Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões
Abstract
Muitas das unidades de produção familiar (UPF) do Norte do Rio Grande do Sul (RS) são baseadas na intensificação e concentração de sistemas produtivos, principalmente a suinocultura e a bovinocultura de leite. Nessas UPF costuma-se utilizar altas e frequentes doses de dejetos animais e fertilizantes químicos nitrogenados, muitas vezes acima da demanda de N exigida pelas pastagens perenes, aumentando o risco de contaminação ambiental pela transferência de N para os mananciais aquáticos. Neste trabalho avaliou-se a relação entre as doses de N total aplicadas anualmente via fertilizantes orgânicos e químicos, em pastagens perenes, e as concentrações das formas de N (N-NO3 ‒ , N-NO2 ‒ e N-NH4 +) na água lixiviada e escoada, no solo e no tecido das pastagens. Para isso, foram monitoradas 14 unidades agropecuárias familiares de produção leiteira na região do Médio Alto Uruguai do RS nos anos de 2014 e 2015. As doses de N total aplicadas nas pastagens variaram de 45 a 2.000 kg de N ha‒1 ano‒1. Dez UPF aplicam doses de N 1,25 a 10 vezes maiores que as recomendadas. A quantidade de N aplicada via fertilizante apresentou correlação positiva e significativa com o teor de N-NO3 ‒ na água lixiviada. Em duas ocasiões a água lixiviada apresentou teores de N-NO3 ‒ acima dos níveis críticos para a saúde humana (10 mg L‒1) em UPF que aplicaram entre 5 e 10 vezes a quantidade de N recomendada. A quantidade de N aplicada nas pastagens perenes foi o fator que mais influenciou o teor das formas de N na água lixiviada e escoada, no solo e na pastagem, enfatizando o potencial de contaminação da água pelo uso excessivo do fertilizante nitrogenado