The diagram of drugs: drugs and mapping of device power in contemporary Brazilian society

Abstract

Parece ser senso comum nas sociedades ocidentais a associa????o direta entredecomposi????o social e uso de drogas. Em virtude disso diversos mecanismos de administra????o, controle e regula????o das drogas s??o formulados e implantados, com o objetivo quase plat??nico de conter a degrada????o provocada pelo v??cio end??mico. Sobreisso, destacam-se no Brasil duas formas de atuar, colocadas em pr??tica pelos aparelhos de Estado, que s??o aparentemente distintas: uma coercitiva, a partir das determina????es da Lei de Entorpecentes vigente (lei 11.343/06), e outra aparentemente pragm??tica (isto ??, realista), proveniente dos ??rg??os de Sa??de P??blica, em especial aos ligados ?? Sa??deMental (lei 10.216/01, Portaria 336/02 e as Diretrizes do Minist??rio da Sa??de para a Aten????o Integral do Usu??rio Abusivo de ??lcool e Outras Drogas de 2003). Contudo, se h?? aparente contradi????o entre essas pol??ticas, ambas s??o motivadas pelos mesmos objetivos de mitigar as viol??ncias e as doen??as, ou extingui-las; e ambas acabam interpretando as drogas, no mesmo movimento, como um mal social, supondo os homens como a mat??riabruta consumida, descartada ou aniquilada por esse mal. O que nos perguntamos ?? se as drogas n??o seriam antes que um mal, apenas o sintoma, o subterf??gio, o ponto de aplica????o de estrat??gias de poder de uma sociedade que emerge da tens??o entre duas vontades interligadas: a da liberdade e a da seguran??a. Vontade de liberdade que se expressa, neste caso, na resist??ncia ??s coer????es contra as drogas, mas que motiva uma vontade de seguran??a que busca limitar os efeitos dessa liberdade considerada suspeita e perigosa (pois facilmente confundida com a liberdadenatural, uma vez que, no caso, se exerce na transgress??o da lei). Vontade de seguran??a que, por sua vez, se expressa na constru????o de uma coletividade que leva ao paroxismo as preocupa????es com os danos, organizando um corpo de leis e normas r??gidas, que conjuram a probabilidade dos danos prevenindo e gerindo antes os riscos.A????es que conseq??entemente retro-alimentam a pr??pria vontade de liberdade que, em um c??rculo vicioso, faz recrudescer a vontade de seguran??a. Ambas, enfim, acabam por influenciar respostas p??blicas e privadas de interdi????o e toler??ncia a um mal inescap??vel para o qual ora o ??nico controle ?? a redu????o dos danos (j?? que, se o risco social ?? mais que uma hip??tese, o risco individual n??o ?? apenas prov??vel, mas um dado imediato da experi??ncia); ora ?? a gest??o dos riscos (pois, para essa perspectiva, os danos atualizados do risco social s??o intoler??veis mesmo como mera hip??tese). O que se procurou nesse trabalho foi ent??o entender como as drogas fazem parte das rela????es de for??a que constituem o mundo contempor??neo; ou, dito de outra maneira, entender como se constitui a subjetividade atual, forjada na tens??o entre interdi????o e toler??ncia ??s drogas. N??o se trata de legitimar os pesadelos de George Orwell e de Aldous Huxley sobre a possibilidade da sociedade ser reduzida a uma esp??cie de totalitarismofarmacol??gico, mas justamente, deixar de ser assombrado por ele. N??o se trata, tampouco, de acreditar que o gosto pelas drogas ?? determinado apenas ou primeiramente pelos mafiosos, pelos interesses do mercado, ou pela ind??stria farmac??utica. Isso seria reduzir oproblema a uma quest??o moral um retorno ing??nuo ao sujeito a priori (ou seja, inato), alienado de suas capacidades desde sempre dadas e v??tima das ideologias. N??o se trata,enfim, de se acreditar na possibilidade da retid??o de car??ter de uns poucos homens de boa vontade, que seriam capazes de nos dizer o reto caminho da felicidade, livre das drogas e do risco da adi????o. O importante, na verdade, ?? avaliar como as drogas se inserem ou s??o inseridas nas estrat??gias de rela????es sem estrategista (j?? que n??o se trata da a????o de um sujeito constituinte da hist??ria) que nos atualizam contempor??neos.A liberdade e a seguran??a de viver em sociedade diante da possibilidade de usar ou n??o drogas, de escolher entre aquelas boas ou m??s, de tornar eficaz algum sistema de tratamento aos que sucumbem ao pathos triste do ph??rmakon (porque n??o se trata de negar aprior??sticamente nem as alegrias nem o potencial venenoso das drogas e suas conseq????ncias), depende menos das drogas em si do que desse entendimento

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Last time updated on 10/08/2016

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