Em Portugal os estudos sobre associativismo imigrante não têm ainda fornecido
informação que dê conta de modo claro sobre o modo como os jovens com origem
migrante se envolvem em contexto associativo. Como tal, partindo de contributos
teóricos no campo das Ciências da Educação, a tese examina as experiências de
participação associativa de jovens de origem africana e de países da Europa de Leste
com idades compreendidas entre os 15 e os 25 anos. Auxiliando-se de contributos do
campo das Migrações, da Sociologia da Juventude, da Ciência Política, da Filosofia e da
Psicologia, a tese analisa: (i) os propósitos, preocupações e tipologias de intervenção
das associações de imigrantes; (ii) as perspetivas de jovens sobre as suas experiências
de participação; (iii) o envolvimento escolar de jovens e (iv) o sentimentos de pertença
que os jovens forjam em relação à localidade em que vivem, a Portugal, e à sua herança
cultural. O trabalho empírico, que se inscreve num paradigma qualitativo, centrou-se
num conjunto de 9 associações: 4 associações de origem africana e 5 associações do
Leste europeu.
A abordagem de investigação escolhida foi o estudo de caso múltiplo e o método
principal de eleição foi a entrevista. Realizámos entrevistas semi-estruturadas a
coordenadores das associações de imigrantes, assim como entrevistas semi-
estruturadas e entrevistas de grupo a jovens que participam nas associações. De um
modo geral, a tese discute o potencial das associações de imigrantes enquanto espaços
que promovem processos de educação não formal e de integração social e educativa.
Para além disso, a tese contribui para uma melhor compreensão das culturas juvenis,
nomeadamente, no que diz respeito ao envolvimento associativo dos jovens, à sua
relação com a escola, com o país em que vivem e com a sua herança cultural.
Os resultados deste estudo indicam que as associações de imigrantes são
importantes contextos de socialização, de lazer, de participação e educação, que
influenciam positivamente o envolvimento escolar dos jovens bem como o seu
sentimento de pertença à herança cultural e, em alguns casos, à localidade em que
residem