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    Síndrome pré-menstrual : associação com função sexual e qualidade do sono conforme fases do ciclo menstrual

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    Introdução: A Síndrome Pré-Menstrual (SPM) é uma combinação de sintomas psicológicos, cognitivos, físicos e comportamentais observados na fase lútea tardia do ciclo menstrual. A SPM pode afetar as relações interpessoais, interações sociais, produtividade, estilo de vida, desempenho escolar e bem-estar emocional. Outros aspectos significativos da qualidade de vida são a saúde sexual, qualidade do sono e sonolência diurna excessiva; a associação da SPM com esses outros aspectos da qualidade de vida pode causar um sofrimento ainda maior. O objetivo do presente estudo foi analisar se há associação entre SPM e distúrbios do sono ou função sexual com a fase do ciclo e fatores sociodemográficos (e.g. idade, anos de estudo, paridade), de saúde (e.g. uso de contraceptivo oral cíclico) e antropométricos (e.g. índice de massa corporal). Método: Estudo transversal analítico foi realizado no Serviço de Atenção Primária e Centro de Pesquisas Clínicas do Hospital de Clínicas de Porto Alegre com mulheres com idade entre 18 e 45 anos. Os critérios de inclusão foram: ser mulher; idade entre 18 e 45 anos; apresentar ciclos menstruais regulares (24 a 35 dias); não ter recebido diagnóstico prévio ou atual de doenças mentais; não fazer uso de substâncias psicotrópicas; ser sexualmente ativa. Já os critérios de exclusão foram: gravidez ou irregularidade menstrual; diagnóstico de depressão pelo questionário ´Primary Care Evaluation of Mental Disorders´; responder “sem atividade sexual” no questionário ´Female Sexual Function Index´ (FSFI); iniciar uso de contracepção hormonal contínua; não preencher os instrumentos do estudo nas diferentes fases do ciclo menstrual. Foram coletados dados sobre características sociodemográficas, dados antropométricos e estilo de vida, e as participantes preencheram a versão brasileira do questionário FSFI, do ´PittsburghSleep Quality Index´(PSQI) e da ´Epworth Sleepiness Scale´ (ESE), tanto na fase lútea quanto na folicular. A versão brasileira do ´Premenstrual Symptoms Screen Tool´ foi utilizada para triagem da SPM; aquelas com uma triagem positiva inicial para PMS completaram o ´Daily Record of Severity of Problems´ para confirmar o diagnóstico de SPM. Resultados: A amostra inicial foi composta por 206 participantes que apresentaram prevalência de disfunção sexual de 42,1%, de baixa qualidade do sono de 59.9% e de sonolência excessiva diurna de 40.6%; a associação dessas disfunções com os parâmetros analisados foi evidenciada apenas entre pacientes com obesidade e alto grau de sonolência excessiva diurna. Das 121 mulheres, 69 foram diagnosticadas com SPM. Não houve diferença na prevalência de disfunção sexual feminina entre os grupos nas diferentes fases do ciclo. Realizando a equação de estimativa generalizada, não houve diferença entre as médias do FSFI nos grupos (p = 0,606) ou interação entre a fase do ciclo e o grupo (p = 0,956). Houve associação entre a fase lútea e piores escores no FSFI (p = 0,014); essa associação ocorreu também em alguns dos domínios da FSFI, a saber: excitação (p = 0,028), lubrificação (p = 0,014), orgasmo (p = 0,037) e dor (p = 0,001). As participantes com SPM relataram baixa qualidade do sono nas fases folicular e lútea com mais freqüência (63,8% com SPM x 36,5% sem SPM, p = 0,003; teste Qui-quadrado). O risco de má qualidade do sono foi duas vezes maior em mulheres com SPM em comparação às mulheres sem essa disfunção (OR = 3,057; IC95% 1,44-6,45). Também houve interação entre os grupos e os escores do PSQI (p <0,001). Em relação à sonolência diurna excessiva, não houve diferença na frequência do distúrbio entre os diferentes grupos na fase folicular (p = 0,236; teste do quiquadrado) ou lútea(p = 0,145; teste Qui-quadrado). Foi demonstrada interação entre ter maiores escores na ESE e SPM (p = 0,022; GEE ajustado para múltiplas comparações pelo teste de Bonferroni e para idade); além disso, pacientes sem SPM apresentaram menores escores na ESE na fase lútea (p = 0,012; GEE ajustado para múltiplas comparações pelo teste de Bonferroni e para idade). Conclusão: Apesar de demonstrado em estudos anteriores, não encontramos associação entre disfunção sexual e SPM. No entanto, notamos mudanças importantes na função sexual feminina durante a fase lútea, inclusive em mulheres sem SPM. Nossas descobertas reforçam a ideia de que, durante o período prémenstrual, as mulheres experimentam mudança na percepção sexual ou variações hormonais que podem ter um impacto na vida sexual. Além disso, encontramos associação entre SPM e má qualidade do sono avaliada pelo PSQI, semelhante a estudos anteriores. Além disso, demonstramos que mulheres com SPM apresentam escores de sonolência significativamente maiores e as sem SPM escores menores durante a fase lútea. Apesar disso, é de se considerar que as alterações de distúrbios do sono em pacientes com SPM pode não ser uma consequência da disfunção, mas um viés do impacto negativo associado aos sintomas prémenstruais.Introduction: Premenstrual Syndrome (PMS) is a combination of psychological, cognitive, physical and behavioral symptoms, which is seen in the late luteal phase of the menstrual cycle. PMS can affect an individual's interpersonal relationships, social interactions, productivity, lifestyle, school performance and emotional well-being. Otherssignificant aspects of quality life are sexual health, sleep quality and excessive daytime sleepiness; the association of PMS with this aspects of quality life can cause even greater suffering. The purpose of the present study was to analyze whether there is an association between PMS and sleep disorders or sexual function with the menstrual cycle and sociodemographic (e.g. age, years of schooling, parity), health (e.g. use of cyclic oral contraceptive) and anthropometric (e.g. body mass index) factors. Method: Analytical cross-sectional study survey was conducted at the Primary Care Service and Clinical Research Center at Hospital de Clínicas de Porto Alegre with women aged between 18 and 45 years old. The inclusion criteria were: being a woman; age between 18 and 45 years; have regular menstrual cycles (24 to 35 days); not having received a previous or current diagnosis of mental illness; not using psychotropic substances; and being sexually active. The exclusion criteria were: pregnancy or menstrual irregularity; diagnosis of depression using the ´Primary Care Evaluation of Mental Disorders´ questionnaire; answer “no sexual activity” in the ´Female Sexual Function Index´ (FSFI) questionnaire; start continuous hormonal contraception; not filling out the study instruments at the different stages of the menstrual cycle. We collected data about sociodemographic characteristics, anthropometric data and lifestyle, and the participants filled out the Brazilian’s version of the 19-item female sexual function index (FSFI) questionnaire, Pittsburgh Sleep Quality Index (PSQI) and the Epworth Sleepiness Scale (ESS) in both the luteal and follicular phases. We used the Brazilian’s version of Premenstrual Symptoms Screen Tool for the screening of PMS; and those with an initial positive screening for PMS completed the Daily Record of Severity of Problems to confirm PMS diagnosis. Results: The initial sample consisted of 206 participants who had a prevalence of sexual dysfunction of 42.1%, poor sleep quality of 59.9% and excessive daytime sleepiness of 40.6%; the association of these dysfunctions with the parameters analyzed was evident only among patients with obesity and a high degree of excessive daytime sleepiness. Of 121 women, 69 were diagnosed with PMS. There was no difference in the female sexual dysfunction (FSD) prevalence between groups in the different cycle phases. Performing generalized estimating equation, there was no difference between FSFI’s means in groups (p=0.606) or interaction between cycle phase and group (p=0.956). There was an association between luteal phase and worst scores on FSFI (p=0.014); this association occurred only in some FSFI domains such as arousal (p=0.028), lubrification (p=0.014), orgasm (p=0.037) and pain (p=0.001). The participants with PMS reported poor sleep quality in the follicular and luteal phases more frequently (63.8% with PMS x 36.5% without PMS, p = 0.003; Chi-Square test). The risk of poor sleep quality was two times higher in women with PMS compared to women without this dysfunction (OR=3.057; IC95% 1.44-6.45). There was also an interaction between groups and PSQI scores (p < 0.001). Regarding excessive daytime sleepiness, there was no difference in the frequency of the disorder between the different groups in the follicular (p = 0.236; chi-square test) or luteal (p = 0.145; Chi-square test) phase. An interaction was demonstrated between having higher scores on ESE and SPM (p = 0.022; GEE adjusted for multiple comparisons using the Bonferroni test and for age); in addition, patients without PMS had lower ESE scores in the luteal phase (p = 0.012; GEE adjusted for multiple comparisons using the Bonferroni test and for age). Conclusion: Despite being demonstrated in previous studies, we did not find an association between FSD and PMS. Nevertheless we noticed important changes in female sexual function during the luteal phase, including in women without PMS. Our findings strengthen the idea that, during the premenstrual period, women experience a change in sexual perception or hormonal variations which can have an impact in sexual life. Besides that, we found an association between PMS and poor sleep quality evaluated by PSQI, similar to previous studies. In addition, we demonstrated that women with PMS have significantly higher sleepiness scores and those without PMS lower scores during the luteal phase. Despite this, it is to be considered that changes in sleep disorders in patients with PMS may not be a consequence of the dysfunction, but a bias of the negative impact associated with premenstrual symptoms

    Abordagem do luto na Atenção Primária em Saúde

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    O luto é a experiência causada pelo falecimento de uma pessoa próxima e representa uma resposta natural ao estresse da perda; envolve sintomas psicológicos e fisiológicos que acarretam aumento da morbidade e mortalidade. Os pacientes enlutados consultam mais vezes na Atenção Primária em Saúde (APS) e recebem mais medicação psicotrópica; apesar disso, o luto é negligenciado nas atividades de promoção da saúde, e frequentemente as equipes não sabem como abordá-lo de forma eficaz. Há evidências de que os médicos de família e comunidade podem não ter as habilidades apropriadas para fornecer suporte ao luto. Por isso, o objetivo deste estudo foi orientar os profissionais da APS na abordagem ao luto. Métodos: Realizou-se uma revisão integrativa em diversas bases de dados em junho de 2021, que incluiu artigos publicados, sem determinação de período temporal, em português, inglês e espanhol. Ao final da busca na literatura, 49 artigos foram selecionados para avaliação. Avaliação e recomendações: A maioria das pessoas irá se adaptar à perda sem a necessidade de intervenções clínicas; não há evidência para benefício do uso de benzodiazepínicos e antidepressivos a pacientes enlutados que não apresentem critérios para doença mental. Além disso, a preferência é pela realização de uma abordagem biopsicossocial. Considerações finais: As evidências científicas demonstram que há poucos estudos nos quais os profissionais que atuam na APS possam embasar sua prática. Apesar dessas limitações, os estudos disponíveis servem como base para orientações de abordagem ao luto

    Diagnóstico de síndrome pré-menstrual : um estudo comparativo entre o relato diário da gravidade dos problemas (DRSP) e o instrumento de rastreamento de sintomas pré-menstruais (PSST)

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    Objective To validate the premenstrual symptoms screening tool (PSST) in relation to the daily record of severity of problems (DRSP) for premenstrual syndrome (PMS) and premenstrual dysphoric disorder (PMDD) diagnoses. Methods A cross-sectional study with 127 women (20–45 years) with PMS complaints. The women were evaluated in terms of weight, height and body mass index (BMI). After using the primary care evaluation of mental disorders (PRIME-MD) questionnaire to exclude the diagnosis of depression, the PSST was completed and the women were instructed to fill out the DRSP for two consecutive menstrual cycles. The agreement between the two questionnaires was assessed by the Kappa (k) and the prevalence-adjusted, bias-adjusted kappa (PABAK) values. Results Two-hundred and eighty-two women met the eligibility criteria and answered the PSST. The DRSP was completed for two cycles by 127 women. The percentages of women with PMS and PMDD diagnoses by the DRSP were 74.8% and 3.9% respectively; by PSST, the percentages were41.7% and 34.6% respectively. The number of patients considered “normal” (with symptoms below the threshold for the diagnosis of PMS) was similar in both questionnaires. There was no agreement (Kappa ¼ 0.12) in the results of PMS/ PMDD diagnosis (the PABAK coefficient confirmed this result ¼ 0.39). The PSST had a high sensitivity (79%) and a low specificity (33.3%) for PMS/PMDD diagnosis. Conclusion The PSST should be considered a diagnostic screening tool. Positive PMS/PMDD cases by PSST should be further evaluated by DRSP to confirm the diagnosis.Objetivo Validar o instrumento de rastreamento de sintomas pré-menstruais (PSST) em relação ao relato diário da gravidade dos problemas (DRSP) para o diagnóstico de síndrome pré-menstrual (SPM) e de transtorno disfórico pré-menstrual (TDPM). Métodos Um estudo transversal com 127 mulheres entre 20 e 45 anos com queixas de SPM. As mulheres foram avaliadas quanto ao peso, à altura e ao índice de massa corporal (IMC). Depois de excluir o diagnóstico de depressão pelo questionário de avaliação de distúrbios mentais para atenção primária (PRIME-MD), o PSST foi respondido e as mulheres receberam orientações sobre como preencher o DRSP por dois meses. A concordância entre os dois questionários foi conduzida através do índice de Kapa (k) e pelo PABAK. Resultados Duzentos e oitenta e duas mulheres com critérios elegíveis responderam ao PSST. O DRSP foi preenchido por dois ciclos por 127 mulheres. As porcentagens de mulheres com diagnósticos de SPM e de TDPM pelo DRSP foram de 74,8% e 3,9%, respectivamente; pelo PSST, as porcentagens foram de 41,7% e 34,6%, respectivamente. O número de pacientes consideradas “normais” (com sintomas abaixo do necessário para o diagnóstico de SPM) foi similar nos dois questionários. Análises demonstraram não haver concordância entre ambos os instrumentos para os resultados diagnósticos de SPM e TDPM (Kappa ¼ 0,12, coeficiente de PABAK ¼ 0,39). Para o diagnóstico de SPM/TDPM, o PSST apresentou uma alta sensibilidade (79%) e baixa especificidade (33,3%). Conclusão O PSST é considerado uma ferramenta de triagem. Conclui-se que casos positivos de SPM/TDPM pelo PSST devem ser melhor investigados pelo DRSP para confirmar o diagnóstico
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