O estudo consiste na análise dos usos do tempo vivenciados por enfermeiras e enfermeiros, que atuam num hospital universitário em Niterói, na região metropolitana do Rio de Janeiro - Brasil, no sentido de verificar desigualdades associadas às relações de gênero. Considera as especificidades do trabalho em hospitais, como o trabalho noturno e nos fins de semana, além da atuação em vários vínculos empregatícios. Conjuga técnicas quantitativas e qualitativas com base em registros diários de suas atividades a serem confrontados em entrevistas semi- estruturadas, a fim de descrever como se dá o uso do tempo e a ocorrência de situações de “permeabilidade” entre a vida profissional e familiar. Foram realizadas entrevistas com quarenta e dois sujeitos. As análises possibilitaram a identificação de conflitos de interesses e tensões nas disputas de poder, que sinalizam desigualdades de gênero. As informações recolhidas através das entrevistas possibilitaram identificar correlações entre a interface ‘profissional-doméstico’ e a ‘saúde’. Mediante os diferentes modos de usos do tempo vivenciados pelos entrevistados, algumas pistas são possíveis de serem suscitadas. No grupo de enfermeiras destacam-se falas apontando um acúmulo de atividades e responsabilidades que reforçam a permanência de desigualdades em suas relações, além de referências ressaltando ser a saúde mental a mais afetada. No conjunto de enfermeiros sobressaem percepções capazes de questionar modelos tradicionais, contribuindo para a equidade de gênero, além de falas que suscitam a presença de mais alterações com relação à saúde física. Em geral, tem sido possível observar o convívio de questões que tanto reforçam as desigualdades de gênero, quanto questionam os modelos tradicionais existentes nas relações com o trabalho na vida contemporânea