Munhoz, Augusto Maciel

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Lume 5.8

AGROCULTURAS: CONTRIBUIÇÕES AO DESENVOLVIMENTORURAL SUSTENTÁVEL EM ÁREAS DE MATA ATLÂNTICA NO RSCoordenador: RUMI REGINA KUBOAutor: AUGUSTO MACIEL MUNHOZO Projeto Agroculturas vem sendo implementado em importante regiãode Mata Atlântica do RS, em parceria entre a ONG ANAMA, Núcleo deEstudos em Desenvolvimento Rural Sustentável e Mata Atlântica/UFRGS,o Centro de Pesquisas FEPAGRO Litoral Norte-Unidade Maquiné e oNúcleo de Economia Alternativa/UFRGS com financiamento do Ministériodo Desenvolvimento Agrário. Aliando a pesquisa à extensão tem comoprincipal motivação auxiliar no processo de transição para uma agriculturafamiliar sustentável a partir da diversificação dos sistemas de manejo euso da biodiversidade.  A área de abrangência do projeto, emboracentrado na sub-bacia do rio Maquiné que compreende o Município deMaquiné, tem como beneficiários diretos e indiretos os agricultoresfamiliares e moradores dos municípios integrantes da microrregião deOsório, Litoral Norte do Estado do RS. Dos pontos relevantes para acompreensão da dinâmica social, econômica e ambiental da região,destacamos a crescente importância de atividades não agrícolas comoforma de geração de renda, pr inc ipalmente o extrat iv ismo dasamambaia-preta, a venda da força de trabalho, a crescente demandapelo ecoturismo ou turismo rural, a transformação de produtos -agroindústria caseira - e a produção artesanal familiar. Com relação aestes dois últimos aparece a figura da mulher, assumido uma posiçãocada vez mais relevante na economia familiar. Uma característicaemergente da população rural destas regiões é um forte sinal deenvelhecimento da população, havendo poucas opções no meio ruralpara a permanência dos jovens. Em vir tude desta si tuação asaposentadorias representam uma significativa entrada de capital naseconomias familiares. As dificuldades de acesso a certas localidades e aslongas distâncias devido à geografia recortada por inúmeros vales emorros contribui para o isolamento e falta de comunicação entre osdiferentes grupos sociais e unidade familiares. O Projeto tem 5 linhas deação: produção de mudas nativas em viveiros; o artesanato com fibrasvegetais, introdução aos princípios de agroecologia e agroflorestas, aeconomia solidária e a segurança alimentar abarcando diferentespúblicos-alvo, como agricultores, extrativistas, artesãs, pescadoresartesanais, mediadores sociais (extensionistas, funcionários deprefeituras, professores). Neste trabalho são apresentadas as atividadesdesenvolvidas e tecidas algumas reflexões visando contribuir em seuconjunto para a formatação de propostas de ação que  abranjam asustentabilidade, conjugando o conhecimento das populações locais e asdiretrizes conservacionistas contemporâneas. Cada linha de ação estáestruturada em um conjunto de atividades complementares que buscamexplorar cada um dos temas através de experiências teóricas e práticasvivenciadas pelos participantes. Neste sentido, a metodologia buscatrabalhar os temas em atividades de formação como cursos e oficinas,saídas de intercâmbio e visitas de acompanhamento. O trabalhodesenvo lv ido  nas  l inhas  de  ação,  vo l tadas  a  p rodução,  sãocomplementadas, de forma seqüencial, pelo trabalho com o tema deEconomia Solidária. Já a linha de ação voltada ao consumo alimentarlocal busca um diálogo com o setor público, centrado nas comunidadesescolares, sobre a importância da qualidade dos alimentos. Nestesentido, busca-se uma discussão do processo produtivo, das formas deorganização e de geração de renda. Ainda, dentro do desenvolvimento doprojeto, propõe-se um sistema de acompanhamento e monitoramentoparticipativo da sua execução.  A partir deste trabalho, que traz comoforte característica a ênfase na agricultura, vêm se obtendo um gradativoenvolvimento do ''público beneficiário'' nas atividades propostas. Atravésdo desenvolvimento das ações vem sendo possível apoiar iniciativasindividuais e de grupos interessados na transição para agriculturaecológica, feiras locais, produção artesanal em fibras naturais e de mudasde espécies nativas da Mata Atlântica. Neste sentido percebe-se arelevância de ações que promovam a animação das comunidades e suainstrumentalização para superar dificuldades, tanto no processo deprodução, quanto nas formas de organização. Como a metodologiafundamenta-se em técnicas e dinâmicas participativas de grupo centradasno componente produtivo (que compreende a qualificação dos sistemasprodutivos locais e a criação e dinamização das cadeias produtivasregionais em conformidade com as diretrizes políticas atuais e adaptadosa estes sistemas produtivos), significa que necessitamos estar atentos àspolíticas públicas e tecnologias de esferas mais amplas, desenvolvendocom os atores locais formas concretas de apropriação do meioconstituindo sistemas produtivos adaptados às diferentes unidades depaisagens presentes na região. Neste sentido, estão sendo enfocados aagrofloresta e o extrativismo, além de temas correlacionados como oprocesso de licenciamento e regulamentação de atividades voltadas aomanejo sustentável dos recursos naturais na Mata Atlântica. Asatividades visam também instrumentalizar os grupos para desenvolveremformas coletivas de beneficiamento e comercialização de produtos, sob oenfoque da uma economia em consonância com a realidade produtivalocal e proporcionar ferramentas para o planejamento e a implementaçãodas ações que garantam à comunidade o acesso e mesmo a criação denichos de mercado diferenciados atentos a aspectos relacionados aosbenefícios ambientais e sociais. A proposta de monitoramentoparticipativo do projeto proporcionou momentos importantes para apercepção das aproximações que vem acontecendo entre o públicobeneficiário, as instituições parceiras e executoras do projeto. Esta redede contatos e intercâmbios é considerada um ponto muito importante nodesenvolvimento do projeto, propiciando o envolvimento de instituiçõescomo as EMATER da região, Prefeituras, Sindicatos dos TrabalhadoresRurais, UFRGS, Movimento das Mulheres Trabalhadoras Rurais (MMTR)- Três Cachoeiras, Centro Ecológico Litoral Norte, Rede Semente Sul,FEPAGRO/RS, EMBRAPA/RS. Ao desenvolver este trabalho vem sepercebendo a importância de políticas públicas que estejam voltados àrealidade da agricultura familiar e que são fundamentais para apoiar ereconstruir as dinâmicas econômicas locais, fomentar a organizaçãosocial e promover sistemas de produção mais sustentáveis. Em especial,nas regiões onde existam tensões sociais, como nas áreas de MataAtlântica. Deve-se pensar em ações coordenadas entre diferentes esferasda sociedade e numa mediação entre o poder público e as populaçõeslocais. Este diálogo necessariamente deve se dar sobre a realidadeconcreta destas populações, do contrário, continuará a pobreza no meiorural, a intensificação dos conflitos e a degradação dos recursos naturais.

AGROCULTURAS: CONTRIBUIÇÕES AO DESENVOLVIMENTO RURAL SUSTENTÁVEL EM ÁREAS DE MATA ATLÂNTICA NO RS

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