TCC (graduação) - Universidade Federal de Santa Catarina. Centro Tecnológico. ArquiteturaTCC sem resumo

Martins, Nicole Pinheiro

Repositório Institucional da UFSC

COSTURANDO  TRADIÇÕESPraça Bento SilvérioFlorianópolisDentre as principais alterações, foi criada uma nova ponte entre a «ponta do pitoco» (final da Av. Afonso Delambert Neto) e a Av. Osni Ortiga, deslocando o trânsito principal, que caracteriza-se pelo fluxo de passagem para quem deseja ir aos bairros do leste (ex.: Joaquina, Barra da Lagoa), da atual Ponte Aderbal Ramos da Silva, que torna-se uma alternativa para esse fluxo e atende, principalmente, os moradores mais próximos.A via de ligação com a ponte existente foi deslocada para a parte de trás da praça, possibilitando a conexão direta entre os pedestres e a água.A Rua João de Barro, atualmente sem saída, foi conectada à Rua João Pacheco da Costa, possibilitando uma nova alternativa de chegada ao centro. Essa ligação foi feita neste ponto devido à topografia confortável, conforme observado no mapa, e à sua localização, coletando o fluxo, principalmente, da Escola e do bairro Canto dos Araçás. Uma nova rua foi criada paralela à Travessa Leopoldo João Santos, que foi fechada para o trânsito de carros, valorizando a conexão entre as edificações da borda da praça e o seu centro, permitindo que novos usos sejam apropriados no local. A Rua Manoel Severino de Oliveira, principal via de acesso das pessoas oriundas do centrinho da Lagoa à Escola, foi transformada em via de mão única. Desta forma, foi possível aumentar a largura das calçadas, inserir uma ciclovia e adicionar canteiros, atribuindo à via ares de boulevard.Lagoa da ConceiçãoPraça Bento Silvério e OrlaNORTEUSO DO SOLOEscola Básica Municipal Henrique VerasTILAG - Terminal Integrado da Lagoa da ConceiçãoVia Bares Shopping Via LagoaPraça Bento SilvérioCOOPERBARCO - Cooperativa de BarqueirosVia EstruturanteVia ColetoraVia localEsta proposta, tomada como uma das principais do projeto, intenciona a retomada do contato das pessoas com a água, elemento de grande importância na construção do bairro, que se desenvolveu a partir de atividades marítimas. Além do quesito histórico, a água é amplamente conhecida como elemento de conforto por geralmente remeter a uma sensação de tranquilidade. É possível notar que um grande número de pessoas, necessitando optar entre um espaço próximo a ruas pavimentadas e outro à agua, prefere o segundo. É o que ocorre, por exemplo, na escolha entre a Praça Bento Silvério e a Av. das Rendeiras. As duas edificações tombadas pelo SEPHAN - Casa das Máquinas e Casarão - estão com uso restrito: uma abriga algumas atividades, mas se mantém aberta em horários específicos, e a outra, apesar de ser sede da Fundação Franklin Cascaes, não permite aos moradores o livre acesso ao seu interior.A intenção dessa proposta é crias estruturas que atraiam a retomada de algumas das muitas atividades que já aconteceram dentro dessas edificações, como aulas de renda de bilro, contação de histórias, aulas de teatro, dentre outras.As vias adjacentes à praça não valorizam a grande extensão de beleza natural existente na Lagoa, assim como os pedestres e ciclistas locais, os quais têm que dividir o mesmo espaço com os veículos automotores. Considerando uma via de fluxo intenso, este fato representa uma situação de risco para ambos. As vias de acesso ao bairro (Av. das Rendeiras e Av. Afonso Delambert Neto) também carecem de infraestrutura para maior conforto e segurança dos transeuntes. Outra via que necessita ser requalificada é a Rua Manoel Severino de Oliveira e a Rua João Pacheco da Costa, principais vias de chegada à principal escola do Bairro, a Escola Básica Municipal Henrique Veras. Estas ruas recebem grande número de alunos todos os dias e devem ser restruturadas para melhor atendê-los. DIRETRIZES PRINCPIPAISCONTATO FÍSICO E VISUAL COM A ÁGUAREINSERÇÃO DAS EDIFICAÇÕES TOMBADAS AO COTIDIANO DO BAIRROREQUALIFICAÇÃO DAS VIAS ADJACENTES, DE ACESSO AO BAIRRO E À EQUIPAMENTOS PÚBLICOSValorizar o contato com a águaRetirar barreiras entre comunidade e orlaTornar edificações tombadas integrantes da paisagem - não apenas eixo de passagemRetomar a relação entre edificações e praçaRedesenhar parte do sistema viário conflituosoRedesenhar ponte para aumentar o fluxo de águaDar uso público ao terreno da Marina particular desativadaAs primeiras decisões a serem tomadas foram acerca de q u a i s  e d i fi c a ç õ e s permaneceriam ou não na área de intervenção. Para esta escolha, foi utilizado o critério, i n i c i a l m e n t e ,  d e  q u a i s edificações estão sobre a orla - local público e que deve ser de livre acesso à qualquer um que deseje chegar à borda d’água. Após esse cr i tér io, foram analisadas as edificações de dentro da praça. Três bares que conformavam uma das esquinas foram removidos, podendo ser locados em outras edificações da propostas. Por fim, por critérios de projeto, duas edificações que conformavam os fundos da praça foram redimensionadas - uma residencial foi desapropriada e uma comercial foi redesenhada, permanecendo com o mesmo caráter.Assim, foram removidas as e d i fi c a ç õ e s  c o n f o r m e representado ao lado.Tendo como referência as antigas praças renascentistas, com seu limites bem definidos e facilitando a leitura de grandes espaços, algumas edificações deverão seguir algumas normas com o intuito de criar fachadas bem definidas, emoldurando a Praça Bento Silvério, conforme esquema ao lado.As edificações (em vermelho), todas com dois pavimentos, deverão seguir um novo al inhamento frontal , caracterizando um limite bem definido. A partir de cinco metros após a testada, as edificações d e v e r ã o  m a n t e r  u m a afastamento mínimo de 1,5m do lote vizinho, excetuando as que possuem uma viela lateral ou lote de esquina. O mesmo ocorre com o afastamento dos fundos, de, no mínimo, 4m. Também foi sugerido que a edificação que abriga a feira de produtos orgânicos (em verde) tenha dois pavimentos e possua uma passagem interna, ligando a praça à orla do trapiche de barcos.Outra decisão foi reconstruir a ponte Aderbal Ramos da Silva por duas questões principais: - A geometria de acesso à ponte pelo lado da praça é incorreta e «joga» os automóveis para a pista contrária, aumentando a chance de acidentes;- Estudos comprovam que uma das grandes causas da proliferação de algas na lagoa pequena (porção d’água do lado esquerdo da ponte) é a falta de oxigenação dessa água, ocasionada pelo pequeno vão da ponte. Por isso, esta foi redimensionada e, consequentemente, tornou-se necessária uma dragagem para aumentar a largura e profundidade deste trecho, facilitando a troca de águas entre as duas lagoas.VIAS EXISTENTESPROPOSTA ALTERAÇÃO VIASEscola Básica Municipal Henrique VerasTILAG - Terminal Integrado da Lagoa da ConceiçãoVia Bares Shopping Via LagoaPraça Bento SilvérioCOOPERBARCO - Cooperativa de BarqueirosVia EstruturanteVia ColetoraVia localSETOR 1SETOR 2SETOR 3SETOR 4SETOR 5SETOR 6SETOR 7A praça bento Silvério faz parte da história recente do bairro Lagoa da conceição. Apesar de jovem, ela tem um significado bastante imponente para os moradores da comunidade, os quais lhe atribuem um valor sentimental e a tem grande estima. É na praça que grande parte das manifestações culturais do bairro acontecem, como, por exemplo, a brincadeira do boi-de-mamão, tradição forte em toda a ilha, mas que tem sua maior representatividade no bairro da Lagoa.Apesar de sua tradição, o espaço da praça possui os mesmos traços e equipamentos desde sua criação, tornando-se cada dia mais degradada devido, principalmente, à falta de manutenção. Apesar de os moradores da região fazerem o possível para cuidá-la, a ação do tempo e a falta de incentivo à utilização desde local levaram a praça a seu estado atual. Uma recente reforma por parte da Prefeitura de F lo r i anópo l i s  bu s cou  me lho rá - l a visualmente, mas sem um estudo mais aprofundado de todo o espaço e seus usuários.Sendo assim, este trabalho visa u m a  n o v a  c o s t u r a  d e  e s p a ç o s , r e m o d e l a n d o  a l g u m a s  v i a s , recaracterizando outras e, principalmente, propondo uma “nova praça”, mas sem perder as fortes tradições da comunidade no local.ESTUDO Este projeto foi trabalhado em diferentes escalas. O estudo parte de uma aná l i se  dos  e spaços  públ i cos  mai s representativos na Ilha de Santa Catarina. A partir desses pontos, a escala se aproxima para o bairro lagoa da conceição, caracterizando-o e situando-o num contexto histórico. Aproximando mais ainda, chega-se  ao  recor te  se lec ionado para  o desenvolvimento do projeto – o trecho compreendido entre a “ponta do pitoco” (final da Av. Afonso Delambert Neto) e a “ponta do Fedoca”, onde está localizada uma marina desativada e que, a propósito, possui uma vista panorâmica para as bordas da lagoa. O projeto foi estruturado nessas análises e baseado em conversa com moradores da comunidade e experiências próprias, sendo eu uma “nativa da Lagoa”.O setor 1 compreende uma das entradas da praça, através da Rua João Josino da Silva, onde antes era um dos limites da Travessa Leopoldo João Santos. O espaço foi transformado em continuação da praça, permitindo apenas o fluxo de automóveis para as residência já existentes. Também foi definido um pequeno espaço de estacionamento para os comércios do local.O setor 2 refere-se à uma das fachadas principais da praça. Nele, as fachadas foram modificadas para conformar uma limite bem definido de edificações, as quais abrigam usos diversos, como pousadas, bares, cafés, restaurantes, academias, etc. Também faz parte desse setor um grande largo, conformado por desenhos de piso que indicam uma perspectiva direcionada à água. É um espaço multiuso que, considerando as atividades existentes na praça, poderia abrigar, por exemplo, as feiras e os  ensaios da escola de samba. Por ser um espaço grande, uma cobertura em estrutura metálica e coberta por vidro foi desenhada em frente às edificações desta borda, servindo como uma marquize para estas e possibilitando atividades em dias de chuva, por exemplo.Esta cobertura também visa a ligação entre a praça e a feira de produtos orgânicos, dando continuidade visual, e, consequentemente, interligando-as com a orla da lagoa, onde está o  trapiche de barcos. A edificação da feira foi modificada, voltando-se também para a praça, além da orla, podendo, em dias favoráveis, expandir sua exposição para a área externa. O setor 3 é conformado por elementos característicos do local.A rua para automóveis foi mantida (redesenhada), expandindo-se até o local onde funcionava uma Marina particular, agora possibilitando a prática de esportes aquáticos, como Wakeboard, remo, standup padle, etc., e acesso de barcos e equipamentos à água. Para o apoio dessas atividades, pontos de estacionamento foram distribuídos ao logo da via.Próximo à área de esportes, um espaço de estar foi criado, conformando um ambiente típico de praia, com areia, vegetação, água e uma paisagem deslumbrante, e que possibilita o contato direto com a água.Caminhando pelo trapiche, que possui pontos para os barcos ficarem atracados por um curto período, chega-se ao novo local da COOPERBARCO, o qual é conformado pelo avanço da laje do novo pavimento da feira de produtos orgânicos, criando, assim, um portal entre as duas edificações.Continuando a caminhada a partir do setor 3, chega-se ao setor 4, onde o trapiche continua e avança para dentro da praça. Este avanço leva a ideia de que não apenas as pessoas possam chegar até a água, mas a água também pode ir até as pessoas. Assim, a linha da borda d’água foi modificada, criando um ambiente de contemplação. Diga-se até romântico, onde bancos tradicionais de praça, vegetação e o uso da madeira unidos à água, remetem ao lirismo de um romance.Ao lado do trapiche, um espaço de vegetação foi criado, abrigando a árvores já existentes. Para possibilitar a circulação de pessoas por um pavimento rígido, além da grama, foram utilizadas placas de concreto intercaladas com a grama, evitando a impermeabilização completa do espaço próximo à água, e criando um «introdução» para o piso da praça.À frente do Casarão, foi mantido um grande largo sem atividades fixas. O espaço também foi pensado para abrigar eventos temporários, como as feiras de artesanato, por exemplo. A intenção de permanecer sem barreiras visuais possibilita, a partir de quem chega da ponte, uma visão ininterrupta do conjunto histórico, valorizando-o.Ao chegar ao setor 5, na lateral direita do Casarão e da Casa de Máquinas, dois ambientes foram criados, ambos abaixo do nível geral da praça. Um deles, ao lado da Casa de Máquinas, contém, em seu nível mais baixo, um espaço de areia, onde está instalado o parque infantil e possibilita atividades diversas, principalmente para crianças. Ao lado deste espaço, já no nível da praça, está um ambiente com vegetação e bancos amarelos formados por troncos de árvores, remetendo a esse ambiente mais lúdico, enfatizado pela iluminação que, na parte mais baixa, é desenhada em cada degrau.Já no espaço ao lado do Casarão, o foco gira entorno de apresentações culturais. O caminho mais alto entre os dois «rasgos» pode servir como palco e os degraus como arquibancada. Nos momentos sem apresentação, o espaço de estar pode ser dividido com atividades recreativas, já que um dos grandes públicos da praça são as crianças. O Casarão funciona como apoio para estes usos. Nesse espaço, a iluminação também é desenhada nos degraus, prevendo sua utilização noturna.Seguindo o caminho entre os dois rasgos, chega-se ao setor 6. Este, caracterizado por ser quase uma outra praça pela segregação causada pelas duas edificações, é um dos halls de entrada deste grande espaço público. Nele, um grande espaço de piso de concreto intercalado com grama foi criado ao lado do Casarão, criando quase uma grande varanda deste. A ideia de manter a vegetação surgiu através do desejo de continuidade com a orla.Aos fundos, onde estão as duas edificações modificadas, criou-se um espaço elevado em relação ao nível geral da praça. A escadaria, com uma rampa pontual, serve tanto como acesso às edificações quanto como estar. Para quem está na parte de cima do espaço, a vista para a orla é privilegiada.Este nível compreende os setores 6,5 e 2. Do outro lado da via, um local de recepção foi criado à frente da edificação existente (farmácia). Com espaços de estar e piso diferenciado da maioria da praça, torna-se, apesar do alto fluxo de pessoas, um espaço confortável e, assim como muitos outros pontos, com uma vista insubstituível para a borda d’água.O último setor compreende a orla entre a praça e ponte nova. Este espaço, onde antes estavam edificações irregulares, agora é conformado por um longo percurso de vegetação, com caminhos pontuais, conectando os diversos acesso, não impedindo a passagem pela grama quando desejado.Assim como ocorre atualmente, estes locais podem ser contemplados com apresentações culturais, feiras de artesanato, dentre tantas outras atividades ao ar livre. É neste setor, também, que estão localizadas as árvores mais antigas e deslumbrantes de todo o projeto. Acredita-se que elas tenham, em média, 50 anos de vida.SETOR 1SETOR 2SETOR 3SETOR 4SETOR 5SETOR 6SETOR 7DIRETRIZESEDIFICAÇÕES REMOVIDASEDIFICAÇÕES ALTERADASO PROJETONORTENORTENORTENORTENORTENORTENORTEUNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINAARQUITETURA E URBANISMO - 2015.2ORIENTADOR: SAMUEL STEINER DOS SANTOSCOLABORADORES: AMÉRICO ISHIDA E KARINE DAUFENBACHACADÊMICA: NICOLE PINHEIRO MARTINSESCALA GRÁFICAESCALA GRÁFICAESCALA GRÁFICAESCALA GRÁFICAESCALA GRÁFICAESCALA GRÁFICAESCALA GRÁFICA

Costurando tradições: Praça Bento Silvério

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