Tese (doutotado) - Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Filosofia e Ciências Humanas. Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social, Florianópolis, 2011Esta é uma etnografia das negociações entre uma antropóloga e nativos para a realização de uma pesquisa. Apresento, portanto, a interdependência entre produção de conhecimento e relações sociais a partir da análise nativa das estratégias antropológicas para a produção de conhecimento enquanto produção de relações sociais, em suas dimensões locais e internacionais. Para conduzir a antropóloga a esta análise, os nativos apresentam suas cosmologias e práticas de pajés e do Candomblé Cruzado com Umbanda; apresentam também relatos do processo migratório Tukanoan do Alto Rio Negro à Manaus, processo esse que se entrelaça às trajetórias dos afro-religiosos, indígenas e nãoindígenas. Essas cosmologias, práticas de Pajés e do Candomblé, somadas a suas trajetórias, orientam as negociações em pesquisa e apresentam os interesses nativos para as relações entre pesquisados e pesquisadora. Esses interesses indicam pressupostos constitutivos de uma socialidade nativa atualizada aos, também novos, contextos sociais e antropológicos implicados em estratégias para a produção de um conhecimento que mude o mundo da antropologia, ou seja, as relações entre sujeito e objeto de conhecimento, enquanto categorias que reificam espaços sociais para nativos e antropólogas/os. As mulheres aparecem como elo de ligação entre identidades exogâmicas, como a criadora primordial, YePá Bahuari-Mahsõ, numa posição central para a criação do mundo. E o mundo a ser criado deve ter homens nascidos em corpos de mulheres e mulheres nascidas em corpos de homens. Das transformações históricas e sociais que definem os rumos da propriedade e autoridade para os conhecimentos tradicionais, conforme prescrito pela Legislação Brasileira, somadas aos também novos
contextos reflexivos emergentes no debate antropológico, rui o muro entre sujeito e objeto do conhecimento como relação social assimétrica historicamente enraizada; e do campo etnográfico emerge uma proposta para as relações produtoras de conhecimento em antropologia. Objetivamente falando, os nativos exigem a mudança nas regras do jogo antropológico
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