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Sarcoma de Kaposi, sífilis e neurocriptococose em paciente HIV positivo
A infecção pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV) tornou-se um problema de saúde pública em todo o mundo nas últimas décadas. A principal característica do HIV é a supressão do sistema imunológico pelo ataque aos linfócitos T CD4+ que enfraquece o sistema imunológico e torna o indivíduo suscetível a infecções oportunistas,neoplasias secundárias e doenças neurológicas. Este estudo objetiva relatar e discutir o caso de um paciente HIV positivo que apresentou concomitantemente Sarcoma de Kaposi (SK), sífilis e neurocriptococose, todas doenças relacionadas ao HIV. Trata-se de um paciente masculino, 31 anos, que procurou o serviço do hospital de referência com lesões cutâneas violáceas em face, membros superiores e tórax, com três meses de evolução. Ao exame dermatológico exibiu placas eritematovioláceas infiltrativas, com bordas regulares, elevadas, descamativas e com diâmetros variáveis. Obteve sorologia positiva para anticorpos anti-HIV e VDRL, iniciando protocolos de terapiaantirretroviral (TARV) e de tratamento para sífilis. O paciente retornou ao serviço 30 dias após alta hospitalar, com queixa de cefaleia de forte intensidade, refratária à analgesia com opioides, associada a vômitos persistentes. Realizada tomografia computadorizada de crânio, sem alterações, e, posteriormente, punção liquórica que evidenciou a presença de criptococo. Iniciado esquema terapêutico para neurocriptococose e realizadas outras duas punções liquóricas para alívio do quadro álgico. Este relato está de acordo com o que presume a literatura médica, reafirmandoque pacientes HIV positivos apresentam maior predisposição para condições como o SK, a sífilis e a neurocriptococose. Dessa forma, o estudo ilustra com ineditismo a ocorrência simultânea de complexas manifestações clínicas no mesmo paciente imunossuprimido.Human immunodeficiency virus (HIV) infection has become a worldwide public health problem in recent decades. The main characteristic of HIV is the suppression of the immune system by attacking CD4+ T lymphocytes, which weakens the immune system and makes the individual susceptible to opportunistic infections, secondary neoplasms, and neurological diseases. This study aims to report and discuss the case of an HIV-positive patient who presented concomitantly Kaposi’s Sarcoma (KS), primary syphilis, and neurocryptococcosis, all HIV-related. This is a 31-year-old male patient who sought care at the reference hospital with violaceous skin lesions on the face, upper limbs and chest, with a three-month evolution. Dermatological examination showed infiltrative erythematous-violet plaques, with regular, elevated, scaly edges and varying diameters. He obtained positive serology for anti-HIV and VDRL antibodies, initiating antiretroviral therapy (ART) and treatment protocols for primary syphilis. The patient returned to the service 30 days after hospital discharge, complaining of severe headache, refractory to analgesia with opioids, associated with persistent vomiting. Cranial computed tomography was performed and did not demonstrate alterations; later CSF puncture showed the presence of cryptococcus. A therapeutic scheme for neurocryptococcosis was started, and two other CSF punctures were performed to relieve the pain. This report agrees with the medical literature, reaffirming that HIV-positive patients present a greater predisposition to conditions such as KS, syphilis,and neurocryptococcosis. Thus, the study illustrates with uniqueness the simultaneous occurrence of complex clinical manifestations in the same immunosuppressed patient
Transtornos de ansiedade em adolescentes em situação de vulnerabilidade social: Uma revisão narrativa / Anxiety disorders in socially vulnerable adolescents: A narrative review
Introdução: A adolescência é o período entre a infância e a fase adulta, marcado por um intenso e complexo desenvolvimento biopsicossocial, permeado por oscilações, descobertas e a busca pela formação de uma identidade. Esse vívido processo, com frequência, repercute em diversos campos da vida do adolescente, desafiando, diariamente, a saúde mental do jovem em construção. Tal desafio traz à tona algumas repercussões psicológicas, o qual destacam-se os transtornos de ansiedade. Sob esse cenário, busca-se compreender e relacionar os determinantes sociais que influenciam a saúde mental do adolescente no Brasil, de modo especial, o agente vulnerabilidade social. Método: O estudo em formato de revisão narrativa, selecionou 19 artigos científicos, dentre as plataformas LILACS, MedLine, PubMed, SciELO e IBECS. Os descritores em saúde foram selecionados conforme leitura dos artigos que atendiam às propostas - ansiedade, adolescente, vulnerabilidade social, saúde mental, pesquisados com o operador booleano AND, além de pertencer ao universo de publicações entre os anos 2011 e 2021. Resultados: As literaturas levantadas mostraram diferentes aspectos do tema, o qual destacam-se a prevalência dos transtornos de ansiedade em adolescentes entre 3,3 e 32,3% da população mundial, o predomínio discreto no sexo feminino e a cultura de exclusão como importante fator de vulnerabilidade social. A revisão chama atenção para a prevalência de transtornos mentais, em especial a ansiedade, em crianças e adolescentes que foram vítimas de abuso sexual, violência e experiências traumáticas. Discussão: Compreendendo a adolescência como um período naturalmente delicado, o estudo ilustra a relação da vulnerabilidade social e todos os determinantes contidos neste espectro - envolvimento com drogas, situação familiar delicada, envolvimento escolar precário, supressão dos direitos, falta de oportunidades e trabalho precoce, automutilação e suicídio, redes de apoio frágeis - junto à saúde mental de adolescentes. Dessa forma, num cenário vulnerável, pontuam-se as repercussões ocasionadas a este grupo, destacando os transtornos de ansiedade e sua significativa prevalência. Conclusão: Esta revisão apontou para a necessidade de se realizar mais estudos acerca desta temática. Apesar desse cenário, foi possível estabelecer a forte relação dos vários componentes da vulnerabilidade social e sua repercussão na saúde mental do adolescente, propiciando um cenário ainda mais favorável ao surgimento dos transtornos de ansiedade. Por fim, reforça-se a relevância deste tema, amparada pelo crescente número de casos no Brasil e no mundo, justificando a realização de novos estudos que oportunizem debates e soluções nessa problemática social, biológica e psicológica