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O elogio à noite em Vladimir Jankélévitch (1903-1985)
Vladimir Jankélévitch concede um lugar de destaque à imagem e à experiência noturna, tanto em sua reflexão ontológica quanto musicológica. Ao contrário do que se observa de modo predominante na tradição filosófica ocidental, o filósofo francês contemporâneo efetua, em diversos momentos de sua obra, uma espécie de "elogio à noite", que merece ser investigado. O presente trabalho propõe, assim, identificar os principais fatores capazes de garantir a extrema positividade do motivo noturno no pensamento jankélévitchiano. Por meio deste estudo, será possível reconhecer algumas das influências fundamentais que, em alguns casos reinterpretadas, compõem a original perspectiva do filósofo. Dentre elas, encontram-se as poéticas musicais romântica e impressionista, a filosofia de Henri Bergson e toda uma tradição mística e apofática, na qual certa imagem da noite é igualmente valorizada.Vladimir Jankélévitch concedes to the image and experience of nighttime a proeminent place, both in his ontological and musicological reflections. Contradicting what is usually observed in Western philosophical tradition, the French contemporary philosopher elaborates, in different moments of his work, a kind of "compliment to the the night", worthy of study. Therefore, the current article intends to point out the main factors which contribute to the extreme positivity of the nocturnal motive in Jankélévitch's thought. Through this analysis it will be possible to recognize some of the fundamental influences which, in some cases reinterpreted, compose the original perspective of the philosopher. Among them, stand out the Romantic and Impressionist musical poetics, the philosophy of Henri Bergson, and a whole mystical and apophatical tradition, in which certain nocturnal image is equally valued
Antropologia em contraponto:
A música desempenha papel de centralidade não só na estética de Vladimir Jankélévitch, mas em toda a sua reflexão filosófica. Radicalmente inscrita na temporalidade, a experiência musical apresenta certos traços fundamentais que também caracterizam a concepção ontológica, ética e antropológica do autor. Este artigo focalizará, especificamente, possíveis pontos de confluência entre a música e o ser humano, recorrendo a um método analógico empregado com frequência pelo filósofo. Assim, a fim de abordarmos o problema antropológico, recorreremos à arte sonora e a fim de abordarmos o mistério musical, recorreremos ao sujeito que a cria, interpreta e aprecia. Nesta abordagem, serão especialmente examinados aspectos como a brevidade, a singularidade, a inefabilidade e a ambiguidade, partilhados pela música e pelo ser humano no pensamento jankélévitchiano
Atributos privativos e musicais do fenômeno noturno
Desde a sua análise como mero fenômeno, elaborada com pretensões de neutralidade, a noite é por nós concebida a partir de atributos predominantemente privativos. Estes se acentuam culturalmente na tradição ocidental, que tende a desvalorizá-los como signos de um vazio de ordem ontológica, epistemológica, ética e, até mesmo, estética. Associadas a uma esfera de negatividade, tais privações parecem impedir ou, pelo menos, dificultar o tratamento artístico da experiência noturna, sobretudo quando este pretende se realizar num modelo de arte em continuidade com uma proposta visual e iluminista. Tomando como base nossa tese de doutorado, intitulada XXX, pretendemos aqui analisar de que modo os atributos privativos referentes à noite não só dificultam a sua mímese quanto estão presentes, sob nova interpretação, em contextos que revalorizam positivamente a experiência noturna, potencializando-a, assim, como motivo. Dentre estes contextos, concederemos particular atenção à arte musical, que, coincidentemente, manifesta para o teórico e o ouvinte alguns dos mesmos atributos privativos identificados na análise primária do noturno. A fim de efetuar este estudo, recorreremos ao pensamento de Vladimir Jankélévitch, principal fundamentação teórica da tese cujo percurso será sintetizado neste artigo
O MOTIVO DA NOITE: DA ESTERILIDADE INDIZIVEL A MUSICALIDADE INEFAVEL
Para la aproximación propia del arte mimético tradicional el problema que surge
ante la representación del motivo nocturno implica una serie de paradojas
fundamentales: ¿cómo representar lo que no se muestra, lo indeterminado, el vacío que
ofrece pocos elementos a la apreciación estética?
En la primera parte de esta investigación, tras asentar en términos
fenomenológicos el problema del arte nocturno y examinar la intensificación de sus
paradojas en medio de las cosmovisiones que han constituido la cultura occidental -
donde han sido los imaginarios de la vista y de la luz los que han fundamentado una
estética que va a la par de una metafísica, una epistemología y una ética- discernimos
cómo este problema en realidad aparente se disuelve desde el momento en que se
rescata la extrema fecundidad de la experiencia nocturna. El análisis de tal disolución,
rastreada en una genealogía estética y místico-poética a contramano de la tendencia
dominante, anuncia un "lugar" emblemático en que lo nocturno se potencializa
positivamente: la experiencia auditivo-musical.
A lo largo de este movimiento de resolución y superación de las paradojas iniciales,
se observa cómo la noche sirve de imagen para dos niveles antitéticos de inexpresabilidad,
los que son delimitados mediante una reutilización crítica de los conceptos de lo indecible
y lo inefable extraídos de la obra de Vladimir Jankélévitch. Por un lado, en la noche
indecible, se halla aquello que, al no contener nada, impide toda representación verbal o
artística. Por otro, en la noche inefable, aquello que, por su riqueza, no se comunica en
una sola imagen o palabra, pero aun así, o por lo mismo, posee un infinito potencial
expresivo. El incógnito visual de lo nocturno remite entonces a la indeterminación de lo
que acoge múltiples posibilidades y de lo que se ofrece como inagotable fuente poética.
Es precisamente situándose y continuando críticamente la vía abierta por
Jankélévitch, que en la segunda parte exploramos la fecundidad artística y fenoménica de
la noche en su íntima afinidad con la escucha y con la música, arte que, según el filósofo
francés, congrega el atributo de la inefabilidad y una esencia nocturna. En medio de una
valoración de la aprehensión no-visual del mundo, examinamos los vínculos o parentescos
entre lo auditivo-musical y lo nocturno, lo que nos permite precisar la fecundidad de la
experiencia nocturna en el horizonte de una estética que favorece lo evocativo más que lo
representacional
O elogio à noite em Vladimir Jankélévitch (1903-1985)
Vladimir Jankélévitch concedes to the image and experience of nighttime a proeminent place, both in his ontological and musicological reflections. Contradicting what is usually observed in Western philosophical tradition, the French contemporary philosopher elaborates, in different moments of his work, a kind of “compliment to the the night”, worthy of study. Therefore, the current article intends to point out the main factors which contribute to the extreme positivity of the nocturnal motive in Jankélévitch’s thought. Through this analysis it will be possible to recognize some of the fundamental influences which, in some cases reinterpreted, compose the original perspective of the philosopher. Among them, stand out the Romantic and Impressionist musical poetics, the philosophy of Henri Bergson, and a whole mystical and apophatical tradition, in which certain nocturnal image is equally valued.Vladimir Jankélévitch concede um lugar de destaque à imagem e à experiência noturna, tanto em sua reflexão ontológica quanto musicológica. Ao contrário do que se observa de modo predominante na tradição filosófica ocidental, o filósofo francês contemporâneo efetua, em diversos momentos de sua obra, uma espécie de “elogio à noite”, que merece ser investigado. O presente trabalho propõe, assim, identificar os principais fatores capazes de garantir a extrema positividade do motivo noturno no pensamento jankélévitchiano. Por meio deste estudo, será possível reconhecer algumas das influências fundamentais que, em alguns casos reinterpretadas, compõem a original perspectiva do filósofo. Dentre elas, encontram-se as poéticas musicais romântica e impressionista, a filosofia de Henri Bergson e toda uma tradição mística e apofática, na qual certa imagem da noite é igualmente valorizada
O elogio à noite em Vladimir Jankélévitch (1903-1985)
Vladimir Jankélévitch concede um lugar de destaque à imagem e à experiência noturna, tanto em sua reflexão ontológica quanto musicológica. Ao contrário do que se observa de modo predominante na tradição filosófica ocidental, o filósofo francês contemporâneo efetua, em diversos momentos de sua obra, uma espécie de "elogio à noite", que merece ser investigado. O presente trabalho propõe, assim, identificar os principais fatores capazes de garantir a extrema positividade do motivo noturno no pensamento jankélévitchiano. Por meio deste estudo, será possível reconhecer algumas das influências fundamentais que, em alguns casos reinterpretadas, compõem a original perspectiva do filósofo. Dentre elas, encontram-se as poéticas musicais romântica e impressionista, a filosofia de Henri Bergson e toda uma tradição mística e apofática, na qual certa imagem da noite é igualmente valorizada.Vladimir Jankélévitch concedes to the image and experience of nighttime a proeminent place, both in his ontological and musicological reflections. Contradicting what is usually observed in Western philosophical tradition, the French contemporary philosopher elaborates, in different moments of his work, a kind of "compliment to the the night", worthy of study. Therefore, the current article intends to point out the main factors which contribute to the extreme positivity of the nocturnal motive in Jankélévitch's thought. Through this analysis it will be possible to recognize some of the fundamental influences which, in some cases reinterpreted, compose the original perspective of the philosopher. Among them, stand out the Romantic and Impressionist musical poetics, the philosophy of Henri Bergson, and a whole mystical and apophatical tradition, in which certain nocturnal image is equally valued