Húmus | Centro de Estudos Humanísticos da Universidade do Minho (CEHUM)
Abstract
UID/LIN/03213/2019
PD/BD/113974/2015Situando-se no âmbito da Linguística do Texto e do Discurso e articulando os pressupostos da Análise Crítica do Discurso (Fairclough, 1989) com a abordagem e instrumentos de análise do Interacionismo Socio-discursivo (ISD) (Bronckart, [1997]1999), o presente trabalho foca o papel do graffiti na construção do poder.1 Para tal, procede-se a um estudo comparativo de vinte textos produzidos em dois contextos socio-históricos distintos: Lisboa, em Portugal, e Rosario, na Argentina. Privilegiando uma abordagem teórico-metodológica descente, observamos, em primeiro lugar, as características socio-históricas dos dois contextos discursivos e os parâmetros contextuais, seguindo-se, num segundo momento, a análise comparativa dos mecanismos enunciativos mobilizados, bem como os tipos discursivos associados às diferentes formas de construção do poder. A partir da análise efetuada, verifica-se que a construção do poder é mediada pelos contextos discursivos e, por isso, observamos formas de construção de poder específicas dos contextos em que emergem. Apesar dos recursos linguísticos específicos das duas línguas naturais, predomina o discurso interativo e a mobilização de vozes sociais associadas a diferentes instâncias do poder. Concluímos, assim, que o graffiti é uma prática discursiva de contrapoder, dado que procura construir o poder, desconstruindo as formas de poder dominantes.publishersversionpublishe