Propõe-se, neste artigo, refletir sobre o ensino universitário do Jornalismo à luz da experiência científico-pedagógica da Universidade de Coimbra. Tendo sido nesta instituição que se criou, em 1993, a primeira licenciatura portuguesa em Jornalismo, reflete-se criticamente sobre as diversas alterações a que foi sujeito o seu plano curricular, com particular ênfase para o modelo recentemente implementado, que prevê um percurso de formação de banda larga, fundamentalmente interdisciplinar.
Idealizado segundo uma forte matriz Humanista — a que se mantém fiel, apesar das sucessivas adaptações — o curso da Universidade de Coimbra aposta na ideia de que uma formação em jornalismo implica uma componente cultural forte, capaz de dotar os diplomados com competências ao nível da criatividade, do pensamento crítico, além de conhecimento fora da área específica da formação jornalística. Esta matriz compagina-se com os resultados de alguns estudos relativamente recentes (como o de Carpenter, 2009) que revelam que os empregadores, na área do jornalismo e da comunicação de massas, procuram candidatos com competências que transcendem o saber fazer da prática profissional.
Embora o debate sobre o ensino do Jornalismo seja inesgotável, tendo acompanhado a profissão desde que esta se autonomizou há mais de um século, o objetivo que parece mais avisado almejar – depois de muitas universidades norte-americanas terem arrepiado caminho na viragem do século após terem retirado tempo ao ensino mais teórico em detrimento de um ensino mais vocacionado para a prática e para as necessidades imediatas do mercado de trabalho (Huang, 2009) – é o de tentar alcançar um equilíbrio entre as competências tecnológicas e as competências de pensamento