DESVENDANDO A COLEÇÃO DE PTEROSSAUROS DO MUSEU DE PALEONTOLOGIA DA UNIVERSIDADE REGIONAL DO CARIRI

Fundado em 1985, o Museu de Paleontologia em Santana do Cariri (MPSC) tem armazenado fósseis provenientes da Bacia do Araripe, com o objetivo de guardar e proteger espécimes importantes para a ciência. Os fósseis que compõem o acervo são, por exemplo, peixes, plantas, tartarugas, crocodilomorfos, insetos, crustáceos, anuros, conchas, bivalves, dinossauros e pterossauros. Este trabalho é a continuação de outro que foi iniciado há 13 anos atrás, desde então, a coleção de pterossauros aumentou consideravelmente, e hoje conta com 134 espécimes, dotados de material pós-craniano (155), crânio (19), vértebra cervical (5), fragmentos desconhecidos (2), fósseis adulterados (8) e mais 38 peças que foram classificadas erroneamente como pterossauros. Alguns espécimes de pterossauros se encontram sob empréstimo em outras instituições ou em preparação no Laboratório de Paleontologia da Universidade Regional do Cariri (LPU)

A CONTRIBUIÇÃO DA PALEONTÓLOGA LÉLIA DUARTE PARA A COLEÇÃO DE VEGETAIS FÓSSEIS DO DEPARTAMENTO DE BIOLOGIA DA UERJ

A coleção de vegetais fósseis do Departamento de Biologia Vegetal, no Instituto de Biologia Roberto Alcantara Gomes, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) foi organizada e mantida por muitos anos pela professora e paleobotânica Lélia Duarte. Nesta coleção há exemplares fósseis procedentes de várias unidades litoestratigráficas do Brasil. Sugere-se aqui a criação da Coleção Paleobotânica Lélia Duarte em homenagem a esta ilustre pesquisadora, e neste trabalho pretende-se tornar acessível esta coleção de vegetais fósseis relacionando os principais exemplares depositados, dentre os 370 exemplares que a compõe. DOI:  http://dx.doi.org/10.14295/cad.cult.cienc.v14i2.105

PALEOMETRIA DO CONTEÚDO FOSSILÍFERO DE UMA CAMADA ARENíTICA DA FORMAÇÃO ROMUALDO (BACIA DO ARARIPE)

Utilizamos aqui técnicas espectroscópicas (DRX, FRX) para a caracterização de amostras de lenhos fósseis coletados em um afloramento da Formação Romualdo, com o objetivo de conhecer sua composição química e apontar informações que permitam compreender os mecanismos envolvidos em sua fossilização. Os fósseis foram analisados por Fluorescência de raios-X (FRX) e difração de raios-X (DRX), para identificar e caracterizar a constituição de seus compostos. O estudo revelou principalmente a presença de sílica e aluminosilicatos, provenientes de reações com o ambiente de deposição. Foi verificada também a ocorrência de potássio e cálcio na amostra. Além disso, não houve a presença de matéria orgânica nos picos de FRX e DRX, atestando a fossilização em altas temperaturas. Determinou-se assim, que o principal processo de fossilização envolvido foi o de silificação. Esta é, portanto a primeira vez que este processo é encontrado em caracterização espectroscópica em fósseis da Bacia do Araripe. DOI:  http://dx.doi.org/10.14295/cad.cult.cienc.v14i2.92

An Unusual Fossiliferous Site in the Romualdo Formation in the Socorro Basin (Northeast Brazil)

The Santana Group, from the base to the top, comprises the Barbalha, Crato, Ipubi, and Romualdo formations. Calcareous concretions from the Romualdo Formation are found in the Araripe Basin, but the geographic extension of this sequence has evidence in the Socorro Basin on the border of the state of Pernambuco; however, these areas outside of the Araripe Basin have rarely been investigated. The purpose of this research was to carry out a data survey of fossils collected in the Romualdo Formation from the Socorro/Santo Ignácio Basin area that were found in the northeastern portion of Ouricuri municipality in the state of Pernambuco; a new fossiliferous site, known as the Cara Branca site, is reported. Samples were collected from the surface and often in the off-season. This area is cleared by tractors for planting, either exposing fossils or moving some of the fossils. This disturbance reinforces the need for fossil rescues and excavations in this area, where weathering, agricultural machinery, and erosion can damage the fossil record. According to the initial paleontological sampling, the obtained taphonomic information pointed to rapid burial, and the degrees of disarticulation observed in some specimens indicated that disarticulation occurred through necrolysis

SÍTIO BAIXA GRANDE – NOVA LOCALIDADE FOSSILÍFERA PARA A FORMAÇÃO ROMUALDO (GRUPO SANTANA), BACIA DO ARARIPE

Uma nova localidade fossilífera, Sítio Baixa Grande, é descrita para a Formação Romualdo, Cretáceo Inferior do Nordeste do Brasil. Localizada próxima da área urbana da cidade de Potengi, na porção oeste da Bacia do Araripe, esse sítio foi descoberto em 2010 e apresenta diversidade e grande quantidade de fósseis. As concreções, de coloração bege a avermelhada, com formas regular e irregular, são facilmente encontradas sobre o solo. Apresentam forma ovóide, com textura pouco laminada. Os macrofósseis estão localizados na porção mediana da concreção, podendo apresentar também tridimensionalidade, uma feição comum aos fósseis da Formação Romualdo. Dentre os fósseis coletados estão tetrápodes, representados por ossos isolados de pterossauros e restos de tartarugas não-Araripemidedae. Os peixes encontrados incluem: Vinctifer comptoni, Cladocyclus gardineri, Tharrhias araripis, Calamopleurus cilindricus e Neoproscinetes penalvai. Os fósseis aqui apresentados compreendem os únicos com localidade de coleta entre os encontrados na região oeste da Bacia do Araripe, uma área onde os afloramentos fossilíferos do Grupo Santana foram considerados como inexistentes. Dessa forma contribuindo para o conhecimento da distribuicão de níveis fossilíferos dessa importante feição tectônica

NEW DATA ABOUT THE PRESENCE AND ABSENCE OF THE EXTERNAL FUNDAMENTAL SYSTEM IN ARCHOSAURS

A presença das lamelas circunferenciais externas (= external fundamental system - EFS)nos ossos dos tetrápodes, indica uma finalização efetiva de qualquer crescimento periosteal significante. Embora esteja presente em alguns Archosauromorpha, a ideia de um crescimento contínuo nesse grupo ainda permanece. Aqui são apresentados novos dados sobre presença de EFS em Neosuchia, um clado composto por crocodilomorfos terrestres, e suas implicações através da história evolutiva dos arcossauros. Utilizamos uma costela parcialmente completa, referida à um crocodilo dirossaurídeo (CAV 0014-V). O córtex era composto por tecido zonal-lamelar, rede vascular com ósteons primários e canais vasculares simples, dispostos longitudinalmente. Ósteons secundários ocorrem no córtex inferior e no tecido esponjoso, marcando o remodelamento ósseo. Periosticamente foi detectada a presença de EFS, indicando o final do crescimento assintótico do espécime e caracterizando-o como esqueleticamente maduro. Seu arranjo micro estrutural condiz com um animal de metabolismo e crescimento lentos, o que já é conhecido para táxons evolutivamente relacionados a Dyrosauridae. Até o momento foi registrado EFS em alguns Pseudosuchia, Crocodilomorpha, Pterosauria e Dinosauria, identificando o crescimento determinado em arcossauros desde os grupos extintos até táxons atuais. Novas evidências sobre EFS adicionariam suporte a hipótese de crescimento determinado como regra e não exceção nos Archosauria.DOI: http://dx.doi.org/10.14295/cad.cult.cienc.v14i1.93

Preparação, descrição de um novo crânio de pterossauro (Reptilia, Archosauria) e considerações sobre a morfologia craniana dos Anhangueridae

Os pterossauros são um grupo extinto de répteis alados que surgiu há pelo menos 228 milhões de anos, sendo encontrados no Brasil em rochas triássicas do Paraná e cretáceas do Nordeste. Dentro deste registro, o clado Anhangueridae, é documentado nas concreções calcárias da Formação Romualdo, Aptiano/Albiano da Bacia do Araripe. A esse grupo atribuímos um novo espécime LPU 017, um crânio completo preservado tridimensionalmente, com alguns ossos deslocados e a presença de dentes. Após sua preparação destacou-se uma grande e alta crista sagital pré-maxilar, característica distintiva deste grupo de pterossauros, além das características exclusivas deste exemplar. Dentre elas estão a presença de 35 pares de alvéolos; uma quilha palatal relativamente robusta; uma elevada expansão em forma de colher na pré-maxila; a presença do 5º, 6º e 7º pares de dentes menores do que o 4º e 8º; forma convexa do palato na porção rostral e o tamanho e localização da crista sagital pré-maxilar. Tais características exclusivas permitiram identificar LPU 017 como um novo gênero e espécie de pterossauro atribuído ao clado Anhangueridae. Esse resultado foi corroborado pela análise filogenética, obtida com uma matriz de 54 táxons e 89 caracteres, que gerou 9 árvores igualmente parcimoniosas. Para verificar os padrões de diferenciação craniana no clado Anhangueridae, utilizamos a morfometria geométrica, que compara a forma dos organismos, levando em consideração o caráter geométrico das formas biológicas e analisa estatisticamente sua variação. Verificamos então que crânios e cristas nesse clado crescem de forma isométrica, o oposto da realidade dos membros posteriores, onde o crescimento ósseo é alométrico. Nesse clado em especial a ontogenia não interferiu nos resultados, pois crista e crânio seguiram o mesmo padrão de crescimento, inclusive em indivíduos de estágios ontogenéticos diferentes, como ocorreu no agrupamento de Anhanguera araripensis e Anhanguera blittersdorff

Arlenea delicata gen. et sp. nov., a new ephedroid plant from the Early Cretaceous Crato Formation, Araripe Basin, Northeast Brazil

Ephedroid macrofossils have been widely documented in Cretaceous deposits, including numerous from the Lower Cretaceous Yixian Formation of NE China. However, few ephedroid macrofossils have been reported from South America. Herein, we describe a new plant of the family Ephedraceae, Arlenea delicata gen. et sp. nov., from the Lower Cretaceous Crato Formation of the Araripe Basin, Northeast Brazil, based on the vegetative and reproductive structures. It has the typical morphological characteristics of ephedroid plants, including fertile reproductive branches, opposite phyllotaxy, terminal female cones, a sympodial branching system, longitudinally striated internodes, and swollen nodes. Our new finding is unusual in having inner chlamydosperms subtended by two pairs of bracts, reproductive units connected to branches through swollen receptacles and a smooth seed surface. This new ephedroid taxon from the Crato Formation increases our understanding of plant diversity of this group during the Early Cretaceous. Furthermore, the general morphology (fleshy bracts and enlarged receptacles) of this new fossil discovery indicates that seeds of this plant may have been dispersed by animals such as pterosaurs (mainly the Tapejaridae) and birds (Enantiornithes and Ornituromorpha). If true, this would explain the cosmopolitan distribution of Ephedraceae in the Lower Cretaceous

Wildfires in the Campanian of James Ross Island: a new macro-charcoal record for the Antarctic Peninsula

The Cretaceous “high-fire” period was a global event that reached almost all continental masses during that period in Earth’s history. The extensive wildfires directly affected plant communities. Significant palaeobotanical records in the Antarctic Peninsula have been studied from the James Ross Sub-Basin, especially from the Santa Marta Formation. However, there is no described evidence for palaeo-wildfires in the area so far. Here, we present the first occurrence of fossilized macro-charcoal coming from James Ross Island, confirming that palaeo-wildfires occurred in the Campanian vegetation preserved in the Santa Marta Formation. The new charcoal material has a gymnospermous taxonomic affinity, more specifically with the Araucariaceae, which is in accordance with previous palaeobotanical records from James Ross Island. This occurrence adds new information to the construction of the palaeo-wildfire scenario for Gondwana