61 research outputs found

    BREVE ENSAIO SOBRE MÍDIA E SUAVIZAÇÃO DE PRÁTICAS LINGÜÍSTICAS

    Get PDF
    Neste texto, com base nas idéias de Norbert Elias, Michel Foucault, Jean-Jacques Courtine e Michel Pêcheux, procuramos refletir sobre o papel dos mais diversos suportes midiáticos no desencadeamento de um verdadeiro processo suavizatório dos costumes lingüísticos. Ilustram nossa reflexão alguns acontecimentos discursivos sobre saberes metalingüísticos, dizeres avaliativos sobre a língua veiculados pela mídia brasileira entre os anos 2000 e 2004. A nossa análise evidencia que, atualmente, todos os nossos sentimentos e práticas são calculados, espetacularizados e positivados por uma espécie de humanismo político midiático de boas intenções

    ANOTAÇÕES SOBRE O FuNCIONAMENTO DA INTERDISCuRSIvIDADE CuLTuRAL EM ChARgES POLÍTICAS

    Get PDF
    Neste artigo, partimos da discussão feita por Possenti sobre o conceito de interdiscurso com o objetivo de compreender o funcionamento da interdiscursividade cultural em charges políticas veiculadas pela mídia impressa brasileira, boliviana e espanhola em 2001, 2005 e 2009, respectivamente. Nas charges analisadas, a marca cultural possui uma força grande na transformação dos atores políticos em alvo de comentários e questionamentos humorísticos, misturando as esferas pública e privada. A marca cultural se constitui em mais um dos dispositivos que regem os múltiplos planos do discurso, isto é, a sua semântica global

    Ressignificação discursiva em diferentes contextos: linguística popular e ludolinguístas

    Get PDF
    In this paper, at first, with some vagueness, we present the reflections of Marie-Anne Paveau (2019a, 2019b and 2020) on the issue of discursive resignification. Then, we tested this proposal on different data that Marie-Anne Paveau mobilized. It is a small set of texts that re-signify, on the one hand, the whitening of Machado de Assis and, on the other, some of Jair Bolsonaro's insulting speeches given to different social actors. Finally, based on the category of ludolinguist, proposed by Paveau (2008/2018/2020) and, based on a set of data, which make Jair Bolsonaro's disastrous performance in the face of the Amazon and Pantanal fires, as well as its ineffective performance in relation to the price control of some products, metonymically represented by the designations Bolsonero and Bolsocaro, we propose the category of humorous resignification. Based on the analysis, we understand that discursive resignification, especially humorous, can become an important tool to combat hate speech, which currently circulates in our society and which crystallize the most varied power relations. Neste artigo, num primeiro momento, com certo vagar, apresentamos as reflexões de Marie-Anne Paveau (2019a, 2019b e 2020) sobre a questão da ressignificação discursiva. Na sequência, testamos essa proposta em dados distintos dos quais Marie-Anne Paveau mobilizou. Trata-se de um pequeno conjunto de textos que ressignificam por um lado o branqueamento de Machado de Assis e, por outro, algumas das falas insultuosas de Jair Bolsonaro desferidas a distintos atores sociais.  Por último, a partir da categoria de ludolinguista, proposta por Paveau (2008/2018/2020) e, com base num conjunto de dados, que tornam em derrisão a atuação desastrosa de Jair Bolsonaro frente às queimadas da Amazônia e do Pantanal, bem como a sua atuação pouco eficaz frente ao controle de preços de alguns produtos, representados metonimicamente pelas designações Bolsonero e Bolsocaro, propomos a categoria de ressignificação humorística.  Entendemos com base nas análises que a ressignificação discursiva, especialmente a humorística, pode se tornar numa importante ferramenta de combate aos discursos de ódio, que circulam atualmente na nossa sociedade e que cristalizam as mais variadas relações de poder

    CITAÇÃO, DESTACABILIDADE E AFORIZAÇÃO NO TEXTO IMAGÉTICO?

    Get PDF
    Neste texto, faremos uma discussão de fundo epistemológico, procurando compreender como a mídia dá a ler determinados acontecimentos históricos da política brasileira por meio de textos imagéticos. Como corpora, elegem-se fotografias de atores políticos que circularam no jornal Folha de S. Paulo, durante o segundo turno das eleições presidenciais brasileiras de 2010. A discussão assenta-se nos trabalhos de Dominique Maingueneau acerca de citação, destacabilidade e aforização. Nossa questão de fundo é pensar, por um lado, como se dá o processo de citação, destacabilidade e aforização do texto imagético na mídia impressa e digital e, por outro, em que medida esse trabalho de recorte do imagético interfere na interpretação do acontecimento histórico posto em narrativa, fornecendo ao leitor uma espécie de percurso deôntico de interpretação. PALAVRAS-CHAVE: discurso, texto imagético, citação, destacabilidade, aforização  QUOTATION, DETACHMENT AND AFORIZATION IN PICTORIAL TEXTS?  ABSTRACT: In this article, we will undertake a discussion with an epistemological background trying to comprehend how the media offers to read certain historical events in Brazilian politics through pictorial texts. As corpora we elected political actor’s photographs that circulated in Folha de S. Paulo newspaper during the second round of the 2010 Brazilian presidential elections. Our discussion is firmly seated in Dominique Maingueneau’s work (2006, 2008 and 2010) about quotation, detachment and aforization. Our bottom question is to think on one hand, how the process of citation, detachment and of aforization works in pictorial text inside printed and digital media, and on the other hand, in which manner these cuts of the pictorial texts interferes in the interpretation of the historical event, that is put into narrative, providing the reader a kind deontic journey of interpretation.KEYWORDS: discourse, pictorial text, quotation, detachment, aforization

    Citação, destacabilidade e aforização no texto imagético: possibilidades?

    Get PDF
    Neste texto, realizamos uma discussão de fundo epistemológico, procurando compreender como a mídia dá a ler determinados acontecimentos históricos da política brasileira por meio de textos imagéticos. Como corpora, elegemos fotografias de atores políticos que circularam no jornal Folha de S. Paulo, durante o segundo turno das eleições presidenciais brasileiras de 2010. Nossa discussão está fortemente assentada nos trabalhos de Dominique Maingueneau acerca de citação, destacabilidade e aforização. Nesses trabalhos, o teórico propõe uma densa discussão sobre a circulação dos textos verbais em nossa sociedade, isto é, sua reflexão busca saber como certos textos circulam – inteiros, em fragmentos, adaptados – e por que, de um texto integral, frequentemente circulam apenas partes – finais, começos, pequenas frases. Dessa discussão empreendida, tentamos tirar algumas consequências teóricas a partir da análise de textos que mobilizam em sua constituição não apenas recursos verbais, mas, principalmente, recursos de natureza imagética. Nossa questão de fundo é pensar, por um lado, como se dá o processo de citação, destacabilidade e aforização do texto imagético na mídia impressa e digital e, por outro, em que medida esse trabalho de recorte do imagético interfere na interpretação do acontecimento histórico, fornecendo ao leitor uma espécie de percurso deôntico de interpretação

    A LINGUAGEM POLITICAMENTE CORRETA NO BRASIL: UMA LÍNGUA DE MADEIRA?

    Get PDF
    Este trabalho se situa no encontro de três pesquisas em curso: uma sobre o humor (que é muitas vezes politicamente incorreto), outra sobre algumas questões teóricas no interior da AD (em especial a questão da heterogeneidade da linguagem e a das diversas posições do sujeito) e outra sobre mudanças pragmáticas e discursivas no português brasileiro. O trabalho comenta basicamente a relevância, em especial para a Análise de Discurso de algumas formas lingüísticas cujo sentido conota desvalorização de indivíduos ou grupos, levando em consideração especialmente alguns casos nos quais certas palavras estiveram em disputa, já que esses fatos revelam um determinado jogo de forças e alguns dos argumentos utilizados. O estudo procura verificar também em que medida a textualização do politicamente correto, nos mais diferentes gêneros discursivos, a partir de uma concepção transparente de língua ao afirmar a evidência dos sentidos, se constitui num discurso totalitário, numa língua de madeira. A ênfase a tais fatos se justifica pela relevância que a AD dá às condições extra-lingüísticas na produção dos efeitos que os enunciados (ou as palavras) produzem quando utilizados nos discursos

    A (re)construção do ethos discursivo

    Get PDF
    Há mais de dez anos, no Brasil, a noção de ethos discursivo passou a ser um tema recorrente em inúmeros artigos, livros, dissertações e teses. Compreendido como “a imagem de si no discurso”, o conceito de ethos é, muitas vezes, explorado de maneira pouco reflexiva. Acreditamos que as condições de produção do mundo contemporâneo e os novos objetos de análise suscitam outras discussões e ampliações a respeito do ethos discursivo. Destacamos que algumas postulações começaram a ser realizadas. O presente trabalho teve como objetivo principal revelar algumas recentes reflexões teóricas que ainda não tiveram muita visibilidade no meio acadêmico. Mais especificamente, pretendemos demonstrar como essas ampliações teóricas podem ser usadas no momento da análise. Para tanto, utilizamos como corpus sete entrevistas televisivas realizadas com a ex-presidenta Dilma Rousseff no período de 2010 a 2016. O referido corpus nos proporcionou a oportunidade de fazer análises iniciais de possíveis deslocamentos teóricos-metodológicos da noção de ethos. Ao se observar o sujeito político em interação,  verificamos que as imagens de si são construídas não mais apenas nos enunciados da própria ex-presidenta, mas também nos enunciados das perguntas feitas pelos jornalistas. Com as análises, pudemos concluir que o surgimento de novas problemáticas, a chegada de novas vontades de verdade, os diferentes perfis de jornalistas e as transformações ocorridas no atual “fazer político” foram os elementos que comprovaram que o ethos discursivo é um eterno trabalho de construção e reconstrução.
    corecore