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A Ă©tica do silĂȘncio racial no contexto urbano: polĂticas pĂșblicas e desigualdade social no Recife, 1900-1940
Mais de meio sĂ©culo apĂłs o preconceito racial ter se tornado o principal alvo dos movimentos urbanos pelos direitos civis nos Estados Unidos e na Ăfrica do Sul, e dĂ©cadas depois do surgimento dos movimentos negros contemporĂąneos no Brasil, o conjunto de ferramentas legislativas criado no Brasil para promover o direito Ă cidade ainda adere Ă longa tradição brasileira de silĂȘncio acerca da questĂŁo racial. Este artigo propĂ”e iniciar uma exploração das raĂzes histĂłricas desse fenĂŽmeno, remontando ao surgimento do silĂȘncio sobre a questĂŁo racial na polĂtica urbana do Recife, Brasil, durante a primeira metade do sĂ©culo XX. O Recife foi eĂ© um exemplo paradigmĂĄtico do processo pelo qual uma cidade amplamente marcada por traços negros e africanos chegou a ser definida polĂtica e legalmente como um espaço pobre, subdesenvolvido e racialmente neutro, onde as desigualdades sociais originaram na exclusĂŁo capitalista, e nĂŁo na escravidĂŁo e nas ideologias do racismo cientĂfico. Neste sentido, Recife lança luzes sobre a polĂtica urbana que se gerou sob a sombra do silĂȘncio racial.More than half a century after racial prejudice became central to urban civil rights movements in the United States and South Africa, and decades after the emergence of Brazilâs contemporary Black movements, Brazil's internationally recognized body of rights-to-the-city legislation still adheres to the country's long historical tradition of racial silence. This article explores the historical roots of this phenomenon by focusing on the emergence of racial silence in Recife, Brazil during the first half of the 20th Century. Recife was and remains a paradigmatic example of the process through which a city marked by its Black and African roots came to be legally and politically defined as a poor, underdeveloped and racially neutral space, where social inequalities derived from capitalist exclusion rather than from slavery and scientific racism. As such, Recife'sexperience sheds light on the urban policies that were generated in the shadow of racial silence