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Caleidoscópio, montagem e sintoma – Academicismo e Modernismo na América Latina
Através de quatro pinturas de artistas latino-americanos que privilegiam cenas de interior e tematizam o banal, observa-se que as mesmas se constituem como uma recorrência bastante cara ao modernismo, antes mesmo do que se convencionou demarcar como advento das vanguardas. Interrogando a noção de ordinário e extraordinário, trata-se de sensibilidades e percepções que, vindas especialmente de temáticas pictóricas setentrionais e francesas deslizaram para o romantismo, sobrevivendo mais adiante de forma caleidoscópica e anacrônica como lapso que se repete
Questões para pensar uma teoria e História da Arte fora dos grandes catálogos
O presente artigo aborda quatro questões para pensar o academicismo e modernismo na arte latino-americana: a perspectiva caleidoscópica, a distinção entre leitura de sinais e de sintomas; a sensibilidade vanguardista como parte da modernidade; a retícula como duplicação sem origem
Co-lateral: efeitos e afetos marginais
Dissertação (mestrado) - Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Comunicação e Expressão. Programa de Pós-graduação em LiteraturaHélio Oiticica e Ferréz nos apresentam o marginal em dois momentos decisivos. O primeiro encontra os "labirintos" em plena época de remoção das favelas, quando se tentava impedir o contato através do isolamento, época que coincide com o Golpe de 1964. Já Ferréz vive na extensão do estado de exceção e reivindica o título de literatura marginal, definida como "Aquela que vem da margem. De marginal, mesmo, até de cara que já roubou, que já passou pela vida". O marginal, nesta pesquisa, aparece cindido em duas concepções: a que mantém a relação com o centro, que chamamos de efeito colateral, e outra que suspende a relação. Partindo destas, leremos as proposições de Oiticica que se vinculam à favela de forma direta, sobretudo as da década de 1960: Éden, Barracão, Parangolé, Apocalipopótese, Mundo-Abrigo (década de 1970) e, com as referências a Cara de Cavalo e ao anti-herói anônimo. No que diz respeito à literatura marginal, trabalhamos em um primeiro momento com os dois romances inaugurais deste movimento, a saber, Cidade de Deus de Paulo Lins e Capão Pecado de Ferréz. Do efeito ao afeto, do colateral ao co-lateral, este percurso nos mostra o desafio que é pensar a vida, uma vez que só é possível pensá-la na margem, neste limiar que é um campo de batalha onde a vida se depara constantemente com o poder. Esta margem, no entanto, enquanto linha de fuga, não aparecerá necessariamente caracterizada pelos extremos, embora, como dissemos, orbite em torno da favela (que também não está necessariamente nas margens), mas sim como uma suspensão da relação entre limite e centro. Um limiar. The "marginal man" is presented by Hélio Oiticica and Ferréz in two decisive moments. Oiticica seeks the "labyrinths" in a period that, coinciding with the coup of 1964, is characterized by the prohibition of contact (by means of isolation), by the removing the "favelas" (slums). On the other side, Ferréz lives in the extension of the state of exception and reclaims the title of marginal literature, defined as "that (literature) which comes from the margin. Marginal, indeed, even dude that has already stolen that has been a criminal". The "marginal", in this research, appears broken in two conceptions: one that maintains itself in relation to a center, which we choose to call "collateral damage", and one which suspends that relation. With both these conceptions, we will try to read those of Oiticica's propositions which concerns to the slums in a direct form, specially, those of the 1960s: Éden, Barracão, Parangolé, Apocalipopótese, Mundo-Abrigo (this one from the 1970s) and also those related to Cara de Cavalo and to the anonymous anti-hero. We also worked on the two novels that inaugurate marginal literature: Cidade de Deus, written by Paulo Lins and Capão Pecado, by Ferréz. From effect to affection, from collateral to co-lateral, our path attempts to show that life is only thinkable in the margins, in this threshold that is a battlefield where life collides constantly with power. This margin, however, doesn't, in our research, appear necessarily characterized by the extremes, even if, as we said, the slum is its gravitational point, but as a suspension of the relation between center and limit: a threshold
Roberto Schwarz vai ao cinema: imagem, tempo e política
Tese (doutorado) - Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Comunicação e Expressão. Programa de Pós-Graduação em Literatura2013-07-16T00:47:47
Ferreira Gullar : exile memory
Orientador: Marcelo Siqueira RidentiTese (doutorado) - Universidade Estadual de Campinas, Instituto de Filosofia e Ciências HumanasResumo: A pesquisa buscou abordar os itinerários pessoal, político e poético de Ferreira Gullar, até o momento em que o poeta foi obrigado a se colocar na condição de exilado. Procurou-se, nessa direção, identificar em sua linguagem poética, especialmente naquela produzida no período referente ao tempo em que o poeta esteve exilado, as implicações da experiência do desterro. Gullar, no momento de maior choque, convivendo com o desenraizamento, diante da possibilidade da morte e dos traumas oriundos da ditadura militar, encontrou na escrita um lugar de refúgio e de resistência política. A investigação aqui empreendida buscou analisar os poemas escritos durante o tempo do exílio, aqueles produzidos nos primeiros anos após o retorno de Gullar ao seu país, bem como sua memória autobiográfica, escrita 20 anos após o desterro. Foram selecionadas, para tanto: Dentro da noite veloz (1962-1975); Poema sujo (1975); Na vertigem do dia (1975-1980); Rabo de Foguete (1998). Por meio destas obras, foi possível apreender o trabalho de memória construído pelo poeta, no qual emergem tanto os aspectos pessoal, social e políticos que cingiam sua vida, quanto aqueles referentes a um contexto histórico que remete aos anos de ditadura militar na América Latina e, mais especificamente, no Brasil. Considerou-se, ainda, que tais obras refletem o amadurecimento da linguagem poética de Ferreira Gullar como decorrência da experiência do desterro, tendo sido aqui tomadas como documentos, testemunhos relevantes para se pensar este período recente da história brasileiraAbstract: The research attempts to focus on Ferreira Gullar personal, political and poetic itineraries, until the moment when the poet was forced to the condition of exile. In that direction, it is relevant to remark on the construction of its poetic language in the period referring to the time of exile in order to realize the implications of this experience. The poet, in the epic moment of shock, experiencing the uprooting and facing the possibility of death and traumas originating from military dictatorship, found on the act of writing a place of shelter and political resistance. The research undertaken here attempts to analyze the poems written during the time of exile and those written in the early years after the exile, as well as the autobiographical memory written 20 years after the exile. For that purpose were selected: Dentro da noite veloz (1962-1975); Poema sujo (1975); Na vertigem do dia (1975-1980); Rabo de Foguete (1998). Through these works was plausible to grasp the work of memory produced by the poet because the personal, social and political life of the poet are clasped as those linked to a historical context that refers to the years of military dictatorship in Latin America and more specifically in Brazil. Moreover, these works reflect the maturation of Gullar's poetical language as a result of the exile experience, and were taken here as a document, a relevant witness to think about this recent period of Brazilian historyDoutoradoSociologiaDoutor em Sociologi
Leituras da tradição em Macunaíma, de Mário de Andrade, e Adán Buenosayres, de Leopoldo Marechal
Starting from the articulation of socio-cultural aspects with the literary text, this work consists of a comparative analysis of literary works, Macunaíma, written by the Brazilian Mário de Andrade, and Adán Buenosayres, written by the Argentine Leopoldo Marechal. Our goal is to draw a parallel between the textual and intertextual procedures used by the authors, by checking which readings they do from tradition, since both are built as a mosaic of a multitude of pre-existing texts, different in nature, coming both from the oral tradition and as well as the writing, popular, classical, national and universal tradition. As methodological procedure, we adopt the perspective of literary comparatism, since in the analysis of the works, it is necessary to establish clashes between them, between the authors, between production environments and their approaches and departures to other works since, in the analysis of the works, it is necessary to establish clashes between them, between the authors, between the production environments and their approaches and clearances to other works. We hope this thesis, in addition to expanding knowledge about these two writers, texts and their contexts, can provide a desirable dialogue and mutual knowledge of literature, culture and history of these two countries.Partindo da articulação de aspectos socioculturais com o texto literário, este trabalho consiste em análise comparativa das obras literárias, Macunaíma, do brasileiro Mário de Andrade, e Adán Buenosayres, do argentino Leopoldo Marechal. Nosso objetivo é traçar um paralelo entre os procedimentos textuais e intertextuais empregados pelos autores, verificando que leituras fazem da tradição, uma vez que ambas se constroem como um mosaico de uma infinidade de textos preexistentes, de natureza diversa, oriundos tanto da tradição oral quanto da escrita, popular, erudita, nacional e universal. Como procedimento metodológico, adotamos a perspectiva do comparatismo literário, uma vez que, na análise das obras, faz-se necessário estabelecer confrontos entre elas, entre os autores, entre os contextos de produção e respectivas aproximações e afastamentos com outras obras. Esperamos que esta tese, além de ampliar o conhecimento a respeito desses escritores, os textos e seus contextos, possa propiciar um desejável diálogo e conhecimento mútuo da literatura, cultura e história desses dois países
Aparições de textualidade: dizer e ver um Virgílio
Tese (doutorado) - Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Comunicação e Expressão, Programa de Pós-Graduação em Literatura, Florianópolis, 2006Este trabalho problematiza como a crítica literária pode recorrer a um objeto que tangencia o irrelevante sem cair nas armadilhas da isenção e nem se deixar conduzir pelos jogos de transfiguração. Suspendendo o juízo estético que coloca de um lado a mediocridade e de outro o ignorado, em que medida é possível pensar um Virgílio nascido na várzea alcançando-o pela teoria e crítica literária? Tal questão arma-se do seguinte modo: o primeiro capítulo volta-se para um exame da fortuna crítica que permite dizer-ver a obra de Virgílio Várzea (1863-1941) através da historiografia literária. O segundo capítulo procura a zona nebulosa em que ocorrem as confluências do (auto-) retrato e da (auto-) biografia, onde o que é escrito surge como refração daquele que escreve, situando-se ambos em clave de aparição-desaparição. O terceiro capítulo volta-se para as novelas, procurando ler as imagens literárias como naturezas-mortas, destacando as figurações nascidas pelos procedimentos de corte e montagem, empilhamento e contigüidade, condensação e desvio, num tempo em que as vitrines encontravam seu equivalente nas fachadas políticas. O quarto capítulo, prioriza os contos relacionados à heterotopia da Arcádia, geografia existente e também lugar de projeções artísticas, situada numa estreita faixa litorânea, comprimida entre a vastidão territorial e a imensidão oceânica
Sérgio Buarque de Holanda, do mesmo ao outro : escrita de si e memória (1969-1986)
Orientador : Prof. Dr. Renato Lopes LeiteTese (doutorado) - Universidade Federal do Paraná, Setor de Ciências Humanas, Programa de Pós-Graduação em História. Defesa: Curitiba, 07/03/2017Inclui referências : f. 310-318-328Resumo: Esta tese tem por tema a constituição do lugar de Sérgio Buarque de Holanda (1902-1982) na história da historiografia. A proposta vital é a historicização de seu legado, no sentido de compreender algumas estratégias pelas quais essa posição foi estabelecida. Elegem-se então por objeto o conjunto dos discursos do autor sobre si mesmo e sua obra, e a memória que se construiu em torno dele, principalmente entre os decênios de 1970 e 1980. Assim, o problema essencial perscruta as articulações entre a escrita de si e a memória, nos níveis individual e coletivo. Algumas hipóteses concorrem para a sua melhor apreensão. Parte-se, para tanto, de ao menos dois temas medulares da escrita de si de Buarque de Holanda, como a contumaz e reiterada insatisfação quanto a Raízes do Brasil, que visa recuperar o ensaio para novos contextos, e a autoafirmação de sua identidade de historiador, para a qual concorre o recurso à memória disciplinar e a inscrição de si na tradição historiográfica. Em seguida, procura-se observar de que maneiras, por meio desses discursos sobre si, o autor se posiciona com relação tanto às críticas de uma história da historiografia que despontava nos anos 1970, quanto às questões políticas da vida brasileira, submetida a um regime de força. Por fim, o desafio maior é sondar as pontes que se estendem, do si mesmo ao outro, isto é, entre a escrita de si e a construção social da memória do historiador, as expectativas que a alimentaram nos anos 1980, sem descuidar de indicar algumas variações internas e temporais. Ao termo desse percurso, espera-se ter contribuído para dar a ver o essencial da constituição da posição estabilizada de Buarque de Holanda na memória disciplinar, como autor clássico de nossa história da escrita da história. Palavras-chave: Sérgio Buarque de Holanda (1902-1982); escrita de si; memória; historiografia brasileiraAbstract: The purpose of this study, in the broad thematic field, is to show the place of Sergio Buarque de Holanda (1902-1982) in the history of historiography. The main objective is to historicize his legacy in order to understand some strategies adopted for the consolidation of this position over time. The subject matter that was chosen was the author's discourses on himself and his work, and the memory that was built around him, mainly in the 1970s and 1980s. Thus, the research that was done scrutinized the links between the self-writing and the memory, at the individual and collective levels. Some hypotheses help get a better understand of it. Therefore, an analysis is done to look into at least two core themes of Buarque de Holanda's self-writing, such as the stubbornly persistent and repeated dissatisfaction with Roots of Brazil, which aims to take the essay to new contexts, and the self-assertion of his historian identity, which coexists with the recourse to the disciplinary memory and the registration of himself in the historiographical tradition. Then, an attempt is made to observe the stand taken by the author, through these discourses about himself, both on the criticism of a history of historiography that began to rise in the 1970s, and on the political issues of Brazilian life subjected to a dictatorial regime. Finally, the biggest challenge is to probe into the bridges between himself and others, that is, between the self-writing and the social construction of the historian's memory, the expectations that fed it the 1980s, without refraining from showing some internal and temporal variations. The expectation is that, at the end of this process, one will be able to understand the essence of how the stabilized position of Buarque de Holanda was established in the disciplinary memory, as a classical author of our history of history writing. Keywords: Sérgio Buarque de Holanda (1902-1982); Self-writing; Memory; Brazilian historiographyRésumé: Cette thèse interroge la constitution de la place de Sérgio Buarque de Holanda (1902-1982) dans l'historiographie brésilienne. Elle porte sur l'historicisation de son héritage, afin de cerner les stratégies par le biais desquelles cette position s'est établie au fil du temps. Ainsi l'objet de cette étude regroupe l'ensemble des discours de l'auteur sur lui-même et son oeuvre, et sur la mémoire qui s'est édifiée autour de lui, principalement entre les années 1970 et 1980. Dès lors, le problème essentiel s'articule entre l'écriture de soi et la mémoire, aux niveaux individuel et collectif. Quelques hypothèses convergeraient pour une meilleure appréhension. On partira, à cet effet, d'au moins deux thèmes fondamentaux de l'écriture de soi de Buarque de Holanda, comme l'insatisfaction récurrente et répétée à l'égard des Racines du Brésil qui vise à transposer l'essai à de nouveaux contextes, et l'autoaffirmation de l'identité d'historien, fruit du recours à la mémoire disciplinaire et de l'inscription de soi dans la tradition historiographique. Puis, il s'agira d'observer de quelles manières, à travers ces discours sur lui-même, l'auteur prend position par rapport, d'une part, aux critiques d'une historiographie qui éclot dans les années 1970, et d'autre part, aux questions politiques de la vie brésilienne soumise à un régime armé. Enfin, le plus grand défi sera de sonder les ponts qui se dressent de soi-même à l'autre, c'est-à-dire, entre l'écriture de soi et la construction sociale de la mémoire de l'historien, les attentes qui la nourrissent dans les années 1980, sans toutefois oublier d'indiquer quelques variations internes et temporelles. Au terme de ce parcours, on entendra avoir appréhendé l'essentiel de la constitution de la place de Buarque de Holanda inscrite dans la mémoire disciplinaire, en tant qu'auteur classique de notre histoire de l'écriture de l'histoire. Mots-clés: Sérgio Buarque de Holanda (1902-1982); Écriture de soi; Mémoire; Historiographie brésilienn
