Ingerências Estrangeiras nas ações de Luta Armada/Terroristas em Portugal no período pós 25 de abril

Abstract

Dissertação de Mestrado em Relações InternacionaisA dissertação de mestrado que apresentamos tem como objetivo analisar a existência de ingerências estrangeiras nas ações de luta armada/terroristas que ocorreram no período de Democratização, Descolonização em Portugal, decorrente do golpe de Estado militar e subsequente revolução de 25 de abril de 1974, até ao fim do processo das FP-25 de abril. Com este trabalho, procurámos demonstrar como se movimentaram os partidos políticos portugueses perante as organizações que promoveram ações violentas, terroristas ou de luta armada. Procuramos explicitar de que forma e com que meios a Europa, os EUA e a URSS reagiram ao processo politico-ideológico que decorreu da “Revolução dos Cravos” em Lisboa. Investigámos se houve ingerências externas na organização de grupos de luta armada/terroristas, uma vez que a ideia não é consensual. Questionámo-nos a propósito da forma como estas dinâmicas poderiam ter condicionado o modo como foi feita a transição do regime autoritário para a democracia no País e de que modo atuaram os partidos políticos perante as ações de luta armada/terroristas. As motivações que conduziram elementos, provenientes de diferentes quadrantes políticos, a enveredarem pela ação de luta armada/terrorista contra o novo Estado emergente foi um outro angulo de análise que culmina com a reação e intervenção do novo Estado perante as ações de violência. Esta investigação permitiu-nos compreender se se verificaram ingerências estrangeiras no período de tempo considerado e que relações se estabeleceram com os grupos de luta armada e terroristas que, ao tempo, protagonizaram ações de desestabilização e desordem violenta. Percebemos que a ideia de ingerências estrangeiras não é consensual e que surge frequentemente sobrevalorizada. Conseguimos, por oposição, confirmar a prática de influências que assumem, várias formas e chegam a Portugal por diferentes vias/meios. Estas, a par de uma diplomacia proactiva e não aquelas revelaram-se importantes para o encaminhamento político/ideológico do processo de transição português.This Master's dissertation aims to analyze the existence of foreign interference in the armed struggle/terrorist actions that occurred during the period of Democratization, Decolonization in Portugal, resulting from the military coup of April 25 and the following revolution, 1974, until the end of the FP-25 criminal process in April. In this research we sought to demonstrate how the Portuguese parties acted and organized themselves in order to deal with the organizations that promoted violent, terrorist, or armed combat actions. This thesis aims in shedding light on same questions that guided the research, namely, how and by what means Europe, the United States, and the USSR reacted to the political and ideological process that resulted from the "Revolução dos Cravos” in Lisbon: whether there were external interferences in the organization of armed struggle / terrorist groups, since the idea is not consensual and if and how these armed struggle groups were in fact organized, since the idea is not consensual. In addition, we analyzed how these dynamics conditioned the transition from authoritarian rule to democracy and how political parties acted in the face of armed struggle/terrorist actions. The motivations that led elements from different political backgrounds to engage in armed/terrorist action against the new emerging state was another angle of analysis that culminates in the reaction and intervention of the new emerging state in the face of armed/terrorist actions. This research allowed us to understand whether foreign interference took place during the period under consideration and what relations were established with the armed struggle groups and terrorists who, at the time, led actions of destabilization and violent disorder. Amongst other major conclusions, we determined that the idea of foreign interference is not consensual and often used as a misconception. We have managed, by opposition, to confirm the practice of influences that assumed various forms and by different ways or influences. These, along with a proactive diplomacy have proved to be important for the political/ideological direction of the Portuguese transition process.N/