas, as suas
possibilidades e limitações na aplicação dos resultados em gestão ambiental.Capes, FapesbSalvado
Biodiversity and Conservation
Texto completo: acesso restrito. p. 3141-3163Efforts to conserve tropical forests could be strengthened based on ecological knowledge, such as extinction thresholds in ecological processes. Many studies of extinction thresholds associated with habitat reduction have focused on animals, generally at the patch scale. However, certain plant groups are very interesting models with which to study this type of relationship, such as Myrtaceae in Neotropical forests. Because trees are long-lived organisms, local extinctions in response to habitat loss may occur in different ways due to a time lag. In this study, our objective was to assess the occurrence of extinction thresholds at the landscape scale for Myrtaceae in a large biome and the pattern of species reduction in different tree size classes. We studied nine landscapes with different amounts of available habitat (between 5 and 55 % forest cover) in different parts of the Atlantic Forest in Bahia, Brazil, and in each landscape, we evaluated four plant classes based on tree circumference: saplings (CBH between 8 and 15 cm), young (CBH between 15 and 30 cm) adults (CBH ≥30 cm) and total (all individuals with CBH ≥8 cm). Landscapes with forest cover less than 25 % presented an approximately sixfold reduction in Myrtaceae total species richness compared with landscapes with forest cover greater than 40 %. We identified a relationship with a threshold between the amount of available habitat at the landscape level and Myrtaceae richness, with a reduction in total, sapling and young species below a threshold of 40 % forest cover, whereas adults had an extinction threshold at 30 % forest cover. We discuss the differences among the categories of plants associated with a time lag and the possibilities and limitations in applying these results in environmental management
Acta Botanica Brasilica
p. 197-202Efeitos de borda são modificações nos parâmetros físicos, químicos e biológicos observados na área de contato da margem da floresta com a matriz circundante, sendo a disponibilidade de luz um fator crucial para o seu desencadeamento. O objetivo do estudo foi avaliar a influência da disponibilidade de luz sobre a abundância de espécies pioneiras no interior de fragmentos de uma floresta tropical submontana, no município de Wenceslau Guimarães, Bahia. Os resultados mostram uma redução da abundância de espécies pioneiras com o aumento da distância em relação à borda, sendo explicada pelo aumento do adensamento foliar, e conseqüente diminuição da disponibilidade de luz a partir de 30 metros de distância da borda. O entendimento deste padrão se mostra satisfatório ao explicar a distribuição de plantas pioneiras em paisagens fragmentadas, sendo útil no desenvolvimento de estratégias de gestão visando o manejo adequado da paisagem
Memórias dos Projetos de Gestão dos Recursos Ambientais do Baixo Sul: Diálogos entre Natureza, Sociedade e Academia
Entre os anos de 2000 e 2005, dois projetos consecutivos de gestão de ambientes litorâneos foram financiados pelo Fundo Nacional do Meio Ambiente-FNMA. Os projetos foram executados pela Fundação Ondazul e foram coordenados pela Universidade Federal da Bahia-UFBA. Esses projetos tiveram o foco na investigação da capacidade de carga dos recursos ambientais do Arquipélago de Tinharé, Cairu, Bahia, em especial aqueles utilizados pelas populações tradicionais dos vilarejos de Garapua e Galeão para as suas subsistências e comercialização. O modelo operacional desses projetos fundamentou-se no desenvolvimento de forma integrada, de pesquisa, ensino e extensão, através de diálogos entre a academia, representada por estudantes e professores orientadores da UFBA, e pescadores e marisqueiras das duas localidades em apreço. Nesse contexto, procurou-se compreender a percepção ambiental das sociedades para que os diálogos pudessem ser estabelecido, as variáveis físicas e químicas que regulavam a ecologia dos ambientes costeiros estudados, a capacidade de suporte desses ambientes para fornecer e manter a produtividade de organismos de interesse comercial, a sustentabilidade de recursos ambientais usualmente utilizados pelo artesanato local e iniciativas em maricultura como alternativa para a produção de renda. Essa experiência pioneira na UFBA, gerou 21 trabalhos de final de curso, desenvolveu metodologias específicas para a gestão de ecossistemas costeiros através de estudos científicos e tecnologias sociais, e implementou no Arquipélago de Tinharé as bases metodológicas e conceituais para o estabelecimento de uma comunidade de conservação, cujos efeitos são hoje sentidos nos discursos, e nas práticas das sociedades da região. Experiências como essa não revelam de imediato os resultados antes projetados, ao contrário, levam tempo para que respostas tangíveis sejam produzidas. No entanto, servirão de exemplo para futuras iniciativas nas quais a academia esteja envolvida em diálogos com as sociedades e importante base de referência para os órgãos ambientais normatizadores . O que está sendo apresentado agora é uma condensação dos trabalhos de final de graduação dos alunos envolvidos nesses projetos