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Evolução da adoção e difusão dos medicamentos biossimilares nos Hospitais do SNS e análise dos seus determinantes
RESUMO - Introdução: Atualmente, o crescimento das despesas em saúde é uma preocupação para muitos países, sendo uma parte substancial desse aumento proveniente da despesa com produtos farmacêuticos. Dessa forma, os medicamentos biossimilares surgem como uma oportunidade para melhorar a eficiência dos recursos disponíveis, sem comprometer o acesso e a qualidade dos serviços de saúde. No entanto, estudos indicam que a utilização de biossimilares, nos hospitais do Serviço Nacional de Saúde (SNS), poderá não estar a ser suficiente para que se possa usufruir dos benefícios financeiros que estes acarretam. Este estudo visa determinar a relação entre a adesão aos biossimilares e as caraterísticas dos hospitais do SNS onde são prescritos.
Metodologia: Foi realizado um estudo observacional analítico transversal. Para tal, foram utilizados os dados do consumo de medicamentos biológicos e biossimilares das entidades do SNS, no horizonte temporal de janeiro de 2015 a julho de 2019, obtidos através do Portal da Transparência do SNS.
Resultados: Os resultados deste estudo indicam que existe relação entre o Estatuto e a Dimensão das entidades e a adesão destes aos medicamentos biossimilares, podendo considerar que estas são características influenciadoras no processo de adoção dos biossimilares.
Conclusão: Deste estudo conclui-se que os Hospitais Universitários e os Hospitais de maiores dimensões são os que melhor aderem aos medicamentos. Nesse sentido, os decisores políticos deverão incentivar a colaboração e partilha de conhecimento entre as entidades, bem como a revisão das políticas e incentivos, com o intuito de fomentar a adoção dos biossimilares nas entidades que menos utilização estas terapias.ABSTRACT - Introduction: The increase in health expenditures is an emerging concern in many countries, being a substantial part of this increase related to pharmaceuticals. Biosimilar medicines arise as an opportunity to improve efficiency without compromising access and quality of health services. However, studies indicate that the use of biosimilars in National Health Service (SNS) hospitals may not be sufficient to generate the expected savings. This study aims to determine the relationship between adherence to biosimilars and the characteristics of the SNS hospitals where they are prescribed.
Methodology: A cross-sectional observational analytical study was performed. For this purpose, data were used on the consumption of biological and biosimilar drugs of SNS entities, between January 2015 to July 2019, from the “Portal da Transparência do SNS”.
Results: The results of this study show that there is a relationship between the status and dimension of SNS hospitals and their adherence to biosimilar drugs.
Results: This study concludes that University Hospitals and larger Hospitals are the ones that best adhere to biosimilars. In this sense, policy makers should encourage collaboration and knowledge sharing between entities, as well as the review of policies and incentives, in order to encourage the adoption of biosimilars
FENESTRAÇÃO DA LÂMINA DE DISSEÇÃO COM AGULHA TIPS, UMA TÉCNICA ADJUVANTE NO TRATAMENTO ENDOVASCULAR DE ANEURISMAS DISSECANTES DA AORTA TORACO-ABDOMINAL
Introdução: Na dissecção crónica complicada de degeneração aneurismática, é frequente existirem fendas espontâneas entre o verdadeiro e o falso lúmen ao nível das artérias viscerais. No entanto, na sua ausência ou difícil identificação, o tratamento com recurso a f/bEVAR está limitado. Nesses casos, pode ser necessária a criação de fenestrações para permitir o acesso aos vasos viscerais.
Métodos / Resultados: Apresentam-se 2 casos de procedimentos de fenestração de lâmina de disseção crónica em doentes submetidos num segundo tempo a f/bEVAR. Em ambos os doentes, os exames de follow-up a 1 ano mostram permeabilidade das endopróteses e ramos viscerais da aorta, redução do saco aneurismático e ausência de sinais de disseção ou endoleaks.
Conclusões: Na criação de fenestrações, a rigidez da lâmina de disseção crónica pode requer a utilização de dispositivos grosseiros com risco acrescido de rotura aórtica, como a agulha de TIPS. Para prevenir essa complicação, além do meticuloso planeamento pré-operatório por angio-TC, é essencial a correta identificação intra-operatória do verdadeiro e falso lúmen recorrendo a IVUS ou a angiografia do duplo lúmen aórtico. Nos casos apresentados, a referida técnica foi eficaz
EVOLUÇÃO DA FORMAÇÃO EM CIRURGIA VASCULAR NOS ÚLTIMOS 15 ANOS EM PORTUGAL
Introdução: A evolução na especialidade de Angiologia e Cirurgia Vascular foi acompanhada de diferenças na formação durante o internato.
Objetivos: O principal objetivo deste estudo foi mostrar as diferentes tendências na formação no internato ao longo dos últimos 15 anos, nomeadamente no que respeita à aprendizagem cirúrgica e produção científica.
Métodos: Identificação dos médicos que terminaram o internato de Angiologia e Cirurgia Vascular entre 2002 e 2017, inclusive, a nível nacional e colheita dos dados através da consulta dos currículos para a prova final de conclusão do internato complementar.
Resultados: Em Portugal, de 2002-2017, constatou-se um aumento do número total de intervenções cirúrgicas realizadas como 1º cirurgião (p<0.024), na proporção de procedimentos endovasculares (p<0.001), bem como na diferenciação avançada de procedimentos endovasculares (p<0.001). Relativamente aos procedimentos por Doença Arterial Periférica (DAP) aorto-ilíaca, verificou-se uma diminuição do número de procedimentos convencionais (p<0.022) e um aumento do número de procedimentos endovasculares (p<0.017). Em cirurgia de aneurisma da aorta abdominal (AAA), verificou-se uma diminuição nos procedimentos realizados como 1º cirurgião (p<0.02) e um aumento marcado no número total de procedimentos endovasculares de AAA (p<0.002) e como 1º cirugião (p<0.001). A nível científico, verificou-se um aumento no número total de publicações (p<0. 018).
Conclusão: Apesar da exposição a intervenções cirúrgicas durante o internato complementar se ter mantido constante nos últimos 15 anos em Portugal, contata-se um marcado aumento no número e diferenciação de procedimentos endovasculares. Verificou-se um decréscimo do número e diferenciação de procedimentos cirúrgicos convencionais, nomeadamente em cirurgia DAP aorto-ilíaca e de AAA. Confirma-se uma crescente preocupação com a vertente científica durante a formação
ANEURISMA DA AORTA ABDOMINAL COMPLICADO DE FÍSTULA AORTO-CAVA PRIMÁRIA — EXPERIÊNCIA INSTITUCIONAL E REVISÃO DA LITERATURA
Introdução: A fístula aorto-cava primária (FAC) é uma entidade clínica rara, associada a menos de 1% dos AAA. As principais manifestações clínicas são insuficiência cardíaca aguda (ICA), edema dos membros inferiores, lesão renal aguda (LRA) e insuficiência hepática aguda (IHA). A cirurgia convencional associa-se a elevada mortalidade (16–66%)(1). Apesar da limitada evidência acerca da abordagem desta patologia, o tratamento endovascular, quando exequível, aparenta ser eficaz e associado a menor morbimortalidade. Os autores têm como objetivo descrever a apresentação clínica, terapêutica e resultados dos AAA complicados de FAC num hospital terciário e comparar com os dados disponíveis na literatura.
Material e Métodos: Análise retrospetiva dos AAA complicados de FAC tratados entre Janeiro de 2014 e Maio de 2020 num hospital terciário. Os dados foram colhidos através da consulta do processo clínico eletrónico e foram incluídas variáveis demográficas, clínicas, do procedimento e eventos clínicos pós-operatórios.
Resultados: Durante este período, identificaram-se quatro doentes com AAA complicado de FAC submetidos a cirurgia emergente. Os doentes eram do sexo masculino, com idade média de 70(±8) anos e história de tabagismo (n=4). Na admissão, os sintomas mais comuns foram dor lombar (n=4) e hipotensão/taquicardia (n=4). Outros sinais/sintomas frequentes foram massa abdominal pulsátil (n=3) e LRA/hematúria (n=2). Em dois doentes, a AngioTC na admissão revelou AAA com hematoma retroperitoneal sem evidência de FAC, que apenas foi diagnosticada intra-operatoriamente. Dois doentes foram submetidos a interposição aorto-bi-ilíaca com rafia endoaneurismática da fístula; um foi submetido a pontagem aorto-bi-femoral com rafia endoaneurismática da fístula e um foi submetido a exclusão endovascular com endoprótese aorto-bi-ilíaca Gore Excluder C3®. As perdas hemáticas foram muito superiores nos doentes submetidos a cirurgia convencional. As complicações pós-operatórias mais frequentes foram a LRA (n=3), insuficiência respiratória (n=2) e IHA (n=2). O doente submetido a EVAR aorto-bi-ilíaco não apresentou qualquer complicação pós-operatória, tendo alta ao 7º dia pós-operatório. Até aos 30 dias, verificou-se uma reintervenção: hemicolectomia esquerda por colite isquémica no 1º dia pós-operatório de cirurgia convencional. Após os 30 dias, observou-se 1 reintervenção: implantação de endoprótese bifurcada ilíaca por aneurisma ilíaco direito, no doente submetido a EVAR. Em dois casos, verificou-se o óbito no período pós-operatório precoce (2º e 3º dia). Os restantes doentes têm um follow-up de 66 e 29 meses.
Conclusões: A FAC pode ocorrer em associação ou não a rotura de AAA com hematoma retroperitoneal e, nalguns casos, não é evidente na AngioTC e apenas detetada intra-operatoriamente. Tendo em conta a nossa experiência e o descrito na literatura, deve existir um elevado índice de suspeição para esta complicação dos AAA nos casos de congestão venosa aguda com disfunção orgânica de novo (LRA, ICA, IHA), mesmo na presença apenas de hematoma retroperitoneal imagiologicamente. A cirurgia convencional com rafia endoaneurismática da FAC e interposição protésica foi a técnica cirúrgica de eleição. No entanto, o tratamento endovascular, se exequível, aparenta ser eficaz e com menor morbilidade e mortalidade nos AAA complicados de FAC. O não encerramento da comunicação aorto-cava por via endovascular não parece resultar em morbilidade significativa. Se se verificar preenchimento da fístula por endoleak tipo II, apesar da evidência escassa na literatura, a vigilância clínica e imagiológica parece ser uma opção segura, desde que se associe a evolução favorável do saco aneurismático e ausência de sintomas
GENDER DIFFERENCES IN CHRONIC LOWER LIMB ISCHEMIA PRESENTATION AND REVASCULARIZATION OUTCOMES
Introduction: Sex-specific data on outcomes after lower limb revascularization associate the female gender with worse surgical outcomes, particularly after open procedures. Women were found to be more likely to suffer from procedure complications, limb loss, and mortality than their male counterparts. This study aims to identify differences in demographic characteristics, clinical presentation and all major outcomes after lower limb revascularization between female and male patients.
Methods: This retrospective, single-center study comprises all never-revascularized lower limbs in patients with clinically diagnosed PAD who underwent a lower limb therapeutic vascular intervention in a tertiary hospital between January 2017 and December 2018. Women's limbs Group (F) was compared against men's limbs Group (M). The primary endpoint was major amputation, and the secondary endpoints were restenosis/occlusion, vascular reintervention and overall survival. Subgroup analysis was undertaken considering open, endovascular or hybrid procedures.
Results: Group M included 324 male lower limbs; patients had a mean age of 67,5 years. Group F included 96 female lower limbs; patients had a mean age of 71,7 years (p<0,001). There were no significant differences in cardiovascular risk factors between groups, aside from a higher prevalence of smoking in Group M and hypertension in Group F (p<0.001). 83% of Group F procedures and 79% of procedures in Group M were performed due to CLTI (p=0,321). We found no statistically significant difference between groups regarding wound or infection grading (WIfI) and femoropopliteal or BTA anatomic disease staging (GLASS). Group M was more likely to have aortoiliac (p=0,014) and common femoral artery disease (p=0.001), and Group F to have more severe BTK disease (p=0,012). Group F had a higher proportion of endovascular procedures (p<0.001). Amputation rates in Group M and Group F were 8±2% and 7±3% at 1 month, 14±2% and 16±4% at 1 year, 15±2% and 19±4% at 2 years, respectively (p=0,564). There were no significant differences in rates of procedure restenosis/occlusion between groups (p=0,395). Reintervention rates in Group M and Group F were 13±2% and 13±3% at 1 month, 21±2% and 20±4% at 1 year, 25±3% and 24±5% at 2 years, respectively (p=0,74). Overall survival in Group M and Group F was 97±1% and 93±3% at 1 month, 84±2% and 84±4% at 1 year, 77±3% and 72±5% at 2 years, respectively (p=0,443). Stratifying according to the type of vascular procedure (open, endovascular or hybrid), we found no significant difference between groups in the outcomes mentioned above.
Conclusion: Overall, women were more likely to be older, to have more severe BTK disease, and to undergo endovascular procedures. However, this study suggests no major differences in limb outcomes for women who undergo lower limb revascularization procedures
LEFT HEART DYSFUNCTION AND HEART VALVE DISEASE DO NOT INFLUENCE OUTCOMES AFTER LOWER LIMB REVASCULARIZATION
Introduction: Inadequate systemic perfusion as a consequence of heart disease may compromise inflow to lower limb revascularization procedures, decreasing short and mid-term patency. It may be theorized that patients suffering from heart valve disease or reduction of left ventricular ejection fraction (LVEF) have worse limb outcomes after lower limb revascularization.
Method: This retrospective study included all first lower limb revascularization procedures performed in a tertiary hospital, between January 2017 and December 2018, in patients with diagnosed PAD and an available preoperative transthoracic echocardiogram (TTE). The group with moderate to severe heart disease in TTE (Group 1, defined as LVEF<40% or moderate to severe valvular heart disease) was compared against the group with no or mild heart disease in TTE (Group 2, defined as LVEF≥40% and no or mild valvular heart disease). Subgroup analysis was undertaken considering the presence and severity of the individual heart change on TTE. Primary endpoint was major amputation, and secondary endpoints were diagnosed restenosis/occlusion, vascular reintervention and overall survival.
Results: The study included 268 lower limb revascularization procedures. Group 1 and 2 included 70 and 198 procedures, respectively. In both groups, the prevalence of CLTI was 89%. There were no significant differences in wound and infection grading (in WIfI), and anatomic disease staging (in GLASS), between Groups 1 and 2. In Group 1, 73% were endovascular procedures (65% in Group 2; p=0,34). Amputation rates in Group 1 and 2 were 9% and 13% at 1 month, 19% and 20% at 1 year and 19% and 22% at 2 years, respectively (p=0,758). Diagnosed restenosis/occlusion rates in Group 1 and 2 were 5% and 15% at 1 month, 18% and 26% at 1 year and 24% and 31% at 2 years, respectively (p=0,119). Reintervention rates in Group 1 and 2 were 13% and 18% at 1 month, 25% and 27% at 1 year and 30% and 32% at 2 years, respectively (p=0,614). After subgroup analysis according to the presence and severity of individual heart change, the difference remained non-significant for the above-mentioned outcomes. Overall survival in Group 1 and 2 was 92% and 96% at 1 month, 61% and 86% at 1 year and 52% and 80% at 2 years, respectively (p<0,001). LVEF<40% was associated with worse overall survival (p<0,001), as was moderate to severe valvular heart disease (p=0,004).
Conclusion: Our study suggests that moderate to severe heart disease, detected in TTE, does not influence limb-related outcomes after revascularization procedures. However, patients with valvular heart disease or LVEF reduction have worse overall survival. We should not expect worse limb outcomes in patients with heart disease, but aggressive tertiary prevention should be provided to improve vital prognosis
ISQUEMIA AGUDA RENAL, UMA EMERGÊNCIA CIRÚRGICA VASCULAR COM EVOLUÇÃO AINDA DESCONHECIDA
Introdução: A incidência de isquemia aguda renal é baixa. A experiência publicada do seu tratamento cirúrgico resume-se a séries de casos e não há indicações bem definidas para a revascularização renal em caso de isquemia aguda.
Métodos: Estudo observacional retrospetivo realizado com base na consulta de processos clínicos de doentes submetidos a revascularização de artéria renal por isquemia aguda renal, num hospital universitário terciário, de Janeiro de 2011 a Junho de 2020. O endpoint primário foi a taxa de diálise aos 30 dias e os endpoints secundários foram a taxa de doença renal crónica de novo aos 30 dias e a sobrevida aos 30 dias.
Resultados:
Foram incluídos 11 doentes com isquemia aguda renal. As causas da oclusão arterial renal foram: disseção aórtica (N=3), trombose de artéria renal nativa (N=3), trombose de revascularização renal prévia (N=3), embolia (N=1) e trauma fechado (N=1). Dois dos casos corresponderam a doentes com rim único. A mediana de tempo desde o início do quadro até à revascularização cirúrgica foi de 24 horas. Dois doentes apresentavam doença renal crónica prévia conhecida. A apresentação clínica foi de dor lombar ou abdominal (n=8), HTA não controlada (N=5) e/ou oligoanúria (N=5). O diagnóstico foi realizado em todos com recurso a angio-TC. Em todos os doentes, a artéria renal principal estava afetada (N=9 desde o seu óstio) e havia algum grau de captação de contraste pelo rim afetado. Em todos os casos, foi realizada a revascularização unilateral de uma artéria renal com sucesso angiográfico, com exceção de um dos três casos em que a isquemia renal era bilateral, em que ambas as artérias renais ocluídas foram revascularizadas. Com exceção de um doente com oclusão de stent (submetido a angioplastia com DCB), todos foram submetidos a angioplastia com stent (6 com stents cobertos). Dois doentes apresentaram oligoanúria no pós-operatório e quatro necessitaram de pelo menos uma sessão dialítica. Aos 30 dias, a taxa de diálise foi de 11% (doente com isquemia aguda renal bilateral de etiologia traumática com 13 horas de evolução) e a taxa de doença renal crónica de novo de 22%. A sobrevida aos 30 dias foi de 90%.
Conclusão: Nesta população de doentes, pode-se verificar a reversão da isquemia aguda renal mesmo após oclusões prolongadas das artérias renais. No entanto, com os dados disponíveis, não é possível anteceder quais os doentes que recuperarão a função renal prévia após revascularização urgente com sucesso angiográfico. Por ser rápido e pouco invasivo, o tratamento endovascular é a primeira linha no tratamento cirúrgico da isquemia aguda renal na nossa instituição.
ENDOPRÓTESE NELLIX® NO TRATAMENTO DE AAA NUMA INSTITUIÇÃO TERCIÁRIA — RELATO DO INSUCESSO
Introdução: A endoprótese Nellix® (Endologix Inc., Irvine CA) é composta por dois stents expansíveis por balão envolvidos por endobags preenchidos por um polímero, obliterando assim o saco aneurismático – Endovascular Aneurysm Sealing (EVAS). Inicialmente, pelas suas propriedades, foi introduzida com instruções para uso (IFU) alargadas, possibilitando a utilização em Aneurismas da Aorta Abdominal (AAA) de anatomia mais complexa. Porém, durante a experiência com esta endoprótese, foi descrito um elevado número de complicações, levando à restrição progressiva das IFU. Atualmente, o seu uso livre foi descontinuado e apenas está disponível em centros selecionados e para efeitos investigacionais. O objetivo deste estudo é reportar os resultados institucionais da utilização da endoprótese Nellix® no contexto de AAA.
Material e Métodos: Realizou-se um estudo retrospectivo referente a doentes tratados a AAA utilizando a endoprótese Nellix® numa instituição terciária universitária. Foram incluídos todos os casos eletivos e urgentes, identificados através da consulta de registos clínicos da instituição. Foram excluídos casos de aneurisma toraco-abdominal. Os dados referentes às características de base, procedimento realizado, curso do internamento e seguimento pós hospitalar foram obtidos por consulta dos processos clínicos. Foram analisados como endpoints o sucesso técnico e clínico aos 30 dias, assim como complicações e intervenções secundárias a médio e longo prazo.
Resultados: Entre 2015 e 2017, a esta endoprótese foi utilizada em 12 doentes, 9 homens e 3 mulheres, com média de 71(±8) anos. As comorbilidades mais frequentemente associadas foram HTA (n=12), tabagismo (n=7), cardiopatia isquémica (n=7), DAOP (n=6) e DRC (n=6). Em todos os doentes a indicação foi aneurisma primário degenerativo, com uma excepção, cuja indicação foi a presença de endoleak (EL) tipo 1a pós-EVAR prévio. Dez doentes foram submetidos a cirurgia eletiva e dois a cirurgia urgente, ambos por aneurisma sintomático. Três eram aneurismas aortoilíacos e os restantes aórticos (n=9), sendo que 3 tinham envolvimento de pelo menos uma artéria renal. Nove doentes foram submetidos a EVAS sem procedimentos complementares; os restantes a EVAS com chimney (ChEVAS) para as renais e/ou artéria mesentérica superior (n=3). O diâmetro médio pré-operatório era de 57mm (±6.5mm). Num doente tratou-se concomitantemente um aneurisma popliteu através do implante de stent coberto. Aos 30 dias verificou-se o óbito em 2 doentes submetidos a ChEVAS. As complicações mais frequentes foram Insuficiência Respiratória (n=3) e LRA com necessidade de diálise (n=3), sendo que em dois houve oclusão intencional das artérias renais (doentes com DRC terminal em pré-diálise). Neste período, houve uma reintervenção, por isquémia aguda de membro por trombose aguda de stent popliteu, tratada com sucesso com trombólise dirigida por catéter.Após os 30 dias, verificou-se o óbito em 4 doentes (sobrevivência aos 2 anos de 60%, SE=.154). As complicações verificadas foram EL tipo 1a (n=3), EL 1b (n=1) e trombose de stent aórtico (n=1). Dois doentes foram submetidos a intervenção secundária: um submetido a pontagem femoro-femoral cruzada por trombose de stent e outro a explantação protésica e reconstrução in-situ através de pontagem aorto-bifemoral. No último, verificou-se o óbito no pós-operatório precoce. Dois doentes aguardam intervenção secundária por EL tipo 1a e crescimento do saco. O diâmetro médio do saco aneurismático no último exame ou pré-intervenção secundária era 59mm (±10.6mm). O tempo médio de follow-up é de 2.3(±1.6) anos.
Conclusões: Na nossa instituição, a utilização da endoprótese Nellix® está associada a elevada taxa de complicações perioperatórias e a médio prazo, com elevada taxa de complicações relacionadas com o aneurisma, sendo o EL tipo 1a a mais frequente. Apesar de atualmente o uso livre da endoprótese estar descontinuado, os doentes que foram submetidos previamente a EVAS carecem de um plano de vigilância específico e mais intensivo, para deteção e correção atempada de complicações
Venous thrombectomy after failure of catheter-directed thrombolysis for the treatment of three cases of phlegmasia
INTRODUCTION: Phlegmasia cerulea (PC) is a severe form of deep vein thrombosis. In the setting of massive venous thrombosis and severe ischemia, catheter-directed thrombolysis (CDT) or trombectomy is mandatory. We report three cases of women with PC managed with venous thrombectomy after failure of CDT.
CASE REPORTS: 1: 20 years-old, with recent intake of oral contraceptive, referred with acute onset of limb swelling, pain and a cold left lower extremity associated with foot pallor, paresthesia and numbness. Doppler ultrasound revealed occlusive thrombosis of the entire deep venous system and the great saphenous vein (GSV). Anticoagulation (AC) and CDT were started. However due to increasing levels of transaminases, creatine kinase and myoglobin, CTD was stopped and venous thrombectomy was proposed. A retrievable inferior vena cava filter (IVC) was implanted and venous surgical trombectomy. The completion venography showed a Cockett compression that was treated with stenting of the left iliac vein. Thrombophilia tests were positive for anticardiolipin antibodies an hyperhomocysteinemia. At 3-years follow-up, the patient is asymptomatic and under AC. The 3-year Doppler showed normal patency for the iliac stent and a mild femoropopliteal vein insuffiency.
2: 19 year-old, taking oral contraceptives, with acute onset of PCD with acute thrombus in the left iliac, femoral, popliteal veins. CDT was started at admittance but stopped after two days because of very low values of serum fibrinogen and persistence of occlusive thrombus in the iliac vein. A retrievable IVC filter was placed and the thrombus removed with surgical thrombectomy. Phlebography showed no significant residual thrombus and no signs of compression were present. At 1 month follow-up, the patient presented without leg edema or venous claudication symptoms. Thrombophilia testing is awaited.
3: 54 year-old who presented with low back pain, worsening left leg pain and swelling with a cyanosed and colder foot. At doppler ultrasound there were monophasic arterial flow in the left leg. After exclusion of arterial embolism, the first therapeutic approach was CDT, but it was also stopped due to very low fibrinogen levels and an ineffective thrombus lysis in venography controls. After implantation of a retrievable IVC, surgical thrombectomy via femoral vein was performed, with successful thrombus removal. Venography showed Cockett syndrome and a stent was implanted. At 6 months the patient remained without major symptoms, and Doppler confirmed stent patency with non residual obstruction or venous insufficiency.
CONCLUSION: Awareness and timely diagnosis of phlegmasia cerulea is necessary to ensure prompt intervention to prevent loss of limb. When CDT is not effective, surgical thrombectomy remains successfully alternative. Iliac venous stenting complement is also crucial to treat associated Cockett syndrome. Endovascular thrombectomy devices may be a reasonable alternative to surgical thrombectomy
Cirurgia aberta de aneurisma da aorta abdominal por internos de cirurgia vascular: à beira da extinção?
INTRODUÇÃO: Nas últimas duas décadas, a abordagem de tratamento de aneurisma da aorta abdominal (AAA) mudou drasticamente de cirurgia aberta para cirurgia endovascular. A diminuição de cirurgia de AAA convencional , open aneurysm repair (OAR), levanta preocupações relativamente à competência dos futuros cirurgiões vasculares para executar este procedimento complexo e de alto risco. O principal objetivo deste estudo foi avaliar as tendências de tratamento de AAA entre internos de Cirurgia Vascular, ao longo de 15 anos, a nível nacional.
MÉTODOS: Identificação dos médicos que terminaram o internato de Angiologia e Cirurgia Vascular entre 2002 e 2017, inclusive, a nível nacional e colheita dos dados através da consulta dos currículos para a prova final de conclusão do internato complementar. Foram avaliados o total de cirurgias por AAA, tanto por OAR e por EVAR e contabilizadas aquelas realizadas como 1o cirurgião. A correlação entre o número de cirurgias abertas de AAA e o ano de conclusão do internato complementar foi testada usando o coeficiente de correlação de Spearman.
RESULTADOS: Em Portugal, de 2002-2017, apesar de não se verificar variabilidade no número total de OAR realizados, verificou-se um decréscimo marcado naqueles realizados como 1o cirurgião (rho=-0,363; P<0.02). No final do internato em 2007, um interno de Cirurgia Vascular realizava em média 15 casos de OAR e em 2007 a média foi de apenas 7 casos. Por outro lado, constatou-se um aumento marcado no número total de procedimentos de EVAR (rho=0,478; P<0.02) bem como aqueles realizados como 1ocirurgião (rho=0,540; P<0.01).
CONCLUSÃO: O presente estudo revela que os internos de Cirurgia Vascular, a nível nacional, se encontram expostos a progressivamente menos casos de OAR e verifica-se uma diminuição significativa nos procedimentos de OAR como 1o cirurgião.