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Discurso jornalístico e a construção da juventude

Abstract

Ainda que a fase da vida rotulada como “adolescência” ou “juventude” seja estabelecida cronológica e biologicamente, ela é em primeiro lugar uma construção social (Pais, 1993), discursiva (Androutsopoulos, 2003) e cultural (Wyn e White, 1997), que denota o que é ser jovem em relação ao que é interpretado como ser criança ou adulto (Fornãs, 1995), em contextos históricos e culturais particulares. Neste artigo apresento de forma sucinta os resultados de um estudo exploratório sobre o discurso que os jornais e revistas nacionais de informação geral produzem sobre jovens. Os textos recolhidos, cobrindo assuntos relacionados com jovens, e referentes a uma semana de publicação, foram analisados com a ajuda de instrumentos teóricos e metodológicos disponibilizados pela ACD (e.g. Van Dijk, 2005). Sem ser conclusivo, este estudo permitiu constatar que o acesso dos jovens ao discurso jornalístico, seja como protagonistas, seja como referência, é limitado, apesar de a semana em estudo coincidir com um momento de agitação estudantil e de avaliação das escolas. Vimos também que é um discurso eivado de generalizações irresponsáveis, e pouco rigoroso em termos jornalísticos. Oferece uma versão tripartida dos jovens, posicionando-os como excepcionalmente dotados ou brilhantes, como inocentes ou vítimas, e como perigosos ou causadores de problemas, sendo esta última a representação prevalecente. Estes apontamentos apontam para a possibilidade de a realidade nacional do discurso jornalístico sobre jovens não ser muito diferente da de outros países europeus (Devlin, 2005; Wyn, 2005). Mas esta será uma questão a averiguar em projectos de investigação a vir

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