Comunicação com o portador de transtorno mental: removendo barreiras no processo de reabilitação psicossocial

Abstract

-As diretrizes políticas e as propostas de atenção em saúde mental, no contexto da Reforma Psiquiátrica, preconizam a reabilitação psicossocial como processo de reinserção social do portador de transtorno mental, minimizando ou eliminando os elementos que se contrapõem a inclusão social do indivíduo. Considerando que a comunicação abre espaço para o estabelecimento de vínculos sociais, em relação ao portador de transtorno mental grave, as trocas sociais tornam-se bastante fragilizadas em virtude do transtorno apresentado. A reabilitação psicossocial traz em seu bojo o desafio de criar possibilidades para o desenvolvimento de um novo processo comunicativo com o portador de transtorno mental, baseado na peculiaridade de cada indivíduo e em suas necessidades e potencialidades. Para isso, torna-se necessário quebrar barreiras. Uma delas é a da dificuldade de comunicação. Nesse sentido a implantação de novos dispositivos de atenção, especialmente os Centros de Atenção Psicossocial-CAPS, constitui uma saída à medida que possibilita o surgimento de espaços de comunicação, relacionamento e convivência. Este estudo tem como objetivos identificar os padrões de comunicação que se estabelecem com os portadores de transtorno mental em serviços substitutivos ao manicômio; analisar dificuldades e facilidades na comunicação do profissional com o portador de transtorno mental; discutir as estratégias de comunicação que se estabelecem no cotidiano dos serviços entre profissionais e usuários. Trata-se de uma pesquisa exploratória, de natureza qualitativa. O cenário do estudo foi um CAPS na cidade de Juiz de Fora, Minas Gerais. Os sujeitos do estudo foram os profissionais e os usuários do serviço mencionado. A coleta de dados se deu no período de março a dezembro de 2007 através de entrevistas semi-estruturadas com os profissionais e em grupo com os usuários, além de observação participante. Quanto aos resultados da investigação, pode se dizer que existem concretamente, para o portador de um transtorno psicótico, dificuldades para organizar e expressar seus pensamentos. Porém, mais do que constatar essas dificuldades revelou-se que a comunicação com eles não é impossível. O processo de comunicação se estabelece da mesma forma que se estabelece com pessoas que não têm um transtorno mental, utilizando-se tanto a forma verbal como a não verbal. Considerando a realidade observada, o padrão de comunicação é enriquecedor para o desenvolvimento dos usuários do serviço e os mesmos se sentem acolhidos. Destaca-se a importância da escuta e a valorização de cada um como uma pessoa singular, dando espaço para a expressão das subjetividades. Em outro sentido, tanto os profissionais quanto os usuários apontaram os preconceitos e o estigma da doença mental como um grande impedimento, considerando que os interlocutores, em geral, não dão a atenção devida aos portadores de transtornos mentais para se expressarem e poderem se relacionar, julgando, antecipadamente, a existência de uma incapacidade

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