5 research outputs found
NO SÉCULO DO SAMBA, ALEGORIAS DE HOSPITALIDADE
Neste artigo, apresentamos um tema incomum sob uma abordagem incomum: a presença e acolhimento às vedetes nos desfiles das escolas de samba. Recorremos a Marcel Mauss (1974) para pensarmos as sociabilidades do encontro entre o eu, formado pelos membros da agremiação, e o outro, as vedetes, no desfile das escolas de samba. Pensando pelo viés da hospitalidade, esta ocorre sob certas condições, ancoradas em acordos tácitos ou explícitos, e implicam numa relação de troca entre anfitrião e convidados. Criamos neste estudo uma alegoria: o encontro entre a comissão de frente da Mangueira de 1999, como anfitriã, e as vedetes Tiazinha, Enoli Lara e Lílian Ramos, como convidadas. O estudo valeu-se de levantamento bibliográfico, análise dos desfiles de escolas de samba do Rio de Janeiro dos anos de 1989, 1994 e 1999 e de jornais e revistas da época, além de pesquisa histórica. Verificamos que a presença das vedetes no desfile carnavalesco é antiga, e que as trocas realizadas entre elas, os membros das escolas, o público e os promotores do espetáculo carnavalesco, estruturam-se sob certas condições que garantem a hospitalidade. Contudo, concluímos que a subversão dessas condições, escritas ou não-escritas, nos casos estudados, inscreve-se, perfeitamente, na ordem carnavalesca.
POÉTICA DINÁSTICA DO TABULEIRO DE CIATA: SAPIENCIAIS DAS BAIANAS DO ATUAL CARNAVAL CARIOCA
Este trabalho visa contribuir e dar continuidade ao estudo realizado por Almeida e Rocha (2020) e tem por objetivo investigar, por meio da poética da arte carnavalesca, a ancestralidade e a religiosidade das mães baianas do carnaval carioca na atualidade. Elenca-se a necessidade de compreender a relação dessas mães baianas com o sagrado, as heranças que ainda resistem e suas conexões com a história do samba e do carnaval, pretendendo, com isso, demonstrar em que medida elas se mantêm conectadas com suas ancestrais que deram origem ao samba, ao carnaval carioca e a cultura dos Desfiles das Escolas de Samba cariocas. Como principal fonte de informação demos ouvidos às vozes das presidentes de Ala de Baianas Tia Nilda, do G.R.E.S. Mocidade Independente de Padre Miguel; Tia Marilene, do G.R.E.S. Acadêmicos do Grande Rio; Tia Jane Carla, do G.R.E.S. Portela e Tia Sandra, do G.R.E.S. Paraíso do Tuiuti
TRAVA NA BELEZA: IMAGINÁRIOS SOBRE DESTAQUE DE LUXO DE ESCOLA DE SAMBA
A partir das vozes de grandes destaques de luxo dos desfiles das escolas de samba, este estudo tem, por objetivo, enumerar, analisar e investigar o imaginário desses personagens sobre o olhar da plateia sobre si e sobre suas performances quando estão no grande palco do samba, o sambódromo, vestidos de suas fantasias esplendorosa. Para a construção deste imaginário, entrevistou-se um grupo de destaques das escolas de samba e observou-se as recorrências em suas falas a fim de identificar núcleos temáticos elencados por eles sobre esse olhar do outro
PORTA-BANDEIRA NO TERCEIRO MILÊNIO: RODOPIOS DO IMAGINÁRIO
Este estudo versa sobre os imaginários em torno da figura da porta-bandeira que, para alguns, é tida como uma santidade, por outros é tida como uma rainha. O que se objetiva é dar ouvidos às vozes das protagonistas desta discussão para que elas possam dizer, sob sua perspectiva, que lugar é esse que ocupam. A partir dos relatos das portas-bandeiras entrevistadas, este estudo visa trazer os elementos que constituem estes imaginário sobre esta figura que porta o símbolo maior de uma escola de samba. Nossa coleta de informações se dá a partir da oralidade e da experiência de cada uma delas
TERCEIRA MIGRAÇÃO DO TALABARTE
Este estudo parte do questionamento de uma mulher sambista, de comunidade, que quer saber se um homem pode interpretar o papel de porta-bandeira em uma escola de samba. A partir desta pergunta, iniciou-se uma investigação sobre as tensões e negociações que giram no entorno das diversidades que hoje ocupam esse lugar de porta-bandeira, notando-se, assim, que o carnaval está vivendo uma terceira migração deste talabarte que, outrora, fora de responsabilidade do homem que lutava para proteger o pavilhão dos ataques da época; por um grande período fincou tradição sob a responsabilidade das mulheres cis e hoje está sendo assumido por mulheres trans e homens transformista, drag ou cross-dresser, que performam o gênero feminino.