Psicol. Argum.
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Subjetividade pós-moderna e relações sociais: implicações para a efetividade do sistema de justiça
O desafio da efetividade do sistema de justiça atual é de alta complexidade, pois apesar de ser competência do âmbito jurídico, vários campos de conhecimento estão implicados, sendo necessária escolha de paradigma adequado para análise. Aborda-se o tema mediante revisão de literatura sob a ótica do paradigma da complexidade, onde Ciências Sociais, Psicologia e Direito se entrelaçam, considerando a pós-modernidade como contexto que circunscreve o funcionamento do sistema de justiça. O objetivo é demonstrar a influência da subjetividade contemporânea no funcionamento do sistema de justiça. Para isso, apresenta-se o mundo contemporâneo regido por novos ditames, o que propicia que a subjetividade e conduta dos indivíduos, respondam a uma lógica maior que determina sua forma de ser-no-mundo sendo que organizações sociais - incluindo o sistema jurídico também podem ser analisadas sob a ótica dessa ordem social específica. Na contemporaneidade os indivíduos buscam bem-estar a qualquer preço, seja pelo consumo excessivo, uso de drogas, manipulação de regras, ou seja acionando o sistema de justiça na procura da sua justiça. Na medida em que indivíduos se libertam das amarras sociais na busca de viver de acordo com seu Eu , mais suas relações complicam, criando inúmeras demandas judiciais pelo comportamento consumista e desdobramentos das desigualdades e violação de direitos. Conclui-se que os desafios da efetividade do sistema de justiça talvez impliquem em descompassos entre o que seria efetividade para esse sistema e para a demanda dos sujeitos pós-modernos que o procuram, a qual é resultante de funcionamento social específico
Feminilidade, amor e devastação: alguns pontos de encontro entre Freud e Lacan
Este artigo tem como propósito fazer algumas articulações entre o pensamento freudiano e a teoria laca-niana no que se refere à relação da feminilidade com o amor. Sabe-se que as mulheres têm uma relação de intimidade com o amor, consequência da impossibilidade de identificar-se inteiramente ao seu gozo. Não-todas submetidas ao gozo fálico, mas também não-todas submetidas ao gozo feminino, a feminilidade se mostrará como aquilo que está entre os dois modos de gozar de uma mulher. Freud nos mostra que a menina tem uma relação importante com a bissexualidade, onde tanto a mãe quanto o pai servirão como polos de identificações. Na teoria lacaniana, tal raciocínio se estrutura pela via da duplicidade do gozo na mulher. Em ambas as teorias, tanto na freudiana quanto na lacaniana, a relação de uma menina com sua mãe se mostrará de fundamental importância para os futuros relacionamentos amorosos de uma mulher. A devastação, então, seria quando uma mulher não consegue se desconectar de sua mãe
A respeito do conceito de potência na prática clínica: leituras deleuzianas
A presente pesquisa teórica buscou investigar como o conceito de potência, presente nos estudos de Gilles Deleuze, coopera para compreender a prática clínica, englobando tanto a experiência dos encontros quanto às variações de potência que eles produzem no corpo. Tais encontros poderão ganhar contornos decisivos quando, por intensificação, provocam abalos, dúvidas, novas conexões e/ou rupturas para com os modos de vida já conhecidos, convocando o sujeito a problematizar sobre seus modos de existência. Seguindo os estudos deste autor, pode-se compreender o quanto a prática clínica é inseparável de uma prática crítica. Ambas acontecem em meio a diferentes problematizações sobre acontecimentos e encontros que emergem ao acaso, bem como sobre os modos de vida que são inventados e colocados em circulação no decorrer de uma existência. Foi com essa perspectiva que se buscou tecer algumas articulações entre o conceito de potência e a prática clínic
Amiotrofia Muscular Espinal, terminalidade e desli-gamento do programa de equoterapia: reflexão so-bre o rompimento de vínculos
Refletir sobre os aspectos que envolvem o desligamento de um praticante portador de Amiotrofia Muscu-lar Espinhal do programa de equoterapia, quando se vê confrontado com prognóstico desfavorável à sua permanência no mesmo, especialmente se este prognóstico indica terminalidade com previsão de morte próxima, é o objetivo do presente estudo, de caráter bibliográfico, que descreve aspectos do tratamento fisioterápico, psicológico e de cuidados de responsabilidade do equitador que podem beneficiar o portador; apresenta sucintamente a Teoria do Apego de John Bowlby que versa sobre vínculos psicológicos e afetivos; demonstra a importância da formação desses vínculos na equoterapia e possíveis implicações de seu rompimento com foco nos aspectos bioéticos envolvidos, especialmente quanto à autonomia do sujeito em relação à própria morte. Conclui-se pela indicação de que equipe interdisciplinar de equoterapia e família considerem a possibilidade de buscar alternativas para a manutenção do convívio do praticante com o cavalo e com o ambiente equoterápico, ainda que sem a montaria, pelo maior tempo possível, se assim for o seu desejo e, também, pela indicação de que se invista em pesquisas sobre o tema, que, por sua incipiência e importância carece do olhar atento dos pesquisadores da área
Condições psicológicas e comportamentos sexuais de adolescentes
O artigo apresenta um estudo sobre condições psicológicas e comportamentos sexuais de adolescentes em condição de vulnerabilidade social. Foram avaliados problemas psicológicos, competências e estados de identidade de 40 adolescentes, 12 a 18 anos, atendidos por um equipamento público de cidade da Baixada Santista (SP), voltado para desenvolvimento integral de jovens através de atividades socioculturais.Avaliação de comportamentos sexuais ocorreu com as meninas da amostra (N=33). Os instrumentos utilizados foram o YSR (Youth Self-Report for Ages 11-18), o EOMEIS-II-II (Extended Objective Measure of the Ego Identity Status) e o QSJ (Questionário de percepções e práticas sobre comportamento sexual em jovens). Resultados indicaram tendências positivas na avaliação de competências e estados de identidade. Resultados de problemas psicológicos distribuíram-se em faixas não clínicas, limítrofes e clínicas. Quase metade das meninas referiu já ter tido relação sexual, início aos 15 e 16 anos, com indicativos de conhecimentos e práticas voltadas à contracepção. Os resultados apontaram para a importância de estraté-gias de apoio cultural para desenvolvimento positivo de adolescentes inseridos em contextos socialmente deficitários
Estudos sobre sentidos e significados do trabalho na psicologia: uma revisão das suas bases teórico-epistemológicas
Este artigo tem por objetivos identificar as principais bases teórico-epistemológicas dos estudos sobre sentidos e significados do trabalho na Psicologia e estabelecer possíveis aproximações com os paradigmas sociológicos de Burrel e Morgan (1979). Com base na literatura se verifica o predomínio do paradigma funcionalista, representado por autores como Hackman e Oldhan, MOW, Borges e Morin. Existem tam-bém vertentes teóricas que, em parte, estão relacionadas ao paradigma interpretativista (Morin, 2001; Dejours, 1987). A maioria das perspectivas baseia-se em pressupostos da Sociologia da Regulação. Entre-tanto, há abordagens mais críticas que enfatizam o papel da sociedade, condizentes com a Sociologia da Mudança Radical (Spink eamp;Medrado, 2004; Vygotski, 2001). É possível perceber modificações no modo de compreender os sentidos e os significados do trabalho em cada momento histórico, expressas através da evolução das abordagens teórico-epistemológicas e nas mudanças dos paradigmas que orientam a soci-edade, o ethos predominante do trabalho e a constituição da subjetividade
Avaliação psicológica de crianças com deficiência, vítimas de violência sexual
A avaliação psicológica no contexto jurídico é uma atividade frequente no atendimento aos casos de abuso sexual contra crianças e adolescentes. No entanto, esse trabalho do psicólogo no poder judiciário, voltado às vítimas que possuam algum tipo de deficiência, é carente de abordagens na literatura. Com isso, objetivou-se nesta pesquisa caracterizar a avaliação psicológica de crianças com deficiência, vítimas de violência sexual, mediante entrevista com psicólogos jurídicos atuantes no Fórum Heitor Medeiros, situado no município de Campo Grande/MS. Para isso, uma entrevista semiestruturada foi conduzida junto a três psicólogos que atuam em Vara de Família, Vara da Infância, e Vara da Infância e da Juventude. Com a análise dos dados, em caráter qualitativo-descritivo, abordam-se aspectos como a compreensão dos psicólogos sobre a avaliação psicológica no contexto jurídico e os procedimentos do processo de avaliação psicológica de crianças com e sem deficiências, envolvidas em denúncias de abuso sexual. Os resultados apontam para as dificuldades verificadas na definição dos profissionais para a prática da Avaliação Psicológica, suas preferências pelo uso da entrevista e às emergências de criação de instrumentos psicológicos para a área jurídica, bem como para as pessoas com deficiência. Sugere-se o aprofundamento na discussão dos limites da prática de avaliação pericial em psicologia e sua forma de contribuição no contexto judiciário
A carne é fraca? Violência e ironia, psicanálise e arte contemporânea
O ensaio almeja discutir a problemática da violência contemporânea a partir de duas referências básicas: por um lado, pretendo refletir sobre a violência em função de sua maior ou menor proximidade com a categoria de pulsão, em psicanálise, articulando-a, enfim, à questão da crueldade; por outro, retomo dois trabalhos de Carmela Gross e Artur Barrio, artistas contemporâneos que figurabilizaram dois momentos, jamais cabalmente elaborados, de extrema violência vivida em nosso país: a ditadura militar dos anos 1960 e 70 e o regime escravocrata do Brasil Colônia. Desse modo, a análise destaca a fina ironia que tais imagens dão a ver, configurando uma dimensão crítica que muito interessa à história da arte, mas, também, à reflexão psicanalítica mais atual que se debruça sobre o assunto
A condução do bem viver na velhice: Um ensaio sobre ética, felicidade e morte
A intenção do presente trabalho é propor uma reflexão crítica acerca de como a condução do bem viver deve ser também pensada para a fase final da vida humana: a velhice. Este ensaio tem como princípio epistemoló-gico um sentido interdisciplinar que combina, em seu desenvolvimento, uma abordagem histórico-filosófica voltada para a busca da felicidade por meio da ética, com preocupações por parte da psicologia da educação direcionadas ao idoso, além de valorizar o papel da arte na organização existencial do ser humano. Conclui-se ser necessário resgatar a ideia de que a vida pode ser bela a qualquer tempo; o que depende, em grande medida, da postura de quem a vive